sexta-feira, 22 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA - Nicholas Lemann: liberdade de imprensa

A liberdade de imprensa é uma causa nobre pela qual devemos lutar até a morte, porque nem sempre ela é garantida.

Nicholas Lemann, decano da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Apagão logístico faz China cancelar compra de soja
Promessa, dor e medo após as chuvas
Eduardo Cunha agora é réu no STF
Redação indevida terá nota zero
Dilma recebe afastado na faxina
Até a oposição defende Bernardo

FOLHA DE S. PAULO
Empreiteiras patrocinam 13
viagens de Lula ao exterior
Para Serra, candidatura de Eduardo Campos seria 'boa para o Brasil'
Veículos de fora de SP não terão reembolso de inspeção paga
Mudança da lei trava mercado de domésticas em São Paulo
'Bola de cristal pode ter tido alguns defeitos', admite Mantega
MEC agora quer dar zero a aluno que debochar na prova do Enem

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma segura reajuste de ônibus e plano de saúde
Campos se encontra com Serra em SP e irrita Aécio
Cachoeira e mais 4 perdem R$ 100 milhões

VALOR ECONÔMICO
Balanços mostram lenta recuperação das empresas
Petrobras tem oferta por refinaria
Mercados estão intranquilos
Governo vai mudar tributo sobre a soja

BRASIL ECONÔMICO
Mantega diz que negocia reforma do ICMS, mas não abre mão dos 4%
“Até 2015,Funpresp estará funcionando a pleno vapor”
Planalto cede na MP dos Portos e greve é cancelada
Com atraso para escoar a safra, frete sobe até 50%
Dia Mundial da Água

O TEMPO (MG)
Dengue lota centros de saúde e foge ao controle no Estado
China rejeita a soja brasileira
Francisco não foi cúmplice da ditadura, reitera Nobel da Paz
Solução para crise de Feliciano virá até terça, promete Alves

ESTADO DE MINAS
Dengue desfalca empresas
Justiça toma R$ 100 mi de Cachoeira
Indústria : fornecedores já sentem sinais de recuperação

CORREIO BRAZILIENSE
MP investiga se concurso de instituto é fantasma
Cachoeira e comparsas perdem R$ 100 mi
Aborto até 3º mês reacende debate no país
Excesso de sal provoca 2,3 milhões de mortes

GAZETA DO POVO (PR)
Para zerar déficit, PR tem de tirar 10 mil pessoas do escuro
Ministro descarta rever lei do aborto
Proposta acaba com subteto do funcionalismo
Porto busca acordo para pagar dívidas
Inep dará nota zero a “engraçadinhos”
Obama defende um Estado palestino

ZERO HORA (RS)
10.000 páginas para explicar 241 mortes
Médicos defendem aborto até 12ª semana
Nó do Enem: Exame será aperfeiçoado, promete MEC

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Governo apela para população poupar água
ONG pede desoneração do salário de domésticas
Lei Seca endurece na rota do Agreste

Empreiteiras patrocinam 13 viagens de Lula ao exterior

Quase metade das viagens de Lula é paga por empreiteiras

Empresas bancaram visitas do ex-presidente à África e à América Latina, mostram telegramas do Itamaraty

Instituto Lula diz que petista trabalha para promover os interesses 'da nação', e não os de seus patrocinadores

Fernando Mello, Flávia Foreque

BRASÍLIA - Quase metade das viagens internacionais feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi bancada por grandes empreiteiras com interesses nos países que ele visitou.

Todos eles ficam na América Latina e na África, de acordo com documentos oficiais obtidos pela Folha. As duas regiões foram prioridades da política externa do petista em seus dois mandatos.

A assessoria do ex-presidente diz que ele trabalha para promover "interesses da nação" e não das empresas que bancam suas atividades.

Mas políticos e empresários familiarizados com as andanças de Lula disseram à Folha que ele ajudou a alavancar interesses de gigantes como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht nesses lugares.

Um telegrama diplomático de novembro do ano passado, enviado ao Itamaraty pela embaixada do Brasil em Moçambique após uma visita de Lula, diz que ele ajudou empresas brasileiras a vencer resistências locais ao "associar seu prestígio" a elas.

Desde 2011, Lula visitou 30 países, dos quais 20 ficam na África e América Latina. As empreiteiras pagaram 13 dessas viagens. Na última terça-feira, Lula iniciou novo giro africano, começando pela Nigéria, e patrocinado por Odebrecht, OAS e Camargo.

O Instituto Lula não informa os valores que recebe das empresas. Estimativas do mercado sugerem que uma palestra no exterior pode render a Lula R$ 300 mil, sem contar gastos com hospedagem, comida e transporte.

Os nomes dos financiadores das viagens de Lula aparecem nos telegramas diplomáticos obtidos pela Folha.

As empresas negam ter pago as viagens de Lula para que ele defendesse seus interesses.

Dois procuradores da República, um delegado federal, um juiz e dois advogados disseram à Folha que não há, a princípio, irregularidades nas viagens por não haver lei sobre a atuação de ex-presidentes.

Em novembro de 2012, Lula viajou para quatro países (África do Sul, Moçambique, Etiópia e Índia). Segundo nota divulgada pelo Instituto Lula na ocasião, o objetivo era a "cooperação em políticas públicas e ampliação das relações internacionais", mas o telegrama da embaixada brasileira deixa claro que o assunto da viagem era outro.

As duas primeiras paradas foram pagas pela Camargo Corrêa. Em Moçambique, a empresa participou das obras de uma mina de carvão explorada pela Vale, que meses antes fora alvo de protestos de centenas de famílias removidas pelo empreendimento.

Segundo o telegrama da embaixada brasileira que relatou ao Itamaraty a visita de Lula, o ex-presidente contribuiu para reduzir resistências que as empresas brasileiras enfrentam em Moçambique.

"Ao associar seu prestígio às empresas que aqui operam, o ex-presidente Lula desenvolveu, aos olhos moçambicanos, compromisso com os resultados da atividade empresarial brasileira", escreveu a embaixadora Lígia Scherer.

Em agosto de 2011, Lula começou um tour latino-americano pela Bolívia, onde chegou "com sua comitiva em avião privado da OAS", como anotou o embaixador Marcel Biato em telegrama.

O primeiro compromisso foi um encontro com o presidente Evo Morales. Na época, protestos impediam a OAS de tocar uma rodovia de US$ 415 milhões. Foi um dos temas da conversa, dizem empresários da Bolívia que pedem sigilo.

La Paz cancelou o contrato, mas deu US$ 9,8 milhões como compensação à OAS.

Da Bolívia, ainda bancado pela OAS, Lula viajou para a Costa Rica, onde a empresa disputava uma obra de US$ 57 milhões. A OAS foi preterida após a imprensa local questionar o papel de Lula.

Após nove meses, a OAS ganhou a concessão da rodovia mais importante do país (negócio de US$ 500 milhões).

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma recebe afastado na faxina

A presidente Dilma recebeu o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), afastado na "faxina ética", com quem discutiu nome do partido para o ministério. O novo ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), prometeu resgatar imagem de Carlos Lupi

Dilma recebe presidente do PR e promete resposta sobre ministério

Presidente conversa hoje com PTB para tratar da volta do partido à Esplanada

Júnia Gama, Maria Lima e Luiza Damé

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff recebeu ontem pela manhã o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (PR-AM) - afastado em 2011 do Ministério dos Transportes após a chamada "faxina ética" da presidente - para tratar de assuntos da Zona Franca de Manaus, mas já adiantou que irá analisar os nomes do partido para ocupar um ministério na reforma em curso e que dará uma resposta terça-feira, em nova reunião com a cúpula do partido. A reunião do dia 26 terá a presença do líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, como o próprio deputado fez questão de divulgar por meio de nota. O líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), acertou reunião com Dilma para hoje, junto com o presidente do partido, Benito Gama, para tratar da volta dos petebistas à Esplanada.

Os dirigentes do PR terão que se entender e afinar uma posição sobre os cinco candidatos ao Ministério dos Transportes, ou outro ministério - o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio também é citado. Não bastasse a briga interna, o PT também tenta influenciar na escolha do PR, indicando o senador suplente Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), para abrir vaga no Senado ao segundo suplente Paulo Frateschi, secretário de Organização do partido.

- Estou assustado com tanta fofoca! O fogo amigo está tumultuando tudo. Está todo mundo disputando uma vaga que a gente ainda nem sabe o que é. Uma hora sou eu, depois é fulano. Mas encontrei com Dilma há 15 dias, e ela me disse: chega de paulista no Ministério - disse o senador Antônio Carlos Rodrigues, que assumiu no Senado quando Marta Suplicy (PT) foi para o Ministério da Cultura.

O presidente interino do PTB, Benito Gama, confirmou a ida hoje ao Planalto. Mas nega que já esteja sendo articulada a indicação do senador João Vicente Claudino (PTB-PI) para o Ministério de Ciência e Tecnologia ou para a recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

Ao assumir o cargo ontem, o novo ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que a troca no comando da pasta não garante apoio do seu partido, o PDT, à reeleição da presidente Dilma. Na cerimônia, disse que vai "resgatar" a imagem do ex-ministro Carlos Lupi, afastado no final de 2011 sob suspeitas de corrupção. Aliado de primeira hora de Lupi, Dias foi nomeado por Dilma em uma tentativa de unificar o partido para o palanque de 2014, já que o antecessor no cargo, Brizola Neto (PDT-RJ), não tinha apoio do partido controlado por Carlos Lupi.

Desagravo a Carlos Lupi

Manoel Dias afirmou que o ex-ministro foi vítima de "injusta campanha" e confirmou que Paulo Roberto Pinto, ex secretário-executivo da gestão de Lupi, voltará a ocupar a função.

- O tempo é o senhor da razão, a população vai ver que ele foi um bom ministro. O Lupi é presidente do meu partido, eu não posso deixar de ser fiel a ele nem negar minha amizade porque alguém acha que ele errou. Eu acho que ele não errou, acho que ele sofre uma injustiça e uma discriminação muito grande. Não tem processo nem nada contra ele - disse Manoel Dias, salientando que a aliança com o PT em 2014 não é automática: - Estamos no governo hoje em decorrência do apoio à presidente nas eleições passadas; 2014 é outra eleição. Se nosso partido se sentir atendido, e nós pudermos implementar as políticas públicas que defendemos, isso pode, de repente, sinalizar o apoio à presidente.

O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), reforçou:

- A ida de Dias para o ministério não foi condicionada ao apoio à reeleição. O que aconteceu foi que a presidente Dilma resolveu dialogar com o PDT, porque antes esse diálogo não existia.

Prova de que o partido não está pacificado foi a ausência de Brizola Neto e Carlos Lupi na cerimônia. Hoje, o PDT realiza sua convenção nacional, em Luziânia (GO), onde deve reconduzir Lupi à presidência. O grupo de Brizola não conseguiu os 30% de votos para lançar uma chapa de oposição.

Fonte: O Globo

Dilma segura reajuste de ônibus e plano de saúde

"Pacote de bondades" inclui corte de imposto do óleo diesel e abatimento de PIS/Cofins das operadoras

Menos de 15 dias depois de zerar os impostos de parte dos produtos da cesta básica, o governo já prepara novo "pacote de bondades" para conter a inflação, desta vez com foco na redução de custos das empresas de transporte coletivo e nos planos de saúde. Uma das medidas deve ser a desoneração do PIS e da Cofins que incidem sobre o óleo diesel , o que atenuaria o reajuste nas passagens de ônibus, previsto para julho em São Paulo e no Rio. Também estão em estudo a revisão da elevação do Imposto de Importação sobre borracha sintética e a redução de tributos para pneus importados. O aumento das passagens deveria ter ocorrido em janeiro, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos prefeitos que postergassem a medida para o segundo semestre, quando a equipe econômica acredita que a inflação começará a cair. Para os planos de saúde, também está em estudo o corte do PIS e da Cofins das empresas.

Para conter inflação, governo tenta evitar alta das passagens de ônibus

Pacote para o consumidor prevê corte de abatimento de PIS/Cofins dos planos de saúde

João Villaverde

BRASÍLIA - Depois de cortar o preço da conta de luz e desonerar a cesta básica, a presidente Dilma Rousseff prepara um novo pacote de bondades para o consumidor. Dessa vez o foco será a redução de custos das empresas de transporte coletivo e dos planos de saúde.

A presidente deve autorizar a desoneração do PIS e da Cofins que incide sobre o óleo diesel. Esse barateamento do combustível dos ônibus deve atenuar os reajustes nas passagens dos transportes coletivos previstos para 1º de julho nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Num cenário "ótimo" trabalhado pela equipe econômica, em que o reajuste não seja concedido pelos prefeitos, o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deixaria de subir até 0,2 ponto porcentual no ano.

As contas seguem o mesmo exercício feito para a desoneração da cesta básica, quando se previa em Brasília uma queda de o,6 ponto do IPCA. A redução, no entanto, deve ser de 0,4 ponto porcentual, no máximo.

Desde o início do ano, o governo vem tentando adiar a implantação de medidas que geram impacto direto sobre a inflação. O reajuste das passagens de ônibus, por exemplo, deveria ter ocorrido em janeiro, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos prefeitos que adiassem o aumento para o segundo semestre, quando o governo acredita que a inflação começará a declinar. Para convencer os prefeitos, Mantega argumentou, na época, que as empresas do setor começariam a ter o benefício da desoneração da folha naquele mês, e, portanto, poderiam segurar o aumento.

Além da desoneração do diesel, o governo estuda rever a elevação do Imposto de Importação sobre borracha sintética, insumo básico para a produção pneus, que conta com apenas um fabricante nacional.

Integrantes da equipe econômica defendem também a redução do tributo para pneus de ôni: bus importados, cuja alíquota passou de 16% para 25% em setembro do ano passado. Ainda não há decisão fechada sobre essas duas ações.

Saúde. Para os planos de saúde, que atendem quase 50 milhões de brasileiros, o governo estuda o corte do PIS e da Cofins que incidem sobre o faturamento das empresas. Outro benefício que deve provocar impacto nos planos é a desoneração da folha de pagamento de hospitais, que deve ser sancionada pela presidente Dilma até 2 de abril.

O governo ainda está dividido sobre a ideia de cortar o PIS/Cofins para os planos de saúde, já que esses tributos servem para financiar indiretamente o Sistema Único de Saúde (SUS).

Se a redução de impostos vingar, o governo pretende exigir como contrapartida melhorias no atendimento ao consumidor, considerado ponto fraco das companhias. Das empresas de impacto, da ação sobre a arrecadação e sobre o Orçamento.

O governo ainda analisa o que será sancionado e vetado na Medida Provisória (MP) 582, que inclui dezenas de setores contemplados pela desoneração da folha. O segmento de serviços hospitalares deve escapar do veto.

Como a desoneração representa menos dinheiro no caixa federal, a presidente Dilma pode sancionar o benefício no início do próximo mês, mas jogar para julho a entrada em vigor da medida. Com isso, será possível adiar em pelo menos três meses o impacto, da ação sobre a arrecadação e sobre o Orçamento.

Adiamento

Os reajustes nas passagens de ônibus em São Paulo e Rio deveriam ter ocorrido em janeiro, mas o ministro Guido Mantega pediu aos prefeitos que deixassem o aumento para o 2º semestre.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Apagão logístico faz China cancelar compra de soja

O complexo da soja — grão, óleo e farelo — poderia se tornar, este ano, o principal item da pauta de exportações brasileira, com US$ 32,5 bilhões, ultrapassando o minério de ferro. No entanto, um verdadeiro apagão de logística, com filas quilométricas de caminhões em direção aos portos de Santos e Paranaguá para escoar a mercadoria, dificuldades de embarque e aumento do preço de frete ameaçam a ampliação do comércio exterior brasileiro. Com todas essas dificuldades, a Sunrise, principal trading chinesa, cancelou a compra de dois milhões de toneladas de soja — quase 5% da exportação total brasileira do produto, que deve atingir quase 38 milhões de toneladas este ano, quando o país colherá uma safra recorde de grãos. O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, afirma que a fila de caminhões em direção aos portos ocorre porque faltam armazéns e silos

Gargalos nos portos geram "apagão da soja"

Previsão de que item ultrapasse o minério nas exportações fica ameaçada. Empresa chinesa cancela compra

Danielle Nogueira, Roberta Scrivano

RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA - Gargalos enfrentados para escoar a produção podem frustrar previsões de que o complexo da soja - grão, óleo e farelo - se tornaria, este ano, o primeiro item da pauta de exportações brasileira, desbancando o minério de ferro. Nas projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), com safra recorde e preços elevados, o trio atingiria US$ 32,5 bilhões em vendas externas em 2013, contra US$ 30 bilhões do minério de ferro. Se os cancelamentos de embarques de soja continuarem por causa dos crescentes atrasos no fornecimento, no entanto, a tendência é que a média de preços do grão caia, comprometendo seu desempenho nas exportações. A chinesa Sunrise, maior trading do país, já cancelou a compra de pelo menos dois milhões de toneladas de soja, alegando atrasos na entrega por causa das longas filas nos portos. É a primeira que uma empresa daquele país suspende contratos por problemas logísticos. A empresa diz que deveria ter recebido seis navios em fevereiro e outros seis em março. E avalia a possibilidade de comprar da Argentina. A China é o principal comprador da soja brasileira.

As previsões da AEB consideram o preço anual médio da tonelada de soja a US$ 580 e embarques de 38 milhões de toneladas em 2013. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram, porém, que a média de preço entre janeiro e a terceira semana de março está bem abaixo dessa projeção (US$ 530). Paralelamente, o minério de ferro está em situação inversa. Nas estimativas da AEB, a média de preço da commodity ficaria em US$ 95 este ano e o volume exportado, em torno de 320 milhões de toneladas. Mas 2013 ano começou aquecido para o minério, cujo preço médio da tonelada exportada está em US$ 110.

- Ainda mantenho minhas previsões, mas é possível que os problemas que os produtores de soja estão enfrentando atrapalhem o desempenho do setor. Esse apagão da soja só mostra que o Brasil não está preparado para crescer - afirma o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Para Castro, a alegação da Sunrise é um pretexto para comprar o grão por um preço menor mais adiante. Independentemente das reais razões, o fato é que o produtor que não honrar contratos devido a atrasos no suprimento vai ter prejuízos, pois a tendência é que o preço da soja caia no segundo semestre, quando a produção americana é comercializada com força. Brasil e EUA são os principais exportadores mundiais de soja.

O problema é que o engarrafamento de caminhões nos portos de Santos e Paranaguá, os dois principais canais de escoamento da soja, tende a piorar nos próximos meses com a estimativa de safra recorde do grão de cerca de 83 milhões de toneladas. O pico da comercialização da soja é em abril e maio, quando a safra de açúcar começa a ser escoada. Em seguida, milho e algodão também passam a disputar os mesmos caminhoneiros, inevitavelmente provocando mais congestionamentos.

Ontem, a fila de caminhões na rodovia Cônego Domênico Rangoni, que leva ao porto de Santos, o maior da América Latina, chegava a 25 quilômetros, quase o dobro da extensão da Ponte Rio-Niterói ou a metade de todo o trajeto da avenida Brasil, principal artéria da capital fluminense. Já esteve pior: na terça-feira, de acordo com a concessionária que administra a pista, eram 34 quilômetros de espera.

Tempo parado nas estradas é prejuízo não só para os caminhoneiros, mas também aos produtores e exportadores. Em uma estimativa otimista, o Sindicato das Agências de Navegação Marítima de São Paulo (Sindamar) disse que o prejuízo com a manutenção de navios que aguardam para serem carregados de grãos é de US$ 150 milhões por dia - os exportadores arcam com o valor.

O presidente da entidade, José Roque, explica que essa conta considera duas situações ainda sem solução. A primeira diz respeito, efetivamente, à demora para a chegada dos caminhões até o porto. A outra razão é a chuva. Chove na região desde o domingo e, como não existem coberturas para abrigar o serviço de desembarque/embarque de grãos, os navios não podem ser operados.

- Não adiante ter supersafra, se as empresas estão perdendo na ponta, sem conseguir escoar a produção. Há muita retórica no governo e pouca ação. Estamos no fundo do poço da infraestrutura.

"Caminhão parado é sinal de ineficiência"

Como resultado da demora, um navio de granel sólido de 600 mil toneladas, que antes levava em média dois dias para ser abastecido, agora precisa de até quatro dias para concluir o trabalho e navegar. A Codesp, que administra o porto, diz que o problema se deve à falta de infraestrutura das estradas e que as condições climáticas atrapalharam muito nos últimos dias. De acordo com dados oficiais, existiam ontem 33 navios atracados no porto e outros 79 na barra, à espera de uma vaga na ancoradouro. Mas os números do Sindamar são de até 150 parados para serem carregados.

Para o governo, as filas de caminhões são uma prova da falta de capacidade da infraestrutura em atender a demanda. Segundo o ministro da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino, para amenizar o problema no porto de Santos é preciso aumentar a quantidade de terminais, adotar equipamentos mais modernos, além de cobrir os terminais. Os problemas, diz, reforçam a necessidade de aprovação da MP 595, que reformula o setor:

- A fila revela a falta de capacidade dos portos. Muita chuva e safra recorde agravam o problema.

O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, diz que a fila de caminhões em Santos ocorre porque faltam armazéns e silos, um dos grandes problemas nos portos.

- Os portos brasileiros são muito fatiados (pequenos terminais) e não operam em escala, outro fator de filas. Somente no Brasil, a carga sai do caminhão e entra no navio. Caminhão foi feito para rodar, parado é sinal de ineficiência.

Depois de 30 horas na fila, Pedro Martins, caminhoneiro há 20 anos, puxou o freio de mão e foi caminhar junto ao acostamento da pista. Queria "esticar as pernas" e matar o tempo até que a longa fila de caminhões começasse a se mover.

- Faço esse percurso normalmente em três horas, mas estou parado desde as 8h de ontem (quarta-feira). E não tenho ideia de quanto tempo mais vou levar. Nunca vi isso antes - disse Martins, que transportava soja.

Em outro trecho da rodovia, Djalma Mendes armou uma mesinha no meio da pista, com fogareiro a gás e panelas. Almoçou arroz, feijão, ovo e linguiça. Segundo ele, o atraso na entrega de sua carga vai gerar um prejuízo de cerca de 15% em seu faturamento bruto mensal, que é de R$ 15 mil.

- Não vou cumprir a programação que eu tinha para este mês.

Fonte: O Globo

Entrevista - Jarbas busca apoio de Serra e do PMDB para Campos

Raquel Ulhôa

Jarbas sobre Campos: "A pecha de direita não pega, tem formação de esquerda enaltecida por Lula e sua marca tem sido a ousadia"

BRASÍLIA - Após 20 anos de rompimento, hoje o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) está empenhado e "inteiramente à vontade" na articulação da candidatura do governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, à Presidência da República em 2014. O envolvimento é tanto que ele tentará atrair o ex-governador José Serra (PSDB) para o projeto, se a situação de "desconforto" do tucano no partido continuar.

"Acho que está no meu papel fazer isso. Quando a gente entra numa luta, entra para isso. Agora, vou respeitar a questão dele. Se ele se ajusta diante do PSDB, passa a ser ouvido e se torna uma voz no partido, não cabe a mim tentar puxar o Serra. Só posso fazer isso se ele estiver numa situação de desconforto. Aí eu faço", disse o senador, em entrevista ao Valor.

Amanhã, o senador oferece jantar para Eduardo Campos em sua casa em Recife, reunindo lideranças de vários segmentos, empresários, amigos e artistas.

Valor:O senhor se reaproximou de Eduardo Campos no fim de 2011 e em 2012 apoiou o candidato dele a prefeito de Recife, Geraldo Julio (PSB). Agora está empenhado na construção da candidatura dele a presidente da República?

Jarbas Vasconcelos: Totalmente integrado.

Valor: Desde que assumiu o Senado, em 2007, o senhor é dissidente do PMDB e atua na oposição. Apoiou os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin para presidente. Por que agora não se engajar na campanha de Aécio Neves?

Jarbas: O próprio PSDB sequer está pacificado, unificado. Tem enorme dificuldade para se movimentar e ter um candidato que represente o partido no seu conjunto. Eu, em Pernambuco, tinha de escolher um adversário. Lutava contra o PT e contra o PSB, representado pelo presidente nacional e governador do Estado, Eduardo Campos. A gente estava conversando sobre uma possível coligação para 2014. A situação à qual o PT levou a cidade do Recife em 2012, de estrangulamento e contestação pela população, com o prefeito rejeitado pelo próprio partido, fez com que a gente antecipasse para 2012 uma coligação. O doutor Ulysses [Guimarães] dizia que a gente não pode ter muitos adversários, tem que saber escolher quem que você vai enfrentar. Foi o que fiz em Pernambuco.

Valor: Foi uma circunstância local. Mas por que abandonar a aliança nacional com o PSDB?

Jarbas: Mantive a mesma posição regional e nacional. É uma coisa estratégica para mim. Não foi fácil, porque eu tinha disputado uma eleição em 2010 e tinha sido esmagado nas urnas. Mas tinha que escolher um adversário e escolhi o PT.

Valor: As divergências políticas com Campos foram superadas?

Jarbas: Tinha muita coisa de pessoal pelo meio, muita birra, mas, afinal, a gente lutou junto [no passado], jogou pedra no mesmo local, foi combatente da ditadura. Fizemos parte da Frente Popular do Recife. Fui prefeito duas vezes. A primeira vez fui apoiado por ele e pelo avô, Miguel Arraes. Afinal de contas, fomos pemedebistas. Na prática, foi um reencontro nosso, após 20 anos separados. Voltamos a militar juntos. Estou inteiramente à vontade. Não fiz nenhuma barganha, ele não assumiu nenhum compromisso comigo, de reeleição ou não [para o Senado]. Nem eu assumi compromisso com ele.

Valor: Mas seu projeto natural é reeleição no Senado.

Jarbas: É...

Valor: Por que Eduardo Campos é boa opção? Com qual discurso ele fará oposição à presidente Dilma Rousseff, se ajudou a elegê-la?

Jarbas: Veja, a oposição continua desarticulada, sem unidade. Na única vez em que a gente se organizou, no período anterior, quando fui chamado pelo DEM e pelo PSDB a sentar numa mesa mais ampla, tivemos certa organicidade e derrubamos o chamado imposto do cheque [CPMF]. A gente nunca mais fez isso. Para tentar desestruturar isso que completou uma década de poder, a gente tem que contar com dissidência dentro do arco de forças deles. E a pessoa ideal é o governador de Pernambuco.

Valor: E por quê?

Jarbas: Primeiro porque a pecha de direita nele não pega. Tem formação de esquerda clara, respeitada e enaltecida por Lula. E a marca dele tem sido a ousadia. Percorreu um caminho da modernidade, atrai o setor empresarial e formadores de opinião pública de classe média, que reconhecem que o Brasil avançou, mas por um caminho tortuoso e incompleto. Houve melhoria de renda, as políticas sociais avançaram, mas o Brasil continua ruim na educação e péssimo na saúde. E a qualificação do emprego ainda é muito complicada. O Brasil precisa de ousadia, modernidade, competitividade, investimento em educação. O governador tem feito isso no Estado. Em Pernambuco lutava contra o PT e o PSB, mas a gente tem que escolher o adversário, foi o que fiz

Valor: O discurso, então, será o de avançar mais que Lula e Dilma?

Jarbas: Ele percebeu que essa coisa [governo do PT] é precária. Eu nunca vi Eduardo dizer que Lula e Dilma deixaram de avançar. Ele diz que participou disso aí [da eleição dos dois], que o país avançou, mas poderia ter avançado muito mais. Qualquer pessoa de bom senso sabe que o Brasil poderia ter avançado muito mais, se não fossem as loucuras de Lula. A mais recente culminou com a insanidade de lançar Dilma à reeleição com tanta antecedência, prestando um desserviço ao Brasil. Não havia necessidade de fazer isso agora, que Dilma está caminhando com as próprias pernas. Com esse lançamento, ele embaraça Dilma, porque o que ela fizer a partir de agora vai parecer eleitoral. E arrastou a oposição, debilitada e frágil, para essa luta. A oposição nem é articulada nem é forte. Não faz nenhum mal dizer isso. Eduardo surgiu muito em cima desse quadro. O Estado não pode ser instrumentalizado como está sendo. É justo o que fizeram com a Petrobras? A Petrobras pode até ter tido algum desvio em governos anteriores, mas não dessa monta, assim como o BNDES está sendo usado para dar dinheiro para empresas precárias.

Valor: Outros pemedebistas insatisfeitos com o atual comando do partido podem aderir a Eduardo Campos?

Jarbas: Vou ajudar nessa questão do PMDB. Há algumas pessoas inconformadas com a última convenção do PMDB [que reconduziu o vice-presidente da República, Michel Temer, para a presidência da legenda], que não foram contempladas. Pessoas que têm história dentro do partido, como as do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Mato Grosso do Sul. Vou tentar reunir essas pessoas e levá-las para ouvir Eduardo, o que ele pensa do Brasil, porque é dissidente do governo e porque acha que pode fazer mais. Acho que está todo mundo interessado em ouvir. É uma avalanche de pessoas interessadas em conversar com ele, ouvi-lo.

Valor: Por que não optar por Aécio?

Jarbas: A gente [da oposição] já demonstrou que não tem força. A gente já foi de Serra e Alckmin, mas o PSDB sequer faz a tarefa de buscar unidade, pacificar. O problema não é restrição a Aécio. Se o PSDB, o maior partido da oposição, não tem pacificação, como é que quer ter um candidato que atraia e unifique a gente?

Valor: Aécio e Serra tiveram uma conversa de três horas. O senhor não acredita em entendimento?

Jarbas: Acho que estão tentando, mas isso devia ter sido vencido, superado. Está tarde.

Valor: As dificuldades da candidatura de Aécio são maiores?

Jarbas: Aécio foi vítima da desarticulação da oposição de um modo geral e dos desencontros do PSDB. Ele não vai mudar o seu estilo. É uma pessoa cordata, civilizada, que jamais vai ser agressivo, contundente. Se ele tivesse encontrado uma oposição mais organizada, dura e combatente, e um partido modificado, é bem provável que tivesse despontado.

Valor: Eduardo Campos pode conquistar boa fatia da oposição?

Jarbas: Sim. Ele não iniciou a jornada, mas está no portal de uma estrada grande, rica e bonita, e vai depender muito dele e da gente, de quem estiver junto dele. Vamos ter um ano muito difícil em 2013, tanto a oposição como Dilma. Ela talvez muito mais que a gente, porque tem a caneta e o poder. A gente vai conviver com a inflação dando sinais de recrudescimento e falta de controle, um Produto Interno Bruto que foi vergonhoso e, se não tiver cuidado, se repete. Tem o problema da industrialização do país, precária, e a falta de competitividade. E o pior, o quinto problema: a questão pontual como ela comanda a área econômica. A economia de um país emergente e continental como o Brasil não pode ser administrada de forma pontual. Tem que ter planejamento estratégico, uma pessoa que fale menos do que o ministro da fazenda e um Banco Central mais centralizado. E tem a falta de investimento no setor elétrico. Imagine se esse país estivesse crescendo a todo vapor? Teria racionamento há muito tempo. Os portos e aeroportos não funcionam, as estradas estão intransitáveis, não tem estrada de ferro. Na proporção que [essa situação de dificuldades] crescer, havendo uma perspectiva de poder, ninguém vai se iludir. Pesquisa de opinião dando Dilma lá em cima não vai mexer com ninguém. Eduardo é uma alternativa concreta.

Valor: Ele é pouco conhecido e o partido é pequeno, enquanto o PSDB, mesmo dividido, é maior, já ocupou a Presidência da República, governa Estados importantes. Como compensar isso?

Jarbas: Eduardo está num partido menor, num conjunto de forças menor, mas o tempo é favorável a ele. A gente já analisou isso. É bem dotada, inteligente, ousada. Sabe que vai ter tempo de debate. É importante ter as outras candidaturas, como Aécio e Marina Silva, para provocar o segundo turno. No segundo turno vai ser uma leitura interessante. A pergunta será: você quer continuar com isso aí, que avançou, mas não o suficiente?

Valor: E o ex-governador José Serra, de quem o senhor é amigo e sempre foi aliado político, está fora do processo eleitoral?

Jarbas: Não. Não acho que esteja fora do jogo, mas tem que ser buscado. Ele não teve um tratamento adequado após a eleição. Não tenho por que fazer ataques ao PSDB, mas estou dando minha opinião. Sou aliado e amigo. O PSDB está na obrigação de resolver isso, pacificar. Vou a São Paulo falar com ele em dez ou 15 dias. A gente tem uma deficiência grande de quadros. E quem tem uma pessoa como Serra nas suas hostes - e não estou falando só do PSDB, mas da oposição - não pode deixá-lo à margem. Serra tem que opinar, ser ouvido. Já disse e reitero: se tem um brasileiro preparado para dirigir o país, é Serra. Se ele vai ser ou não candidato à Presidência pela terceira vez, é outra coisa.

Valor: Se ele apoiar Aécio, vocês não estarão no mesmo palanque?

Jarbas: Estaremos apoiando candidatos diferentes. Mas farei o possível para ficarmos juntos.

Valor: Acredita que pode atraí-lo para o projeto de Eduardo Campos?

Jarbas: Está no meu papel tentar fazer isso. Quando a gente entra numa luta, entra para isso. Agora, vou respeitar a questão dele. Se Serra se ajusta diante do PSDB, passa a ser ouvido e a ser uma voz dentro do PSDB, não cabe a mim tentar puxá-lo. Não vou puxar uma pessoa com a capacidade e a dimensão do Serra para vir para o meu lado. Só posso fazer isso se ele estiver numa situação de desconforto. Aí eu faço. Mas espero que ele supere esses problemas dentro do partido.

Fonte: Valor Econômico

Campos se encontra com Serra em SP e irrita Aécio

Em movimento para viabilizar sua candidatura à Presidência, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, encontrou- se com José Serra (PSDB), sexta-feira, em São Paulo. A aproximação com o tucano ocorre no momento em que o senador Aécio Neves (MG) administra descontentamentos no PSDB que ameaçam seu projeto eleitoral em 2014. Aécio teria ficado "estupefato" ao saber do encontro.

Em novo lance, Eduardo Campos se aproxima de Serra e deixa PT inquieto

Malu Delgado, Bruno Boghossian e Bruno Lupion

Na prospecção para viabilizar a candidatura à Presidência em 2014, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, encontrou-se com o ex-governador José Serra (PSDB) na última sexta-feira, em São Paulo. A aproximação com o tucano ocorre num momento estratégico para Campos, em que o presidenciável do PSDB, Aécio Neves (MG), é obrigado a administrar descontentamentos internos do próprio Serra que ameaçam seu projeto eleitoral em 2014.

Os movimentos de Campos em direção a Serra provocaram fortes reações no PT e na ala do PSDB ligada a Aécio Neves.

Ainda que o PT tenha o conforto da popularidade da presidente Dilma Rousseff (63% aprovam a gestão e 79% aprovam a petista, segundo o CNI/Ibope), candidata à reeleição, petistas sabem que a disputa em dois turnos é incerta e trabalhosa. Tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto Dilma tiveram de enfrentar segundos turnos com o PSDB para chegarem ao poder.

Segundo aliados do governador pernambucano, não há como ele medir as condições para se lançar candidato em 2014 sem considerar os passos da oposição. Um auxiliar de Eduardo Campos resume assim a ofensiva: "Para os tucanos, é bom que ele se candidate. Para ele, é bom flertar com o PSDB".

Campos já disse aos tucanos que tem interesse na manutenção da candidatura de Aécio. O presidente do PSB acredita que o nome do tucano na uma eletrônica ajuda a afastar a imagem de que ele seria um candidato de oposição a Dilma - papel desempenhado pela chapa do PSDB.

Aécio. O Estado apurou que Aécio soube nesta semana sobre o encontro de Campos e Serra, e teria ficado "estupefato", segundo um correligionário do tucano. Chegou ao mineiro a informação de que o encontro entre os dois fora intermediado pelo ex-senador catarinense Jorge Bornhausen (PSD).
"O eleitor nordestino é petista e dilmista e não vai entender Campos em oposição a Dilma", afirmou ontem o deputado federal e secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, durante reunião da executiva nacional do partido em São Paulo. O petista citou a pesquisa CNI/Ibope divulgada na terça-feira, para afirmar que Campos não conseguirá viabilizar sua candidatura.

A colocação de Campos como candidato é um fato, na avaliação de um grupo de petistas, que poderia forçar um segundo turno em 2014.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, minimizou ontem os movimentos do aliado Eduardo Campos em direção aos tucanos, ainda que internamente o assunto sempre entre na pauta: "Ele é um líder nacional e é um direito dele se reunir com quem ; bem entender".

Palanque. A aproximação com José Serra faz parte de um movimento do pernambucano em busca de espaço no Sudeste. O PSB de Eduardo Campos já é aliado do governador Geraldo Alckmin e integra a coalizão tucana. Os aliados do presidente do PSB acreditam que Serra ainda tem influência eleitoral em São Paulo - apesar da derrota em 2012 - e que mantém boas relações com prefeitos de grandes cidades do interior paulista, o que poderia ajudar Eduardo Campos caso ele se aventure numa eleição presidencial e caso vá para o segundo turno. A novidade da candidatura de Campos, dizem aliados do governador, o torna um nome mais viável que Aécio em 2014.

Ter boa relação com tucanos em São Paulo é fundamental para o projeto de Eduardo Campos. Tanto que também está em curso nos bastidores uma negociação para o PSB apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin e, em troca, obter a vaga de vice na chapa - o que abriria espaço para uma campanha casada entre Campos e Alckmin no Estado.

Alckmin e Serra não são do mesmo grupo político no PSDB e o governador tucano não assumiu até hoje uma postura explícita pró-candidatura Aécio Neves. Por via das dúvidas, Eduardo Campos flerta com as duas alas tucanas. Para Alckmin, uma coligação com o PSB na disputa pelo governo de São Paulo garantiria mais 1min04s em cada bloco de sua propaganda eleitoral de TV.

História. Serra é amigo dos Arraes desde a década de 60, quando chegou à presidência da UNE em 1964 com ajuda do então governador Miguel Arraes, avô de Campos. O governador manteve boa relação com Serra ao longo dos anos, apesar de ter se posicionado a favor de Dilma em 2010 quando o PSDB, com Serra candidato, pôs o tema aborto na campanha para atingir a petista. Em 2012, pressionado por Lula, Campos levou o PSB a apoiar Fernando Haddad contra Serra.

Ao chegar à reunião da executiva nacional do PT ontem, Francisco Rocha, coordenador da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), majoritária no partido, afirmou que Campos está indo na contramão de sua história política e da militância de sua família em Pernambuco. O petista cobrou coerência ideológica do aliado. "Agora vai sair de uma trajetória que é histórica na vida dele e da família dele para se agarrar com o Zé Serra em São Paulo? É demais para a minha cabeça", afirmou Rochinha. Segundo ele, o encontro entre Campos e Serra "mostra que os dois estão com problemas". "Na política, o Eduardo Campos não tem limites", emendou, citando também a aproximação do pernambucano com o senador de oposição Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos encontra Serra na busca de palanque em SP

Líder do PSB aproveita descontentamento do tucano com comando do PSDB

Gustavo Uribe, Germano Oliveira

SÃO PAULO - Em busca de uma composição que viabilize um palanque em São Paulo, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reuniu-se na sexta-feira passada, na capital paulista, com o ex-governador José Serra. No encontro, foi discutido, segundo aliados de ambos, o cenário eleitoral do ano que vem, a economia nacional e o papel da oposição no Brasil. A reunião não foi informada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que soube apenas ontem do encontro. Na avaliação de tucanos, o líder do PSB quer aproveitar o descontentamento de Serra com o comando do PSDB para obter o apoio de parcela da sigla em São Paulo.

O PSB faz parte da base aliada de Alckmin na Assembleia Legislativa e está à frente de 30 prefeituras, a maior parte delas em composição com o PSDB. O diagnóstico é de que, caso se lance candidato, o governador de Pernambuco precisará de um palanque no estado, que poderá ser o de Gilberto Kassab (PSD), candidato ao governo estadual, e aliado de Serra.

Nos últimos meses, o dirigente do PSB tem articulado cada vez mais encontros com empresários e políticos. No próximo dia 5, por exemplo, falará a prefeitos em Santos, em evento que terá a participação também de Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente. Apesar da movimentação de Campos, o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, disse ontem, na reunião da Executiva do partido, que o voto no Nordeste é "petista" e "dilmista", e que o governador de Pernambuco terá dificuldade de viabilizar sua candidatura à Presidência.

Fonte: O Globo

Candidatura de Campos é 'boa', diz Serra

Após encontro com governador, tucano afirma que presença dele na disputa seria boa 'para o Brasil e para a política'

Aproximação ocorre no momento em que a cúpula do PSDB tenta viabilizar Aécio Neves, desafeto de Serra

Daniela Lima

SÃO PAULO - Um dos principais nomes do PSDB, o ex-governador José Serra disse ontem à Folha que a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República nas eleições de 2014 seria "boa para o Brasil e boa para a política".

Serra, que tem evitado discutir em público o cenário político nacional e concorreu duas vezes ao Planalto por seu partido, deu a declaração ao confirmar que se reuniu com Campos na última sexta-feira, em sua casa, na capital paulista. O encontro foi revelado pela colunista da Folha Eliane Cantanhêde.

A assessoria de Campos disse que se tratou de "uma conversa sobre o Brasil". A versão do ex-governador de São Paulo vai na mesma linha. "Foi uma conversa cordial sobre o Brasil, a política e a economia", disse Serra.

O tucano negou que, durante o encontro, Campos tenha falado sobre sua candidatura presidencial ou discutido alianças eleitorais.

Serra disse que, "apesar do distanciamento político", foi muito amigo do avô de Campos, o governador Miguel Arraes (1916-2005), e que recebeu abrigo da família em Paris na ditadura militar, quando os dois estavam exilados.

A aproximação de Serra e Campos ocorre num momento em que a cúpula do PSDB trabalha para viabilizar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves. Seus aliados veem como maior obstáculo ao projeto a falta de unidade na sigla em torno do senador.

Serra e Aécio são desafetos. Eles se encontraram na última segunda-feira em São Paulo, mas a conversa resultou apenas no acerto de um novo encontro, em abril. Aécio chega hoje a São Paulo para uma nova rodada de conversas com líderes tucanos.

Presidente nacional do PSB, Eduardo Campos ainda não admite ser candidato à Presidência, mas dá cada vez mais sinais de que vai concorrer contra Dilma Rousseff.

O PSB é parte da coalizão que sustenta o governo Dilma, mas nos últimos meses Campos criticou publicamente a condução da economia. Um dia antes do encontro com Serra, num jantar com empresários, Campos disse que dá para fazer "muito mais" que o atual governo.

Às críticas à política econômica se somaram movimentos de aproximação com a oposição. O pernambucano já esteve com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e mantém conversas frequentes com o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Campos também despertou a simpatia de alas do DEM.

Os acenos de Campos a esses setores perturbam aliados de Aécio. Eles temem eventual divisão na oposição, o que poderia fragilizar o mineiro.

Segundo tucanos próximos a Serra, ele tem dito que Campos não prejudica o PSDB, porque ajudaria a tirar votos de Dilma e forçar a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais. Alckmin concorda com essa avaliação.

Fonte: Folha de S. Paulo

Revista receita 'remédio de Minas' ao Brasil

Fernando Nakagawa

LONDRES - A revista britânica The Economist publicou reportagem elogiosa ao senador Aécio Neves, presidenciável do PSDB em 2014, na edição que começou a ser vendida ontem no Reino Unido. Com o título "O remédio de Minas", a publicação diz que Aécio executou um "choque de gestão" em Minas Gerais.

"Graças, em parte, a esse sucesso em Minas Gerais, Mr. Neves está perto de se tornar o candidato do PSDB, o principal partido da oposição, na eleição presidencial do próximo ano", diz o texto. A reportagem sugere que a gestão do tucano pode ser positiva para o Brasil. "Uma dose do remédio de Minas pode fazer bem ao Brasil." Segundo a revista, Aécio usa como lema "gastar menos no governo e mais nos cidadãos".

O texto também contrapõe o "emagrecimento" da máquina pública que Aécio produziu em Minas ao "inchaço" da esfera federal. "Desde que o PT assumiu o poder o número de ministérios aumentou de 26 para 40 e a folha de pagamento cresce incansavelmente."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio administra pressões para montar novo comando do PSDB

João Domingos

BRASÍLIA - Sem resolver a crise de desconfiança entre os grupos de Minas Gerais e de São Paulo, o PSDB ainda tem de administrar a ameaça de cisão no partido na véspera da eleição do novo presidente, ao que tudo indica, o senador mineiro Aécio Neves. Nos bastidores, aposta-se que o atual vice- presidente da executiva nacional, o ex-governador Alberto Goldman (São Paulo), será convidado a permanecer no cargo.

Aliado de José Serra, Goldman disse ontem, no entanto, que só aceita ser indicado para o mesmo cargo se for para formar o consenso e se houver a certeza de que a futura executiva vai de fato trabalhar e não entrar num "jogo de faz de conta". Segundo ele, "a executiva hoje não funciona como coletivo". Afirmou que no ano passado ela só fez duas reuniões e, neste, tem uma programada para a semana que vem.

O senador mineiro afirmou ontem que, aos poucos, o PSDB está chegando a um consenso sobre a formação da nova executiva nacional do partido, que deverá ser comandada por ele. Lembrou que na segunda-feira terá um novo encontro com o governador Geraldo Alckmin.

Na última terça-feira, Alckmin convidou Aécio a ir até o Palácio dos Bandeirantes. De lá, os dois sairão juntos para um seminário do PSDB.

Manaus. Em outra frente de desgaste, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, ameaça deixar o PSDB caso seja aprovada a unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) interestadual.

Virgílio alega que a Zona Franca de Manaus seria muito prejudicada com a aprovação da proposta enviada pela presidente Dilma Rousseff porque não teria mais tarifa diferenciada.

O governador Geraldo Alckmin apoia a unificação das tarifas, sob o argumento de que ajudará a acabar com a guerra fiscal entre os Estados. Arthur Virgílio havia se estranhado com Alckmin durante a campanha eleitoral porque o governador defendeu a extinção da Zona Franca. Na época, ele também ameaçou deixar o partido.

Arthur Virgílio já foi procurado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente do PSB, que vem trabalhando a montagem de palanques diversos nos Estados na tentativa de viabilizar sua candidatura a presidente da República. Campos conversou na sexta-feira também com José Serra, que tem comandado a resistência à passagem do comando tucano aos mineiros. Mas Aécio reagiu e foi a Serra na segunda-feira seguinte, obtendo do ex-governador á promessa de que o partido não vai rachar.

Aécio disse ontem que Arthur Virgílio não sairá do partido. "Vamos conversar na semana que vem. Eu tenho certeza de que ele será um dos principais pontas - de lança de nosso projeto de apresentar novas propostas para o Brasil na disputa do ano que vem", afirmou o senador.

Aécio lembrou ainda que o projeto que propõe a unificação do ICMS é polêmico e não deverá ter um desfecho rápido, porque não há consenso entre os governadores.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Palanque armado para Dilma

Débora Duque

Uma estrutura grandiosa começou a ser montada ontem para o evento da próxima segunda-feira (25) em que a presidente Dilma Rousseff (PT) fará a inauguração simbólica da Adutora do Pajeú, obra hídrica que está funcionando desde o pós Carnaval. Um palco está sendo armado no Parque de Exposições e a expectativa do prefeito Luciano Duque (PT) é de que 10 mil pessoas visitem o local para ver e ouvir a presidente, potencial candidata à reeleição em 2014. Associações de moradores e sindicatos de trabalhadores estão sendo mobilizados para arregimentar a claque que aplaudirá a petista, que volta a Pernambuco um ano depois da última visita e com um cenário político repleto de constrangimentos. A maré de sorte da presidente é tanta que até choveu em Serra Talhada ontem. "Uma chuva boa, que deu para deixar a vegetação bem verdinha", comemorou Duque.

O prefeito que tem crescido como liderança política do partido - chegou ao PT há pouco mais de um ano, vindo do PR -, defende a postura da presidente de ignorar as investidas do governador Eduardo Campos (PSB) no cenário nacional, buscando se cacifar para disputar o posto máximo da República em 2014. Para Luciano Duque, Dilma está demonstrando muita tranqüilidade quando escolhe vir a Pernambuco nesse momento. "Repare que ela não demitiu uma só pessoa do PSB da gestão federal. Está sendo muito sabida, agindo tranquilamente. Acredito que o melhor disso virá depois. Tenho convicção de que o governador continuará no nosso campo político e na aliança com o PT", afirmou.

Somente da área rural de Serra Talhada são esperadas cinco mil pessoas. O evento também deve atrair moradores dos municípios vizinhos como Salgueiro, Cabrobó e Floresta. Ainda que elogie a postura da presidente, Luciano Duque evita entrar em rota de coalizão com o governador pernambucano. O prefeito entende como legítima a postura do governador de criticar a gestão Dilma. "O que o governador está fazendo é discutir os problemas do Brasil e isso é válido. Quem não joga, não tem torcida. Mas da mesma forma que o governador tem um projeto para o País, o PT tem um projeto de muitos anos que está dando certo", sentenciou.

A entrega simbólica da adutora está marcada para às 10h30. A comitiva da presidente contará com o reforço do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), que tem atuado como bombeiro na relação da presidente com o governador. O senador petista Humberto Costa, interlocutor constante do ministro, e o deputado federal João Paulo (PT) também estarão presentes.

Almoço com Eduardo ainda indefinido

A passagem da presidente Dilma Roussef (PT) por Pernambuco, na segunda-feira (25), deve ir muito além dos atos públicos e administrativos. Apesar da agenda corrida, a petista recebeu um convite oficial da assessoria do governador Eduardo Campos (PSB) para um almoço em sua residência. O cerimonial do Planalto ainda não confirmou a presença da presidente. O encontro de caráter mais reservado aconteceria durante o intervalo dos eventos em Serra Talhada, Sertão do Pajeú, e em São Lourenço da Mata, Grande Recife.

Do lado presidencial, uma das questões que estão sendo avaliadas é o tempo para conciliar todos os compromissos em território pernambucano num único dia. Seu desembarque acontecerá, pela manhã, no aeroporto do município de Salgueiro, Sertão Central. De lá, a previsão é que ela siga de helicóptero para Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, onde participará, às 10h30, da inauguração da primeira etapa da Adutora do Pajeú. Ao lado do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), Dilma também deve anunciar novas ações de enfrentamento à seca.

Caso confirme sua ida ao almoço com o governador, ela retorna ao Recife e, em seguida, parte para São Lourenço da Mata, onde inaugura um novo trecho da BR-408, que liga à Cidade Copa. O evento está marcado para as 15h30.

Os detalhes da programação da visita presidencial serão apresentados hoje pela equipe do Palácio do Planalto. A coletiva acontecerá às 16h no hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem. A equipe de precursores da Presidência chegou ontem ao Recife para traçar o roteiro que será percorrido por Dilma. Por enquanto, não consta na agenda a participação em atos públicos no Recife. A expectativa é que ela retorne a Brasília na noite de segunda.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

A guerra pelo comando do PT

Rachas internos do partido passam a ser expostos com a formalizações de candidatura para a presidência da legenda

Karla Correia

A corrente petista Mensagem ao Partido deve formalizar hoje a candidatura do deputado Paulo Teixeira (SP) à presidência da legenda, na eleição interna que acontece em novembro deste ano. A coincidência entre o início da próxima gestão e o ano da campanha da presidente Dilma Rousseff pela reeleição tende a acirrar a disputa e evidencia, desde já, os rachas internos.

Sem alarde, outras correntes petistas, situadas mais à esquerda no espectro intrapartidário, já negociam nos bastidores o lançamento de outras candidaturas para fazer frente ao atual comandante da sigla, Rui Falcão, que disputará a reeleição como representante da ala majoritária do PT, reunindo as tendências Construindo um Novo Brasil (CNB), Novo Rumo e Partido de Lutas e Massas, e com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Integrante da corrente Novos Rumos, Falcão assumiu a presidência do partido em abril de 2011 no lugar de José Eduardo Dutra. Um dos principais interlocutores de Dilma no início do governo, Dutra derrotou José Eduardo Cardozo - atual ministro da Justiça e outro conselheiro frequente da presidente - no processo de eleição direta (PED) de 2009.

Teixeira deve ser apenas o primeiro candidato a despontar como oposição a Falcão. Comandante da corrente Militância Socialista, Renato Simões é cotado para disputar o cargo no PED marcado para 6 de novembro. A tendência Articulação de Esquerda trabalha pelo nome de Valter Pomar para o comando do PT. Já a Movimento PT, à qual pertencem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), estuda lançar a deputada Fátima Bezerra (RN) para a disputa.

A candidatura de Paulo Teixeira reunirá a Mensagem ao Partido, comandada pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, à Democracia Socialista. As duas correntes já disputaram duas vezes consecutivas o PED com de Eduardo Cardozo. Foram derrotadas nas duas vezes pela CNB. Principal líder da Mensagem, Tarso Genro assumiu a presidência do PT em 2005, logo depois do escândalo do mensalão, adotando um discurso de defesa da refundação do partido.

Na disputa oito anos depois, Teixeira evita fazer qualquer menção ao mensalão e coloca a reeleição de Dilma como projeto fundamental da legenda. “Para essa eleição, a principal proposta será a apresentação de um programa que dê suporte à campanha de Dilma Rousseff pela reeleição”, diz Teixeira. “As duas correntes têm dado contribuições valiosas à trajetória do PT e acredito que este seja o momento para que essas contribuições sejam reconhecidas pelo partido”, afirma o deputado.

Em um momento em que o PT busca “virar a página” em relação ao mensalão e ao julgamento da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal (STF), o discurso da tendência adota contornos mais suaves. Mudanças drásticas, como as defendidas por Tarso Genro em 2005, também não fazem parte da plataforma de Teixeira, que apoia bandeiras já tradicionais do partido, como a reforma política e a regulamentação de um controle social para os meios de comunicação.

Revista britânica elogia Aécio

The Economist, uma das principais revistas da Inglaterra, sugeriu em reportagem desta semana, que a eleição do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em 2014, seria uma alternativa para melhorar a economia brasileira. A publicação afirma que, ao assumir o governo de Minas Gerais, em 2002, ele encontrou o estado à beira da falência, com um deficit de R$ 940 milhões, mas formou um grupo de gestão que conseguiu reverter a situação. Entre outras coisas, a revista também assinala que Aécio fundiu secretarias para poder administrar melhor. Entretanto, a The Economist considera que o PSDB, partido pelo qual ele foi eleito e ajudou a eleger seu sucessor, é considerado elitista. “A dose do remédio de Minas pode ser boa para o Brasil, se os sintomas não piorarem rapidamente”, diz a revista.

Fonte: Correio Braziliense

A dramática queda do investimento na indústria - Roberto Freire

Como se já não fossem suficientemente preocupantes o baixo índice de crescimento econômico, os repiques inflacionários, a elevada carga tributária e o acelerado processo de desindustrialização que vêm afetando o país nos últimos anos, uma pesquisa de intenção de investimento feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revela que a indústria brasileira de transformação investirá, em 2013, 9,5% menos do que em 2012. De acordo com o estudo levado a cabo pela entidade junto a 1,2 mil empresas, o valor total de investimentos do setor em nossa economia deverá cair de R$ 218 bilhões para R$ 197,3 bilhões. Os números vêm à tona pouco depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar 15 pacotes com medidas para incentivar o setor produtivo, com o alarde e pirotecnia peculiares ao governo petista, incluindo a liberação de R$ 33 milhões para financiar projetos nas áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento.

Neste caso, a propaganda não funcionou mais uma vez. Segundo a pesquisa da Fiesp, os empresários ainda têm muito receio em investir e apontam, entre os principais motivos para a insegurança, o peso dos tributos, a baixa expansão do Produto Interno Bruto (PIB), perda de mercado para produtos importados e falta de infraestrutura adequada. Essa situação desconfortável é resultante das opções equivocadas feitas desde o governo Lula, que escolheu o populismo barato ao incentivar o consumismo para fazer crescer o mercado interno e deixou o investimento em segundo plano. Para piorar, o aumento desenfreado do consumo gerou uma pressão inflacionária que já começa a afetar o bolso dos brasileiros.

O descalabro do setor industrial do país infelizmente não é uma novidade. Em2012, a produção física, que já havia ficado estagnada no ano anterior, caiu 2,8%, e a balança comercial registrou o maior déficit de sua história (US$ 50,6 bilhões).Com isso, a indústria hoje representa apenas 13,3% do PIB brasileiro, o menor percentual dos últimos 50 anos. Só o setor de máquinas e equipamentos deve sofrer uma queda no investimento industrial de 16,4%, passando de R$ 160 bilhões para R$ 133,8 bilhões entre o ano passado e o atual. Um cenário que já é tão preocupante ganha contornos ainda mais dramáticos quando se tem conhecimento de estudos recentes dando conta de que o nível de investimento do Brasil em relação ao PIB é bem inferior ao de outras nações com economias de perfil semelhante, como China, Índia, Colômbia, México, Peru, Rússia e África do Sul. Continuamos no fim da fila, sem perspectivas de mudança enquanto o governo seguir patinando na condução desastrosa de sua política econômica.

O desapontamento com que dez entre dez economistas do país recebem o resultado da pesquisa da Fiesp é curioso e nos remete à reação dessas mesmas pessoas quando foram feitas as primeiras críticas ao modelo econômico adotado por Lula. Na ocasião, embevecidos por níveis de crescimento que já não se mostravam sustentáveis à época, muitos desses especialistas acusavam as vozes dissonantes de torcerem contra o país. Hoje, diante de um cenário desolador, talvez percebam que quem trabalhou contra o desenvolvimento brasileiro foi o próprio governo petista.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Pacto federativo - Merval Pereira

A disputa pelos royalties do petróleo vai desencadear necessariamente debate mais aprofundado sobre a nova distribuição dos fundos de participação dos estados e dos municípios, que está ocorrendo no Congresso ao mesmo tempo em que se espera a decisão do STF sobre a questão dos royalties. Ambas as discussões deveriam ser feitas juntas, mas o clima emocional impede que se pense o país como um todo no momento em que cada um quer um pedaço de um tesouro que continua enterrado.

É previsível que, seja qual for o resultado do julgamento do STF, continuará havendo insegurança jurídica que pode afetar, no limite, os futuros leilões de áreas exploratórias. O deputado Marcelo Castro, do PMDB do Piauí - o mesmo PMDB do governador Sérgio Cabral -, conseguiu reunir pouco mais de 200 assinaturas e protocolou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera toda a divisão dos royalties decorrentes da exploração de petróleo no mar, incluindo áreas já licitadas e do pré-sal. Pela proposta, 30% dessas receitas ficam com a União; 35%, para todos os estados; e 35%, para os municípios, segundo os critérios dos fundos de participação (FPE e FPM).

A nova emenda constitucional seria a terceira legislação sobre o mesmo tema lançada nos últimos três anos, uma vez que, hoje, temos uma lei (nº 12.734/2012), suspensa por liminar do STF, e uma medida provisória (MP 592/2012), que foi editada pela presidente Dilma na ocasião do veto.

Para o especialista Adriano Pires, da consultoria CBIE, essa incerteza legal/regulatória com certeza terá impacto sobre a decisão das empresas quanto à participação nos futuros leilões. Mesmo que a decisão final do STF saia antes do leilão de maio, o risco regulatório não estará eliminado, analisa ele.

"Caso os estados não produtores saiam perdendo, eles se juntarão à PEC que começa a tramitar. Caso os perdedores sejam os produtores, o risco para as empresas eleva-se ainda mais, já que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio sinalizou com a criação de uma taxa, jogando para as empresas o custo da guerra federativa."

Além desses fatores, sempre há o risco de os descontentes impedirem a realização do leilão com liminares de última hora. Na opinião de Pires, toda essa confusão é resultado da falta de empenho da União em resolver o conflito federativo, que se instalou com a mudança no marco regulatório do setor de petróleo após a descoberta do pré-sal. "Não há a menor dúvida de que o montante que a União teria que desembolsar, para resolver a questão e dar segurança jurídica aos investidores é muito menor do que o que já foi gasto com desonerações ou com o financiamento do BNDES para setores ou empresas eleitos pelo governo para serem agraciados", critica.

Já para o economista Mauro Osório, professor da UFRJ, é importante o Estado do Rio "adotar um protagonismo na discussão de um novo pacto federativo para o país". É importante ressaltar, diz ele, que, ao contrário do que alguns pensam, o Estado do Rio não é privilegiado no cenário federativo, em termos da relação receita pública/PIB, estando apenas na 21ª posição.

Ao estudar a receita pública municipal per capita, através de dados do Finbra/MF, Osório destaca que, na média, os municípios fluminenses apresentaram, em 2011, receita pública per capita de R$ 2.160,10, contra receita pública per capita para a totalidade dos municípios do Sudeste de R$ 2.009,67.

Na opinião de Osório, o Estado do Rio deve procurar trazer para a pauta do país a questão federativa, com a discussão sobre o critério dos fundo de participação (FPE e FPM). Para ele, a regra atual é bastante prejudicial aos municípios com grande densidade populacional, o que é um dos motivos que fazem com que São Gonçalo, que conta mais de um milhão de habitantes, tenha apresentado receita pública per capita, em 2011, de apenas R$695,60.

Ao mesmo tempo, devemos discutir, diz o professor, no âmbito do estado, novas formas de distribuição interna dos royalties, entre os municípios, pois ela ocorre de forma muito desequilibrada, inclusive dentro de uma mesma região. No Norte Fluminense, por exemplo, enquanto Quissamã apresentava, em 2011, receita pública per capita de R$10.225,11, São Fidélis apresentava R$1.600,32.

Fonte: O Globo

O jogo de Kassab - Denise Rothenburg

Os pessedistas se preparam para lançar candidatos ao governo de vários estados, inclusive Kassab em São Paulo, de forma a consolidar o partido. Para isso, vão precisar de um suporte que não atrapalhe seus planos. É aí que entra a parceira Dilma

De passagem por Brasília esta semana, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab comentou com amigos muito reservadamente que pretende concorrer ao governo paulista. A principal justificativa é a velha máxima de que “time que não joga não tem torcida”. Logo, partido que não concorre, não divulga projeto e nem conquista eleitores. Empatado com o PSDB em número de deputados, o PSD se define hoje como a terceira força política do país. Tem raízes no campo, conversa bem com o PSB de Eduardo Campos, mas, para continuar firme no objetivo de se firmar como jogador que tem um diferencial na hora do campeonato, vai continuar com a presidente Dilma Rousseff, em 2014.

Até o momento, seis diretórios do partido já fecharam apoio a presidente, como informa a edição de hoje do Correio: Ceará, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Bahia e Rio Grande do Norte. A ideia da cúpula partidária é fechar todos os estados até o fim do ano, a fim de se apresentar numa convenção nacional como um dos primeiros a fechar formalmente o apoio à reeleição da presidente.

Esse entusiasmo todo do PSD com Dilma traz embutido um projeto de poder. Os pessedistas se preparam para lançar candidatos a governos estaduais em vários estados, de forma a consolidar o partido. Tanto é que Kassab pretende sair candidato para servir de inspiração aos demais. E esses candidatos precisarão de um suporte, ou, pelo menos, de alguém que não atrapalhe seus planos. É aí que entra a parceira Dilma.

O cálculo do PSD é que, como parceiro de primeira hora da reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela não poderá negar presença nos palanques desses candidatos do PSD pelo país afora, tampouco aquela famosa foto do santinho eleitoral. Ainda que esses candidatos sejam adversários do PT, reza a norma da boa convivência que Dilma circule com petistas e aliados. E, assim, Kassab pretende usar o PT para mostrar seu partido.

Um exemplo dessa necessidade de boa convivência está em Santa Catarina. O governador Raimundo Colombo, hoje no PSD, é candidato à reeleição e aliado da presidente. Logo, Dilma não poderá se dar ao luxo de permanecer apenas ao lado dos petistas liderados pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O mesmo vale para São Paulo, onde o PT investirá pesado para tomar um nicho de poder tucano, hoje encarnado na figura do governador Geraldo Alckmin.

Enquanto isso, no PT…

Resta saber se os cálculos do PSD vão se confirmar. Conforme dissemos aqui, ontem, a convivência de palanques será o grande teste do PT. Em 2010, os aliados que tentaram essa dupla personalidade da candidata tiveram dificuldade. O exemplo mais notório foi na Bahia. Lá, o então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, calculou que haveria uma neutralidade de Dilma na campanha, uma vez que ele era aliado. Não deu certo. Os eventos de Geddel com Dilma careciam de emoção e eram todos meio clandestinos. Enquanto isso, a campanha dela com o petista Jaques Wagner era alegre e cheia de energia. Uma questão de afinidade, obviamente, não só de Dilma, muito maior com o seu partido, o PT, do que com qualquer outra agremiação. Veremos como será logo ali.

E o PR, hein…

Frustrada a expectativa do PR de resolver seu espaço no governo esta semana. Assim, Dilma vai cumprindo o script de que, popular, sempre pode ter mais calma para ceder aos aliados, avaliando todos os reflexos de suas atitudes. Agora, tem pelo menos até terça-feira para pensar. Da parte do PR, o roteiro está pronto, a bancada apresentará o nome do deputado Luciano Castro, de Roraima, como o único de consenso.

E o PMDB…

O partido do vice-presidente Michel Temer está contente com a Secretaria de Aviação Civil (SAC) nas mãos de Wellington Moreira Franco, mas reinvidica ainda a Infraero, que continua no lusco-fusco entre o Ministério da Defesa e a SAC. O PMDB deseja, pelo menos, um pedaço da estatal. Até nesses pontos, o PSD promete ser diferente. Kassab tem dito a amigos que, na hora de entrar institucionalmente num hipotético segundo governo Dilma, ela poderá escolher quem quiser para o posto considerar importante. Fica aí escrito para ser cobrado depois.

Fonte: Correio Braziliense

Tira cá, dá lá – Eliane Cantanhêde

A "agenda positiva" do Congresso, que reuniu governadores e depois prefeitos para discutir finanças, evaporou. O que prevalece é a "agenda negativa" de sempre.

O pastor Feliciano, aquele que tem processos, que faz "brincadeiras" racistas e homofóbicas e que irritou a opinião pública nacional, continuava até ontem, impassível, na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Nessa condição, até embaixador estrangeiro recebeu.

O presidente da Câmara, Henrique Alves, tentou botar o partido de Feliciano, o PSC, contra a parede: "Virou um clima de radicalização. Essa Casa tem que primar pelo equilíbrio, pela serenidade, pela objetividade, pelo trabalho parlamentar. Do jeito que está, se tornou insustentável", declarou. Mas não estava dando certo.

Enquanto isso, em vez de "primar pelo equilíbrio, pela serenidade, pela objetividade", a Câmara tratava de recuperar rapidamente os tostões perdidos com o fim, em parte, do 14º e do 15º salários dos parlamentares --além de compensar as recentes mexidas nas horas extras.

De um lado, os deputados aumentavam a cota de atividades parlamentares --ou seja, a cota deles próprios.

De outro, articulavam a criação de 44 novos cargos comissionados (não bastassem os quase 1.500 existentes, segundo o deputado Chico Alencar) e mais 15 funções especiais para servidores de carreira (não bastassem os mais de 10 mil servidores em gabinetes e lideranças, idem).

Basta uma simples máquina de calcular, dessas de somar, diminuir, multiplicar e dividir, para chegar ao resultado desanimador: aquele oba-oba todo do fim do 14º e do 15º foi só para ganhar manchetes e criar ilusões. As despesas continuam, com novos nomes e variados destinos. Tudo, no fundo, fica na mesma.

Quando surgiu a dúvida sobre o que fazer da "sobra" do 15º deste ano, Henrique Alves reagiu: "Não sei. Taí uma boa pergunta". Agora ele sabe, nós sabemos. A resposta da Câmara veio bem rápida.

Fonte: Folha de S. Paulo

Rápidos no gatilho - Dora Kramer

A desfaçatez anda de tal forma despudorada que a Câmara nem esperou esfriarem os corpos dos recentemente extintos dois salários extras por ano, para torná-los cadáveres insepultos na forma de aumento de verbas compensatórias à "perda" de suas excelências.

Há dois tipos de contas a serem feitas: uma é numérica, a outra política. A Câmara fica devendo nas duas.

Com a primeira promete uma economia de R$ 27,4 milhões deixando de pagar os salários adicionais, mas vai gastar quase tudo (R$ 21 milhões) só com o reajuste daquela cota para despesas extraordinárias que não raro é usada para gastos ordinários - no sentido pejorativo do termo.

Isso sem falar na criação de novos cargos (59), duas novas estruturas (Corregedoria Autônoma e Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Casa). A título de verniz, criou-se um tipo de ponto para controlar melhor o pagamento de horas extras dos funcionários do Legislativo.

Positivo? Sem dúvida, mas risível e até provocativo o aperto em face do afrouxamento na rubrica das benesses aos parlamentares que, segundo pesquisa recente, estão em segundo lugar entre os mais caros do mundo.

Mas dizíamos que há uma conta numérica e outra política. Nesta também o saldo é negativo. Confirmou-se a necessidade de adotar parcimônia em elogios quando o Congresso se curva à necessidade de dar cabo a exorbitâncias. Viu-se pela rapidez no gatilho para anular a economia e criação de duas esquisitices.

"Corregedoria Autônoma"? Alto lá: há uma corregedoria em funcionamento e que, pelo visto, foi posta sob desconfiança de atuar sem a necessária independência.

"Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Casa"? Espera aí: não seria o Parlamento já um centro de estudos e debates? Não são o estudo e o debate funções do Legislativo junto coma prerrogativa de legislar e fiscalizar?

Ou bem estão sendo criadas instâncias inúteis, ao molde de sinecuras, ou mal estão sendo criadas instâncias com sobreposições de funções. Ao molde de sinecuras.

Ironia do destino. O repórter Felipe Recondo, do Estado, não precisou se envolver em torpeza alguma, como sugeriu o verbo "chafurdar" usado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal ao reagir com grosseria à abordagem recente do jornalista, para encontrar um indício do "conluio" entre juizes e advogados de que fala Joaquim Barbosa.

Bastou cumprir o seu papel ao noticiar a existência de e-mail em que um advogado integrante do Conselho Nacional de Justiça informava a um juiz sobre uma decisão que dizia respeito à filha dele.

Ação e pensamento. A presidente exercitou com exuberância o lema do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" ao pretender ensinar o padre-nosso ao vigário na visita ao papa Francisco.

Falou dos pobres em viagem de comitiva com 52 pessoas hospedadas em hotel de luxo. Invocou valores em meio à reabilitação de gente afastada do governo na dita "faxina ética" e patrocina distribuição de ministério em troca de apoio eleitoral.

E o pior... É que Marco Feliciano vai ter mais votos do que nunca na próxima eleição. Nesse caso, a pressão constrange, mas não resolve. Ou pode até ter efeito contrário ao pretendido, conferindo mais e mais notoriedade ao deputado junto a determinado tipo de público.

O sentido popularidade não necessariamente se coaduna com o conceito de qualidade.

Aumento de verbas e cargos na Câmara toma salários, extras cadáveres insepultos.

Fonte: O Estado de S. Paulo