terça-feira, 26 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: projeto do PT é poder pelo poder

Acho extremamente positiva e torço para que ele (Campos) confirme sua candidatura. Como acho muito positiva a candidatura colocada pela Marina Silva. Todas as outras candidaturas são bem-vindas para qualificar ainda mais o debate eleitoral.

O PT há muito tempo abdicou de um projeto de país. Nós estamos vendo um vale-tudo e, no debate em qualquer campo, temos como responder. No social, temos que lembrar o Plano Real, que tirou o peso da inflação de milhares de pessoas. E o atual governo se esquece de que o DNA dos atuais programas sociais veio do governo anterior. Não me assusta a popularidade da Dilma.

Contem comigo. Percorrerei o Brasil de cabeça erguida. Rumo à vitória.

Aécio Neves, senador (PSDB – MG), O Globo, 26/3/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Fantasma europeu - Emergentes criam fundo de US$ 100 bi contra crise
Medindo forças
Minha Casa Minha Vida: Construções são de má qualidade
Exame da Ordem: OAB reprova 90% dos candidatos
Novos direitos: Lei da doméstica será votada hoje
Novo núcleo de pesquisas

FOLHA DE S. PAULO
Não se dirige o país só, diz Dilma em ato com Campos
Aécio deve comandar os tucanos, defende Alckmin
Bolsas fecham em queda após anúncio de resgate cipriota
Renan questiona Supremo sobre suspensão da lei de royalties
SP registra alta de homicídios dolosos pelo 7º mês consecutivo

O ESTADO DE S. PAULO
Ao lado de Campos, Dilma cobra ‘aliado comprometido’
Aécio cobra Alckmin
Homicídio sobe 14% na capital; governo fala em bônus anticrime
Ressalva de auditor dificulta ação do BNDES
Senado deve dar mais direitos a domésticas hoje
TRF manda ex-juiz Nicolau voltar à prisão
Ensino técnico tem déficit de 8 mil professores

VALOR ECONÔMICO
Liminares impõem perdas a bancos no consignado
'Microações' atraem os investidores, mas há riscos
BR-163, uma 'revolução' adiada durante 30 anos
Família Klein discorda de acordo no Cade

BRASIL ECONÔMICO
Carga tributária vai aumentar com o novo fundo da reforma do ICMS
“Uma força política sozinha não é capaz de dirigir o país”
Crédito cresce 43% na Caixa
Depois da Páscoa

ESTADO DE MINAS
Epidemia - Diante do avanço da dengue, autoridades de Saúde do estado e de BH já admitem quadro crítico
De olho em 2014: Dilma defende coalizão
De olho em 2014: Aécio recebe apoio em SP

O TEMPO (MG)
PMDB e PP já lançam nomes ao governo
Aécio não conta com José Serra
Controle da hora trabalhada é o maior desafio da nova lei

CORREIO BRAZILIENSE
Dilma marca espaço, Aécio ganha apoio
Mega-apreensão de ecstasy no DF
Lei das domésticas vai abrir embate judicial

GAZETA DO POVO (PR)
Brasil garante uma nova supersafra de grãos, apesar dos problemas climáticos
Hospitais do estado têm 31% de leitos ociosos
Um em cada três curitibanos quer novo emprego
TJ terá mais 25 cargos de desembargador

ZERO HORA (RS)
Senado deve aprovar hoje direitos para domésticas
Justiça ordena que jovem seja operado

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Menos água nas barragens
Fiat de Goiana ganha mais força
Dilma tem encontro tenso com Eduardo no Sertão e anuncia verbas

Para Aécio, o PSDB é a alternativa ao PT

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniu na manhã de ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros caciques do PSDB paulista em mais um movimento para pavimentar sua candidatura à presidência do partido e, em 2014, à Presidência da República.

Participaram também do encontro três nomes de confiança do ex-governador José Serra: o vereador Andrea Matarazzo, o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, e o senador Aloysio Nunes Ferreira.

Aécio chegou ao Instituto Fernando Henrique, em São Paulo, acompanhado do presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), dizendo que chegou a hora de a sigla se reestruturar.

– Devemos dar um passo a mais, um passo adiante a partir de agora. O PSDB é a grande alternativa a esse modelo de gestão do PT, e precisamos traduzir com maior clareza para a população o que nos diferencia.

Ao chegar ao instituto, Aécio também disse esperar o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para definir o nome do tucano à Presidência

Fonte: Zero Hora (RS)

FHC defende ‘banho de povo’ para partido

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o PSDB precisa de um "banho de povo". "Andei muito com o (governador Franco) Montoro por São Paulo e pelo Brasil. Montoro falava pouco e direto: 1,2,3. A nossa mensagem tem que ser simples, tem que ser direta e pegar na população. O PSDB precisa de um banho de povo. Precisamos do povo. Temos que ouvir o povo", afirmou o tucano, que cri¬ticou o governo Dilma Rousseff.

"Sabemos governar. Sabemos muito mais que essa gente. Já fizemos muito pelo País, eles não", disse ontem FHC, que também negou que o PSDB fosse um partido de "ricos". "Quem dá dinheiro para banqueiro sem parar são eles", declarou o ex-presidente em seminário na sede do PSDB paulista, durante o qual o senador Aécio Neves (MG), o principal convidado do evento, foi recebido como presidenciável.

"Brasil, urgente, Aécio presidente", gritavam tucanos - entre os quais 25 deputados federais e uma claque que veio de Minas. "Aécio, São Paulo está com você", registrava uma das faixas.

FHC é o principal avalista da candidatura de Aécio a presidente da República e trabalha nos bastidores pela unidade do partido em torno do senador. Ontem, chegou ao evento ao lado de Aécio, defendeu a renovação partidária e falou sobre a necessidade de entregar o comando do parti¬do para uma nova liderança.

O ex-presidente comentou a ausência do ex-governador José Serra, que trava um embate inter¬no com o grupo de Aécio. "O nosso companheiro foi a Princeton (universidade dos EUA) porque há muito tempo estava marcada uma homenagem ao (economista) Albert Hirschman, que era uma pessoa muito ligada a nós. E é por isso que o Serra está lá. De alguma maneira, eu me sinto representado por ele lá e espero que ele se sinta representado por mim aqui", disse FHC.

"Aécio Neves vai nos levar à condução do partido, de tal maneira que esse partido se sinta um só. Nós não podemos perder ninguém", disse o ex-presidente sem citar os boatos sobre uma eventual saída de Serra do PSDB.

Apesar de criticar a antecipação da campanha, Aécio falou como presidenciável. "O PSDB não tem sequer o direito de se negar a apresentar ao Brasil uma alternativa a esse modelo de governo que aí está, seja do ponto de vista ético, da eficiência, seja do ponto de vista de uma visão mais moderna de País", disse o senador.

Depois de ter sua candidatura a presidente do PSDB chancelada pelo governador Geraldo Alckmin, Aécio falou em percorrer o País. "Cada um de nós, e não apenas eu, vamos não fazer as malas, mas sim colocar uma mochila nas costas e andar por cada canto deste Brasil."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio também diz que PSDB pode 'fazer mais' pelo País

Gustavo Porto

Saudado por uma plateia paulista como o candidato à Presidência da República pelo PSDB, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) evitou assumir a disputa, mas respondeu positivamente ao apelo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e topou assumir a presidência nacional do partido. "Contem comigo de cabeça erguida, como devem andar os tucanos. Dizendo: nós faremos mais", disse Aécio, em discurso durante congresso tucano, encerrado na noite desta segunda-feira em São Paulo.

O mote "nós faremos mais" utilizado pelo tucano no Congresso do PSDB foi o mesmo utilizado, mais cedo, por sua principal adversária em 2014, a presidente Dilma Rousseff, e pelo virtual presidenciável do PSB, governador Eduardo Campos (PE), que estiveram juntos em um evento no sertão pernambucano. Tanto Dilma quanto Campos também disseram que poderão fazer mais pelo País.

O nome de Aécio será ratificado na convenção nacional do partido, em maio, evento que poderá ser em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País. "Ele sai daqui presidente do partido. A expectativa agora é de que a convenção se transforme no lançamento da candidatura de Aécio a presidente", disse uma liderança do PSDB. Aécio afirmou que reconhece o papel do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), mas, falando como o futuro ocupante do comando tucano, pediu uma "profissionalização" nas ações do partido. "Vamos nos conectar cada vez mais."

No entanto, ao ser indagado se aceitaria a candidatura à sucessão de Dilma e após a saudação dos militantes que lotaram a sede do partido em São Paulo, o senador foi mais comedido. Aécio declarou que se sentia honrado e avaliou que primeiro iria seguir os pedidos de Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e percorreria o Brasil.

"Nós precisamos percorrer uma longa estrada até 2014. Essa é a hora de o PSDB se mostrar vigoroso", disse. "A escolha do candidato do PSDB vai ocorrer no amanhecer de 2014, quando vamos estar todos juntos, prontos para enfrentar esse governo que vai estar desgastado, cansado, porque perdeu a capacidade de transformar. E se contenta, hoje, em ter um projeto de poder que é um vale tudo", completou.

Aécio procurou até mesmo afagar o ex-governador José Serra, principal ausência tucana no encontro. "Sempre haverá um espaço de destaque para o governador Serra." O senador afirmou ainda que as candidaturas de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (sem partido) trazem conteúdo e são bem-vindas. "Mas nosso campo é mais confortável, porque sabemos o que queremos: somos oposição à ineficiência, que é a principal marca desse governo."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio obtém apoio do PSDB de São Paulo para presidir o partido

Até aliados de Serra, que não compareceu, endossaram candidatura

Marcos Alves

SÃO PAULO - Após muita turbulência dentro do partido nas últimas semanas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve ontem sua candidatura a presidente nacional do PSDB lançada em São Paulo, em seminário que reuniu os líderes tucanos paulistas, com exceção do ex-governador José Serra. Aécio chegou à capital paulista no fim de semana para costurar um consenso a seu favor.

A primeira manifestação de apoio dos paulistas a Aécio para comandar o PSDB veio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ao lado de Serra, ele era um dos que resistiam à ideia.

- O que eu sinto no PSDB é que você, Aécio, assuma a presidência do PSDB, percorra o Brasil, ouça o povo brasileiro, fale com o povo e una o partido - afirmou Alckmin.

Ao discursar, Aécio se comparou ao avô, Tancredo Neves, atacou o PT e defendeu as bandeiras da gestão Fernando Henrique Cardoso. As declarações de apoio a Aécio vieram até de aliados de Serra, como o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP):

- Meu querido Aécio, o nosso partido está com os olhos voltados para você. Você tem habilidade, talento, liderança e prestígio. Cabe a você trabalhar agora para que cheguemos em maio com o partido unido - disse Aloysio.

Cobrar unidade foi a tônica do discurso de Fernando Henrique. Ele frisou que é hora de o PSDB ser um "partido diversificado" e não "só paulista":

- Aécio Neves vai nos levar à condução do partido de tal maneira que esse partido se sinta um só. Não podemos perder ninguém. Queremos mais gente no partido e, se for aliado, melhor. Mas aliados com ideia que coincidem e não aliados pelo bolso - disse FH.

A ausência de Serra causou desconforto e teve que ser explicada. FH disse que estava no evento representando o ex-governador, desde sábado no exterior e com retorno previsto para o fim desta semana.

- Não há ausência. A presença dele está implícita. Ele compareceu a uma homenagem de um grande amigo meu que morreu em Princeton - disse o ex-presidente.

FH voltou a citar um antigo ponto fraco do PSDB, segundo os próprios tucanos: a falta de diálogo com a sociedade.

- É preciso ter o sentimento das ruas. A nossa mensagem tem que ser simples e direta. O PSDB precisa de um banho de povo. Precisamos é de povo.

Aécio afagou os líderes locais do PSDB:

- O PSDB deve tudo a São Paulo. Foi aqui que surgiram as lideranças que nos estimularam - afirmou.

Após a cerimônia, Aécio disse que tem "respeito enorme" por Serra e que tem "absoluta convicção" de que ele estará ao lado do PSDB em 2014.

- Tenho certeza que haverá sempre um papel de destaque para o José Serra sempre que ele quiser.

Em seu discurso, deu o tom da disputa em 2014:

- O PT há muito tempo abdicou de um projeto de país. Nós estamos vendo um vale-tudo e, no debate em qualquer campo, temos como responder. No social, temos que lembrar o Plano Real, que tirou o peso da inflação de milhares de pessoas. E o atual governo se esquece de que o DNA dos atuais programas sociais veio do governo anterior. Não me assusta a popularidade da Dilma.

Ele prometeu percorrer o Brasil:

- Contem comigo. Percorrerei o Brasil de cabeça erguida. Rumo à vitória.

Mais cedo, elogiou a eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e da ex-senadora Marina Silva à Presidência:

- Acho extremamente positiva e torço para que ele ( Campos) confirme sua candidatura. Como acho muito positiva a candidatura colocada pela Marina Silva. Todas as outras candidaturas são bem-vindas para qualificar ainda mais o debate eleitoral.

Fonte: O Globo

Aécio deve comandar os tucanos, defende Alckmin

Alckmin endossa nome de Aécio para comando do PSDB

Controle da sigla é tratado como passo essencial para 2014; governador, que resistia, diz ceder a 'mensagem do partido'

Com gesto do paulista, Aécio faz discurso de candidato ao Planalto e diz não temer índices de Dilma nas pesquisas

Daniela Lima e Paulo Gama

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) obteve ontem a unção do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao seu projeto de assumir a presidência do PSDB, etapa considerada imprescindível por aliados do mineiro para que ele construa sua candidatura ao Planalto em 2014.

A declaração de apoio ao mineiro foi dada em um evento do diretório estadual do PSDB na capital paulista, do qual participaram os principais nomes do partido no país (com exceção do ex-governador José Serra), numa tentativa de mostrar unidade.

Aécio desembarcou em São Paulo na última sexta-feira e passou quatro dias trabalhando para desarmar a resistência de alas do PSDB paulista ao seu projeto.

O senador conseguiu o que queria: uma declaração efusiva de Alckmin a seu favor em um palanque no qual foi tratado como candidato à Presidência da República. "A mensagem que eu sinto de todo o partido é: assuma a presidência do PSDB. Percorra o Brasil. Vá do Oiapoque ao Chuí ouvir o povo, falar ao povo", disse Alckmin.

Após a fala de Alckmin, Aécio fez discurso de candidato ao Planalto. Repetiu críticas ao PT e afirmou não ter medo dos "índices da presidente [Dilma Rousseff] nas pesquisas de opinião".

Vitória

A declaração de apoio do governador de São Paulo é uma vitória política do grupo de Aécio, que busca unir a sigla em torno de seu nome.

A principal resistência vem do grupo de Serra, desafeto antigo do mineiro na sigla.

Há cerca de duas semanas, num gesto de solidariedade a Serra e de alerta a Aécio, Alckmin chegou a informar o mineiro de que não concordava com seu projeto de presidir o PSDB. A fala fez com que Aécio intensificasse contatos com o governador

Ontem, questionado sobre a mudança de posição, Alckmin respondeu que havia "se incorporado" ao movimento pró-Aécio na presidência do PSDB, capitaneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal cabo eleitoral do senador.

Já aliados do governador afirmam que ele decidiu não arcar com a conta de ser o principal entrave ao projeto do mineiro. Antes do evento, Alckmin avisou aos líderes do PSDB no Congresso que endossaria o pleito de Aécio pela presidência do partido.

Com o sinal do governador, 22 deputados foram ao evento (metade da bancada da sigla), inclusive os principais apoiadores de Serra.

Ele, no entanto, não compareceu. Avisou que estaria no exterior, onde já tinha um compromisso. Foi mencionado duas vezes, uma por FHC e outra por Aécio, apenas aos jornalistas. Não foi citado nos discursos públicos.

Questionado sobre a ausência de Serra, Aécio disse que preferia "agradecer a presença dos que vieram". Depois, o citou como uma das "lideranças" do partido. Por fim, disse crer que "no tempo certo" se unirá a ele.

FHC justificou a ausência e fez um desagravo. "Ele está numa homenagem a um grande amigo. Me sinto representado por ele lá e espero que ele se sinta representado por mim aqui", disse. Serra foi a Princeton (EUA) prestigiar evento em memória do economista Albert Hirschman.

Fonte: Folha de S. Paulo

PT não sabe governar o País, diz FHC

Tucano em Congresso do PSDB realizado em SP ao lado do provável candidato do partido à Presidência, o senador Aécio Neves

Gustavo Porto

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta segunda-feira, 25, o governo federal, o PT e à base aliada durante Congresso do PSDB realizado em São Paulo.

"Essa gente não sabe governar o País. Olha o que fizeram com o petróleo. É um crime", exemplificou FHC, numa referência à crise da Petrobras.

"Juntaram o governo, com o partido, com o Estado, com o mesmo marqueteiro", completou ele, numa referência aos anúncios feitos pela presidente Dilma Rousseff da redução do preço da energia e da desoneração da cesta básica, em cadeia nacional de rádio e televisão.

FHC classificou a alta de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) como um "pibinho que chega numa época em que outros países crescem". O ex-presidente alertou ainda para a alta da inflação e rebateu as afirmações de que o PSDB é partido de ricos e dos banqueiros. "Quem dá dinheiro para banqueiros sem parar são eles. Dão ao BNDES, que dá aos bancos", ironizou.

FHC deixou o evento antes do pronunciamento do governador Geraldo Alckmin e do senador Aécio Neves, provável candidato do partido à Presidência em 2014.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma tem encontro tenso com Eduardo no Sertão e anuncia verbas

Desconfiança mútua e gestos calculados marcaram o encontro público entre a presidente e o governador, na inauguração da Adutora do Pajeú, em Serra Talhada. Governo federal anunciou liberação de R$ 2,8 bilhões e um pacote de obras, muitas de combate à seca.

Verbas, palanque e tensão

Bruna Serra, Débora Duque

O aguardado encontro público entre o governador Eduardo Campos (PSB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), em território pernambucano, foi acompanhado por um clima de desconfiança mútua e gestos calculados. Cientes do simbolismo da visita presidencial, que uniu sob um mesmo palanque dois potenciais adversários na eleição de 2014, o "script" foi bem estudado por ambos. De um lado, o governo federal e seu arsenal de R$ 3,1 bilhões em aportes anunciados, na manhã de ontem, durante a inauguração da Adutora do Pajeú, no Parque de Exposições de Serra Talhada, Sertão. Do outro, um Eduardo que trocou seu tradicional discurso improvisado por palavras lidas, planejadas com a antecedência de quem deseja, sem risco de errar, dizer a que veio. E disse, encontrando uma presidente cheia de sorridos estrategicamente preparada para rebater.

Até então alheia à corrida presidencial, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, cumpriu ontem a missão política de "refrescar" a memória do público e, principalmente, dos aliados que estiveram no evento de inauguração da Adutora do Pajeú. Miriam Belchior acompanha pouco a presidente Dilma Rousseff (PT) em viagens pelo Brasil.No périplo pelo Nordeste, apenas em Pernambuco Miriam foi escalada para discursar. E mostrou que na guerra fria vivida por petistas e socialistas - desde que o governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), começou a se movimentar para viabilizar sua candidatura presidencial - não há espaço para amadorismos. Por isso, o governo federal, em uma cerimônia repleta de desconfiança e desconforto, mostrou como o governador será tratado caso se consolide como candidato a presidente em 2014.

Uma saraivada de obras foi anunciada em um discurso repleto de recados às queixas públicas que Eduardo Campos vem fazendo ao governo e um total de R$ 3,1 bilhões em novos investimentos somente em Pernambuco - sendo R$ 2,8 bilhões da União e R$ 330 milhões do governo estadual - deram o tom do evento. A titular da pasta - que é uma das ministras mais próximas da presidente - comunicou logo no início de sua fala os novos investimentos no Porto de Suape. Serão R$ 140 milhões para a construção do terminal de contêineres, onde será realizada a dragagem e os berços 6 e 7, outros R$ 7 milhões para a implantação do terminal multiuso de Cocaia, além de R$ 2 milhões para a dragagem do canal externo do porto, todas as obras executadas pelo governo federal.

Ao anunciar esse pacote para Suape, a ministra constrange o governador, que vem usando o porto para empunhar uma bandeira contrária à Medida Provisória 595/2012 (MP dos Portos) que hoje tramita no Congresso Nacional. Eduardo tem dito que a falta de discussão com os Estados sobre a MP externa os problemas de diálogo da presidente Dilma com a base.

Com a equipe do governo federal informada por petistas de Pernambuco de que há uma tentativa do PSB em repassar ao público a maior parte da responsabilidade pelo agravamento da seca à administração federal, medidas de grande porte para combater a seca também foram destacadas por Miriam Belchior.

Uma delas é a construção do Ramal de Entremontes, que custará R$ 570 milhões, sendo R$ 370 milhões do governo federal e R$ 200 milhões da gestão Eduardo Campos. O Entremontes alimentará o eixo norte da Transposição das Águas do Rio São Francisco, projeto aguardado desde a era Lula. Também foi anunciada a segunda etapa da Adutora do Pajeú, que totaliza sozinha R$ 63 milhões. Foi assinada ainda a ordem de serviço para a construção da barragem Ingazeira pelo Departamento Nacional de Obras Contra Seca (Dnocs) no valor de R$ 42 milhões.

Proclamada com destaque e recebida com aplausos pelo público local, a duplicação da BR 423, que liga a cidade de São Caetano ao município de Garanhuns, foi outra pauta da ministra. Trata-se de uma obra muito desejada pela população.

A duplicação da BR 232 até São Caetano já foi tema de embate político intenso. Em 2010, quando ainda eram adversários e disputavam o governo estadual, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o atual governador debatiam nos programas de televisão se o peemedebista havia tomado a decisão correta ao usar verba do tesouro estadual para executar a obra.

Antes de se despedir, a ministra Miriam Belchior ressaltou ainda a participação do governo federal nas negociações que resultaram na instalação da montadora italiana Fiat em Goiana, Mata Norte do Estado. "Aproveito para lembrar a participação decisiva do governo federal na vinda da Fiat para Pernambuco. O governo ofereceu R$ 4,5 bilhões em incentivos fiscais e entrou com aporte financeiro de R$ 5,2 bilhões", lembrou.

Cobrado publicamente em fevereiro deste ano pelo presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Bellini, o governo federal também assegurou a construção do Arco Metropolitano do Recife, uma obra de 77 quilômetros e R$ 1,2 milhão que vem para desafogar o trânsito na BR 101 Sul. O projeto foi doação do Estado. "Com parceria é possível fazer mais para o bem de Pernambuco e do Brasil", alfinetou Belchior na despedida.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Ao lado de Campos, Dilma cobra compromisso de coalizão

Presidente participou de evento com governador de PE, que se movimenta para fortalecer possível candidatura de oposição em 2014

Bruno Boghossian

SERRA TALHADA - PERNAMBUCO - Ao lado do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), a presidente Dilma Rousseff cobrou nesta segunda-feira, 25, a formação de uma coalizão política para dar continuidade a projetos desenvolvidos nos últimos dez anos pelo governo federal. No momento em que Campos se movimenta para fortalecer uma possível candidatura de oposição a Dilma em 2014, a presidente pediu que seus parceiros estejam "comprometidos" com os rumos de sua administração.

"O Brasil vai continuar numa trajetória de estabilidade e controle da inflação, mas de crescimento. Vamos provar que o País só será forte e desenvolvido se tivermos a determinação e a coragem de continuar por esse caminho, de construir democraticamente uma colaizão para dirigir esse País. Nenhuma força política sozinha é capaz de fazer esse caminho. Precisamos de parceiros e que esses parceiros sejam comprometidos com esse caminho", afirmou Dilma, nesta segunda-feira, 25, após inaugurar o trecho de um sistema de abastecimento de água em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco.

A presidente fez um discurso longo, de 50 minutos, em que fez alguns elogios ao governador pernambucano, mas destacou com frequência maior o papel do governo federal no desenvolvimento do Nordeste. Citou diversas vezes o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contando com aplausos do público a cada menção, e anunciou novos investimentos que serão feitos em sua gestão.

"Eu estou fazendo aqui em Pernambuco a mesma coisa que o Lula sempre faz. Ele vinha, conversava com o Eduardo e trazia sempre obras e benefícios. Nós estamos vendo uma mudança acelerada na região. Pernambuco é um novo Pernambuco. O governador tem um grande papel nisso, sem dúvida, e o governo federal, tanto com Lula quanto minha gestão, também tem. Todos os investimentos que fizemos em Pernambuco, se você juntar os investimentos federais e feitos pelas nossas estatais, chega a um voluma extraordinário de R$ 60 bilhões", disse a presidente.

Dilma e sua equipe anunciaram novos investimentos de R$ 3,1 bilhões no Estado, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ministra Miriam Belchior (Planejamento) disseque esse montante demonstra que a parceria entre o governo federal e o governo do Estado "continua cada vez mais forte".

Eduardo Campos fez um discurso cauteloso. Agradeceu à presidente pelas parcerias e afirmou ser "um amigo de grandes jornadas". Disse oferecer "acolhimento", "respeito" e "fraternidade" à presidente, e declarou que ela é bem-vinda em seu Estado. "Aqui a senhora tem um governador, mas também tem um companheiro, e tem um amigo de grandes jornadas".

O governador pernambucano reconheceu, no entanto, avanços anteriores aos governos de Lula e Dilma. Em um discurso semelhante àquele que tem apresentado a empresários em viagens pelo Brasil, disse que o País alcançou a consolidação da democracia e a estabilização da economia em períodos anteriores, sob líderes como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - adversário dos petistas.

"Nesses últimos 30 anos, construímos uma democracia, construímos fundamentos macroeconômicos importanters para um País da dimensão do Brasil e, nos últimos 10 anos, sob a liderança do presidente Lula, vimos essas condições permitirem chegarmos com o governo aonde o governo não chegava antes", disse Campos.

Ao falar sobre a política local e nacional, defendeu que é necessário "debater" para construir consensos e declarou que "a luta do povo é uma luta muito mais larga que as ambições pessoais".

Obras. Em Serra Talhada, Dilma inaugurou a primeira etapa do sistema de fornecimento de água da Adutora do Pajeú, que deve atender a 400 mil pessoas de Pernambuco e Paraíba, segundo o Ministério da Integração Nacional. O projeto capta água do Rio São Francisco para garantir o abastecimento a moradores e produtores agrícolas da região mesmo em épocas de estiagem.

Foi a primeira vez que os dois dividiram um palanque desde que o governador intensificou suas movimentações para fortalecer uma possível candidatura contra a reeleição de Dilma, em 2014.

Na cerimônia, também foram entregues 22 retroescavadeiras a prefeituras de Pernambuco. As máquinas serão usadas para abrir estradas vicinais e açudes, com o objetivo de beneficiar a produção da agricultura familiar e o transporte de mercadorias da região. O custo das retroescavadeiras foi de R$ 3,3 milhões, investidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrícola.

Já o Ministério da Educação anunciou a entrega de 50 ônibus escolares para municípios do Estado, como parte do programa Caminho da Escola.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo Campos diz que 'não falta apoio de Pernambuco' ao governo federal

Governador do Estado é possível candidato do PSB à Presidência em 2014

Beatriz Bulla

SERRA TALHADA, PERNAMBUCO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou nesta segunda-feira, 25, dirigindo-se à presidente Dilma Rousseff, que Pernambuco "lhe recebe e lhe acolhe com a mesma atenção de sempre". Campos é cotado como possível adversário de Dilma na disputa presidencial de 2014.

"Tivemos a oportunidade de fazer (parcerias) já sob seu comando, para ajudar a vida dos pernambucanos melhorar. Tenho certeza que as parcerias de ontem e as parcerias que hoje estamos firmando vão na mesma direção", comentou Campos.

O governador discursou logo após a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ter anunciado investimentos de R$ 3,1 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Pernambuco, na cerimônia de entrega do trecho Floresta - Serra Talhada do Sistema Adutor Pajeú, no sertão de Pernambuco, da qual Dilma também participa.

Segundo Campos, as parcerias de seu governo com Dilma "vão no sentido de construir um País equilibrado e justo". Além disso, ele ressaltou que não tem faltado apoio político de Pernambuco ao Brasil e ao governo Dilma. "O nosso conjunto político não tem faltado ao Brasil nem tem faltado apoio político ao governo de sua excelência", afirmou.

Ressaltou também a "importância da democracia, do debate" e do trabalho público sem olhar "cor partidária". "A luta do povo exige a capacidade de dialogar, de poder muitas vezes somar, quando está em jogo a vida de pessoas. Numa seca como essa, precisamos aprender com aqueles que nos guiaram em tempos ainda mais difíceis: a necessidade de unir os esforços", disse.

Campos encerrou o discurso reforçando que o Estado recebe com satisfação a presidente Dilma Rousseff. "Seja bem-vinda, presidenta. Aqui a senhora tem um governador, mas também tem um companheiro, e também tem um amigo de grande jornada." No início de sua fala, Dilma agradeceu a "recepção tão calorosa" e disse que Campos é um "parceiro extremamente respeitado".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ao lado de Dilma, Campos fala sobre legado tucano na economia

Em discurso ao lado da presidente Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potencial candidato ao Planalto, mencionou a importância da estabilização da economia no período em que o país foi governado pelo PSDB.

Campos, por outro lado, também agradeceu as parcerias com as gestões petistas. Ao falar sobre os problemas causados pela seca, Campos afirmou à presidente que a estabilização da economia foi importante para que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse distribuir renda.

"Construímos fundamentos macroeconômicos importantes e depois, com Lula, vimos essas condições fazer o governo chegar aonde não chegava antes", disse o pernambucano, que tem se aproximado de líderes tucanos. Na semana passada, Campos esteve com o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), para uma conversa de "alinhamento de estratégias e prognósticos".

Em uma alusão ao tensionamento da disputa eleitoral com o PT, Campos defendeu um "debate político sereno, bem posto, respeitoso, que vá ao encontro da pauta do povo".

Os dois participam da cerimônia de inauguração de um trecho de 118 km da adutora do Pajeú, projeto hídrico incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), orçado em R$ 547 milhões. A previsão do governo é de entregar todo o projeto, que totaliza 598 km de tubulações, no final deste ano.

Fonte: Folha de S. Paulo

O tirano e o caixeiro-viajante - Clóvis Rossi

Levar a Odebrecht ao país do ditador Obiang, como fez Lula, é dar aval a um regime corrupto até as entranhas

Deu domingo na Folha: na sua única viagem internacional como representante oficial do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou na delegação à Guiné Equatorial um diretor da Odebrechet.

"A Odebrecht entrou na Guiné Equatorial após a visita de Lula, sendo favorita para obras na parte continental, onde está sendo construída uma capital administrativa", dizia ainda o texto.

No mesmíssimo domingo, deu em "El País": "Fazer negócios com o clã familiar que lidera Teodoro Obiang [ditador da Guiné Equatorial desde 1979] é arriscado. O pagamento de comissões é obrigatório e as disputas comerciais, muitas vezes fictícias, derivam, às vezes, em extorsão, ameaças e em perda do investimento para salvar a vida".

Não é fantasia do jornal: a Chancelaria espanhola acaba de divulgar nota na qual adverte que estão ocorrendo casos de empresários espanhóis e estrangeiros que não podem abandonar a antiga colônia espanhola por desentendimentos com seus sócios locais.

O passaporte é confiscado e ficam impedidos de deixar o país até que desistam de suas propriedades.

Conclusão do jornal: "Este sistema corrupto impregna até o último rincão da administração guineana".

Não por acaso, o ditador Teodoro Obiang ficou em oitavo lugar na lista dos governantes mais ricos do mundo, apesar de chefiar um país obscenamente pobre.

Traçado o perfil da Guiné Equatorial e de seu tirano, cabe perguntar: as empresas brasileiras que atuam no país são imunes à máquina de corrupção lá instalada ou, ao contrário, engraxam os mecanismos que enriquecem o clã Obiang? Segundo a reportagem da Folha, além da Odebrecht fazem negócios na Guiné também a ARG, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão e a OAS.

Parece supina ingenuidade acreditar que tenham obtido a concessão de obras sem pagar qualquer pedágio aos Obiang, se, como diz "El País", a corrupção impregna tudo.

Que Lula trabalhe como caixeiro-viajante dessas empresas já é esquisito, mas, convenhamos, é o que fazem hoje em dia não apenas ex-presidentes mas até presidentes/primeiros-ministros em pleno exercício do cargo.

Mas que feche os olhos para uma tirania obscena como, entre tantas outras, a de Obiang, no cargo há 34 anos, vira também uma obscenidade, mais ainda como representante oficial de um governo que diz pôr direitos humanos no centro de sua política externa.

Prestaria um serviço mais decente se se dedicasse exclusivamente aos países africanos que vão penosamente estabelecendo regimes democráticos. Segundo levantamento recente da "Economist", se, ao término da Guerra Fria, 30 anos atrás, só três Estados africanos, dos 53 então existentes, eram democráticos, hoje já são 25, de "vários tons", e muitos mais fizeram eleições, "imperfeitas, mas valiosas" (22 só no ano passado).

Para que, então, sujar as mãos com um tirano?

Fonte: Folha de S. Paulo

Qual coalizão? - Merval Pereira

Mais uma vez a presidente Dilma utilizou-se da defesa do "presidencialismo de coalizão" para indiretamente criticar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mas, desta vez, tendo-o a seu lado no palanque. Anteriormente, ela falara da necessidade de lealdade política ao empossar novos ministros, cujas escolhas tinham o objetivo de fortalecer o PMDB e minar as candidaturas de Campos e de Aécio Neves, não de melhorar a gestão pública.

A questão é que no Brasil uma interpretação distorcida do que seja o papel dos partidos políticos no apoio a um governo levou a que a corrupção e o fisiologismo se tornassem elementos fundamentais da chamada "governabilidade".

Ontem a presidente reafirmou que "nenhuma força política sozinha é capaz de dirigir um país desta complexidade", para acrescentar que precisa de parceiros "comprometidos com esse caminho", que é o de reduzir as desigualdades no país e combater a miséria. Acontece que o governador pernambucano, com um pé fora da coalizão governista, está convencido de que a maneira como ela está organizada não ajuda a alcançar os objetivos desejados, pois o que a comanda seria o fisiologismo e o toma lá dá cá, de um lado, e o insaciável apetite petista por cargos do outro.

O PSB tem um diagnóstico sobre a situação do país que não coincide com a euforia propagandeada pelo governo. Campos está convencido de que o caminho escolhido é correto, mas acha que os instrumentos utilizados pelo PT são antiquados e colaboram para atravancar o desenvolvimento da economia. Seria preciso mudar o grupo dirigente, mas manter o mesmo rumo. Como explicar isso para o eleitor?

Por isso, ontem, ele reafirmou do palanque o reconhecimento das políticas anteriores à chegada do PT ao governo, para deixar claro que não participa dessa imagem vendida pelo governo e, por enquanto, aceita com grande ênfase pelo eleitorado de que o país só encontrou seu verdadeiro caminho quando o PT chegou ao poder. Sem a realização de reformas estruturais na economia brasileira, não teremos condições de sair desse marasmo em que o país estacionou, num desencontro entre a percepção do cidadão comum e a realidade dos números.

Eduardo Campos - assim como Aécio Neves -, está convencido de que, a continuar nesse ritmo, com a inflação acima da meta e o crescimento baixo, logo a consequência será sentida no bolso do brasileiro, minando a popularidade da presidente Dilma. O que não sabem é se esse casamento da percepção com a realidade chegará ainda a ponto de enfraquecer a candidatura da presidente ou se a decepção ficará para o segundo mandato.

É essa avaliação que o governador Eduardo Campos está fazendo no momento, tendente a concorrer mesmo que a presidente Dilma continue favorita nas pesquisas. A coalizão do governo Dilma é instável porque a maioria que a compõe é de partidos de corte tradicional, pragmático, clientelista, que, além de não ter qualquer afinidade com o projeto político do PT são caçados pelo PT nas suas bases.

O caso do PSB é mais paradoxal, pois é um desses partidos historicamente aliados ao PT que sofrem para ganhar um espaço maior no governo, sendo pragmaticamente trocados pelo PMDB ou outro partido qualquer, desde que os interesses de curto prazo do governo assim determinem.

Um governo de coalizão pressupõe, segundo os especialistas, mais que a partilha de cargos, a partilha do próprio poder, o que dificilmente acontece. Como ficou explícito recentemente na eleição municipal, o PT não respeita o território do parceiro, por mais comprometido com o governo que ele seja, e, se outros partidos se satisfazem com as migalhas oferecidas pelo governo, o PSB acha que merece mais e procura o caminho alternativo para realizar seu projeto. Mas esbarra na definição da estratégia.

Como ficou claro ontem, a presidente Dilma usará o nome de Lula para acusar Eduardo Campos de ingratidão, para não falar em traição. E Campos terá que encontrar um caminho para explicar ao eleitorado que continua do mesmo lado.

Fonte: O Globo

Amigos, amigos… - Denise Rothenburg

… Eleição à parte. O que se viu e ouviu ontem em Serra Talhada, no sertão pernambucano, foi uma disputa de discursos rumo a 2014. No tablado em que a presidente Dilma Rousseff inaugurou a primeira etapa do sistema de adutoras do Pajeú, ela e o governador Eduardo Campos, pré-candidato pelo PSB, colocaram de público suas armas, literalmente nas entrelinhas de gestos e palavras. Eduardo se firma na busca de uma prática política calcada na capacidade de diálogo e respeito às diferenças e “fazer do público efetivamente público” e um portfolio de realizações estaduais. Dilma se sustenta no projeto que criou o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e a geração de empregos, puxando ainda o orgulho feminino de ver uma mulher no comando do país.

Ela aproveita o embalo para deixar implícito que precisa “de parceiros comprometidos com esse caminho”. Ele, ao discursar, diz que sempre foi leal. Mas, em nenhum momento cita comprometimentos de longo prazo. Ela, por sua vez, antecipa anúncios de programas no estado. Ele agradece e menciona por diversas vezes a relação republicana. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, nas entrelinhas, também toma partido. Ao discursar, antes de Eduardo e de Dilma, deixa implícito que estará ao lago do governador. Pré-candidato ao Palácio das Princesas, o ministro sabe das dificuldades de empunhar uma campanha ali sem ser ao lado do atual inquilino do poder máximo do estado. (Não por acaso, Dilma o chamou ao púlpito enquanto discursava para que ele anunciasse a decisão dela de construir a ferrovia há tempos sonhada pelos conterrâneos de Fernando Bezerra Coelho em Petrolina. Agora, se ele ficar contra ela, a petista sempre poderá acusá-lo de ingratidão).

Em comum nos dois discursos, de Dilma e Eduardo, o enaltecimento ao ex-presidente Lula. Hoje, entretanto, aquela ligação quase que paternal do ex-presidente com o governador esfriou. Talvez graças ao leva-e-traz de petistas que dia e noite reclamam do jeito desenvolto com que Eduardo Campos circula pelas mais diversas rodas, tentando atrair aliados de Dilma para 2014. Além disso, Lula é Dilma e é PT e o PSB sabe disso.

Mas, dadas as circunstâncias e a altura do jogo, não parece ser na base governista que o socialista arranjará combustível, leia-se tempo de tevê. Entre os amigos de Eduardo, há quem diga com todas as letras que ele será candidato a presidente e fará duas disputas em uma: a primeira, obviamente, é o cargo que Dilma ocupa hoje. A segunda é a primazia da concorrência, leia-se oposição. Ele aos poucos vai sendo empurrado para esse caminho, embora nos palanques persista o discurso da parceira e lealdade, hoje entendida como a relação republicana que deve pautar a vida de governantes em diferentes níveis de poder. Eduardo, aliás, por diversas vezes citou ontem essa necessidade de não se olhar coloração partidária e deixar de lado a arrogância que muitas vezes pauta a relação política.

Ao disputar a primazia oposicionista, ou seja, a vaga no segundo turno contra a presidente-candidata, Eduardo terminará buscando os mesmos partidos que hoje o senador Aécio Neves, do PSDB, tenta conquistar. O PSB está de olho tanto no DEM quanto no PPS de Roberto Freire, que, aliás, em recente entrevista, disse estar aberto a conversar com quem for capaz de apear o PT do Palácio do Planalto. E tem mais: se houver janelas para troca de partido até outubro, sem que os protagonistas estejam sujeitos a processos de perda de mandato por infidelidade, podem apostar no crescimento do PSB. Eduardo está na pista. E as apostas são as de que logo ali mostrará que respeita Dilma, é seu amigo, mas acredita que pode fazer mais por ser mais jeitoso na seara política do que o PT, que apenas Lula como o grande construtor respeitado por todas as tendências do partido. Os demais não conseguem essa primazia.

A aposta geral é a de que esse posicionamento de Eduardo, que estava previsto para setembro, venha nas festas de São João. Afinal, ele já começou a pular fogueira.

Enquanto isso, em São Paulo…

Aécio já percebeu há tempos que Eduardo, pelo menos à primeira vista, soará como adversário. E para não perder terreno precisa amarrar logo a ala paulista. Ontem foi explícito ao dizer que um candidato do partido precisa do apoio do governador Geraldo Alckmin e ainda se reuniu com representantes da ala mais ligada ao ex-governador José Serra, caso de Andrea Matarazzo, o senador Aloysio Nunes Ferreira e o vice-presidente do partido, Alberto Goldman. A julgar pelas palavras de Goldman, lembrando os 12% que José Serra apresentou na pesquisa, Aécio ainda terá que passar muito tempo por ali para conquistar esse grupo. Mas, assim como a hora da verdade de Eduardo Campos está chegando, a dos paulistas também não vai demorar muito. Afinal, como já dissemos aqui, se os tucanos não correrem, há o risco de serem ultrapassados pelo PSB.

Até aqui, o que vemos é uma diferença básica entre os dois partidos. Os integrantes do PSB, à exceção da ala cearense, se gostam, se frequentam, se mostram verdadeiramente felizes e unidos quando estão juntos. Os tucanos não têm o mesmo comportamento. Em São Paulo, a distância entre os grupos de Serra e Alckmin é perceptível. Só se unem quando pressentem que, separados, estarão perdidos. Dentro do PSDB, conforme apresentam os próprios tucanos, não vale nem o ditado “amigos, amigos, eleições à parte”. Afinal, amizade, no verdadeiro sentido da palavra, passa meio longe no ninho paulista do partido. Mas essa é uma outra história.

Fonte: Correio Braziliense

A canoa virou - Dora Kramer

Se havia alguma chance remota de PT e PMDB se juntarem em palanque único no Rio de Janeiro em nome da unidade em torno da reeleição da presidente Dilma Rousseff, esta hipótese ficou definitivamente afastada no último fim de semana.

O pré-candidato do PT, senador Lindbergh Farias, se declara oficialmente em oposição ao governador do Estado, Sérgio Cabral Filho, por causa da publicação na revista Época de uma denúncia de que teria montado esquema de corrupção quando prefeito de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). A revista deixou claro que a denúncia foi entregue pelo PMDB.

O petista reagiu de imediato postando na internet um vídeo em que chama o grupo de Cabral de "corja de patrimonialistas", entre outras delicadezas. Ficou possesso, é verdade, mas de certa forma se diz agradecido ao governador (Cabral negou a autoria em nota, mas Lindberg não acreditou).

"Até agora eu tinha um grande problema na minha candidatura: não podia atacar o governador devido às relações dele com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Havia uma espécie de acordo de não agressão. Como ele resolveu declarar guerra já no primeiro capítulo do livro, estou liberado para fazer oposição", diz o senador, que prevê clima de radicalização total.

Mas, vamos à questão central: oposição em que termos?

"Não vou entrar no jogo sujo de dossiês, vou demarcar terreno na política, mostrar ao eleitorado que, se o PMDB conseguiu avanços para o Rio devido à parceria com o governo federal, nós do PT somos muito mais parceiros e podemos fazer em relação aos mais pobres, como Lula fez no Brasil."

Lindbergh já tem os números preparados para mostrar que no governo atual houve concentração de investimentos nas regiões mais nobres (zona sul e Barra) e descaso em relação às regiões que não compõem o cartão postal do Rio como cidade maravilhosa.

Na visão do petista, o PMDB está sendo autoritário e desleal no Rio. Autoritário porque não admite concorrência, quer construir uma "super-hegemonia", obrigando os adversários a viverem eternamente a reboque do partido (isso Lindbergh não diz, mas é o mesmo que o PT faz no plano nacional).

A deslealdade, segundo ele, estaria não só na utilização de dossiês, mas também em outros dois pontos: a ameaça de não apoiar a reeleição de Dilma se o PT nacional não intervier para a retirada da candidatura e a tentativa de reabrir julgamento de contas já aprovadas da gestão de Lindbergh em Nova Iguaçu.

"Que relação é essa? Se começam assim, é porque o plano é nos aniquilar."

Partindo desse princípio, o senador acha que o PMDB não recua da candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão e que não há possibilidade de intervenção por parte do PT. "Não desisto nem se Lula e Dilma pedirem, até porque não pedirão, pois sabem que a resposta será negativa."

Atritos à parte, o PT não desiste principalmente porque tem chance de ganhar. No momento, as pesquisas indicam Lindbergh em primeiro lugar (28%), o deputado Anthony Garotinho em segundo (21%) e Pezão em terceiro (10%).

Muito bem, e a parceria nacional entre os dois partidos como fica?

"Da minha parte, inabalada. Na reeleição de Lula no Rio ele chegou a fazer um comício de tarde para um candidato e de noite para outro."

O senador avisa que não vai pedir à presidente nem a Lula exclusividade no apoio e também que não acredita na ameaça do PMDB de romper com o Planalto por causa de uma eleição estadual.

"Se romper, melhor ainda, fico sozinho com Dilma aqui no Rio e aí é que eles perdem mesmo."

Toda eleição tem uma disputa regional que chama mais atenção. Em 2012 aconteceu em São Paulo e Recife. Em 2014, o Rio aparece como forte candidato a produzir grandes emoções.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Desembarque sem tropa de ocupação - Raymundo Costa

O novo ministro da Secretaria da Aviação Civil da Presidência da República (SAC), Wellington Moreira Franco, deve manter os diretores que encontrou na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a maior parte dos quais nomeados pelo ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que, a exemplo dele, é do PMDB.

Não é característica do ministro "andar com tropa de ocupação", como ele mesmo costuma dizer aos amigos, em conversa reservadas, numa evidente alusão ao PT. O mesmo temor sobre demissões e ocupação partidária havia quando Moreira Franco foi designado para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ministério também vinculado à Presidência da República, ao qual é subordinado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

À época, dizia-se que o ministro substituiria o então presidente do Ipea, Márcio Pochmann. O economista ficou e só deixou o cargo para concorrer à Prefeitura de Campinas, nas eleições do ano passado, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pochmann não se elegeu mas deixou aberta a trilha de uma promissora carreira política.

Aviação civil: prazo, dirigentes e conteúdo mantidos

Pochmann não era um problema para Moreira e o PMDB. A SAE, sim. Com seus seminários e "altos estudos", nem Moreira nem o PMDB enxergavam, na secretaria, um bom instrumento para execução de políticas públicas e de conquista de votos. Diferente da SAC, uma janela de oportunidade para o partido participar efetivamente de uma ação prioritária do governo federal. "A sustentabilidade de um partido é o voto", costuma dizer Moreira Franco.

O PMDB sempre se queixou de estar apartado do núcleo decisório dos governos do PT, inclusive de Dilma, embora seja o partido do vice-presidente, Michel Temer, e donatário de cinco ministérios: além da SAE, os ministérios da Agricultura, Minas e Energia, Turismo e Previdência. Todas áreas com políticas consolidadas. E de pouco potencial de votos, à exceção talvez do Ministério da Agricultura, na ótica dos dirigentes pemedebistas.

Já a aviação civil, no momento, é uma área dinâmica, em construção e que exige a participação dos dirigentes do setor a arbitragem de conflitos, a tomada de decisões. Nesse sentido, o PMDB sente-se bem arrumado, muito embora as nomeações de Dilma não tenham deixado satisfeitas todas as correntes da sigla.

Os senadores, por meio do líder no Senado, Eunício Oliveira (CE), e do líder do governo, Eduardo Braga (AM), queixaram-se de que novamente a mesma "turma" era beneficiada. Dilma torceu o nariz. As duas substituições feitas na seara pemedebista eram indicação da Câmara, e assim continuaram. A cota do Senado é integrada pelos ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Garibaldi Alves (Previdência).

O ministro Mendes Ribeiro foi substituído na Agricultura por motivos de saúde. Estritamente. Foi uma troca difícil para a presidente, que tem em alta conta o deputado, seu conhecido das pelejas políticas no Rio Grande do Sul. Com a indicação do deputado Antônio Andrade para o cargo, Dilma ao mesmo tempo resolveu uma demanda do PMDB de Minas, que reivindicava um posto na Esplanada dos Ministérios em troca do apoio que deu ao candidato do PT, Patrus Ananias, na eleição para prefeito de Belo Horizonte, no ano passado.

Com a SAC, Michel Temer colocou um aliado no "núcleo das decisões de políticas públicas" e deve ter ampliado a base leal a Dilma na Câmara. A indicação de Moreira Franco para a secretaria teve o aval do novo líder da bancada, Eduardo Cunha, carioca como o novo ministro, e do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, integrante do mesmo grupo político que hoje controla o PMDB, sob o comando do vice-presidente Michel Temer.

Moreira também teve o aval do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que de início fora adversário de sua participação no ministério, ainda à época da SAE. Está no Rio um dos principais aeroportos do próximo lote de concessões do governo - o aeroporto internacional Tom Jobim, ou simplesmente o Galeão (o outro é Confins, em Minas Gerais). O pregão está previsto para setembro.

O conteúdo da política para a área da aviação civil é o mesmo que vinha sendo tocado, com um ou outro ajuste. O cronograma de concessões continua o mesmo, assim como a previsão de construção de 270 aeroportos. A diferença é que agora essa política terá também a bandeira do PMDB. O partido tanto pode se beneficiar eleitoralmente, se botar alguma ordem no caos aeroportuário, como ficar com o ônus político, se nada mudar.

Para o PMDB e Moreira a identificação do partido com a Secretaria de Aviação Civil é maior que o normalmente imaginado. Trata-se de um setor que está fase de reorganização desde a greve dos controladores, em 2007. Sob o comando de Nelson Jobim, essa reorganização começou pela Infraero, após administração desastrosa do PT. Então ministro da Defesa, Jobim nomeou a maioria dos diretores da empresa, que foi buscar no Banco Central, inclusive o atual diretor-presidente, Gustavo Vale. É legítima, portanto, a observação de que o desembarque do novo ministro no cargo não será acompanhado de uma tropa de ocupação. A torcida é para que ele consiga desafogar o tráfego e dar fluxo aos aeroportos brasileiros, não só tendo em vista a Copa do Mundo e a Olimpíada do Rio.

A tendência do PMDB hoje, mais que ontem, é manter a aliança eleitoral com o PT e o apoio à reeleição de Dilma em 2014, o que só uma catástrofe poderia evitar, na avaliação da cúpula partidária. Algo como crise econômica com desemprego, o que não está no horizonte de ninguém, ou um racionamento de energia, o que está no horizonte, mas que o governo tem condições de driblar. Os pemedebistas entendem que o PSDB, dividido e sem um discurso capaz de sensibilizar o eleitor, não tem futuro, e que a eventual candidatura de Eduardo Campos (PSB) ainda carece de razão e estrutura para vingar.

Fonte: Valor Econômico

Dividir ou somar - Tereza Cruvinel

Se a eleição presidencial já estava na agenda, ganhou uma espécie de concretude a partir da divulgação das pesquisas Datafolha e Ibope, com os índices de preferência conferidos a Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB ) e Marina Silva (Rede). As duas pesquisas indicaram que, se a eleição fosse hoje, Dilma se reelegeria em primeiro turno. Quando um candidato surge com tal favoritismo, é natural o raciocínio de que o maior número de candidatos promoverá a pulverização dos votos, favorecendo a ocorrência de segundo turno. Ontem, enquanto Dilma e Campos fingiam muito mal que serão adversários, Aécio Neves, antes de se reunir com os paulistas, saudava os concorrentes: “todas as candidaturas são bem-vindas porque qualificam o debate eleitoral”. A divisão, entretanto, nem sempre favorece a oposição.

Se Dilma tem 58%, como apurou o Datafolha, e a soma das intenções de voto em Aécio (10%), Marina (16%) e Campos (6%) é 32%, não é mesmo impossível que os três juntos consigam crescer ao ponto de derrubá-la para baixo da linha da maioria absoluta (50% mais 1 dos votos válidos). O eleitor ainda está muito “frio” em relação à eleição, que ainda está bem distante no tempo. E quando a campanha começar para valer, como já previu Dilma, todos eles “vão fazer o diabo”. Jogos de retórica e golpes baixo já deram sumiço em vantagens até maiores.

Supondo então que haja um segundo turno, voltemos à pergunta: a pluralidade de candidatos favorecerá a oposição? As eleições recentes nos ensinaram que isso depende da disposição do eleitorado para a ruptura. Quando Lula se elegeu em 2002, derrotando Serra no segundo turno, havia uma grande disposição do eleitorado para romper com os oito anos de governos tucanos. Quando faltava um ano para o pleito de 2006, apostar na reeleição de Lula era bastante temerário. No entanto, ele se reelegeu apesar do mensalão, das tentativas de responsabilizá-lo pelo acidente da TAM e do escândalo dos aloprados. O eleitorado não queria ruptura. Houve um segundo turno com Alckmin, cuja votação acabou encolhendo. Os votos de Cristóvam (PDT) e Heloisa Helena (PSol), ambos egressos do PT, refluiram para Lula. Em 2010, deu-se o mesmo. Impôs-se o segundo turno entre Dilma e Serra, mas os quase 20 milhões de votos de Marina Silva, o fenômeno daquela eleição, refluiram para Dilma. 

Em 2014, se não surgir uma quarta candidatura de oposição à coalizão liderada por PT-PMDB, teremos, na prática, o mesmo cenário: um candidato do PSDB pregando efetivamente a ruptura com o modelo petista hegemônico desde 2002 e dois candidatos egressos do governismo. Campos, até agora, não se diferenciou. Disse apenas que “é possível fazer mais”. Mais do mesmo? A agenda de Marina se diferencia pela ênfase na questão ambiental e na sustentabilidade. Mas, se nenhum deles chegar ao segundo turno, e sim Aécio, para onde iriam seus eleitores?

Essas passagens da história recente mostram que a divisão nem sempre soma para a oposição. Mas, mesmo sabendo disso, todos querem — e precisam — acumular forças para 2018. Ou para o momento em que o eleitorado estiver mesmo disposto a impor mudanças no comando do país. Na democracia, não há hegemonia que dure para sempre.

Pelos estados: SC

Com a eleição presidencial antecipada, o jogo eleitoral nos estados também acelerou-se. E como é nos estados que os palanques são montados, testando a solidez das coligações, é hora de prestar atenção ao que neles acontece. Já examinamos o quadro de Pernambuco na semana passada. Vejamos hoje a situação de Santa Catarina. O estado é pequeno, mas nele a presidente Dilma teve 800 mil votos a menos que o tucano Serra no segundo turno de 2010. Essa situação pode se repetir caso ela não consiga ali uma boa solução eleitoral. Aconteceu porque, como recorda o senador Luiz Henrique, ele se elegeu governador em 2002 apoiando Lula. Mas, empossado, o PT recusou-se a participar do governo e passou a lhe fazer oposição na Assembleia Legislativa. Luiz Henrique buscou o apoio do DEM, reelegeu-se em 2006 e, em 2010, apoiou o democrata Raimundo Colombo para sucedê-lo no governo. Juntamente com o ex-senador Jorge Bornhausen, Colombo migrou em 2012 para o PSD.

Luiz Henrique, que já foi do chamado “grupo dos oito” senadores peemedebistas de oposição, aproximou-se de Dilma recentemente, quando ela o convidou para acompanhá-lo na viagem à Rússia. Como governador, ele implantou uma unidade do Balé Bolshoi em seu estado. Na volta, recusou apelos para disputar a presidência do Senado com Renan Calheiros. Agora, está conversando muito com os governistas, especialmente com o petista Jorge Viana, sobre a montagem de um grande palanque pró-Dilma no estado. Como ainda tem mais quatro anos no Senado, não precisa estar na chapa. Propõe uma coligação PSD-PT-PMDB. Colombo disputaria a reeleição e a ministra Ideli seria candidata ao Senado. O PMDB daria o vice. “Essa é a solução ideal e meus companheiros do PT precisam entender isso”, diz Viana. E o PSD também. Se, para estar no jogo, Serra tiver que mudar de partido, pode aportar no PSD.

As crianças e a TV

Quatro ministros do STF já acolheram a ação de inconstitucionalidade apoiada pelas emissoras de televisão comercial que pede o fim da classificação indicativa dos programas, buscando preservar as crianças de conteúdos e mensagens inadequados a cada faixa etária. Perguntei ao ministro Joaquim Barbosa, em um evento, se ele pretende retomar logo esse julgamento. “Não — disse ele —, não pretendo fazer isso tão cedo”. Deu para entender que, se o fizer, a classificação será exterminada pela maioria dos ministros. Os grandes interesses prevalecerão sobre a formação das nossas crianças.

Fonte: Correio Braziliense

Abolição da escravatura – Eliane Cantanhêde

A escravatura já tinha sido oficialmente abolida, mas minha bisavó e depois a minha avó foram cercadas de escravas. Até "ama de leite" o meu pai teve, antes de a usina ruir sob o peso das multinacionais e a família falir.

Essas escravas pós-escravatura eram as "crias". Matavam-se dias e noites na casa-grande, em troca de cama, comida e água fresca na senzala --pela qual deveriam ser muito gratas às sinhazinhas. Marina Silva sofreu na pele essa história.

Do outro lado da família, o urbano, minha mãe trabalhou desde sempre e fui criada por empregadas que vinham "do norte", não tinham onde morar e viravam "pessoas da família". Eram gratas por serem acolhidas, mas também mereciam gratidão por cuidarem dos filhos pequenos e tinham salário, direito de ir e vir, folgas nos fins de semana. Era pouco.

Na minha geração, com as mulheres mergulhando no feroz mercado de trabalho, proliferaram os empregados domésticos e vieram a carteira assinada, o salário-mínimo, as férias anuais, o 13º salário. Ainda pouco.

Já na das minhas filhas, prevalecem as diaristas, horário estipulado, de segunda a sexta, todos os direitos. E, em vez de babás, os pais assumem os seus bebês e contratam creches.

Estamos, claro, falando de famílias de classe média/média alta de uma parte do país. Em outra, como no meu Maranhão paterno, ainda há fortes resquícios de escravatura em pleno 2013. E o pior é quem condena o que ocorre lá, mas discorda da PEC das domésticas cá.

O argumento de que "vai ficar caro e faltar emprego" dissimula o velho pretexto "econômico" para impedir direitos e avanços sociais. Se fosse só uma questão econômica, a escravatura jamais teria terminado. Nem nos EUA nem aqui.

Que o Senado diga "sim", hoje, à nova legislação dos trabalhadores domésticos. Eles não são mais escravos nem precisam de patrões "bonzinhos". São profissionais com direitos e deveres como qualquer outro.

Fonte: Folha de S. Paulo

Déficits democráticos do Brasil - José Eli da Veiga

As pesquisas ainda não revelam, mas tende a ser alta a probabilidade de segundo turno disputado por Eduardo Campos. Nesse caso, ele contará com o grosso dos que tiverem preferido Aécio. Outros cenários são possíveis, mas foi esse o que antecipou a campanha eleitoral, pois é o que embute maior incerteza sobre reeleição. E é esse que leva Dilma a já fazer o diabo no uso das vantagens advindas do controle da máquina federal.

Ao contrário do que não cansam de repetir os mais prejudicados e muitos analistas, o problema não está na antecipação da campanha em si, mas na injustiça imposta pelo arranjo que regula o processo. Se no Brasil houvesse algo semelhante às primárias dos EUA, esses quase dois anos de campanha seriam extremamente saudáveis. Porém, com a radical exclusão da cidadania na montagem dos palanques, as movimentações dos três principais pretendentes só mostram quanto o Brasil está distante da plenitude democrática.

Ainda pior é a barreira à viabilização de propostas novas, que superem a limitação programática desses três candidatos, muito diferentes no âmbito sócio-geográfico, mas nem um pouco em termos político-históricos. São três artilheiros da socialdemocracia baseados em diversas combinações de camadas sociais e estamentos regionais, mas que só divergem sobre o modo de usar o aparelho estatal na execução de idêntico projeto.

Pior é a barreira à viabilização de propostas novas, que superem a limitação dos programas dos partidos

Essa preponderância orgânica do projeto socialdemocrata se justifica pela incomparável proeza histórica que realizou nas nações que mais avançaram. Tão intensa foi a expansão da capacidade produtiva decorrente da simbiose entre movimentos trabalhistas e projetos políticos semelhantes aos do PT, PSB e PSDB, que boa parte dos seres humanos passou do reino da necessidade ao da afluência, com educação, cultura e opções de vida e escolhas antes inimagináveis. O "Estado de bem-estar social" foi a grande conquista da socialdemocracia, que infelizmente não chegou a beneficiar a grande maioria dos que vivem no Sul.

O problema é que eventual continuidade do mesmo esquema agora esbarra em dois novos obstáculos. Por um lado, ficou patente nas últimas três ou quatro décadas que tão retumbante sucesso passou a solapar os próprios fundamentos biogeofísicos da prosperidade, o que traz muitas dúvidas sobre o futuro do desenvolvimento humano, mesmo nas mais sólidas e ricas democracias do primeiro mundo.

Por outro, também ficou evidente que estão obsoletos os arranjos que haviam garantido recordes de aumento da produtividade, particularmente durante o quarto de século apelidado de "Era de Ouro" (1948-73), mesmo que ainda possam encontrar sobrevida em democracias periféricas que se tornem emergentes, como o Brasil.

Incerteza sobre o desenvolvimento e obsolescência do pacto fordista só realçam o principal conflito contemporâneo: choque entre o ainda imprescindível, mas agora fugaz crescimento econômico, e a nova obrigação de maneirar seus impactos sobre a biosfera. Além de exigir muita governança global (pois mudança climática, erosão de biodiversidade e zonas oceânicas mortas por excesso de nitrogênio não são questões que possam ser combatidas com medidas unilaterais), esse é um desafio que demanda inédita simbiose entre movimentos sociais e projetos políticos.

O primeiro sintoma do incontornável imperativo histórico de superar o programa socialdemocrata foi o surgimento de agremiações políticas diferenciadas, como o neozelandês "The Values Party" em 1972, e o britânico "People" em 1973. Iniciativas que anos depois embarcaram no projeto "verde", seduzidas pelo fenômeno alemão "Die Grünen". Todavia, embora agora existam 109 partidos nacionais pertencentes a essa corrente (globalgreens.org), apenas os verdes alemães parecem ter alguma relação simbiótica com movimentos sociais. Todos os demais se meteram no gueto dos que enaltecem valores "pós-materialistas", com perdão pelo uso de tão canhestro jargão sociológico.

A boa notícia é que a mesma ambição de superar a socialdemocracia renasce em iniciativas como o "Partido del Futuro" na Espanha, e o "Movimento 5 Stelle" na Itália. Talvez uma segunda onda, desta vez centrada em dimensão da sustentabilidade que é bem mais tangível para a maioria dos cidadãos: a do efetivo funcionamento da democracia. Em vez de caírem na cilada dos que se deixaram reduzir à dimensão ambiental - por mais importante que ela inegavelmente seja - o que esses dois novos partidos mais exigem é democracia de verdade, democracia para valer, ou "democracia, ponto", como dizem os espanhóis.

Quase idêntico ao que surgiu por aqui com a iniciativa de criação da Rede Sustentabilidade, respaldada por substancial parcela de eleitores, como mostrou a votação de Marina Silva (mas não a do PV) em 2010, e reiteram as recentes pesquisas sobre intenções de voto.

Por isso, também só pode ser profundamente antidemocrática qualquer atitude que dificulte a consolidação dessa novidade política que poderá ser equivalente neste século ao que foi a socialdemocracia no século passado.

José Eli da Veiga, professor dos programas de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ),

Fonte: Valor Econômico

Dane-se a ética - Gil Castello Branco

Muitos se arrepiam ao ouvir palavras como demônio, satanás, diabo e outras semelhantes. Mas os vocábulos fazem parte do dicionário e frequentemente são pronunciados, até por autoridades federais. Na semana passada, o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, disse que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, era "duro como o diabo". A impressão que tenho é que desse "diabo", atuante e destemido, o povo gosta, perdoando-lhe até os excessos.

Em outra ocasião recente, foi a presidente Dilma quem afirmou: "Na hora da eleição se pode fazer o diabo." Nesse caso, o diabo é aloprado e se assemelha àquela figura horrenda dos desenhos animados, com pele avermelhada, chifre, rabo, tridente, cueca e meias cheias de dinheiro.

Na verdade, o diabo já esta em campo para as eleições em 2014. Sua presença pode ser sentida, por exemplo, na escolha de Renan Calheiros para a presidência do Senado, embora um milhão e seiscentas mil pessoas - o dobro dos eleitores do senador em Alagoas - tenham se manifestado contrariamente. A figura mítica do demônio também está por trás do 39° ministro empossado. O mostrengo administrativo existente em Brasília, caro e ineficiente, tem agora 24 ministérios, além de dez secretarias da Presidência e 5 órgãos, cujos ocupantes têm status de ministro.

Essa elite "chapa branca", ao que tudo indica, é recorde mundial. Nos Estados Unidos, país com 315 milhões de habitantes e PIB de US$ 15,5 trilhões, são apenas 15 os ministros. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel toca a quarta maior economia do planeta com 17 auxiliares diretos. No Brasil, é muito provável que a presidente da República cruze com algum dos seus ministros e sequer lembre o seu nome. Muitos devem encontrá-la nas solenidades e em despachos semestrais, o que aconteceu com a ex-ministra Marina Silva na gestão de Lula. A maioria da população dificilmente será capaz de dizer os nomes de meia dúzia dessas autoridades, o que, aliás, não faz muita diferença.

Com o inchaço da máquina administrativa, o número de servidores públicos federais ativos chegou a 1.130.460 em 2012, com aumento de 136.673 funcionários em relação a 1997. No mesmo período, os cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) cresceram de 17.607 para 22.417 comissionados. Como o que é ruim em Brasília costuma ser reproduzido no resto do País, a União, os estados e os municípios possuem aproximadamente 9,4 milhões de servidores públicos, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011. Cerca de 4,9 milhões estão nas prefeituras e 3,5 milhões nos estados. As despesas com pessoal nas três esferas de governo representam 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste ano, só no Orçamento da União estão previstos R$ 226 bilhões para "pessoal e encargos sociais", valor quatro vezes maior do que o destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Tão ou mais grave do que a proliferação de servidores e ministérios é o fato de que algumas pastas voltarão a ser comandadas por integrantes das mesmas "patotas" dos que foram demitidos pela própria Dilma. Como na política brasileira os interesses eleitorais estão acima dos valores morais, para acomodar a base aliada e impedir que os defenestrados de ontem sejam recebidos amanhã pela oposição de braços abertos, as raposas serão reconduzidas aos galinheiros.

Pouco importa que as investigações da Polícia Federal tenham levado à demissão de 20 servidores no Ministério dos Transportes, dirigido à época pelo senador Alfredo Nascimento, atual presidente do Partido da República (PR). Pouco importa que a Comissão de Ética Pública da própria Presidência da República tenha recomendado a exoneração do então ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, por repasses a ONGs ligadas ao partido, por supostas cobranças de propinas feitas por assessores, além de carona em avião de empresário com negócios no ministério. Embora existam fartos indícios de corrupção, as legendas presididas pelos ex-ministros estão indicando os novos gestores dos milionários currais. Em 2013, os orçamentos dos ministérios dos Transportes e do Trabalho somam R$ 84,4 bilhões. Dane-se a ética.

Assim, apesar da faxina - iniciativa atribuída à presidente Dilma no primeiro ano do seu governo - o "lixo reciclado" deverá voltar à Esplanada dos Ministérios às vésperas de 2014. Como nas eleições "se faz o diabo", a vassoura vai dar lugar ao tridente. Cruz credo!

Gil Castello Branco é economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Aberta

Fonte: O Globo

PMDB lança Clésio em Minas e frustra expectativa do PT

Marcelo Portela

A nomeação do deputado federal Antônio Andrade (PMDB-MG) para o Ministério da Agricultura pela presidente Dilma Rousseff não diminuiu o apetite peemedebista em Minas. Ontem, no evento em que Andrade deixou a presidência do diretório mineiro, a Executiva Estadual lançou o senador Clésio Andrade (MG) para a disputa pelo governo no ano que vem.

Nos bastidores, o PT tenta articular a adesão do PMDB a uma provável candidatura do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) ao governo mineiro em 2014. 0 PT já dava como certa a aliança com a nomeação de Andrade.

"Lançaram meu nome e, por eu ser um soldado do partido, estou disposto", afirmou Clésio, que é réu no Supremo Tribunal Federal em ação penal do chamado mensalão mineiro - acusação de financiamento ilegal da campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Clésio era o candidato a vice na chapa.

Fonte: O Estado de S. Paulo