sábado, 6 de abril de 2013

OPINIÃO DO DIA – Luiz Werneck Vianna: ‘vai passar’

Vai passar. Não se sabe quando nem como - não deve ser por agora -, mas vai passar, inclusive porque já está passando. E o que está por vir não necessariamente será melhor do que o que está aí, mas, no fim deste verão, já estavam claros os sinais de uma mudança de estação. A sucessão presidencial, que era uma data distante no calendário eleitoral, mantendo todos aquietados, entretidos em suas fabulações, num salto se fez ao alcance da mão. Por que passamos de súbito de uma marcha lenta para essa aceleração do tempo?

Luiz Werneck Vianna, sociólogo, professor-pesquisador de PUC-Rio. O mundo gira e a Lusitana roda. O Estado de S. Paulo, 24/3/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Nova lei de base da educação: Escola será obrigatória a partir dos 4 anos
MP pede que Lula seja investigado
Alívio na folha a mais 14 setores
Golpe dos cheques: Protesto de má-fé se vale de cartórios

FOLHA DE S. PAULO
PF vai investigar se Lula participou do mensalão
Coreia do Norte dá alerta de risco de guerra a embaixadas
Órgão estadual do Rio liberou casas em área contaminada
TJ-SP sabia de denúncias contra juiz desde 2006
Governo inclui 14 setores na desoneração a partir de 2014

O ESTADO DE S. PAULO
MPF abre inquérito para investigar Lula no mensalão
Defesa pede mais prazo para o STF
Governo anuncia corte de imposto de mais 14 setores
Chute inaugural em Salvador
Heleno Torres é aposta para integrar o STF
Feliciano ganha prêmio por ‘defesa dos direitos’

ESTADO DE MINAS
Território livre: Viciados em crack e moradores de rua proliferam sem controle no Centro de BH
Educação: Crianças de 4 anos terão de ir à escola
Lula será investigado pela PF

O TEMPO (MG)
Jovens tentam recriar a Arena
Procuradoria pede inquérito para investigar Lula
Governo vai incluir etanol em novo pacote de desoneração
Energia para residências sobe 4,99%

CORREIO BRAZILIENSE
Sobrou para o tomate
Cerveja e dia de folga em jogo da Copa
Um chute e muitos passes de Dilma na Fonte Nova
Mensalão leva PF a investigar Lula
O direito de protestar

GAZETA DO POVO (PR)
PF investigará Lula no caso do mensalão
Escola obrigatória começará aos 4 anos
Obras da Copa no turismo encarecem 65%
Financiamento cai 8%; bancos retomam aprovações
Coreia do Norte alerta diplomatas

ZERO HORA (RS)
Servidores públicos pagarão mais para a previdência no RS
Agora é lei: Crianças na escola a partir dos quatro anos
Lula será investigado pela Polícia Federal

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Recife terá Pacto pela Vida
Criança de 4 anos tem que ir para a escola
Faltam creches para famílias carentes no País

MPF abre inquérito para investigar Lula no mensalão

Procedimento apura suposto envolvimento em repasses ilegais para o PT

A Procuradoria da República no Distrito Federal instaurou ontem inquérito para apurar suposto envolvimento do ex-presidente Lula no esquema do mensalão, informam Alana Rizzo e Felipe Recondo. A investigação foi aberta para apurar a acusação, feita pelo empresário Marcos Valério, de que Lula negociou o repasse de recursos da ordem de R$ 7 milhões para o PT com o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta. O dinheiro, de acordo com Valério, serviria para pagamento de despesas de campanha. Esse é o primeiro inquérito aberto formalmente para investigar as denúncias feitas pelo empresário ao Ministério Público, cujo teor foi revelado pelo Estado. Há outros cinco procedimentos preliminares de investigação abertos na Procuradoria da República no Distrito Federal. Horta nega as acusações.

MPF abre inquérito para investigar Lula no mensalão

Alana Rizzo, Felipe Recondo

BRASÍLIA - A Procuradoria da República no Distrito Federal instaurou ontem inquérito para apurar a acusação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza segundo a qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negociou, no início de seu mandato, repasses ilegais para o PT com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom.

Trata-se do primeiro inquérito aberto formalmente para investigar o conteúdo do depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro de 2012 por Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão por operar o mensalão. O conteúdo do depoimento, no qual o empresário afirma, entre outras coisas, que Lula sabia do mensalão e teve despesas pessoais pagas com dinheiro do esquema, foi revelado pelo Estado em dezembro.

A Procuradoria do Distrito Federal já havia instaurado seis prcedimentos preliminares para analisar as acusações feitas por Valério no depoimento. A abertura de inquérito é o passo seguinte à análise prévia dessas acusações.

No caso da Portugal Telecom, Valério disse que Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocçi, reuniram-se com Horta nó Palácio Planalto e combinaram que uma fornecedora da empresa em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT.

O dinheiro, ainda segundo Valério, chegou ao Brasil por meio de contas bancárias de publicitários que prestaram serviços para campanhas eleitorais petistas.

As negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri. Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, havia incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da Portugal Telecom para o PT e o PTB. Essa missão e os depoimentos de Jefferson e Palmieri foram usados à exaustão ao longo do julgamento do mensalão para mostrar o envolvimento de Dirceu no esquema.

O dinheiro, segundo as acusações de Valério, foi usado para pagar dívidas com a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, que se apresentava em comícios petistas, além do publicitário Nizan Guanaes, que realizou a campanha do petista Jorge Bittar à Prefeitura do Rio em 2004. As operações teriam ocorrido em 2005.

O publicitário e a dupla negam ter recebido pagamentos ilegais.

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, informou que o ex-presidente não vai comentar a abertura do inquérito pela procuradoria do Distrito Federal. Em outra ocasião, Lula classificou o depoimento de Valério de "mentiroso". Miguel Horta nega ter tratado de repasses ilegais com integrantes do governo.

Benefícios. Após ser condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da República. Buscava com isso obter proteção e possíveis benefícios, como redução de sua pena de 40 anos, 2 meses e 10 dias de prisão pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Todas as acusações feitas por Valério ocuparam apenas 13 páginas de depoimento. Em alguns momentos, ele foi quase telegráfico. O empresário deverá ser chamado a esclarecer suas acusações e a dar mais elementos sobre o que disse em setembro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PF vai investigar se Lula participou do mensalão

Pela primeira vez ex-presidente será objeto de inquérito criminal sobre o caso

Medida foi pedida pelo Ministério Público com base na afirmação de Valério de que Lula negociou repasse ao PT

Matheus Leitão, Fernando Mello

BRASÍLIA - A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu ontem à Policia Federal a abertura de inquérito para investigar acusações feitas pelo operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antonio Palocci.

É primeira vez que será aberto inquérito criminal para investigar se Lula atuou no mensalão.

No processo principal do escândalo, julgado no ano passado pelo Supremo, Lula não foi investigado. Ele prestou depoimento, por ofício, apenas na condição de testemunha arrolada por diferentes réus do processo.

O pedido de abertura de inquérito tem como base depoimento de Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro, no meio do julgamento do mensalão.

Entre outras acusações, Valério afirmou que Lula, Palocci e Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, negociaram repasse de US$ 7 milhões para o PT.

Segundo pessoas com acesso ao depoimento, sob sigilo, Valério afirmou que o ex-presidente e Palocci reuniram-se com Horta no Palácio do Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria o valor combinado para o PT.

O dinheiro seria usado em campanhas petistas e para pagar os deputados da base, segundo Valério. Horta também deverá ser investigado.

O depoimento foi enviado para a primeira instância já que nenhum dos citados têm foro privilegiado.
No pedido enviado ontem à PF, que é obrigada a abrir o inquérito, a Procuradoria solicitou "diligências" para averiguar até a exata data do encontro citado por Valério.

No mês passado, a Procuradoria analisou o depoimento de Valério e, a partir daí, abriu seis procedimentos criminais, além de anexar algumas das acusações a dois inquéritos já abertos.

Os seis procedimentos são preliminares e podem ou não virar inquéritos. O primeiro pedido de abertura de investigação foi feito ontem.

Condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, Valério fez outras acusações no depoimento, como a de que Lula se beneficiou com recursos do esquema. O petista sempre negou.

Outro lado

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou em nota que "não há nova informação em relação às publicadas há cinco meses", quando o depoimento de Valério foi remetido à primeira instância.

Advogado do ex-ministro Palocci, José Roberto Batochio chamou o depoimento de Marcos Valério de "invencionice".

Segundo ele, o próprio Horta já negou publicamente qualquer pedido de ajuda financeira ao PT. "Se houver uma investigação, será sobre algo que não ocorreu."

A Folha não conseguiu contato ontem com a Portugal Telecom.

Fonte: Folha de S. Paulo

MP pede que Lula seja investigado

A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu ontem que a Polícia Federal investigue denúncia feita em setembro por Marcos Valério, que acusou o ex-presidente de ter negociado um suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom.

Inquérito investigará denúncia de Valério sobre Lula

PF vai apurar relato de que ex-presidente teria negociado com empresa repasse de US$ 7 milhões a PT

Vinicius Sassine

BRASÍLIA - A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu ontem que a Polícia Federal (PF) abra inquérito para investigar uma das denúncias feitas por Marcos Valério, o operador do mensalão, envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valério depôs à Procuradoria Geral da República (PGR) em setembro de 2012, com o julgamento do mensalão em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Após uma análise do depoimento, a Procuradoria da República no DF, que ficou responsável por analisar as declarações e conduzir eventuais investigações, fez o primeiro pedido para que a PF investigue Lula.

Em nota, a procuradoria informou que o pedido de abertura de inquérito se refere a um suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom em Macau, na China, ao PT, por meio de contas bancárias no exterior. No depoimento prestado à PGR, Valério acusou Lula de ter negociado o repasse com o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", que revelou o teor das declarações em novembro de 2012.

O operador do mensalão disse que Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Palácio do Planalto.

O depoimento de Valério, condenado pelo STF a 40 anos, um mês e seis dias de prisão e ao pagamento de multa de R$ 2,78 milhões, foi dividido em oito fatos na Procuradoria da República no DF, para onde foi remetido. Dois desses fatos já eram objeto de inquéritos policiais: os trechos equivalentes do depoimento foram anexados às investigações em curso. Os outros seis foram transformados em procedimentos criminais.

O pedido de abertura de inquérito na PF se refere a um desses procedimentos. O ofício remetido à chefia da PF em Brasília foi assinado na última quinta-feira. Cabe à polícia analisar se há urgência para a abertura do procedimento. Um segundo procedimento foi remetido à Procuradoria Regional da República da 1ª Região, para investigação de crime eleitoral. A acusação feita por Valério se refere a supostos repasses irregulares na campanha presidencial de 2002 e não envolve Lula diretamente, segundo a Procuradoria da República no DF. Em nota, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, sobre o pedido de abertura de inquérito pela PF, disse que "não há nova informação em relação às que foram publicadas há cinco meses pelo jornal "O Estado de S. Paulo"".

Fonte: O Globo

"Não precisamos de licença para ter candidato"

Em Santos, Eduardo manda recado ao PT

SÃO PAULO - O governador de Pernambuco e virtual candidato do PSB à Presidência da República em 2014, Eduardo Campos, pediu ontem paciência para que seu partido decida, a seu tempo, se haverá ou não candidatura própria nas eleições do ano que vem. Em um recado ao PT, Campos disse que seu partido, o qual preside, não precisa da licença de outra sigla para lançar candidato. "Nunca fomos e nem vamos ser sublegenda de absolutamente ninguém", avisou. "Não precisamos pedir licença a outra agremiação partidária, seja ela qual for, para tomar uma decisão", emendou o governador, após participar do 57º Congresso Estadual de Municípios, realizado em Santos.Recebido como candidato por militantes do PSB paulista, Eduardo Campos disse que a recepção faz parte do "ambiente natural do partido" e que as faixas que o definiam como "futuro presidente" fazem parte do "livre pensar das agremiações". Acompanhado de correligionários que gritavam "Brasil para frente, Eduardo presidente" e "Um novo caminho para um novo Brasil", Eduardo discursou por mais de 30 minutos e, além de defender "um tempo novo" e "uma reflexão em uma nova perspectiva para a economia brasileira", pregou: "Precisamos pensar em uma nova agenda".

Campos chegou ao 57º Congresso Estadual de Municípios depois das 15 horas, acompanhado por militantes que empunhavam bandeiras e faixas que defendiam a sua candidatura. Em meio ao tumulto, o governador tirou fotos, cumprimentou presentes e comeu mortadela em um dos estandes. "Um novo nome que surge com força num novo Brasil: Eduardo Campos", disse o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizetti (PSB), ao apresentá-lo aos prefeitos.

Em seu discurso, Eduardo falou da crise europeia e mencionou a recuperação da economia norte-americana, que já começa a superar o próprio desempenho da brasileira. "Não podemos ficar no Brasil sem olhar isso", observou. O socialista disse que é preciso olhar os desafios do crescimento econômico e da pauta estratégica brasileira para promover a competitividade sem acabar com as conquistas dos trabalhadores. "Está na hora de termos consciência de que o Brasil melhorou muito, mas dentro deste País ainda tem mais ganho, mais direito (a ser oferecido à população)", disse.

Aos jornalistas, Eduardo reafirmou o discurso oficial de que só discutirá eleição em 2014 e que até lá quer trabalhar pelo País e ter a "consciência tranquila de que fez sua parte". Ao tergiversar sobre sua eventual candidatura, o socialista disse que deixar a decisão para 2014 não se trata de um gesto "de sabedoria política". "Não somos dados a isso, nunca fizemos esse tipo de coisa. Quando vamos para a disputa, não temos problema nenhum", afirmou.

Palanque em São Paulo

PSB articula um palanque em São Paulo para o caso de Eduardo ser candidato

 Embora não tenha assumido a candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência da República, o PSB se movimenta nos bastidores para montar um palanque em São Paulo para o presidenciável. Ontem, após encontro de Eduardo com prefeitos do Estado, realizado em Santos, o presidente do PSB paulista, deputado federal Márcio França, admitiu que a sigla deve discutir com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) um palanque duplo (para Aécio e para Eduardo), caso não consiga viabilizar uma candidatura própria. A mais cotada para a missão de se lançar candidata ao governo paulista em favor de Eduardo seria, em sua opinião, a deputada federal Luíza Erundina."Ele (Eduardo) sendo candidato a presidente, terá de ter um palanque em São Paulo. Ou o governador Alckmin abre esse palanque ou vamos ter candidato próprio", afirmou França. Ao saber que Eduardo estaria no Estado palestrando no 57º Congresso Estadual de Municípios, o governador tucano o convidou para um jantar na capital paulista, mas ele recusou por já ter um convite para jantar com parlamentares paulistas em Santos.

Outra possibilidade de palanque paulista para Eduardo, considerada pelos socialistas, é a candidatura do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). França lembrou o apoio do PSB na formação da legenda de Kassab.

"Nós o ajudamos bastante. A gente espera que ele tenha essa consideração", disse o cacique do PSB, assumindo que sabe da dificuldade em convencer o PSD, uma vez que existe uma aproximação do partido de Kassab com o PT da presidente Dilma Rousseff.

Eduardo ataca a desoneração de impostos

Durante reunião do Confaz, governador afirma que a redução nos impostos não surtiu os mesmos efeitos do passado

O governador Eduardo Campos (PSB) voltou a se utilizar do mote econômico para criticar o governo federal. Ao participar da reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), em Ipojuca, o socialista afirmou que a política de desoneração de impostos, implantada pela presidente Dilma Rousseff (PT), não surtiu os mesmos efeitos que no passado. "Desoneração de IPI não começou a existir neste governo. O que difere é que, na primeira, houve retomada do crescimento. Crescemos 7,5% em 2010. Perdeu de um lado, ganhou do outro. Desta vez não houve o crescimento. Estamos tentando ministrar novas medidas que possam ajudar a economia", afirmou, na frente do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e de secretários de outros Estados.

Após a ressalva, o governador disse que "ninguém pode jogar pedra em ninguém", já que governos anteriores recorreram à mesma medida para tentar alavancar o crescimento. "Desta vez, não houve crescimento e as pessoas sentiram o efeito dela de forma mais perversa", completou. Eduardo se referiu à queda nos repasses dos Fundo de Participação de Estados e Municípios decorrente da política de isenção de IPI em alguns setores, como a indústria automobilística.

A realização de uma reforma tributária e a revisão do atual modelo de pacto federativo também foram colocadas como demandas "urgentes" pelo governador. Preocupado em nacionalizar seu discurso, ele ressaltou, no entanto, que a adoção de uma nova política fiscal deve ser voltada a corrigir a desigualdade regional que vitima não só o Nordeste, mas também outras áreas do País. "Precisamos construir aqui uma política fiscal que não olhe só para o Nordeste, mas para todas as regiões", disse.

Enquete no PPS

Virtual candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo foi incluído numa enquete que o PPS fará para começar a definir o seu rumo em 2014. O partido abriu uma consulta virtual para escolher quem vai apoiar na disputa de 2014 e a lista conta com mais quatro nomes além do de Eduardo: Aécio Neves (PSDB), Fernando Gabeira (PV), José Serra (PSDB) e Marina Silva, que ainda tenta formalizar a sua nova sigla, a Rede Sustentabilidade. A consulta ainda inclui uma opção de candidatura própria do PPS, mas sem indicar um nome. Segundo o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), a sondagem visa estimular o debate dentro do partido sobre os rumos que a legenda deve tomar na próxima eleição presidencial.

* Com agências

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Em clima de campanha, Eduardo Campos diz que Brasil precisa de nova estratégia para enfrentar crise

Governador de Pernambuco participou de palestra feita a prefeitos do Congresso Paulista de Municípios, em Santos (SP)

Gustavo Uribe

SÃO PAULO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse na tarde desta sexta-feira, em Santos, que a crise que atingiu os Estados Unidos está chegando ao Brasil e o país precisa de uma nova estratégia para a economia. Em clima de palanque eleitoral, Campos se colocou como o “novo” e defendeu mudanças para o país, na linha do que disse recentemente a empresários paulistas, de que “o Brasil precisa fazer mais”.

— Nós vivemos em um tempo novo e precisamos pensar numa nova agenda, porque o mundo está pensando uma nova agenda. A crise que sacudiu os Estados Unidos, está chegando ao Brasil. Há novas pactuações comerciais sendo feitas e não podemos ficar sem posicionar o Brasil na posição que devemos posicionar — disse Eduardo Campos, em palestra para prefeitos reunidos hoje em Santos no Congresso Paulista dos Municípios.

Negando que esteja em campanha para ser candidato a presidente da República, Campos disse que “2014 só em 2014” e responsabilizou a militância do PSB pelo lançamento de sua candidatura a presidente no congresso municipalista em Santos. Mas ele não se furtou a se posicionar como alternativa à presidente Dilma Rousseff.

— Precisamos de uma pauta estratégica que devolva a economia brasileira à produtividade que precisamos para competir. Precisamos investir mais em educação, ciência e tecnologia, mas não só no discurso — disse à plateia.

O governador do PSB reconhece que o Brasil melhorou, mas ainda precisa avançar mais.

— Está na hora de termos a consciência de que o Brasil melhorou muito, mas dentro deste país ainda tem mais sonhos e mais direitos que este país ainda não conseguiu legar aos brasileiros — discursou Campos, possível candidato a presidente da República no ano que vem.

Fonte: O Globo

Campos tem recepção de candidato em evento em SP

Luiza Bandeira

SANTOS - Recebido com faixas, slogan próprio e aos gritos de "presidente" em evento em Santos (SP) na tarde desta sexta-feira (5), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse que a crise internacional "está chegando" ao Brasil e defendeu a adoção de uma "nova agenda" para o país.

"Nós vivemos um tempo novo que precisa de reflexão em perspectiva. Não precisamos só pensar no dia de amanhã, nem na semana seguinte, nem no final desse ano. Precisamos pensar numa nova agenda porque o mundo está pensando numa nova agenda. A crise que sacudiu os EUA está chegando ao Brasil", afirmou Campos, ao discursar em evento para prefeitos e gestores públicos.

Ao defender mudanças no pacto federativo, o governador, cujo partido é aliado da presidente Dilma Rousseff, também citou como desafios da gestão federal as áreas de saúde, educação e segurança pública.

"Está na hora de nós termos a consciência que o Brasil melhorou muito, esse país que a gente vê aqui fora é um país que a gente vê melhoras na vida de muitas pessoas, mas dentro desse país e da vida de cada pessoa dessa ainda tem mais sonho, mais direitos que esse país ainda não tem conseguido levar à gente brasileira", disse.

Apesar do clima de campanha do evento, o governador afirmou que só vai decidir no ano que vem sobre uma eventual candidatura à Presidência da República. Ele atribuiu faixas, slogans e o clima de campanha à antecipação do debate eleitoral por outros partidos.

"Se você for a um jogo de futebol e ver uma torcida calada, a outra fica calada. Quando uma começa a gritar a outra começa a gritar. Isso é um comportamento que acontece com total naturalidade", afirmou.

O governador afirmou ainda que discutir o Brasil neste momento não é discutir eleição. "Nós não podemos interditar o debate político nesse país constrangidos por muitos que entendem que qualquer debate político é discutir eleição. Nós precisamos discutir o conteúdo da pauta e do futuro do país sim", afirmou.

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos é recebido em Santos em clima de campanha

Daiene Cardoso

Militantes do PSB lotam na tarde desta sexta-feira um centro de convenções em Santos onde é aguardado o governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, que palestrará no 57º Congresso Estadual de Municípios. Em clima de lançamento de campanha, os correligionários vestem camisetas com os dizeres "Eduardo Campos: um novo caminho para um novo Brasil", "Eu quero o novo" e "Eu quero conhecer o novo".

Além dos militantes, aguarda o governador e possível candidato à Presidência da república em 2014 a deputada federal Luiza Erundina, que declarou em sua chegada que, no que depender da sigla, Campos será lançado candidato.

O governador chegou em Santos no início da tarde e almoçou com o presidente estadual da sigla, deputado federal Márcio França, e com o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB).

Embora bandeiras e faixas de saudação ao líder do PSB estejam espalhadas por todo o local do evento fazendo menção à sua possível candidatura, alguns líderes do partido evitam assumir oficialmente que o nome de Campos estará na disputa presidencial. "Ele é o presidente nacional do partido e está sendo recebido com as pompas do governador mais bem avaliado. Não sei quem organizou tudo isso, só sei que ele merece uma recepção desse porte", disse o vereador da Campinas Luiz Lauro Filho, que é sobrinho do prefeito Jonas Donizette.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos defende 'tempo novo' para a economia do País

Daiene Cardoso

Apesar de reafirmar que a sucessão presidencial só será discutida em 2014 e de ser recebido por aproximadamente dois mil militantes em um Centro de Convenções em Santos (SP), o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, defendeu "um tempo novo" para a economia brasileira.

Acompanhado de correligionários que gritavam "Brasil para frente, Eduardo presidente" e "Um novo caminho para um novo Brasil", Campos discursou por mais de 30 minutos e, além de defender "um tempo novo" e "uma reflexão em uma nova perspectiva para a economia brasileira", pregou: "Precisamos pensar em uma nova agenda."

Campos chegou ao 57º Congresso Estadual de Municípios depois das 15 horas, acompanhado por militantes que empunhavam bandeiras e faixas que defendiam a sua candidatura. Em meio ao tumulto, o governador tirou fotos, cumprimentou presentes e comeu mortadela em um dos estandes. "Um novo nome que surge com força num novo Brasil: Eduardo Campos", disse o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizetti (PSB), ao apresentá-lo aos prefeitos.

Em seu discurso, Campos falou da crise europeia e mencionou a recuperação da economia norte-americana, que já começa a superar o próprio desempenho da brasileira. "Não podemos ficar no Brasil sem olhar isso", observou. O pessebista disse que é preciso olhar os desafios do crescimento econômico e da pauta estratégica brasileira para promover a competitividade sem acabar com as conquistas dos trabalhadores. "Está na hora de termos consciência de que o Brasil melhorou muito, mas dentro deste País ainda tem mais ganho, mais direito (a ser oferecido à população)", disse.

Aos prefeitos, Campos pregou mais investimento nas áreas de saúde, educação, ciência e tecnologia, "não só no discurso". Ele também condenou a centralização dos recursos financeiros do governo federal, mas ressaltou que o problema é de ordem histórica e que não aconteceu a partir da atual gestão. Segundo ele, é preciso haver um novo pacto federativo para que municípios e Estados possam melhorar as condições do serviço público.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos receberá homenagem de vereadores de BH

Daniel Roncaglia

SÃO PAULO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), vai receber o título de cidadão honorário de Belo Horizonte. A concessão do título foi aprovada nesta quinta-feira (4) pela Câmara Municipal a pedido do vereador Professor Wendel Mesquita (PSB).

Mesquita disse que pediu o título porque Campos é o presidente do PSB, partido do prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda. "Ele deu essa contribuição para o crescimento do partido, que transformou o histórico dessa cidade", afirma o vereador.

Apesar de ser aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Lacerda pode se candidatar ao governo estadual no próximo ano para, inclusive, abrir palanque para Campos no Estado.

Segundo o vereador, uma possível candidatura de Campos ao Planalto tem apoio do PSDB de Aécio, que também é pré-candidato. "A candidatura do Eduardo Campos é vista com bons olhos aqui em Minas", afirmou.

A ideia do vereador é marcar a entrega do título antes do dia 15, quando o ex-presidente Lula receberá o título de cidadão mineiro. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff acompanhe Lula no evento.

De acordo com a assessoria de Campos, esse é o segundo título de cidadão honorário que ele recebe de uma capital em 15 dias. Outra cidade a conceder a comenda foi João Pessoa, na Paraíba.

Campos também teve o nome aprovado para receber o título de cidadão de cinco Estados --Alagoas, Bahia, Paraíba, Piauí e Sergipe. A única com data marcada é o da Bahia --dia 18 de abril.

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos repete agenda de Aécio

Um dia depois de aliados da presidente Dilma Rousseff afirmarem ao Correio que o governador de Pernambuco é "bom de gogó", mas é o governo federal quem assina o cheque e celebra convênios com estados e municípios, Eduardo Campos voltou a criticar o Planalto durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne secretários de fazenda de todo o país. "É preciso fazer reformas no sistema tributário e fiscal, além de uma revisão do Pacto Federativo. E isso não pode ser discurso nem a negação do governo de hoje nem de ontem", afirmou o governador durante a reunião, realizada em um hotel na Praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE).

O socialista usou argumentos para justificar as teses que defende e se colocou à disposição para agilizar o conjunto de medidas que acha necessário para reduzir as desigualdades no país. "A pauta do século 21 vai exigir uma governança muito mais inteligente, muito mais eficaz, com muito mais capacidade de dar respostas ao bom gasto público", disse o governador.

Mais tarde, Campos desembarcou em Santos, para participar do Congresso Estadual de Municípios — agenda cumprida um dia antes por outro presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Uma militância entusiasmada o esperava: "Brasil para frente, Eduardo presidente"; "um novo caminho para um novo Brasil", gritava o grupo. Em um discurso de aproximadamente meia hora, o presidenciável pessebista defendeu uma nova perspectiva para a economia brasileira. E acrescentou: "Precisamos pensar em uma nova agenda".

Em um script típico de campanha eleitoral, Eduardo Campos tirou fotos, cumprimentou presentes, comeu pastel e coxinha em um dos estandes e foi ciceroneado pelo prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizetti (PSB). "Um novo nome que surge com força num novo Brasil: Eduardo Campos", disse Donizetti, ao apresentá-lo aos demais prefeitos.

Disposto a se tornar conhecido além das fronteiras do Nordeste, Eduardo Campos desembarca hoje no Rio de Janeiro, onde se reúne com 50 lideranças do PSB de todo o país. Na segunda-feira, estará em Porto Alegre para celebrar o aniversário do líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), e para se reunir com empresários. Beto Grill, do PSB, ocupa o cargo de vice-governador do petista Tarso Genro, mas o partido deve romper a aliança para lançar Beto Albuquerque ao governo estadual em 2014.

Com que roupa?

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP), pediu ajuda para escolher qual candidato ao Planalto o partido apoiará em 2014. A enquete, postada no portal do partido na internet, traz os nomes de Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB), Fernando Gabeira (PV), José Serra (PSDB) e Marina Silva (Rede), além da candidatura própria. Os cinco pré-candidatos também participarão de um seminário do partido, na próxima semana, em 11, 12 e 13 de abril, na Câmara dos Deputados.

Fonte: Correio Braziliense

Partido usa slogan do 'novo' para candidatura

Eduardo Campos reafirma que decisão só será tomada em 2014

Santos (SP) Ao lado de lideranças do PSB em São Paulo, Eduardo Campos defendeu a retomada da produtividade do país e cobrou mais investimentos em educação, tecnologia e ciência "que não fiquem só no discurso".

O slogan do "novo" e da "mudança" foi muito explorado no evento. Os uniformes criados pela direção paulista do PSB traziam frases como ""Eu quero conhecer o novo" e "Alternativa para um país mais justo". Nas camisetas e lenços, o nome do governador era seguido da inscrição "um novo caminho para um novo Brasil". As faixas o saudavam como "futuro presidente" e a claque levada pelo partido cantava: "Brasil, urgente, Eduardo presidente".

Um dos que seguravam um cartaz era o ajudante de ordem Luiz Carlos Reniete, que contou estar no local para conhecer o litoral e disse ter recebido um lanche para comparecer ao evento. Campos minimizou o lançamento de sua candidatura pela militância e reafirmou que a questão só será definida em 2014.

Fonte: O Globo

Sobre a enquete do PPS – Gilvan Cavalcanti

No Facebook PPS Digital escrevi que a consulta está equivocada. A pergunta seria: como derrotar o atual bloco governista sob o domínio do PT? Não é este nosso objetivo? O que isto significa?

Necessitamos entender que não é questão de opção pessoal, muito menos de torcida de futebol. Confundir política com futebol é coisa do 'presidente adjunto' e faz um terrível dano à política. Nosso problema é outro. Em primeiro lugar, reconhecer que derrotar o atual bloco governista não é coisa fácil. Poder-se-ia derrotá-lo estimulando várias opções, inclusive, evitando a polarização PSDB versus PT - opção preferencial do lulismo.

Teremos de usar nossa capacidade de formular a grande política. Um bom legado para fugir da armadilha é trabalhar na desagregação, na dissidência, no deslocamento de forças da própria coligação governamental para outro bloco não governamental, já no primeiro turno e assegurar a unidade desse novo bloco, também, no segundo turno.

É uma das possibilidades de vitória eleitoral. Só para puxar pela nossa memória: em outras circunstâncias históricas, enfrentamos o desespero do confronto, inclusive, armado, e conquistamos a democracia. Por isso o mais importante não é saber quem vamos apoiar. Mas, sim, em construir uma vitória, substituir a atual coligação no governo. E construir significa um pouco de arte. E toda arte necessita, primordialmente, além de conhecimento, muita sensibilidade para compreender essa nova circunstância.

Reforma de base - Cristovam Buarque

Esta semana fez 49 anos do golpe militar de 1964 que, além de tentar barrar a influência socialista neste lado da Cortina de Ferro, visava a impedir as Reformas de Base que o governo Goulart se propunha a fazer. As reformas eram uma necessidade para desamarrar nossos recursos econômicos improdutivos e distribuir melhor o produto de nossa economia. Especialmente a terra, amarrada então por latifúndios improdutivos, e a mão de obra sem instrução e impedida de trabalhar na terra. A reforma agrária visava a liberar terras ociosas e a utilizar mão de obra ociosa no campo.

As elites brasileiras temiam perder o controle sobre os recursos de sua propriedade e em consequência a renda que os recursos lhes proporcionavam. Ao mesmo tempo, as forças internacionais e os militares brasileiros temiam que as reformas de base fossem passos para libertar o Brasil do bloco dos países ocidentais e levá-lo para o bloco socialista. A guerra fria no mundo, o egoísmo no Brasil e o sentimento anticomunista de militares levaram ao golpe que barrou as reformas, atrelou o Brasil ao bloco capitalista e implantou uma ditadura por 21 anos.

Mesmo com as reformas abortadas, o Brasil conseguiu crescer, mas criou uma vergonhosa desigualdade social, implantando cidades que são verdadeiras "monstrópoles". Graças à ciência e à tecnologia, o nosso campo ficou dinâmico, mas vulnerável porque ainda depende da demanda externa por nossas commodities. Mesmo tendo crescido, o Brasil ainda precisa fazer reformas de base em sua estrutura social e econômica. A reforma agrária já não visa a liberar recursos porque a mão de obra já emigrou e a tecnologia usa a terra em latifúndios produtivos. A terra deixou de ser o principal recurso para o crescimento econômico e a justiça social. Agora é a vez do conhecimento.

A grande reforma do século XXI é a reforma no sistema educacional, que permitirá a liberação do imenso patrimônio intelectual latente de um povo à espera de uma educação capaz de induzir o crescimento de uma nova economia e de quebrar o círculo vicioso da pobreza social. O objetivo da reforma educacional é fazer com que cada menino ou menina do Brasil tenha acesso à escola com a mais alta qualidade, não importa a cidade onde viva nem a renda de sua família. Os pequenos avanços nos últimos 30 anos não têm permitido um salto nem na qualidade nem na igualdade, cujo caminho da reforma é a federalização da educação de base. A federalização fará com que cada uma das 200 mil escolas públicas tenha pelo menos a mesma qualidade das atuais 431 escolas federais de educação de base. Para isso, é preciso fazer com que cada criança receba do Brasil o mesmo investimento na sua educação, a fim de possibilitar o seu desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento do país.

Quarenta e nove anos depois, o Brasil continua esperando as reformas que liberem nossos recursos das amarras que os aprisionam, mas, agora, a reforma da educação de base é a reforma de base para o século XXI.

Cristovam Buarque, senador (PDT-DF)

Fonte: O Globo

A vida em branco - Miguel Reale Júnior*

Seria verdade que o homem, ao ser expulso do paraíso, sofreu como condenação ter de trabalhar? O trabalho é um castigo? Seria o ócio uma dádiva? Independentemente da necessidade de trabalhar para ganhar o sustento, muitas vezes enfrentando tarefas enfadonhas e repetitivas, impondo-se o deslocamento de casa até a fábrica ou o escritório, com horas de sacrifício dentro do metrô ou do ônibus, penso que o trabalho dá sentido à vida.

Somos condenados a viver. A não ser a instigante hipótese reencarnacionista, pela qual o espírito concorda em voltar ao mundo para passar por novas experiências e novos desafios, nas demais religiões ou no ateísmo se reconhece que não fomos consultados se queríamos nascer ou não. Nascemos e nas condições que se apresentam, devendo enfrentar a situação de filho de beltrano e de sicrana, rico ou pobre, brasileiro, suíço ou angolano. Viver é uma aventura que de plano enfrenta o barulho depois do confortável silêncio do útero materno. Inicia-se o percurso e cabe a cada qual afirmar sua individualidade.

Para preencher o dia a dia que se impõe, a criança, pobre ou rica, brinca na rua ou em casa, vai à escola, faz os deveres escolares, cumpre obrigações a pedido da mãe. Brincar e estudar constituem o trabalho desejado e obrigatório até os 14 anos, visando a construir a formação de uma pessoa. Formação para quê? Para, em sendo adulto, ter uma profissão, em suma, trabalhar.

Cada qual se põe na vida diante desta empreitada: obter sua realização pessoal. Mesmo na Idade Média, quando se dividiam, como diz Le Goff, as pessoas nas categorias dos que lutam e defendem com armas o feudo, dos que oram, rezam para enaltecer a Deus e obter sua proteção e dos que trabalham com as mãos, não deixava de haver afazeres para os diversos estamentos.

Pela via do trabalho a pessoa marca sua individualidade, assinala sua passagem por esta vida, ocupa as horas do cotidiano visando a construir sua autoestima e a conquista importante do reconhecimento dos demais. Não é por acaso que ao se conhecer alguém a primeira pergunta que assoma dirigir-lhe é: o que você faz?

Ao se perceber o que o interlocutor faz, desenha-se no espírito a sua imagem, o seu universo de interesse, sobre o qual pode haver nossa curiosidade, nosso respeito ou até mesmo nosso desdém. Mas surge uma definição de quem é o novel conhecido ao se saber sua profissão ou seu afazer.

O trabalho atua em duas frentes: permite, de um lado, que as pessoas se afirmem perante si mesmas, motivando a busca de realização, podendo trazer orgulho no sucesso ou dor diante de eventual fracasso; e, de outro lado, faz surgir entre os consorciados o reconhecimento de uma condição própria como sapateiro, mecânico, médico, professor, cozinheiro. Esse espaço na sociedade causa satisfação ou desilusão, se reconhecido como o melhor sapateiro do bairro ou como o pior cozinheiro da região.

Discípulo de Habermas, Axel Honneth (Luta por Reconhecimento, ed. 34, 2011, reimpresssão) bem assinala que se imbricam a autoestima e a aprovação social, pois a autorrelação bem-sucedida depende do reconhecimento dos demais acerca de suas capacidades e realizações, de forma a se abrir uma falha no indivíduo caso não tenha tido, em momento algum, assentimento social, com o consequente surgimento da vergonha.

Preocupante, contudo, é não querer ocupar um lugar no mundo, a ser alcançado com o esforço próprio, modesto ou ilustre, mas fruto da disposição da conquista. O fundamental é viver para instituir uma identidade, uma definição perante os demais, com resultado positivo ou negativo, pois pior do que o insucesso é não ter tido a coragem e o ânimo de sair a campo com as próprias pernas para tentar obter a felicidade na realização de si próprio.

Assim, fracassar na execução de uma profissão ou ofício é do jogo da vida. Mas frustrante mesmo é nem sequer entrar no jogo para fazer algo com sua cara, com seu jeito, da sua forma, esperando infantilmente contar com acontecimentos externos para conseguir preencher o vazio de uma existência sem rosto.

Dois fenômenos da atual sociedade digital, na qual mais se mexem os dedos no iPhone do que se ativam os neurônios, indicam uma falsa felicidade não derivada da efetivação de um projeto, ou, como dizia Ortega Y Gasset, do irrenunciável projeto de si mesmo, mas sim de fatores marcadamente efêmeros, visivelmente enganosos: os relacionamentos na rede do tipo Facebook e o culto às celebridades.

A urgência hoje vivida de compartilhar imediatamente todos os acontecimentos (ouvir uma música, comprar uma roupa, deliciar-se com um vinho, trocar um olhar) retira a vivência da realidade do âmbito individual, pois o essencial é antes dividir com alguém o sucedido para receber imediatamente o assentimento elogioso do que sentir isoladamente o prazer do fato, transformando-se, dessa maneira, o mundo numa grande academia do elogio mútuo. A satisfação, então, vem de fora, pois algo só vale se outrem vier a curtir. Instala-se um novo cartesianismo: eu compartilho, logo existo.

Outra futilidade alienante domina os espíritos: a celebração das celebridades, os famosos, a mais perfeita criação artificial da mídia. Acompanha-se a existência de um ex-BBB, por exemplo, desde sua ida à praia ou a uma festa, como se fosse a própria vida. Ídolos passageiros, sem conteúdo, apenas virtuais, povoam a fantasia.

A existência perde consistência. Muitos são os espíritos empreendedores, porém, infelizmente, repetem-se hoje jovens para os quais a conquista árdua, a afirmação profissional, deixa de ser importante para que eventuais fracassos não sejam sofridos, mas disfarçados, driblados pelo compartilhamento elogioso de momentos irrelevantes ou pelo consumismo desenfreado, que substitui o ser pelo possuir.

A vida deixa de ter cor, passa em branco.

* Advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras, foi ministro da Justiça

Fonte: O Estado de S. Paulo

Manobras da defesa - Merval Pereira

A "fofoca jurídica" do advogado Márcio Thomaz Bastos pedindo diretamente ao ministro Ricardo Lewandowski, vice-presidente do STF e revisor do processo do mensalão, que encaminhe ao plenário a discussão sobre o aumento do prazo hábil para as defesas apresentarem embargos após a publicação do acórdão da Ação Penal 470, quando o relator e presidente da Corte, Joaquim Barbosa, já havia indeferido pedido semelhante, é apenas mais um lance dos muitos que já aconteceram, e ainda surgirão, na tentativa de retardar o final do processo.

O ministro Joaquim Barbosa tem indeferido todos os pedidos da defesa, desde o acesso antecipado aos votos, antes da publicação do acórdão, até o aumento do prazo para os embargos, com o objetivo de "não flexibilizar a lei". Para Thomaz Bastos, porém, "a aplicação do regimento interno da casa foi flexibilizada no início do julgamento para que a Procuradoria Geral da República pudesse ter, para sua apresentação de motivos, cinco horas e não apenas uma, como determinaria o regimento interno da casa e a "aplicação rigorosa da lei". Isso porque os ministros entenderam, a partir do princípio da razoabilidade, que, diante de um processo tão complexo e com tantos envolvidos, seria necessário ampliar o prazo para apresentar as acusações de forma mais detalhada".

Pela mesma razão, ele alega que a defesa dos réus precisaria de mais tempo. O ministro Lewandowski não tem o poder de levar a questão diretamente ao plenário, mas pode levantar a questão, pedindo que o presidente do STF o faça. Idealmente, isso deveria ser feito na próxima reunião plenária de quarta-feira, antes da publicação do acórdão. O ministro Celso de Mello, o único que ainda não entregou seus votos revisados, não o fez até as 19 horas de ontem, mas Joaquim Barbosa acredita que até a próxima semana já seja possível publicar o acórdão.

Há ministros no plenário que consideram razoável permitir uma ampliação dos prazos, até mesmo por analogia ao Código de Processo Civil, que prevê o dobro do tempo quando o processo tem vários réus. Márcio Thomaz Bastos, que é defensor do ex-executivo do Banco Rural José Roberto Salgado, entrou com o pedido na condição de terceiro interessado em medida cautelar apresentada pela defesa do ex-ministro José Dirceu, que pede nada mais que a suspensão da publicação do acórdão até que a questão esteja decidida. Thomaz Bastos alega que, durante o julgamento, apenas os votos do relator e do revisor foram lidos, e nem sempre em sua integralidade. "Os demais votos foram simplesmente comentados, sintetizados ou resumidos, tanto que os ministros vogais expressamente afirmaram, a cada manifestação, que traziam "alentado" ou "substancioso" voto, que passavam às mãos do presidente para posterior publicação."

"Logo, boa parte do acórdão será inédita, pois não se referirá exclusivamente aos debates travados durante as sessões de julgamento, de tal modo que a publicação do acórdão tornará público, pela primeira vez, o conteúdo completo dos votos dos ministros vogais". Thomaz Bastos fala também dos "embargos infringentes", uma etapa posterior aos "embargos declaratórios" que promete ser bastante polêmica.

Para ele, houve "situações curiosas" durante o julgamento da Ação Penal 470 que somente a publicação dos votos poderá esclarecer, como "divergência importante" na fixação das penas. Há quem veja na ação da defesa dos réus uma tentativa de protelar o resultado final, jogando com variáveis diversas, como a mudança da composição do plenário do STF: além do novo ministro Teori Zavascki, há a possibilidade de outro ser nomeado ainda a tempo de participar do julgamento dos embargos. O tributarista Heleno Torres teve uma reunião na noite de quinta-feira com a presidente Dilma no Planalto, e tudo indica que será nomeado, numa vitória do ministro Ricardo Lewandowski.

Além do mais, se o julgamento prosseguir até depois de junho, data idealizada por Joaquim Barbosa para seu término, o procurador-geral Roberto Gurgel deixará o cargo, o que pode abrir, pelo menos na esperança da defesa, novos caminhos. (Amanhã, "Os embargos infringentes")

Fonte: O Globo

Na lona - Denise Rothenburg

Os governistas podem argumentar que a receita das gestões petistas — de Dilma e de Luiz Inácio Lula da Silva — aumentou, levando em conta o crescimento do Produto Interno Bruto nos últimos anos. Ou mesmo que tanto Dilma quanto Lula reergueram a máquina pública, com contratações, salários e distribuição de programas sociais. Mas o custo por parlamentar aumentou, de qualquer forma. Tão importante quanto a crítica é a possibilidade de discutir políticas. Apresentar a distribuição do poder a partir do volume de recursos é apenas uma forma de estimular tal debate.

A segunda reportagem, publicada na última quinta-feira — dia seguinte à posse do novo ministro dos Transportes, César Borges —, mostrou que, em 2012, a pasta conseguiu investir menos da metade do previsto no Orçamento. Os textos produzidos por Leandro Kleber e Karla Correia mostram que, desde o escândalo de superfaturamento — em 2011, na gestão do então ministro, Alfredo Nascimento —, as torneiras foram fechadas. Por conta das auditorias, dos problemas básicos de gestão e da própria burocracia, os camaradas que vieram depois de Nascimento não conseguiram executar os recursos.

Segundo a reportagem, dos R$ 23,2 bilhões — a assessoria do órgão cita R$ 17 bilhões — previstos para todo o ano passado, apenas R$ 10,5 bilhões foram desembolsados pelos Transportes. Quando se prepara um plano de orçamento, leva-se em conta as necessidades da pasta — no caso, mais específico da população, que usará os serviços prestados por determinado órgão. Ao estabelecer que seriam necessários “X” para cuidar da infraestrutura, deve-se acreditar nas prioridades da gestão, na eficiência.

Quando se gastou metade do valor, ficou faltando a outra parte, por impedimentos técnicos e políticos. Os números apresentados pelo Correio revelam como a corrupção — diríamos aqui, suposta — afeta a máquina pública, não apenas ao longo do crime ou mesmo durante a descoberta do escândalo, mas também depois de um longo período. Para se ter uma ideia, os investimentos da pasta em 2012 foram menores do que nos dois anos anteriores. É um fato raro na administração pública, um caso de estudo para não se repetir, pois. Mais uma vez, os números puxaram o debate.

Outra coisa

As autoridades brasileiras precisam entender de uma vez por todas que a sociedade não tolera mais privilégios e mordomias, como se estivéssemos a viver em país atrasado, ainda distante da transparência. Na edição de ontem, o Correio mostrou que o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, usa o carro oficial para ir à academia para fazer exercícios. No vídeo, ele aparece com uma garrafinha de água, camiseta branca, bermuda azul e tênis amarelo. Malha — ou melhor, estava indo malhar — com o dinheiro público.

Fonte: Correio Braziliense

Tea party dos trópicos - Fernando Rodrigues

Pelas contas do Datafolha, 28% dos brasileiros hoje são fiéis de alguma denominação evangélica. Há dez anos eram 19%.

Assim como o papa não manda inteiramente nos católicos, tampouco há, entre os evangélicos, líderes capazes de determinar o comportamento de seus seguidores.
O que é inegável é a capacidade de mobilização de uma parcela mais rumorosa desse grupo religioso. O efeito demonstração é gigantesco.

Tome-se o caso do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano. Ele tem sido questionado por ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Ontem, a polêmica completou um mês. Nesse período, ele foi citado 449 mil vezes no microblog Twitter. Superou em 100% o número de votos recebidos para se eleger em 2010.

Naquele ano, adeptos de várias religiões criaram um grande ruído na fase final da eleição presidencial. O debate sobre a liberalização do aborto contribuiu para empurrar a disputa ao segundo turno. O PT se sentiu compelido a abraçar as posições mais conservadoras.

O favoritismo de Dilma Rousseff na eleição de 2014 deverá atrair outra vez os principais políticos evangélicos, inclusive Marco Feliciano -que montou uma brigada na internet para defender a petista em 2010.

Só que esse movimento político-religioso conservador, uma espécie de Tea Party dos trópicos, anda insatisfeito com o PT. Feliciano já reclamou. Negou apoio automático ao projeto de reeleição presidencial petista.

Ontem, na Folha, Silas Malafaia deu outro sinal. O presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo escreveu: "[O] PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições".

Pode ser apenas alarme falso.

Ainda assim, é uma luz amarela com mais de um quarto dos eleitores do país por trás.

Fonte: Folha de S. Paulo

Circo Brasil - Rolf Kuntz

Se o céu ajudar, os ventos forem favoráveis e os fatos confirmarem a projeção mais otimista em circulação na praça, a economia brasileira crescerá 3,2% em 2013 e 6,94% nos três primeiros anos da presidente Dilma Rousseff. Isso equivalerá a uma média anual composta de 2,26%. Talvez ainda se possa falar de espetáculo do crescimento. Circos mambembes também anunciam espetáculos. Mas cobram pouco pelo ingresso e seus dirigentes evitam equiparar-se aos melhores do ramo.

Menos modesto e muito menos realista, o governo brasileiro insiste, no entanto, em se alinhar a emergentes muito mais dinâmicos, como se o uso de um crachá dos Brics fosse um atestado de competência e dinamismo. A presidente Dilma Rousseff esbraveja quando se cobra uma política mais eficaz contra a inflação, sem gastar um minuto para olhar outros latino-americanos, como Colômbia, Chile, Peru e México. Todos esses países têm crescido mais que o Brasil, nos últimos anos, com preços muito menos instáveis.

Este é outro detalhe do show mambembe: a inflação prevista para o ano está na vizinhança de 5,7% e mesmo essa projeção pode ser furada se as contas públicas forem administradas como até agora. Mais de uma vez, desde o fim do ano passado, o Banco Central chamou a atenção para a tendência expansionista das finanças federais. Esses componentes bastariam para fazer da exibição do Circo Brasil uma das mais constrangedoras, mas o programa oferecido ao distinto público é bem mais rico.

Outra grande atração do programa é a depredação das contas externas. O desastre poderá demorar um pouco, mas será inevitável se as tendências dos últimos seis ou sete anos forem mantidas. A partir de 2007 as importações têm sido mais dinâmicas que as exportações. Entre 2007 e 2012 o valor exportado aumentou 51%, de US$ 160,65 bilhões para US$ 242,58 bilhões, enquanto o custo dos bens importados cresceu 85%, de US$ 120,62 bilhões para US$ 223,15 bilhões. Esse poderia ser o efeito normal de uma estratégia de abertura econômica, mas a história é outra. Durante esse período o governo elevou as barreiras comerciais e o País se tornou muito mais protecionista. Esse protecionismo é parte da impropriamente chamada política industrial, mas os resultados têm sido abaixo de pífios. Com essa orientação o governo conseguiu, entre outros efeitos discutíveis, inflar os custos da Petrobrás, dificultar as compras de equipamentos para petróleo e favorecer a acomodação de alguns setores beneficiados.

Com ou sem barreiras de proteção, a indústria brasileira continua sujeita à concorrência de fabricantes mais competitivos e a erosão do saldo comercial amplia o déficit em conta corrente. Durante algum tempo o problema foi atribuído ao real valorizado. A valorização cambial atrapalhou, de fato, mas as demais desvantagens comparativas são muito mais importantes, a começar pela tributação incompatível com uma economia ligada, mesmo com limitações, ao mercado internacional. É até grotesco insistir na história do câmbio quando os caminhões se enfileiram nas estradas e o agronegócio brasileiro, um dos mais eficientes do mundo, mal consegue enviar seus produtos aos portos.

A deterioração das contas externas continua. De janeiro a março o País acumulou um déficit comercial de US$ 5,15 bilhões. Para tapar esse buraco e alcançar o superávit de US$ 15 bilhões ainda estimado pelo BC, o Brasil terá de conseguir nos nove meses restantes um saldo positivo de US$ 20,15 bilhões, maior que o de todo o ano passado, US$ 19,43 bilhões. A mediana das previsões do mercado financeiro estava em US$ 12,4 bilhões na semana passada. Em seu último informe conjuntural a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu para US$ 11,3 bilhões o saldo estimado para o ano. Em dezembro a projeção ainda era de US$ 18,1 bilhões.

O quadro fica mais feio quando se olham os detalhes: a exportação prevista é de US$ 253,4 bilhões, mais uma vez inferior à de 2011 (US$ 256 bilhões). No ano passado o valor ficou em 242,6 bilhões. A importação, US$ 242,1 bilhões, continuará em alta e será 7,03% maior que a de dois anos antes. Mesmo com o cenário internacional adverso, as vendas do agronegócio continuarão sustentando o resultado comercial. O PIB industrial, mesmo com crescimento previsto de 2,6%, continuará muito fraco, por causa das limitações estruturais. Os incentivos adotados pelo governo continuam favorecendo mais o consumo do que o investimento e a produção, mas o governo - por falha de percepção, por interesse eleitoral ou por uma combinação dos dois fatores - insiste nas medidas de curtíssimo alcance já experimentadas nos últimos dois anos.

O investimento deve aumentar 4% neste ano e puxar a expansão econômica de 3,2%, segundo a CNI. A projeção é bem menor que a divulgada em dezembro (7%), mas pelo menos indica uma composição mais saudável que a do ano passado. Se a previsão estiver correta, o valor investido mal compensará a redução de 4% registrada em 2012. Além disso, o País continuará aplicando muito menos que o necessário para sustentar durante alguns anos um crescimento econômico igual ou pouco superior a 4%. Se o Brasil investir 4% mais que em 2012 e a economia avançar os 3,2% estimados, a relação entre o investimento e o produto interno bruto (PIB) passará de 18,14% para 18,28%. Será uma variação irrisória. Além disso, o valor investido continuará muito longe dos 24% ou 25% apontados por muitos economistas como indispensáveis a um dinamismo mais parecido com o de outros emergentes.

O espetáculo mambembe do crescimento ainda se completa com cenas grotescas de avacalhação da máquina governamental. O número de ministérios aumenta, mais uma vez, para a acomodação de aliados, e mais estatais de valor muito duvidoso são criadas. O loteamento continua, com a participação de siglas e de líderes partidários afastados na faxina encenada em 2011. Mas uma boa parte do distinto público aplaude como se assistisse a um espetáculo de classe mundial.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Produção industrial volta a cair em 11 regiões

Em Minas Gerais, retração em fevereiro chegou a 11%; resultados decepcionaram na maior parte do País após o crescimento registrado em janeiro.

Daniela Amorim

RIO - As perdas na indústria de Minas Gerais puxaram o resultado negativo na produção industrial nacional na passagem de janeiro para fevereiro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A retração no parque industrial mineiro foi de 11,1% no mês. No entanto, a queda não foi localizada. Houve predominância de resultados negativos entre as regiões pesquisadas pelo instituto. São Paulo, embora tenha caído menos em fevereiro (com recuo de 0,5% na produção), respondeu pela segunda maior contribuição para o mau desempenho do País no período.

Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os resultados regionais da produção industrial brasileira contrastaram fortemente com os de janeiro.

No primeiro mês deste ano, em nove das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE em todo o País ocorreu aumento da produção. Já no mês de fevereiro, em 11 dessas localidades houve retra-ção.dos volume de produção.

"O movimento de gangorra observado na indústria em geral refletiu, portanto, o que ocorreu em praticamente todas as regiões do Brasil", avaliou o Iedi.

Automóveis. Em fevereiro, a indústria brasileira registrou redução de 2,5% na produção, devolvendo praticamente todo o crescimento de 2,6% de janeiro.

"Esse movimento claro de predominância de resultados negativos não ocorria desde setembro do ano passado (quando a indústria tinha recuado 0,7%)", ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

Aúltima vez em que houve um número maior de regiões com queda na produção foi em dezembro de 2008, quando 12 dos 14 locais investigados registraram resultados negativos.

Em fevereiro, Minas registrou redução na fabricação de automóveis, devido a paralisações por alguns dias e férias coletivas na indústria extrativa, que registrou menor produção de minério de ferro causada pela desaceleração do mercado interno e pela diminuição nas exportações; e na metalurgia básica.

"Apenas nesses três setores temos quase 50% da indústria mineira, todos claramente com comportamento negativo", disse Macedo.

O parque industrial mineiro disputa com o Rio de Janeiro o segundo lugar no ranking de maiores pesos sobre o total da indústria nacional.

São Paulo. O principal parque industrial do País é São Paulo. Embora o Estado tenha registrado uma retração na produção menor do que a da média nacional em fevereiro, a queda de 0,5% na produção paulista ainda teve á segunda maior contribuição para o recuo registrado no País em relação a janeiro.

"Muito do impacto negativo de São Paulo vem da importância do Estado na estrutura industrial do País. Então a queda abaixo da verificada no total nacional não impede que São Paulo tenha o segundo maior impacto para o recuo na indústria", explicou Macedo.

Em fevereiro, as atividades que mais pressionaram a média nacional para baixo também prejudicaram o resultado de São Paulo, com destaque para veículos automotores, setor farmacêutico, refino de petróleo,bebidas e alimentos.

Os setores em crescimento que ajudaram a tornar a queda mais moderada foram máquinas e aparelhos elétricos, máquinas e equipamentos, e aviões.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sobrou para o tomate

0 chuchu levou a fama pela alta da inflação em 1977. Hoje, o culpado é outro: a R$ 10,58 o quilo no DF, o tomate virou um dos vilões do custo de vida e tem sido boicotado pelas donas de casa.

À espera de um milagre

O governo está cruzando os dedos para que a inflação de março, que será divulgada na próxima sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se transforme no "milagre" que pode afastar a necessidade de alta da taxa básica de juros (Selic). Os indicadores preliminares calculados pela equipe econômica e pelo mercado financeiro mostram que são grandes as chances de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estourar o teto da meta, de 6,5%, no acumulado dos 12 meses, o que enterraria qualquer argumento do Banco Central para manter a Selic inalterada em 7,25% ao ano por mais tempo. "Ainda temos uma ponta de esperança, apesar de sabermos que, a curto prazo, o quadro não é bom para a inflação", disse um importante auxiliar da presidente Dilma Rousseff.

A expectativa da equipe econômica era de que, com a desoneração da cesta básica, os preços dos alimentos registrassem uma forte desaceleração em março. Mas, com a disparada dos preços dos hortifrútis, por causa do excesso de chuvas em algumas regiões do país, boa parte do corte de impostos foi anulada pelos reajustes nas feiras e nas gôndolas dos supermercados. O caso mais exemplar é o do tomate, cujo quilo está variando entre R$ 10 e R$ 14, provocando reações raivosas dos consumidores. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, porém, que o pior da inflação ficou para trás. Ontem, em São Paulo, ele afirmou que o custo de vida está caindo mês a mês.

"O IPCA de janeiro foi de 0,86%. Em fevereiro, ficou em 0,60%. Provavelmente, o de março será menor ainda", assinalou o ministro. Segundo ele, o aumento do custo de vida foi elevado em janeiro, por causa do regime de chuvas. Mas a tendência é de recuo nos reajustes, pois o país deverá ter uma safra recorde, ampliando a oferta de produtos. Mantega assegurou que, com o fim do período chuvoso, também os preços dos hortifrútis deverão ceder. "É no acumulado de 12 meses, que dá um número maior para a inflação. Mas o governo está atento, não permitirá que os preços fujam do controle. Tomaremos todas as medidas necessárias. Porém, estamos esperando uma safra melhor e o preço de alimentação, vilão da inflação, deve voltar a cair", assinalou.

Commodities

O otimismo de Mantega não encontra eco em todo o governo. Parte da equipe econômica ressalta que o nível atual da inflação exige ações que vão além do discurso. Ao mesmo tempo em que o custo de vida no país não dá trégua — 75% de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apontam alta —, já não é mais possível contar com a ajuda do exterior para manter o custo de vida em um nível aceitável. Diante da melhora da economia dos Estados Unidos e da Europa, que conseguiu debelar uma crise em Chipre, está cada vez mais claro que não haverá uma forte queda dos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais com cotação em bolsa) para derrubar a inflação.

"Ou seja, o quadro internacional está menos desinflacionário do que projetávamos. Muitos dos nossos problemas inflacionários terão de ser resolvidos por nós, contando um pouco com a sorte e com a diminuição das chuvas", frisou outro técnico do governo. "No nosso cenário, se realmente o BC tiver que aumentar os juros, a Selic ficará entre 8,25% e 8,50% ao ano. Não há por que ir além desse nível, pois os preços dos alimentos, que têm puxado a inflação, não são afetados pelos juros. O que se pretende, na verdade, com o aperto monetário, é retomar o controle das expectativas e a credibilidade do BC", acrescentou.

Fonte: Correio Braziliense

O utopista – Murilo Mendes

Ele acredita que o chão é duro
Que todos os homens estão presos
Que há limites para a poesia
Que não há sorrisos nas crianças
Nem amor nas mulheres
Que só de pão vive o homem
Que não há um outro mundo.