quinta-feira, 13 de junho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Marina Silva: distinção de partidos

Que seja feita a reparação da inconstitucionalidade e que a gente possa ter uma estabilidade para o processo democrático e segurança jurídica no processo político.

O voto contundente, mostrando de forma clara que nós não podemos ter partidos de primeira categoria e de segunda categoria e deputados de primeira categoria e de segunda categoria. Mostra claramente que este projeto é inconstitucional e é um atentado à democracia. É criar condições incompatíveis com a democracia. Não podemos dar um tratamento a um partido porque ele apoia o governo e dar um tratamento diferente a outros partidos porque não apoiam o governo. 

Marina Silva, ex-senadora, in Supremo suspende sessão sobre projeto que inibe criação de partidos, O Globo, 13/6/2013.

Manchetes de alguns dos principais jornais

O GLOBO
Credibilidade em xeque: Governo zera imposto para tentar segurar dólar
Para Dilma, economia está sob controle
Rocinha ganha PAC 2 sem concluir PAC 1

FOLHA DE S. PAULO
Governo de SP diz que será mais duro contra vandalismo
Presos em protesto são da periferia e de regiões nobres
Mantega recua e zera imposto para segurar a alta do dólar
Dilma Rousseff vê pessimismo em críticos do governo

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma diz que contas estão sob controle e ataca críticos
Contando os dias para Copa
Sem domínio sobre militantes, MPL mantém ato

VALOR ECONÔMICO
Meta exige um esforço fiscal de mais R$ 24 bi
Governo retira IOF em operação de derivativos
Chesf pode ser processada por atraso em obra
Disputa entre patrocinadores marca Copa das Confederações
Brasil é o menos protecionista entre os integrantes do G-20

BRASIL ECONÔMICO
Governo retira IOF para conter o câmbio
Dilma rebate crítica com Camões
Linha de crédito de R$ 18,7 bilhões

ESTADO DE MINAS
Economia de guerra
Destravada a ampliação de Confins
Duplicação: Licitação da BR-381 será aberta hoje
Transparência: PEC quer obrigar empresas estatais a revelar salários

O TEMPO (MG)
Governo retira IOF sobre venda de dólares no mercado futuro
Presidente Dilma Rousseff destaca que inflação e contas públicas estão sob controle
Emprego na indústria sofre 19ª queda na comparação anual, diz IBGE
Ministério Público pede suspensão do aumento de tarifas para acabar com protestos

CORREIO BRAZILIENSE
Meu caro futebol...
Presidente afirma ter inflação sob controle
Novas regras do FPE param na Câmara

GAZETA DO POVO (PR)
Professores atribuem falhas de aprendizagem a alunos e pais
Conselho impede TJ de aderir ao caixa único
Banda larga da Copel chegará a 11 cidades
Minha Casa dará crédito para móveis e eletros
Governo baixa tarifa de ônibus intermunicipal

ZERO HORA (RS)
Colheita Farta - Soja turbina o PIB gaúcho
Precatórios: Estado faz mutirão para saldar dívidas

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Morte expõe descaso
Acaba greve nas escolas particulares
Dólar atinge maior cotação em quatro anos

Dilma diz que contas estão sob controle e ataca críticos

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem não haver "a menor hipótese" de descontrole da inflação e chamou de "leviandade política grave" os ataques da oposição à política econômica do governo. Ela falou na cerimônia de lançamento de linha de crédito de R$ 5 mil para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida para a compra de móveis e eletrodomésticos. O pacote de R$ 18,7 bilhões é mais uma tentativa do governo de estimular o consumo. Apesar da fala da presidente, o mercado teve um dia turbulento, com dólar em alta e bolsa em queda. A moeda americana fechou cotada no maior patamar desde 30 de abril de 2009, em R$ 2,152 - com máxima de R$ 2,157. À noite, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que eliminará, a partir de hoje, uma trava que pode reduzir a cotação do dólar. O governo não vai mais cobrar 1% de IOF de derivativos cambiais.

Dilma compara oposição a "Velhos de Restelo" e nega descontrole da inflação

Contra o pessimismo. Presidente aproveita anúncio de crédito para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida para atacar críticos do governo e chama movimento dos adversários de "leviandade política grave; marqueteiro sugeriu usar evento para vender otimismo".

Vera Rosa

BRASÍLIA - Pressionada pela queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff usou ontem a cerimônia do anúncio de crédito para compra de móveis e eletrodomésticos aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida para mandar um recado à oposição que tem atacado a alta de preços na tentativa de desconstruir o governo. Em tom veemente, Dilma disse não haver "a menor hipótese" de descontrole da inflação ou das contas públicas e partiu para a ofensiva, definindo o movimento dos adversários, a um ano e quatro meses da eleição, como "leviandade política grave".

"Eu queria dizer para todos os brasileiros: não há a menor hipótese que o meu governo não tenha uma política de controle e combate à inflação. Não há a menor hipótese", reagiu a presidente. "Todos os que apostam nisso são os mesmos que, no início deste ano, apostaram que ia haver um problema sério com o fornecimento de energia no País. (Isso) sumiu e desapareceu de todos os jornais, porque não era real", emendou Dilma, numa referência ao senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e provável candidato à Presidência, que previu um apagão no País.

Orientada pelo marqueteiro João Santana, Dilma aproveitou a cerimônia para "Vender" otimismo e desqualificar a oposição. Para tanto, mirou nos movimentos chamados por ela de "localizados, especulativos e que fazem mal ao País".

A avaliação do Planalto é de que o tombo da presidente nas pesquisas está relacionado a um "inferno astral" que se abate sobre o governo. Por esse diagnóstico, o desgaste na imagem de Dilma seria provocado não apenas pelo pessimismo em relação aos rumos da economia e ao temor do desemprego como também por boatos sobre o fim do Bolsa Família, entre outros motivos.

Recado aos "Velhos". Sem esconder a irritação com comentários de que o governo é "leniente" com a inflação e adota uma política de vaivém na economia, Dilma comparou os opositores ao Velho do Restelo, personagem pessimista de Luís de Camões que aparece em seu clássico Os Lusíadas.

Ao seu estilo, Dilma seguiu a linha adotada pelo antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Em linguagem mais popular, Lula dizia que os adversários torciam para a "urucubaca" do Brasil.

"Esse velho ficava sentado na praia azarando. O velho dizia o seguinte: "Não vai dar certo, não vai dar certo". É um personagem que encontra eco através da história", insistiu Dilma. "Muitos Velhos do Restelo apareceram nas margens das nossas praias. Hoje, o Velho do Restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil."

Após o discurso da presidente, ministros reforçaram o recado. "A oposição tenta pintar o céu com cores mais sombrias e algumas vezes se parece com aquela hiena do desenho animado, que dizia "Ó céus, ó vida, ó azar"", ironizou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Foi um recado muito bem dado da presidente. Espero que entendam", resumiu o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Mago às mulheres. A cerimônia no Palácio do Planalto foi preparada sob medida para Dilma não só reagir às críticas sobre a escalada da inflação, que provocam insegurança nos eleitores, mas também para fazer um afago às mulheres, faixa do eleitorado em que a presidente perdeu mais apoio, em todas as regiões do País.

Ao anunciar uma linha de crédito especial de R$ 5 mil para cada beneficiário do Minha Casa, Minha Vida comprar móveis e eletrodomésticos, Dilma se referiu diretamente a "elas". "Tem o lado que, pra mim, é muito importante, que é o lado das mulheres desse País", discursou. "É o acesso, por exemplo, à máquina de lavar roupa automática. Porque uma coisa é o tanquinho, que usa a energia braçal das mulheres, outra coisa diferente é a máquina de lavar automática."

Com subsídio da Caixa Econômica Federal, o novo programa do governo, batizado de Minha Casa Melhor, tem. apelo popular linha de crédito de R$ 18,7 bilhões para cerca de 3,4 milhões de famílias. Os juros do empréstimo serão de 5% ao ano e o prazo de pagamento foi fixado em 48 meses.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma não pode deixar seu humor ser afetado pelas pesquisas, diz Aécio

Oposição reage aos ataques da presidente, e governistas elogiam governo petista

Maria Lima

BRASÍLIA — Os ataques feitos pela presidente Dilma Rousseff à oposição, na solenidade de lançamento nesta quarta-feira do programa Minha Casa Melhor, provocou um acalorado embate entre governistas e tucanos no Senado. Para reagir aos críticos de sua política econômica, a presidente repetiu a comparação, já feita em outros discursos, com o personagem do pessimista “velho do restelo”, da obra “Os lusíadas”, de Camões. Dando eco aos ataques de Dilma, o ex-líder do PT Humberto Costa (PT-PE) ocupou a tribuna para elogiar o programa e acusar a oposição e setores da grande mídia de fazer terrorismo econômico e político para desgastá-la.

Em resposta, o pré-candidato do PSDB a presidência, Aécio Neves (MG) , ironizou que Dilma está ficando nervosa e perdendo o humor por causa da queda nas pesquisas.

— A presidente não pode deixar seu humor ser afetado pelas pesquisas. É preciso que ela tenha muita serenidade para enfrentar os problemas que são reais e estão afligindo o País. Não deve deixar se impactar tanto só por uma simples pesquisa. Não serão ataques fortuitos e fora do tom à oposição que vão resolver os problemas do descontrole da inflação — respondeu Aécio.

Em sua reação aos críticos, Dilma copiou discurso feito pelo governador Marcelo Déda durante solenidade de inauguração de uma ponte em Sergipe, no inicio do ano. Hoje ela usou novamente o personagem do “velho do restelo” para atacar o pessimismo dos críticos.

— Era um velho que ficava sentado na praia azarando, dizendo que as coisas não iam dar certo e que aquilo era uma manifestação de vã glória, ou seja, vaidade e impulso para o desconhecido e a derrota — afirmou, completando:

— Hoje, o velho do restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil. Esse programa é mais um som contra o velho do restelo.

O discurso de Dilma foi elogiado pelo senador Humberto Costa no plenário do Senado. Além de dizer que o programa lançado era mais uma medida para melhorar a vida dos pobres brasileiros, ele disse que era preciso aproveitar momento para combater aqueles que querem produzir, no Brasil, terrorismo econômico e terrorismo político para tentar desgastar o governo.

— Um governo que não só tem conseguido fazer o país navegar por esses mares revoltos da crise internacional, como também tem feito o Brasil crescer, desenvolver-se, gerar emprego e melhorar a vida do nosso povo. Na verdade, esses vaticínios terroristas não vão abalar a população brasileira — disse Humberto Costa.

Alysio Nunes diz que Dilma vai acabar indo a “aniversário de bonecas”

No embate, o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) respondeu a Humberto Costa que há muito tempo não o chamavam de “terrorista”. Em seguida, ao se referir à comparação de Dilma com o Velho do Restelo, detalhou o contexto do personagem, que , ao assistir a partida das naus rumo ás Índias, sob o comando do grande descobridor português Vasco da Gama, fazia imprecações sobre os perigos da travessia. Aí, o tucano disse que Dilma se colocava erroneamente no lugar do grande navegador.

— Quem dera a Presidente Dilma fosse Vasco da Gama. Vasco da Gama era um homem ousado, um homem audaz, um homem que ousou enfrentar uma navegação “por mares nunca dantes navegados”, na expressão de Camões, sem contar com os instrumentos modernos que permitem orientar a navegação.
Valendo-se apenas dos instrumentos de medição da distância dos astros, ele resolveu abrir a rota de Portugal para as Índias. E teve sucesso.

— A Presidente Dilma, infelizmente, está longe de ser um Vasco da Gama, um homem ousado, que ousou a navegação em mares nunca dantes navegados. Está longe de ter as qualidades de um comandante, do Comandante Vasco da Gama. Ela se contenta a uma navegação de cabotagem: vai de um ponto a outro na costa; às vezes se aventura a uma ilha e, muitas vezes, passa de raspão pelos recifes que bordejam o litoral — disse Aloysio Nunes, que também criticou o excesso de solenidades: — Daqui a pouco vamos ver a presidente indo a aniversário de bonecas

Os senadores da oposição chamaram o programa Minha Casa Melhor de “populista” e “demagógico”. Criticaram também o fato de os recursos serem tirados do FGTS.

— A presidente Dilma continua fazendo cortesia com o chapéu alheio. Já fez isso tirando recursos de estados e municípios. Fez cortesia com o chapéu alheio também ao perdoar a dívida de países africanos. Agora, depois de comprometer os recursos do FGTS com o Minha Casa Minha Vida, utiliza de forma ainda mais crescente os fundos do FGTS com esse novo programa — criticou o senador Álvaro Dias.

Humberto Costa disse que o que tenta se criar é um clima artificial de descontrole da inflação e da economia. Disse que há no País “visões catastróficas”, que preço do tomate caiu , mas ninguém pediu desculpas por isso.

— Se a população olhar para o jornal, ela vai ver a catástrofe iminente, mas, se olhar para a vida, ela vai ver que tem a sua casa; ela vai ver que tem o seu emprego; ela vai ver que seus filhos estão na escola, quando não, muitas vezes, na universidade; ela vai ver que pôde adquirir um automóvel; ela vai ver que pôde cultivar esperança no seu futuro — disse Humberto Costa.

— Acho que o pior dos caminhos é não fazer o diagnóstico correto , o que leva a decisões equivocadas. Os 14% de aumento dos preços não é só um crescimento virtual. A perda da credibilidade externa é fruto da intervenção exagerada na economia. E não é a oposição quem diz que há uma deterioração da economia, são as agências de rating — disse Aécio.

Fonte: O Globo

Serra busca alternativas para enfraquecer Dilma

Ex-governador tucano pode até mesmo aderir ao MD para tirar votos da presidente no estado de São Paulo

BRASÍLIA - Nos últimos dias, o ex-governador de São Paulo José Serra começou a explicitar de forma direta sua intenção de atuar em uma estratégia da oposição para tentar impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Com esse argumento, diz que continua disposto a se candidatar a presidente da República. A interlocutores, Serra tem reiterado que tem "muita energia e muita disposição para disputar de novo a eleição para presidente". Porém, sustenta que não seria para prejudicar o colega de partido, o pré-candidato e senador Aécio Neves (MG).

As articulações, segundo contam os interlocutores de Serra, são no sentido de ampliar o campo das oposições e melhorar o desempenho dos adversários de Dilma em 2014, garantindo, assim, ao menos o segundo turno. A ideia, dizem, é enfraquecer Dilma, mesmo que isso represente sua saída do PSDB.

No PSDB, Serra tenta convencer os colegas de que não fará nada contra Aécio porque "o momento é único" para tirar o PT do poder. Em sua estratégia, dizem aliados, ele teria três alternativas: ficar no partido para ajudar Aécio; sair do PSDB para apoiar Eduardo Campos; ou entrar no MD para ser candidato e tirar votos de Dilma em São Paulo.

- Fica claro que Serra pode seguir vários caminhos para enfrentar Dilma. Sempre dentro de uma estratégia da oposição para tirar votos dela em São Paulo. Serra está consciente de que esse não pode ser um projeto para tirar votos de Aécio - garante um dos seus interlocutores no Congresso.

O pré-candidato Aécio Neves reforça o discurso:

- Na longa conversa que tive com o Serra, antes da convenção do PSDB, ele deixou claro que o inimigo a combater era o PT. E que estaríamos juntos para derrotar o PT.

Para não criar mais desconfiança entre os tucanos, Serra tem repetido que não quer prejudicar Aécio, inclusive em conversas com o ex-presidente Fernando Henrique. O presidente do MD, Roberto Freire, afirma que Serra está disposto a atuar com destaque nas eleições do ano que vem.

- Ele está com toda a disposição para continuar atuando politicamente - disse o presidente do MD, que esteve com Eduardo Campos (PE), quando o socialista assegurou que continua candidato.

Fonte: O Globo

Campos, ressalvas à política econômica de Dilma

Débora Duque

A despeito dos rumores de que estaria prestes a dar um passo atrás em seu projeto presidencial, o governador Eduardo Campos (PSB) voltou a aproveitar o mote econômico para lançar questionamentos sobre o governo federal. No dia em que a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou a abertura de linhas de crédito para subsidiar a compra de eletrodomésticos e móveis para os beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida", o socialista afirmou que as políticas de estímulo ao consumo "não resolvem" os problemas da economia do País."Se você me perguntar se ajuda ou atrapalha, eu digo que ajuda mais do que atrapalha. Agora, resolve? Só isso não resolve. Isso é um consenso. Até os economistas do governo que estão no Ministério da Fazenda sabem que é preciso fazer mais", disse. De acordo com Eduardo, é necessário, neste momento, aumentar os investimentos públicos e privados, além de intensificar as exportações.

Na condição de "aliado" da presidente, ele reconheceu que o governo federal tem tentado seguir essa receita ao iniciar, por exemplo, os processos de concessões públicas de rodovias, ferrovias e portos. "O governo está querendo animar os investimentos. O que acontece é que as políticas na direção do consumo terminam tendo solução mais rápida. São coisas que saem do papel com maior rapidez do que o investimento, que é mais complicado e é o que o precisamos neste momento".

Ao mesmo tempo em que fez suas ressalvas sobre o campo econômico, Eduardo criticou, sem citar nomes, quem se utiliza da queda da aprovação do governo Dilma ou dos baixos índices de crescimento na economia para extrair ganhos eleitorais. Disse que a "oposição" precisa "pensar o Brasil" junto com os aliados do governo. "Tanto nós que somos da base e os que estão na oposição que, um dia, podem voltar ao governo e que, hoje, já governam Estados importantes, têm que pensar no Brasil, naquilo que é importante fazer agora para ajudar o País e animar a economia".

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Para Campos, FHC é 'exemplo a ser seguido'

Virtual candidato do PSB à Presidência disse que tucano foi protagonista de 'um bom momento na história do País'

Angela Lacerda

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB Eduardo Campos (PSB) disse nesta quarta-feira, 12, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) é um modelo a ser seguido na política por ter protagonizado, segundo a avalição de Campos, "um bom momento da história do País". O socialista, potencial candidato à Presidência em 2014, elogiou o tucano e afirmou também que "o viés eleitoral acelerado que se vive hoje" atrapalharia, inclusive, na costura da coalizão.

"Vi, durante a campanha de 2002 o presidente Fernando Henrique chamar ao palácio todos os candidatos a presidente da República para discutir a questão do Brasil naquela hora, quando havia uma crise cambial batendo às portas, havia necessidade do Fundo Monetário Internacional (FMI)", disse, em entrevista, depois de nomear 350 médicos para reforçar os quadros das unidades hospitalares do Estado.

Indagado se a presidente Dilma deveria fazer o mesmo, ou se ainda era muito cedo, ele explicou: "Quis dizer com isso que naquele tempo quem era oposição é governo hoje e nós atendemos, todos os candidatos foram ao presidente Fernando Henrique, os que nós apoiávamos adotaram postura de responsabilidade".

"É importante que a gente aprenda com estes bons momentos da história onde as pessoas podem deixar as ambições de lado e pensar no futuro do País", destacou, ao ser indagado sobre declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para quem seria natural a oposição torcer por "uma quedinha" na popularidade da presidente Dilma.

Campos defendeu que tanto os que estão na base do governo quanto os que estão na oposição precisam ter "uma posição responsável" e pensar no que é importante fazer agora para ajudar o Brasil a se animar, a animar a economia. "Quem pensa em ganhar eleição, tem de ganhar pelos méritos e não pelos deméritos de alguém".

Segundo turno. Sobre a confiança do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, quanto à realização de segundo turno nas próximas eleições presidenciais, a partir das últimas pesquisas de avaliação da popularidade da presidente, o governador afirmou respeitar a opinião do senador, mas disse que "fazer previsão de eleição com um ano e seis meses de antecedência é muito arriscado". Para ele, mais significativo é o fato de que as últimas três eleições presidenciais no Brasil tiveram dois turnos. "É mais expressivo do que qualquer pesquisa que se exercite neste momento", pontuou, revelando a sua crença na realização de dois turnos nas eleições de 2014.

Quinto filho. Campos, de 47 anos, vai ser pai pela quinta vez. Ele confirmou nesta quarta que sua mulher, Renata Campos está grávida de um mês. O casal tem Maria Eduarda, de 21 anos, João, 20, Pedro, 17 e José, oito. "Estamos muito felizes", afirmou ele, ao contar que o caçula é o mais animado com a novidade e já começou a escolher os nomes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A queda de Dilma e um ciclo que se esgota no Brasil - Roberto Freire

Ao contrário do que os áulicos do governo petista vinham apregoando, a reeleição da presidente Dilma Rousseff não está assegurada por antecipação. Os números divulgados pela mais recente pesquisa do Datafolha mostram uma queda vertiginosa na avaliação positiva da administração federal e grande preocupação dos brasileiros com a escalada da inflação e a crise econômica. Dilma perdeu oito pontos percentuais na avaliação boa ou ótima de seu governo, despencando de 65% para 57% em relação à pesquisa anterior, de março.

A queda no apoio à presidente é ampla e consistente, registrada entre homens e mulheres e em todas as regiões do país, faixas de renda, idade e escolaridade.

Para 51% dos entrevistados, a inflação vai subir (eram 45% em março), enquanto apenas 12% creem que cairá (ante 18% do último levantamento). Nada menos que 80% dos brasileiros dizem que sentiram a elevação nos preços dos alimentos nos últimos 30 dias, ao passo que somente 3% afirmam ter notado uma redução. São 36% os que projetam um aumento do desemprego (eram 31% em março), ante 27% que preveem uma queda na taxa de desocupação (14 pontos a menos que os 41% da última pesquisa). Até mesmo o programa mais incensado pela propaganda oficial, o Bolsa Família, que repagina práticas coronelistas tão criticadas pelo próprio PT no passado, teve sua credibilidade comprometida por escândalos recentes.

O esgotamento do ciclo petista resulta de uma crise gerada pela irresponsabilidade do governo Lula, que em 2010 patrocinou um verdadeiro descalabro nas contas públicas com o único intuito de eleger a sucessora. Além da pesada herança do antecessor, as trapalhadas de Dilma e sua equipe econômica legaram ao país um crescimento pífio de 0,6% do PIB no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2012. O desempenho da economia é tão medíocre que analistas do mercado financeiro têm reduzido sistematicamente suas projeções para o PIB em 2013.

Na sucessão de más notícias que começam a corroer a popularidade da presidente, também figura o maior deficit da história da balança comercial brasileira, de US$ 5,4 bilhões de janeiro a maio, além de recordes no endividamento das famílias, desindustrialização, infraestrutura precária, entre outros gargalos de um país que não cresce e, ao mesmo tempo, vê diminuir o poder de compra de sua população.

A percepção generalizada de que o governo Dilma não tem capacidade para resolver esses problemas também levou a uma queda de sete pontos percentuais nas intenções de voto na presidente em uma simulação do Datafolha para a disputa pelo Planalto em 2014. Assim como era um equívoco do governismo projetar que a reeleição de Dilma estava sacramentada, seria precipitado descartá-la como candidata competitiva a 16 meses do pleito. O que os números indicam, entretanto, é que o embate eleitoral certamente será muito mais acirrado do que o PT imaginava. Neste contexto, a unidade da oposição, embora não restrita a uma única candidatura, é uma excelente notícia para a democracia.

O modelo petista está saturado, e quem diz isso não são as oposições ou os institutos de pesquisa. É a população, que vive diariamente uma realidade econômica cada vez mais difícil.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS/MD

Fonte: Brasil Econômico

Crise de confiança

Agora é o mundo todo que percebe o que os brasileiros veem todos os dias: a gestão da nossa economia é caótica, temerária, irresponsável. Não são apenas investidores que estão ressabiados. É também o brasileiro comum, que vê seu dinheiro acabar antes do fim do mês e as perspectivas turvarem-se, sem conseguir enxergar no governo de turno a capacidade necessária para superar o momento de dificuldades. O país enfrenta uma crise de confiança.

Até pouco tempo atrás, o Brasil esteve às voltas com problemas internos, decorrentes da incompetência do governo Dilma em resolver os entraves que dificultam o desenvolvimento do país. Mas, de alguns dias para cá, a situação mudou. Agora, é o mundo todo que percebe o que os brasileiros veem todos os dias: a gestão da nossa economia é caótica, temerária, irresponsável. O país enfrenta uma crise de confiança.

A onda de más notícias vem se avolumando nas últimas semanas. É o pibinho, a inflação nas alturas, os juros em alta, o dólar em escalada, o rombo na balança comercial, o déficit nas contas externas, a completa balbúrdia na gestão das contas públicas.

A este caldo de maus resultados, o governo da presidente deu de ombros. Manteve-se descuidado com os interesses do país, dedicando-se de maneira excessiva e extemporânea a uma disputa eleitoral cujo desfecho só se dará daqui a mais de 15 meses. Parece ter dado de barato que o terreno até lá estaria aplainado, mas derrapou na primeira curva que apareceu.

O caldo indigesto engrossou com o anúncio da perspectiva de rebaixamento da nota de crédito do país pela Standard & Poor's, feito na semana passada. E ficou ainda mais apimentado com a percepção, trazida pelo Datafolha, de que a população está sentindo no bolso que a situação vai mal e tende a piorar: os 51% que até março achavam que as condições econômicas do país iriam melhorar caíram agora para 39%, empurrando a popularidade de Dilma para baixo.

O pessimismo não se limita a questões de momento, mas se deve, em especial, a uma deterioração das expectativas quanto ao futuro, o que é mais sério. Todos os fatores que os brasileiros hoje temem tendem a ficar piores amanhã: a inflação, o desemprego, a situação econômica geral.

De tudo isso, resulta uma crise de confiança no país. Não são apenas investidores que estão ressabiados. É também, e principalmente, o brasileiro comum, que vê seu dinheiro acabar antes do fim do mês e as perspectivas turvarem-se, sem conseguir enxergar no governo de turno a capacidade necessária para superar o momento de dificuldades.

O dinheiro que antes irrigava nossa economia, permitia a geração de emprego e alimentava o consumo vai escasseando. As empresas começam a enfrentar sérios apuros, seja de endividamento, seja de crédito. Só neste trimestre, as maiores companhias do país viram suas dívidas crescer R$ 5,7 bilhões, comendo um quarto dos lucros acumulados no início do ano, segundo O Globo.

Os brasileiros voltaram a ouvir termos há muito esquecidos. A "disparada do dólar” está de volta, encarecendo produtos (inclusive bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos), empurrando a inflação ainda mais para cima e ameaçando os ganhos das companhias. Sem lucro, o investimento privado não acontece e a produção não sobe, o emprego não vem, a inflação persiste.
O "risco-país” ressuscitou e, como um morto-vivo, voltou a amedrontar, com alta de 25% em apenas 30 dias. Também no último mês, o custo de proteção contra um calote da dívida brasileira registrou a maior alta entre os principais mercados do mundo. Quem tem dinheiro quer distância do Brasil – ainda mais quando os EUA voltam a se mostrar um porto seguro e rentável. Até nosso Banco Central já tem diretor demissionário, como mostra o Correio Braziliense.

Sinal também evidente da desconfiança em relação ao país é o comportamento dos investidores em ações de empresas. Entre as principais praças globais, a bolsa brasileira é a que mais cai neste ano: queda de 18,35% até ontem, com nossas empresas perdendo US$ 162 bilhões em valor de mercado desde janeiro.

A crise é generalizada e visível, menos para Guido Mantega, que faz, na Folha de S.Paulo, juras de amor ao superávit primário que sua gestão descumpriu em três dos quatro últimos anos – e depois de aumentar as despesas federais em R$ 150 bilhões (quase 1% do PIB) desde 2010. Acena até com a obtenção de um déficit nominal zero que Dilma, outrora, considerou "rudimentar”. Alguém há de crer?

"Chegou ao fim, pelo menos para os países emergentes, a era de experimentalismos em matéria de política econômica. Começa a se fechar a janela de oportunidade, propiciada pelo excesso de liquidez no mundo, para realização de reformas estruturais. O Brasil está saindo do ciclo internacional de liquidez com inflação mais alta, crescimento menor, baixa taxa de investimento, déficit externo crescente, deterioração das contas públicas e credibilidade abalada”, resume Cristiano Romero no Valor Econômico, em análise que é leitura obrigatória.

O governo da presidente Dilma Rousseff não soube caminhar num ambiente de razoável estabilidade e recuperação econômica, como foram os últimos meses. E não demonstra ter a menor condição de sair-se bem numa turbulência como a que se avizinha. O que antes era razoavelmente simples, agora ficou praticamente impossível. Os motores vão sendo desligados, o país caminha para parar de vez. Infelizmente.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela.

Juros altos, privatizações...OK! Intocáveis são os gastos eleitorais – Jarbas de Holanda

Os sinais de desgaste da popularidade e do favoritismo da presidente Dilma Rousseff por efeitos da inflação, do arrefecimento do consumo e de preocupações geradas por indicadores negativos da economia, já percebidos a partir do início de maio pelo Palácio do Planalto e pelo estado-maior da campanha reeleitoral e confirmados na recente pesquisa do Datafolha, explicam a verdadeira guinada que começou a ser aceita e justificada por ambos em relação à política monetária e para o reforço da aposta nas concessões na infraestrutura a investidores privados, sobretudo estrangeiros. Com o sacrifício de uma bandeira que a própria presidente havia preparado e antecipado: a dos juros baixos do seu governo (combinada com a da ampliação do papel dos bancos públicos no sistema financeiro). E com o descarte, completo, da retórica lulopetista de demonização das privatizações promovidas nos governos FHC (e bem utilizadas pelas administrações tucanas dos estados de São Paulo e Minas Gerais); quando o Executivo dilmista partiu para refazer, várias vezes, os critérios de concessões e PPPs para tentar viabilizá-las rendendo-se às regras de mercado. Paralelamente, o governo fez ou está fazendo outra inflexão política, para se aproximar das atividades dos produtores agrícolas: esvaziando o peso da direção esquerdista da Funai na demarcação de terras reivindicadas por grupos indígenas. Além do empenho oficial pela reforma, positiva, do sistema portuário, quase inviabilizada pelo precário e tortuoso relacionamento do Executivo com o Congresso.

Mas a guinada, pragmática, imposta pela realidade da economia, que forçou a mudança da política monetária e o recuo do forte dirigismo estatal nos processos de privatização de empreendimentos de infraestrutura, essa guinada não se estendeu ao tratamento da causa central, básica, do frustrante desempenho da economia e do horizonte negativo que ela tem à frente: o aumento dos gastos públicos, que se intensifica com maior drenagem de verbas para despesas de custeio e para ações assistencialistas, diretas ou por meio de desonerações e subsídios de alto custo fiscal. Aumento que gera outra distorção igualmente grave e usada para mascará-lo: a crescente deterioração do manejo das contas públicas, responsável maior pela erosão da credibilidade, interna e externa, de nossa economia.

Quanto à continuada expansão desses gastos, ninguém melhor para avaliar seus malefícios que Delfim Netto (a quem se atribui ou atribuía a função de um dos conselheiros da presidente Dilma), como o fez numa entrevista ao Estadão, de domingo último, em reportagem intitulada “Sem ajuste fiscal, taxa de juros vai a dois dígitos”. Trechos da entrevista: “O Banco Central (BC) terá de elevar os juros para uma taxa de dois dígitos para combater a inflação, caso o governo não contribua com um ajuste fiscal (redução dos gastos públicos), afirmou o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Antonio Delfim Netto. ‘Se deixar tudo (o combate à inflação) na mão do BC, e se ele for cumprir o seu papel, isso vai gerar uma recessão muito mais profunda do que em qualquer outra condição’ – disse Delfim”. “Para ele, a presidente Dilma Rousseff deveria buscar o déficit nominal zero (ou seja, uma economia para pagar todas as despesas do governo, incluindo os juros da dívida), pois um controle rigoroso das contas públicas é fundamental para restaurar a credibilidade da política econômica”.

A retomada por Delfim do déficit nominal zero (base de proposta articulada no início da segunda metade do primeiro governo Lula por ele e pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci, e em seguida rejeitada como “rudimentar” pela sucessora de José Dirceu na Casa Civil, Dilma Rousseff) conta, porém, agora, com menos possibilidade ainda de acolhimento por chocar-se com a dinâmica de persistência e ampliação do assistencialismo, grande prioridade da campanha reeleitoral da presidente. Dinâmica que agrava o cenário de “Inquietante deterioração das contas públicas”, tema de editorial (com este título) do Valor, de anteontem. Trecho da matéria: “O Tesouro Nacional está antecipando receitas e adiando despesas – tal como um prefeito, quando ainda podia, resolvia suas demandas com operações de Antecipação de Receitas Orçamentárias (ARO) – sem qualquer preocupação com transparência. Não se tem indicação de quanto pesarão nos orçamentos futuros os compromissos que estão sendo assumidos agora, sejam com as concessões de subsídios ou com emissões de títulos da dívida pública”.

Jarbas de Holanda é jornalista

Mais demagogia eleitoreira – O Estado de S. Paulo / Editorial

O Tesouro terá de subsidiar o novo programa de estímulo ao consumo, o Minha Casa Melhor, lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff. Financiamentos no valor total de R$ 18,7 bilhões serão oferecidos aos clientes do programa Minha Casa, Minha Vida para comprar móveis e eletrodomésticos. Poderão ser beneficiados 3,4 milhões de famílias, segundo estimativa oficial. Não há relação entre a nova iniciativa e a queda de popularidade da presidente, garantiu o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. "Estou muito entusiasmada", disse a empresária Luiza Trajano, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, qualificou o programa como "positivo". Ninguém esclareceu, no entanto, se novos incentivos ao consumo contribuirão para aumentar a produtividade, a capacidade de oferta e o poder de competição da indústria, apontados por analistas nacionais e estrangeiros como principais obstáculos ao crescimento do setor e à exportação de bens manufaturados.

Está prevista, por enquanto, a transferência de R$ 8 bilhões para capitalização da Caixa Econômica. O Banco do Brasil também participará do financiamento aos consumidores, mas apenas como correspondente. O repasse à Caixa será realizado por meio de um instrumento híbrido de capital e dívida, o mesmo usado há poucos dias para a concessão de R$ 15 bilhões, sem prazo de restituição, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O novo programa envolverá, portanto, mais compromissos para o Tesouro, apesar das dúvidas cada vez mais inquietantes sobre a capacidade do governo de alcançar um resultado fiscal razoável neste ano. Também há dúvidas sobre a origem real dos recursos, porque dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) tem sido usado há alguns anos, sem muita cerimônia, para custear despesas de responsabilidade de outras fontes.

Desde março do ano passado o Tesouro deixou de transferir ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço cerca de R$ 4 bilhões relativos aos 10% adicionais recolhidos por demissões sem justa causa. Além disso, o governo tem deixado de cobrir sua parte nos subsídios a famílias de baixa renda participantes do Minha Casa, Minha Vida.

Mas a presidente Dilma Rousseff mostrou-se, no lançamento do programa, tranquila em relação aos fundamentos da economia. Segundo ela, é importante as pessoas terem uma visão do futuro condizente com a realidade atual. "E a situação real", acrescentou, "é de inflação sob controle e contas públicas sob controle." Não é esse o cenário apontado pelos principais indicadores divulgados no dia a dia. A inflação é alta e resistente, admitiram os dirigentes do Banco Central, há poucos dias, ao justificar a nova elevação de juros. Negam descontrole, mas ampliaram de 0,25% para 0,5% a elevação da taxa básica, num inequívoco sinal de preocupação. Além disso, qualificaram como expansionista a política fiscal e chamaram a atenção para a importância do cumprimento integral da política fixada para as contas públicas, com superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Facilitar o acesso da clientela do Minha Casa, Minha Vida a novos móveis, aparelhos de TV, geladeiras, fogões, lavadoras e computadores seria muito mais meritório se essa política produzisse efeitos de longo alcance.

Tal como foi desenhada, beneficiará alguns setores da indústria e do comércio, mas ficará longe de oferecer uma perspectiva de médio prazo aos empresários, de aumentar sua segurança para o investimento produtivo e de criar condições duradouras para a geração de empregos. Consumirá recursos públicos, no entanto, e tornará mais difícil o retorno a uma política fiscal responsável, condição importante para a expansão econômica segura e para a estabilidade de preços. Valerá por um ano e, com a aproximação das eleições, talvez seja prorrogada.

É mais um ato populista. Atrairá alguns aplausos, mas de nenhum modo reforçará a abalada credibilidade do governo.

Supremo suspende sessão sobre projeto que inibe criação de partidos

Gilmar Mendes diz que STF pode analisar se projeto sobre criação de partidos é Constitucional e que proposta é casuística

Carolina Brígido

BRASÍLIA — Os ministros do supremo Tribunal Federal (STF) decidiram interromper e continuar na quinta-feira o julgamento que vai decidir, em definitivo, se será arquivada ou não a tramitação do projeto que inibe a criação de partidos. Eles afirmaram que nesta quarta-feira não daria tempo de todos ministros votarem. No começo da sessão, o ministro Gilmar Mendes manteve sua posição. Segundo ele, houve casuísmo na apresentação da proposta, pois afeta diretamente partidos que serão criados para disputar as eleições presidenciais de 2014.

O ministro falou por duas horas e meia. Em seguida, a sessão foi interrompida para breve intervalo e, na volta, eles decidiram deixar o julgamento para amanhã. Além disso, a ministra Cármen Lúcia, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não está presente. Ela está em viagem a trabalho para a Itália.

No início do voto, Gilmar argumentou que o STF admite o julgamento da constitucionalidade de uma proposta parlamentar mesmo antes de sua aprovação pelo Congresso Nacional. Críticos da liminar acusaram o ministro de antecipar uma discussão que sequer fora concluída no Parlamento. Para o ministro, a simples tramitação do projeto de lei já fere o direito das minorias, pois inibe a criação de novos partidos em um momento decisivo para a disputa eleitoral de 2014.

— A simples tramitação casuística e em velocidade recorde do PLC (projeto de lei complementar) já representa um forte empecilho à viabilidade das legendas. Para o partido que já está em processo de consolidação e fazimento, o efeito é inibitório, um pré efeito. O projeto esmaga as minorias políticas que começam a se organizarem como alternativa eleitoral — afirmou.

Ele argumentou que a liminar interrompeu uma injustiça contra as minorias no Congresso:

— A concessão da medida liminar no mandado de segurança nada mais fez que garantir o processo democrático e assegurar os direitos das minorias políticas que estavam sendo usurpados pela maioria parlamentar.

Ministro convida colegas a arquivar projeto

Para o ministro, o projeto impõe o tratamento desigual entre partidos políticos, em desobediência à Constituição Federal.

— A constituição federal distinguiu os partidos que têm representação no Congresso Nacional daqueles que não têm representação. Todavia, não faz a Lei Maior distinção do momento em que é auferida a agremiação partidária, se no momento anterior ou posterior à eleição — explicou.

Gilmar ressaltou que, no processo eleitoral brasileiro, o direito a tempo no rádio e na televisão e a cota no Fundo Partidário são decisivos. Em tom raivoso, o relator conclamou seus colegas a arquivar de vez o projeto:

— Eu me sentiria fraudado se o tribunal pudesse subscrever essa tamanha discriminação, dizer que o projeto é constitucional, dizer que partido A pode concorrer em uma condição e partido B em outra. Eu me sentiria fraudado, eu diria que essa Corte foi manipulada para fins escusos. Isso é insustentável!
Ainda no voto, Gilmar elogiou a decisão do STF sobre fidelidade partidária, que autorizou parlamentares a deixar suas legendas para fundar novos partidos. Segundo o relator, a decisão foi uma reação ao mensalão, “em que havia troca de partidos mediante paga”. O ministro ponderou que, depois dessa decisão, partidos como o PSD foram criados. Para ele, se o projeto dos novos partidos for aprovado no Congresso, a criação de legendas será dificultada, dando condições distintas a parlamentares eleitos para uma mesma legislatura.

— Não se pode permitir que, em uma democracia saudável, atores e partidos políticos sejam tratados de forma desigual pelo legislador — sustentou.

Marina Silva diz que voto de Gilmar tenta reparar inconstitucionalidade

A ex-senadora Marina Silva, que está criando o partido o Rede Sustentabilidade, afirmou que a decisão de Gilmar Mendes tenta reparar o “casuísmo e o verdadeiro atropelamento que foi o processo legislativo na votação dessa lei”. Para Marina, o projeto desrespeita a Constituição e a democracia.

— Que seja feita a reparação da inconstitucionalidade e que a gente possa ter uma estabilidade para o processo democrático e segurança jurídica no processo político.

Ela afirmou que a criação do Rede já conta com 500 mil assinaturas, mas que eles ainda querem ter mais 300 mil assinaturas, como “margem de segurança”.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), autor do mandado de segurança que levou a concessão da liminar interrompendo a tramitação do projeto, disse que o voto de Gilmar Mendes mostra que o projeto é “inconstitucional e é um atentado à democracia”.

— O voto contundente, mostrando de forma clara que nós não podemos ter partidos de primeira categoria e de segunda categoria e deputados de primeira categoria e de segunda categoria. Mostra claramente que este projeto é inconstitucional e é um atentado à democracia. É criar condições incompatíveis com a democracia. Não podemos dar um tratamento a um partido porque ele apoia o governo e dar um tratamento diferente a outros partidos porque não apoiam o governo — disse.

Fonte: O Globo

'Espantoso, grandioso, bacana' - José Serra *

Há poucas semanas, foram concluídas as licitações para novas explorações de petróleo, paralisadas há cinco anos. Eram licitações, digamos, à procura de um autor. Como este não apareceu, voltou-se ao script do governo FHC. O total arrecadado pelo leilão, em bônus de concessões, foi de R$ 2,8 bilhões. Uma diretora da ANP, perplexa e extasiada, declarou que aquilo tinha sido "espantoso, grandioso e bacana".

Esse atraso de cinco anos é um emblema da bisonhice do atual gerenciamento da economia e do País. Temos um governo que transforma facilidades em dificuldades, quando a obrigação mais elementar de um gestor é transformar dificuldades em soluções. Como diria minha mãe, sabiamente: procuram sarna para se coçar. O prejuízo é evidente: cerca de R$ 1,5 bilhão só no caso dos bônus, supondo juros módicos, de 10% ao ano. Pior: o investimento previsto de US$ 7 bilhões poderia estar em curso há cinco anos, gerando empregos e renda.

Hoje em dia, solução virar problema é regra, não exceção. O governo passado levou cinco anos para privatizar umas poucas estradas, processo capitaneado pela então ministra Dilma Rousseff. Foram as piores concessões de estradas jamais feitas no Brasil. Trouxeram novos pedágios, manutenção ruim e nada de investimentos nas rodovias.

Após outros cinco anos de estradas federais congestionadas e deterioradas, fez-se o anúncio de uma nova rodada de licitações, que, mesmo assim, ainda não ocorreu, pois, entre outras coisas, o governo estimou de modo errado a demanda futura de transportes e decidiu fixar um teto para a taxa de lucro das concessionárias, proeza inédita no mundo. Quando concedemos seis estradas estaduais em São Paulo, na licitação mais bem-sucedida da década no Brasil, estimamos, sim, qual seria a Taxa Interna de Retorno (TIR) das concessionárias, mas ninguém cogitou a insensatez de proibir que elas, em razão de ganhos de produtividade, pudessem ultrapassá-la - sempre que cumprissem o cronograma de investimentos e mantivessem a qualidade do serviço. Um esquema bem planejado resultou em tarifas relativamente baixas, outorgas elevadas e grandes investimentos das concessionárias.

Na área elétrica, o governo Lula levou três anos para fazer o primeiro leilão. Esticou a questão das concessões vigentes, que só foi tratada de forma atropelada e extremamente custosa no final de 2012 - 10.º ano da era petista - e com uma medida provisória, que acabou sendo derrubada e substituída por decreto! Paralelamente, só a novela de Belo Monte, que tem tudo de ruim em matéria de preços e privatização arrevesada, renderia um canal de más notícias na internet. Na prática, hoje, o abastecimento de energia elétrica no Brasil continua pendurado nas térmicas e dependendo de São Pedro.

Ainda no caso do petróleo, o colapso de gestão mais agudo se deu na implementação do modelo de partilha no pré-sal, em prejuízo do sistema de concessões, que ia bem. O novo método exigiu um aporte disfarçado do Tesouro à Petrobrás de mais de R$ 100 bilhões. E, acima de tudo, envolveu grande atraso dos investimentos no pré-sal, pois ficou difícil operar o modelo. O governo erra e, como está atolado até o pescoço nos negócios, assume as consequências e repassa os custos para os consumidores ou contribuintes.

O exemplo recente dos portos, cujos serviços então entre os mais custosos do mundo, é significativo. Foram mais de 12 anos de omissão na implantação de novos marcos regulatórios, ao fim dos quais Dilma editou uma medida provisória. Isso evitou a análise e o debate no Congresso e facilitou a tarefa dos que pretendiam sabotar o projeto todo ou em parte, além de permitir que alguns obtivessem vantagens heterodoxas em troca da aprovação. Por que o governo tinha de se expor à chicana e à chantagem? Em parte porque escolheu enviar uma MP, que, se não for votada e aprovada, perde a validade. Muito melhor teria sido o Planalto enviar um projeto de lei com urgência constitucional, que, depois de 90 dias, bloqueia a pauta do Congresso até que seja votado.

Tem-se um problema pela frente? Ora, em vez de resolvê-lo, vamos agravá-lo com criatividade. Um novo tropeço vem sendo burilado agora na mineração, corresponsável pela sustentação do balanço de pagamentos do Brasil, ao lado da agropecuária. No período recente o setor exportou em média uns US$ 40 bilhões por ano. Cerca de 20% da produção fica no mercado interno. No total, são gerados cerca de 180 mil empregos diretos.

Em 2009, Lula anunciou que faria um novo Código de Mineração. Não fez, é claro, mas gerou incertezas no setor, incitando os empresários a atuar na pesquisa e na obtenção de licença de lavras antes de mudarem as regras. Por isso mesmo, no fim de 2011 Dilma suspendeu as autorizações; muito depois tentou consertar, reabrindo umas poucas concessões. Estima-se que foram represados, em consequência, uns R$ 20 bilhões em investimentos. Mas... cadê a solução?

O senador Aloysio Nunes advertiu oportunamente que o governo recorreria de novo a uma MP, agora da mineração! Note-se que o tal código atiçará a questão dos royalties. Hoje o setor recolhe relativamente pouco aos Estados e municípios produtores. Alguém crê que isso vá permanecer, apesar das dezenas de bilhões de faturamento? E as regiões não produtoras vão ter um acesso de razoabilidade e não capturar mais nada, ao contrário do que pretendem com o petróleo?

Dispensando explicações psicológicas - do sadomasoquismo à megalomania -, pesam muito no modo petista de governar o despreparo e a ideia de que passar pelo governo é como fazer um curso de graduação. Vai-se para aprender, não para fazer as coisas direito, a tempo, antecipando-se aos acontecimentos, aos obstáculos, às reações no meio político e na sociedade.

Pesa ainda, acima de tudo, a convicção equivocada de que as vastas mudanças são promovidas automaticamente por grandes códigos, modelos inéditos, declarações enfáticas e cadeias nacionais de TV. O que parece valer não são as mudanças em si, mas suas simulações, sobretudo se forem bem aproveitadas como peças publicitárias.

* José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O "Velho" dos presidentes - Denise Rothenburg

O Velho do Restelo, personagem de Camões que ao olhar as naus no porto de Belém se apresentava num pessimismo só, virou palavra batida nos discursos presidenciais. Devoradores da língua culta, como José Sarney, nos anos 1980, e Fernando Henrique Cardoso, nos 1990, sempre usaram o ancião como referência para ilustrar situações adversas. Dilma Rousseff agora se iguala aos demais. Ontem, pela segunda vez, recorreu ao Velho para debelar as dúvidas de muitos sobre as perspectivas econômicas do Brasil, especialmente, no que se refere à inflação.

Daqui para frente, garantem os palacianos, Dilma sempre que puder, usará a palavra — e ela passa uma grande segurança na voz — para tentar mostrar que "estamos todos bem". Ocorre que, num país onde a maioria desconhece a obra de Camões, talvez o Velho do Restelo não seja a melhor linguagem para debelar o pessimismo. Sarney não conseguiu. Tampouco Fernando Henrique.

A diferença é que nenhum dos dois à época era candidato à reeleição. Dilma o é. E, vestida de vermelho, usa a imagem do Velho do Restelo numa linguagem mais simples, dizendo que os arautos da inflação em alta são os mesmos que, no início do ano, mencionavam o risco de apagão e racionamento de energia, o que não ocorreu. Ou seja, adota assim, a postura de quem tem crédito para ser ouvida.

Mais efeito que a palavra, entretanto, é a ação e os recursos de que dispõe para se sobrepor aos adversários nessa longa temporada pré-eleitoral. A presidente tem o púlpito palaciano, as inaugurações, as motoniveladoras, os ônibus escolares e toda a gama de obras e utensílios que o governo federal distribui pelo país afora. Maior efeito terá ainda a medida anunciada ontem, de assegurar uma casa mobiliada e com eletrodomésticos para os beneficiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, dentro do novo "casa melhor".

Os efeitos desses programas serão sentidos daqui a alguns meses, entre o fim da Copa das Confederações e o início da Copa do Mundo, quando o país começará a viver um pouco mais as eleições.

Enquanto isso, na oposição...

Para alegria e alívio do governo e da presidente-candidata, seus opositores não têm nem o mesmo espaço, nem as mesmas ferramentas para chegar ao eleitor. Até aqui, a única ferramenta que permitiu a presença de Aécio Neves e de Eduardo Campos de forma mais massiva foi o programa partidário de cada um no rádio e na tevê. Marina Silva nem isso. E, ainda assim, ambos apresentaram alguns pontinhos a mais quando foram expostos. Eduardo, 6%, e Aécio, 14%. Já é alguma coisa para quem não tinha tanto espaço quanto a presidente.

Na avaliação dos oposicionistas, o jogo só ficará um pouco mais equilibrado no período eleitoral. Até lá, é reforçar a guerrilha no Congresso, obstruindo votações, puxando a análise dos vetos.

E no PMDB...

Para sorte de Dilma, entretanto, o presidente do Senado, Renan Calheiros, por quatro vezes desmarcou as sessões convocadas para avaliar os vetos. Renan sabe que é preciso critérios para analisar os vetos, até porque a maioria deles compromete o tênue equilíbrio fiscal. Sabe ainda que, enquanto tiver esse instrumento nas mãos, pode sempre obrigar o PT a rever palanques estaduais, tornando mais equilibrada a relação entre os partidos. É por aí que os peemedebistas vão jogar. Farão, inclusive, uma comissão no partido para tratar exclusivamente desses palanques com a cúpula petista. Afinal, se isso não for resolvido logo, a aliança fica comprometida na convenção, como já foi dito em várias reportagens ao longo dos últimos dias.

Se a situação dos palanques não for equacionada até o fim do ano, talvez Dilma veja engrossar a voz oposicionista no Congresso, onde a situação não é nada confortável. Aí sim, talvez ela tenha mais gente para jogar na classificação de "Velho do Restelo". Por enquanto, essa denominação é restrita aos oposicionistas. Se esse bloco vai aumentar, depende da economia e o tratamento dispensado aos aliados.

Por falar em aliados...

Há quem jure ter ouvido de Eduardo Campos que ele já admite ficar até o fim do governo ou concorrer ao Senado. No governo federal, entretanto, ele é tratado como a candidato a presidente que já passou do ponto de retorno. Entre os petistas, há quem diga que ele lançou a figura do "governador itinerante" de Pernambuco.

Fonte: Correio Braziliense

Unidade de ação - Merval Pereira

A presidente Dilma Rousseff, disposta a "fazer o diabo" para se reeleger, montou uma estratégia de sufocamento dos possíveis adversários saídos da base governista, mais capazes de lhe roubar votos de eleitores petistas. Eduardo Campos, governador de Pernambuco, e a ex-senadora Marina Silva são os alvos preferenciais. Marina pela capacidade já demonstrada na eleição de 2010 de penetrar na esquerda ecológica, numa classe média moderna e nos evangélicos, e Campos pela potencialidade de atuação no Nordeste, onde o PT e seus aliados, inclusive o PSB, são fortes a ponto de terem dado a Dilma o dobro de votos que o candidato tucano José Serra recebeu.

O governador Eduardo Campos teria condições de reduzir essa vantagem da presidente em 2014, tirando-lhe a hegemonia do Nordeste, e por isso há um verdadeiro cerco aos governadores do PSB para que não apoiem a candidatura de Campos. Alguns deles, como Cid Gomes do Ceará, vocalizam tranquilamente o apoio à reeleição de Dilma.

Quem conversou com o governador nos últimos dias viu-o muito irritado com esse arrocho do Palácio do Planalto, mas revelando dificuldades maiores do que o previsto para colocar de pé sua candidatura, sem o apoio do próprio partido. Ainda permanece com disposição de candidatar-se, mas parece incapaz de convencer seus próprios aliados de que derrotar Dilma é uma tarefa possível.

No caso de Marina, a manobra foi aprovar no Congresso legislação que desestimula a construção de novos partidos, tirando deles a possibilidade de ter o tempo de televisão e o fundo partidário correspondentes a seus membros fundadores. Um critério completamente oposto ao que vigorava até então, e que deu viabilidade à criação do PSD.

O tratamento desigual é tão óbvio que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, deu uma liminar aos partidos de oposição que acusavam o governo de estar por trás dessa manobra para inviabilizar não apenas a Rede, o partido de Marina, mas também o do líder sindical Paulinho da Força, que pretende criar o Solidariedade.

O Supremo pode terminar o julgamento do caso hoje, depois de tê-lo retomado ontem com a leitura do relatório de Mendes, todo ele baseado na defesa do direito das minorias em uma democracia. Para o relator, seria absurdo admitir-se que em uma mesma legislatura dois pesos e duas medidas fossem adotados para casos idênticos como a criação de um partido, já havendo a decisão favorável do Supremo que deu direito ao PSD de ter tempo de televisão e participação no fundo partidário equivalente aos seus membros fundadores.

A ex-senadora Marina Silva estava na plateia, e ela tem contado com o apoio tanto de Aécio Neves quanto de Eduardo Campos na sua batalha política contra o Palácio do Planalto, e também no recolhimento de assinaturas para a criação da Rede.

Marina deixou o PT e o governo Lula depois de 30 anos de militância, por "falta de condições políticas" para avançar na sua luta "de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas". A disputa entre ela e a então superministra Dilma Rousseff ficou marcada como a luta entre os ambientalistas e uma "tocadora de obras" que, assim como o presidente Lula, se irrita com a preocupação com a preservação dos bagres, que atrasa a construção de hidrelétricas.

A última derrota de Marina foi consequência da decisão do presidente Lula de entregar ao então ministro de Planejamento Estratégico, Mangabeira Unger, o Plano da Amazônia Sustentável, o que a fez deixar o Ministério do Meio Ambiente. Na eleição de 2010, Marina não teve gana suficiente para atacar diretamente a candidata Dilma, e no segundo turno ficou neutra depois de receber 20% dos votos. Sua alma petista falou mais alto. Mas hoje, pelo menos enquanto se considera ameaçada por manobras do governo, Marina já não parece disposta a relevar atitudes de ex-companheiros.

A solidariedade que vem recebendo de outros personagens que estão na oposição ao governo Dilma faz prever que possivelmente, num eventual segundo turno, haja uma solidariedade política entre os candidatos oposicionistas. Pelo menos sabem que esta seria a única maneira de tentar derrotar a máquina governista.

Fonte: O Globo

Ao fiador as batatas - Dora Kramer

É bem mais fácil falar sobre uma possível substituição da presidente Dilma Rousseff pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva na eleição de 2014 do que fazer essa ideia acontecer.

Entre outros motivos porque a troca seria consequência do fracasso do atual governo e ainda há muita água para rolar até que se desenhe uma percepção negativa do eleitorado ou que se delineie no horizonte a recuperação do terreno rumo ao êxito na reeleição.

Mas, como é o próprio PT que dissemina aversão sobre a candidatura de Lula dando a entender que o partido está insatisfeito com o governo e acha que o eleitorado pensa o mesmo, vamos ao exame da situação com o olhar fixado na realidade.

Esta nos fornece dados indicativos das dificuldades. Primeiro deles: Lula não tem na pesquisa do Instituto Data-folha índice de intenção de votos muito superior ao de Dilma (ele 55%, ela 51%) e em São Paulo perderia a eleição estadual para o governador Geraldo Alckmin por 26% a 42%.

Não está, portanto, com essa bola toda. Não se confirma o mito de que seria alvo de amor eterno e indissolúvel por parte do eleitorado; sofre os efeitos das circunstâncias como qualquer outro político.

Mas, até aí é o de menos. Se resolvesse entrar em campanha poderia revelar-se mesmo imbatível A dificuldade maior é de outra natureza. Nada a ver com possível resistência da presidente em ceder o lugar, pois ela o faria se assim fosse pedido alegando razões de ordem pessoal para não concorrer.

O obstáculo aparentemente intransponível decorre do fato de que Lula é avalista de Dilma. E, como todo fiador, é o responsável pelo pagamento da conta. No caso de fracasso Lula seria o sócio majoritário.

Para construir uma candidatura como salvador da lavoura teria de partir do princípio de que a safra foi um fiasco e se apresentar ao público como o único capaz de fazer o País voltar à situação que tanta saudade provoca. Isso não se faz só com "estilo". Requer propostas concretas e diversas.

Precisaria necessariamente se apresentar como antagonista de sua criatura, o que além de uma contradição em termos na prática trata-se de uma impossibilidade.

As imagens de Lula e Dilma fundidas no último comercial do PT concebido pelo marqueteiro João Santana falariam mais que as palavras se estas também não tivessem sido mescladas na forma de discurso único: um começava a frase, outra a completava e vice-versa.

A fórmula funciona na bonança; na adversidade volta-se na forma de prejuízo ao criador.

Mal maior. Com outras palavras o ministro Aloizio Mercadante disse dias atrás que um pibinho à toa não dói, se o poder de compra está preservado e o emprego garantido.

Não levou em conta que baixo crescimento econômico faz doer o bolso do cidadão que transfere a dor à parte mais sensível do organismo governamental: a avaliação de desempenho com reflexo nas intenções de votos.

Meia-volta. O apoio do PSDB ao pedido de perda do mandato do vice-governador Guilherme Afif, em tramitação na Assembleia Legislativa de São Paulo, é sinal de que passou a prevalecer no partido ideia de impor o máximo de desgaste possível ao ex-prefeito Gilberto Kassab.

Ao alimentar o questionamento ao acúmulo do cargo de vice com o posto de ministro da Micro e Pequena Empresa, o PSDB quer mostrar que a adesão do PSD ao governo federal rende mais custos que benefícios.

Até então, tucanos ligados a José Serra defendiam o direito de Afif à dupla função. Nos últimos dias, porém, o partido passou a se conduzir conforme concepção do presidente Aécio Neves que não vê Kassab como santo de sua devoção.

Fonte: O Estado de S. Paulo

"Aecinho boa gente" - Eliane Cantanhêde

Aécio Neves, do PSDB, parece assistir de camarote aos erros do governo e à sucessão de indicadores ruins na economia, como baixo crescimento, inflação no teto da meta, aumento de juros, Bolsa despencando, dólar disparando e incertezas na área fiscal.

"A oposição não pode ser arauto da desgraça, das más notícias", disse ele, prometendo uma campanha "sem baixo-astral" e recusando a carapuça de velho do Restelo.

Não significa que não esteja comemorando a queda de Dilma nas pesquisas: 8 pontos na popularidade e 7 nas intenções de voto. Nem que ele não esteja trabalhando arduamente para articular sua candidatura. Ao contrário, está a mil por hora.

Suas prioridades são manter a praticamente inédita união do PSDB, a composição de chapas vigorosas nos Estados e a atração de forças hoje aliadas a Dilma, mas suscetíveis a pular de barco. Não são poucas.

Aécio tem agenda cheia para se fazer conhecido e, principalmente, cristalizar a sensação na área política, no meio empresarial e em setores acadêmicos e culturais de que seu nome é competitivo e tem reais chances de vencer. Quer um efeito, digamos, quase psicológico.

Também vai bater na tecla de que a inclusão social não é exclusividade dos governos do PT. Está criando o Portal Social do PSDB na internet e vai inaugurar uma exposição na terça-feira, na Câmara, sobre os 25 anos do PSDB, os 19 do real e o aniversário de FHC, seu patrono.

Mesmo evitando "baixo-astral", Aécio aproveitou a conversa, enquanto Dilma anunciava eletrodomésticos em conta para a baixa renda, e alfinetou: "Ela só não disse de onde vem o dinheiro. Não é do governo, é do trabalhador".

Mais ou menos como o "Lulinha paz e amor"de 2002, o tucano encena o personagem "Aecinho boa gente". Mas, também como Lula, o bom-mocismo é só para eleitor ver e o programa eleitoral registrar. No mais, guerra é guerra. Na hora certa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Pautados pelo tranca-tranca - Raquel Ulhôa

A semana começou com seis medidas provisórias obstruindo a pauta de votações da Câmara dos Deputados. Três delas ainda estavam nas comissões mistas encarregadas de aprovar os pareceres. Já as votações no Senado estavam sobrestadas por uma MP.

Os dados, do dia 10, constavam do mapa por meio do qual a Secretaria-Geral da Câmara acompanha o fluxo das MPs, apelidado de "tranca-tranca". É um relógio que não para: a próxima a barrar a fila de votações (22 de junho) é a MP 613, que institui crédito presumido da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins na venda de álcool. Depois, vêm as de número 614 (29 de junho), 615 (4 de julho), 616 (15 de julho), 617 (idem), 618 (4 de agosto) e 619 (5 de agosto).

A fila andou e no dia seguinte a Câmara aprovou a 609, que tratava da isenção dos itens da cesta básica do PIS/Pasep e da Cofins. Ela incorporou o texto da 605, dando garantias à redução das tarifas de energia, que havia perdido a eficácia. Foi inédito. A praxe é MP incorporar o texto de outra prestes a caducar, mas ainda dentro da validade. Prevendo contestações, o secretário-geral, Mozart Viana, levou para a sessão um estudo para defender o precedente.

Mapa com fluxo das MPs é relógio que não para

Mozart está sempre no caminho das MPs, desde sua criação, pela Constituição de 1988. Técnico do grupo de apoio à Assembleia Constituinte, lembra que o instrumento foi criado na primeira versão da Carta, que previa regime parlamentarista de governo. Como prevaleceu o presidencialismo, houve dúvidas entre manter ou não a MP. A decisão foi criá-la para casos de extrema relevância e urgência.

Desde então, as MPs trouxeram problemas ao Congresso. Ou, na expressão do líder do PSDB do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), "balbúrdia legislativa". Houve algumas mudanças na tramitação, por emenda constitucional, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ou por simples interpretação do presidente da Câmara. Mas cada alteração gerava novo problema.

A Câmara agora tem em mãos oportunidade de mudança mais significativa no rito das MP, com o aval dado pela presidente Dilma Rousseff à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 70, aprovada por unanimidade no Senado, em 2011. O governo vinha barrando o andamento na Câmara, mas a crise causada pela MP dos Portos e o desgaste do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para aprová-la em algumas horas deixaram patente a necessidade de mudar.

A PEC, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), e relatada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), pode aliviar o fluxo do "tranca-tranca", na opinião de Mozart. O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), assinou o ato criando a comissão que vai examinar o mérito da PEC. A fase é de indicação dos integrantes pelos líderes partidários. É o primeiro passo para tirá-la da gaveta.

Os tropeços das MPs apareceram na criação, que não fixou limites à reedição e prazo para votação. De 2000 a 2001, 19 MPs foram reeditadas mais de 80 vezes (o recorde é da MP 2096, de 2001, reeditada 89 vezes).

Em 2001, após 11 anos de discussão, emenda constitucional vedou a reedição e instituiu o trancamento da pauta. Aécio era presidente da Câmara e Mozart, secretário-geral. Ele ocupava o mesmo cargo quando o então presidente Michel Temer adotou decisão que abriu brechas para votar algumas matérias, mesmo com a pauta trancada por MP.

Em curto período no Senado, Mozart assessorou Aécio na relatoria da PEC 70. Entre as inovações, a proposta fixa prazos para tramitação em cada Casa (80 dias na Câmara, 30 no Senado e outros dez para a Câmara examinar emendas de senadores). A comissão mista deixa de existir e a análise da admissibilidade é feita pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de cada Casa.

Mozart destaca a importância de outra mudança: a vedação de reedição de "matéria" constante de medida provisória rejeitada ou que tenha perdido a eficácia na mesma sessão legislativa. O objetivo é evitar que parte de MP seja mudada para possibilitar a reedição, como acontece hoje.

Aloysio Nunes aponta a banalização das medidas provisórias, editadas sem urgência ou relevância e com matérias desconexas, o que é vedado pelo projeto de lei complementar 95/1998.

"Estamos caminhando para um verdadeiro naufrágio legislativo, pelo abuso das medidas provisórias e pelo descaso com que o Congresso vem assumindo sua tarefa de legislar", afirmou em 28 de maio, na votação da MP 600, que tratava da ampliação do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) e de 18 temas diferentes - para o tucano, mistura de "alhos com bugalhos".

Levantamento da liderança do PSDB no Senado mostra que, de 23 MPs tramitação na época (da 590 à 612), oito perderam a eficácia, colocando em xeque a suposta urgência e relevância exigidas pela Constituição.

O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), que tem a função de acompanhar a tramitação das MPs, diz que a aprovação da PEC 70 é uma "necessidade" do Legislativo e não divide oposição e governo. Para ele, o maior problema está na fase das comissões. "Dos 120 dias de validade, a MP passa, em média 82 na comissão mista", afirma. A MP dos Portos ficou cem dias na comissão, 20 dias na Câmara e oito horas no Senado.

O pouco tempo do Senado é uma das principais queixas dos senadores, como o petista Walter Pinheiro (BA), um dos primeiros a apontar o problema na atual legislatura. "Isso desqualifica o processo legislativo", diz. Ele defende melhor definição de quais matérias podem ser tratadas por MP. A reforma do ICMS, por exemplo, acha que deveria ser feita por lei complementar.

Apesar do aval de Dilma e do apoio de senadores petistas, há dúvidas sobre a chancela da base governista na Câmara a parecer assinado pelo principal candidato da oposição a presidente em 2014. Sem boa negociação, eventuais mudanças no texto podem gerar novos gargalos ao processo legislativo.

Fonte: Valor Econômico

O Velho, Cassandra e Poliana - Tereza Cruvinel

Dilma tem todo o direito de exorcizar as pragas do Velho do Restelo e as profecias das cassandras, mas deve também evitar a síndrome de Poliana

Vestindo vermelho, a presidente Dilma Rousseff ressurgiu ontem lançando um programa de crédito subsidiado aos beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida, para a compra de móveis e eletrodomésticos. Não poderia haver palanque melhor para ela exorcizar a onda criada pelo viés de baixa na popularidade e o de alta na deterioração de indicadores econômicos. Evitando o primeiro assunto, ela enfrentou o segundo, reiterando que tudo está sob controle. Voltando de Lisboa, valeu-se da figura camoniana do Velho do Restelo para desafiar os pessimistas que torceriam pelo insucesso de seu governo.

Governantes, em momentos difíceis, costumam apontar contra eles o canhão verbal. Para não recuar muito, Fernando Henrique referia-se frequentemente às "cassandras", e citou também o Velho de Camões. Lula falava nos "pessimistas de plantão" e no "complexo de vira-lata". O Velho do Restelo é um eco erudito que já atravessou muitos discursos políticos. No obra épica sobre as navegações portuguesas que alargaram o mundo, ele ficava no cais profetizando desgraças para os tripulantes das caravelas. "Azarando", disse Dilma, usando a palavra duas vezes. Mas "O Velho do Restelo não terá a última palavra no Brasil", assegurou desafiadora.

É claro que uma presidente com a reeleição praticamente garantida, alta popularidade e prestígio mundial mobiliza a energia negativa das cassandras, que existem mesmo na política. Mas, é claro que a conjuntura negativa na economia não decorre apenas das profecia negativas, que os jornais vêm registrando, alguns com estranha vibração, há pelo menos três meses. Mas, se essas profecias adversárias estão se realizando, foi porque, de alguma forma, o governo ajudou, com medidas equivocadas ou com a falta de medidas, afora a incontrolável variável externa. Dilma tem todo o direito de exorcizar as pragas do Velho do Restelo e as profecias das cassandras, mas deve também evitar a "síndrome de Poliana", aquela personagem da literatura juvenil que, mesmo sob raios e trovões, diz que tudo vai dar certo.

Remédio vencido

A própria medida lançada, o programa Minha Casa Melhor, baseia-se na receita que vem sendo usada para alavancar o crescimento, o estímulo ao consumo, que, por sua vez, é inflacionário. "É injusto dizer que este evento tem relação com as pesquisas, porque estava marcado há algumas semanas", dizia ao fim da solenidade palaciana a empresária Luiza Trajano, das lojas que levam seu nome. Ela acredita que a medida terá um efeito aquecedor sobre o mercado, mas parte dos analistas econômicos vem dizendo que esse remédio já perdeu a eficácia. Mas voto, certamente, ele dá.

Eleitoralmente, a oscilação negativa da popularidade de Dilma não abalou seu favoritismo. Ela perdeu alguns pontos, mas seus adversários, juntos, cresceram quase nada. O que as pesquisas indicam, por enquanto, são perigos de duas naturezas. O primeiro está no fato de ela não ter um tefal (antiaderente) forte como o de Lula. Se a economia desandar, especialmente a inflação, o eleitorado reagirá. O segundo não tem a ver com o povo, mas com a elite política. Se a popularidade voltar a minguar, os partidos de sua coalizão vão encarecer o apoio, podendo mesmo um ou outro debandar. Ela tem tempo para evitar uma coisa e outra.

Quanto à identidade do Velho do Restelo, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), dizia no final do evento: "Velhos do Restelo por aqui há muitos, e cada qual saberá enfiar a carapuça". Para quem tenha curiosidade literária, um pedacinho da fala derrotista da personagem: "A que novos desastres determinas/de levar estes reinos e esta gente?/Que perigos, que mortes lhes destinas/Debaixo de algum nome preminente?"

O valor dos aliados

Relativamente ao segundo perigo que ronda Dilma – o de oscilação negativa na fidelidade e engajamento dos aliados – um sinal pode ter havido ontem na decisão da bancada do PMDB na Câmara de nada votar enquanto não forem apreciados os vetos acumulados. Isso não começou agora, mas também vem de longe o queixume sobre o tratamento arrogante que o Planalto dispensaria aos aliados. O encolhimento da popularidade, se não ameaça Dilma eleitoralmente, talvez sirva para ampliar a compreensão do governo sobre o valor dos aliados e a importância da articulação do governo no Congresso, hoje quase inexistente.

Poucos, no PT, são tão realistas quanto o deputado Cândido Vacarezza (SP) quando aborda o assunto."Nós temos aliados muito bons e o governo precisa compreender isso. O PT, com apenas 90 deputados, ou 17% das cadeiras na Câmara, não governaria o Brasil sem o apoio da coalizão. Agora, por desarticulação é que uma base com mais de 400 deputados exibe-se no plenário como uma Seleção Brasileira que precisa fazer de tudo para não perder para um time de várzea. Eles podem ter diferenças conosco, mas não têm divergências. Se fôssemos iguais, eles estariam no PT."

Dilma, agora, vai ter que tratar melhor os que lhe dão apoio.

Fonte: Estado de Minas