segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Luiz Werneck Vianna: a volúpia pela eternização no governo

Os partidos não são antenas sensíveis para o que ocorre na sociedade. São antenas para auscultar seus interesses imediatos e futuros. Se Marina Silva ou Eduardo Campos poderão recuperar a política... é muito difícil, penso. Também é difícil que isso se torne projeto de Aécio Neves. Mas quem vier agora terá que ter claro que a sociedade quer mudanças no mundo real. Operar mudanças implica dor e perdas - para ter outros ganhos. A ideia de ganhar tudo e todos fez parte desse projeto megalómano do PT, que pretendia uma permanência no poder até o fim da História do Brasil. Ora, a história está aberta, sempre esteve. Pede por movimentos, novas ideias, novas gerações. É muito difícil avançar, mas como diria o papa Francisco, bote fé. E assim vai, assim caminha a humanidade.

Luiz Werneck Vianna, “O poder, esse sedutor”, O Estado de S. Paulo / Aliás, 24 de novembro de 2013.

PT vincula sistema eleitoral à corrupção

Partido afirma ser prisioneiro do modelo e classifica o Poder Judiciário como "lento, elitista e pouco transparente"

Texto apresentado ao Diretório Nacional do partido defende ética e financiamento público exclusivo de campanha

Mariana Haubert

BRASÍLIA - Após as prisões dos petistas condenados pelo mensalão, o PT tentará agora reforçar a tese de que o partido é vítima do atual sistema político-eleitoral.

A defesa foi apresentada na primeira versão do texto base do 5º Congresso Nacional do PT, que será aberto em dezembro, em Brasília.

Redigido por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, o documento afirma que o partido é "prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção".

Ele foi mostrado ao Diretório Nacional do partido na última segunda-feira, em reunião realizada em São Paulo. O texto ainda poderá ser modificado por emendas.

Sem citar o mensalão, o PT levanta a bandeira da ética como forma de fazer um contraponto ao escândalo que atingiu o partido e volta a defender uma ampla reforma política. Após os protestos de junho, Dilma Rousseff sugeriu ao Congresso a realização de um plebiscito sobre o assunto, mas foi derrotada.

De acordo com o PT, o financiamento público exclusivo de campanha é o principal passo a ser dado no rumo de uma reforma política.

O documento faz ainda uma dura crítica ao Poder Judiciário ao afirmar que o "sistema judicial é lento, elitista e pouco transparente" e diz ainda que ele tem sido "permeado por interesses privados".

Ao longo de 14 páginas, o texto faz ainda uma autocrítica sobre a "burocratização" do partido durante os 11 anos de governo e afirma que o PT não avançou para imprimir um novo ritmo à sua política.

No fim do documento, o partido indica o que poderá ser o mote de campanha para a reeleição de Dilma Rousseff ao comparar o atual momento político com o fim da ditadura. "Quando saímos da noite da ditadura, soubemos dizer Nunca Mais!'. Agora, depois de uma década de grandes transformações, afirmamos Nunca menos!'."

No texto, os petistas resgatam o discurso de que os problemas econômicos refletem a herança deixada por Fernando Henrique Cardoso, como recessão, juros abusivos, fortes pressões inflacionárias e vulnerabilidade externa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Genoino deixa hospital e Barbosa afasta juiz de execuções

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, excluiu juiz que ele achava estar atrapalhando e escolheu um mais discreto, Bruno André Silva Ribeiro, que concedeu prisão domiciliar a Genoino

Um juiz em sintonia com Barbosa

Depois de desentendimentos com o titular da Vara de Execuções Penais, presidente do STF coloca outro no comando da execução penal. Genoino deixa hospital e vai para casa de filha

Ana Maria Campos, Grasielle Castro e Leonardo Cavalcanti

BRASÍLIA – Ao tomar conta do processo de execução das penas da Ação 470, o mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, excluiu um juiz que considerava estar atrapalhando os trabalhos e colocou um que julga mais discreto. O juiz substituto da Vara de Execuções Penais (VEP), Bruno André Silva Ribeiro, já está no comando do processo, no lugar do juiz titular da vara, Ademar Silva de Vasconcelos. Com essa troca, Barbosa passa a ter total controle das ações do caso. Assim como enfatizou quando enviou o pedido de prisão à VEP, Barbosa baterá o martelo final sobre qualquer ato que envolva os mesaleiros. Regalias, como visitas e concessão de entrevistas, estarão sobre o crivo dele.

Barbosa e Bruno têm um bom relacionamento. Foi com o juiz substituto que o ministro despachou os pedidos de prisão no dia 14. Na última semana, ele teria deixado clara a intenção de que Bruno assumisse o caso. Ontem, o juiz substituto assinou seu primeiro ato no comando do processo, concedendo ao ex-presidente do PT José Genoino a prisão domiciliar. No documento, estão definidas as regras que o condenado deve obedecer: só poderá sair de casa para ir ao médico e terá que manter as autoridades informadas sobre sua saúde.

Uma das evidências do desentendimento entre Barbosa e Ademar foi a condução da decisão de tirar Genoino do Complexo da Papuda para tratamento hospitalar. Em um primeiro momento, o juiz negou que o condenado precisasse desse tipo de tratamento. No dia seguinte, por telefone, Ademar informou o contrário. No ofício em que autorizou a transferência, Barbosa ressaltou essa contradição. Outro fator que teria causado incômodo foi uma entrevista que o deputado concedeu a uma revista, enquanto estava na Papuda. Um grupo de juízes do tribunal também incomodado com a condução feita por Ademar, que segundo interlocutores, teria demonstrado a assessores de Barbosa interesse na troca de comando.

Por sua vez, o juiz teria reclamado a pessoas próximas que Barbosa estaria ocupando as funções do comandante da VEP, querendo definir o comportamento dos presos na Papuda. Interlocutores afirmam que o juiz não está disposto a deixar a vara e vai resistir a qualquer tentativa de tirá-lo do cargo. Seria preciso uma intervenção no órgão para que deixasse a função.

Apesar das reclamações do juiz, há uma avaliação de que as atitudes do presidente do STF são legais. De acordo com o artigo 102, inciso I, letra m, da Constituição, é de atribuição do Supremo "a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais". O que significa que o julgamento dos incidentes processuais, como pedido de prisão domiciliar, é de competência do STF.

Alta José Genoino recebeu alta do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) no início da manhã de ontem. Às 06h30, ele deixou o hospital em um carro de passeio, sem escolta policial, de onde foi para a casa da filha Mariana, de 28 anos, que reside em Brasília.

Pouco depois de Genoino ter deixado o hospital, foi divulgado um boletim médico que relata que ele teve uma "melhora dos níveis de pressão arterial e dos parâmetros de coagulação sanguínea". No sábado, uma equipe de cinco cardiologistas do Hospital Universitário de Brasília — instituição escolhida por Barbosa — fez uma avaliação médica. A expectativa é de que, ainda hoje, o grupo entregue um parecer ao presidente do STF, que poderá efetivar o regime domiciliar ou decidir pela volta de Genoino à Papuda.

A defesa de Genoino espera que, com o resultado da junta médica, seja concedida autorização para que a pena seja cumprida em São Paulo, na residência do deputado licenciado, condenado a 6 anos e 11 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha.

(Colaboraram Étore Medeiros e Isabella Oliveira)

Fonte: Estado de Minas

Juiz irrita presidente do STF e é substituído

Após desentendimentos com o presidente do STF, Joaquim Barbosa, o juiz Ademar de Vasconcelos deixou de ser responsável pela execução das penas dos condenados no mensalão. As circunstâncias da internação de José Genoino foram um dos motivos. O juiz Bruno Ribeiro assume a função

Troca de guarda

Descontentamento e pressão de Barbosa levam à mudança de juiz na execução de penas

Vinicius Sassine

BRASÍLIA - A execução das penas dos condenados no julgamento do mensalão trocou de mãos e passou a ser feita por um juiz que já estabeleceu novas regras para a prisão dos mensaleiros. Após o embate explícito entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e o juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP) no Distrito Federal, Ademar Silva de Vasconcelos, as detenções passaram a ser responsabilidade do juiz substituto da vara Bruno André Silva Ribeiro.

Ribeiro determinou que o ex-presidente do PT José Genoino assinasse um termo de compromisso com diversas restrições à sua permanência em casa, enquanto Barbosa não profere uma decisão definitiva sobre o pedido de prisão domiciliar. O petista deixou ontem o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. A saída de Genoino do complexo da Papuda para tratamento de saúde está no centro do embate entre Barbosa e Vasconcelos. O novo juiz dos processos de execução penal também já teria definido restrições para as visitas de condenados pelo mensalão que continuam na Papuda.

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) do DF aguarda para hoje um comunicado oficial sobre as novas regras. A atuação de um novo juiz no caso é confirmada por integrantes do STF e por um dos advogados de Genoino, Cláudio Alencar. Além disso, a informação sobre a troca circulou nos órgãos de execução penal do DF desde a noite de sexta-feira, quando Ribeiro teria começado de fato a comandar os processos dos 11 réus que já cumprem pena de prisão.

Oficialmente, o Tribunal de Justiça do DF se limitou a dizer ontem que “qualquer um pode atuar nos processos em referência ao juiz titular e aos dois substitutos da Vara de Execuções Penais. A assessoria de imprensa do tribunal não confirmou nem negou a informação sobre a troca. “É O STF que tem de dizer”. O juiz Vasconcelos afirmou que manteria “silêncio” sobre a troca. Na manhã de ontem, ele disse ao GLOBO que desconhecia a alta hospitalar de Genoino e que a execução das prisões dos réus do mensalão é atribuição do STF: — Não estou sabendo de nada. Estou em casa, acompanhando pela imprensa.

O processo de execução é todo do Supremo, não tenho nada com isso. Tenho outras responsabilidades na vara — afirmou o juiz. A redistribuição dos processos para um novo juiz foi motivada por confusões e desencontros entre decisões de Vasconcelos, informações dos presídios do DF e despachos de Barbosa, relator do caso do mensalão. Barbosa não estava satisfeito com a conduta do juiz, que, desde 15 de novembro, data da decretação das primeiras prisões, reclamava de que não fora avisado sobre o caso. Segundo Vasconcelos, as cartas de sentença, necessárias para os encaminhamentos aos presídios, só foram remetidas à vara mais de 48 horas depois.

Na noite do dia anterior, quinta-feira, dia 14, o juiz Ribeiro já havia recebido os documentos do tribunal superior, conforme integrantes do STF. Como estava licenciado naquele dia, o substituto teria tentado repassar os documentos a Vasconcelos, que não os teria aceito. No dia das prisões, Vasconcelos deu entrevistas relatando que não sabia das ordens de prisão. Esse foi o primeiro desentendimento com o STF. O segundo ocorreu em relação à transferência de Genoino para um hospital.

Vasconcelos garantira a Barbosa que o estado de saúde não justificava a internação. Horas depois, com a decisão da direção do presídio de levar o preso para um hospital, o juiz foi ao local e ligou para Barbosa relatando que a situação era, de fato, delicada. Barbosa não gostou e deixou a “contradição” evidenciada no despacho em que autorizou a prisão domiciliar ou hospitalar. Também teria causado mal-estar a entrevista de Genoino à revista “IstoÉ” momentos antes de ser internado.

O ex-presidente do PT fez críticas ao STF. Segundo magistrados que acompanham o caso, juízes do próprio Tribunal de Justiça consideraram que a conduta do colega da Vara de Execuções era inapropriada. Eles chegaram a mandar emissários ao STF para dizer isso a Barbosa. Não chegaram a falar pessoalmente com o presidente do STF, mas fizeram chegar essa avaliação a ele. O mesmo descontentamento teria sido levado ao presidente do TJ, causando a mudança na distribuição dos processos dos condenados do mensalão.

Advogados dos condenados se mostraram surpresos com a substituição de juízes. Defensor da ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, o ex-ministro José Carlos Dias disse que não sabe se a troca dos juízes terá algum reflexos para sua cliente: — o juiz Vasconcelos me parecia bem equilibra- do. Estou na expectativa de saber o que aconteceu. O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luis de Oliveira Filho, disse que não comentaria a troca.

(Colaboraram Fernanda Krakovics e Maria Lima).

Fonte: O Globo

Dirceu pressionou Lula a defender petistas presos

A amigos que o visitaram na cadeia, ex-ministro fez queixas sobre a forma como ex-presidente administrou o escândalo do mensalão

Vera Rosa e Wilson Tosta

Preso em uma cela de seis metros quadrados, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu criticou Luiz Inácio Lula da Silva pela forma como ele administrou até agora a crise do mensalão. A insatisfação com o ex-presidente foi manifestada por Dirceu a pelo menos três amigos que o visitaram, nos últimos dias, no Complexo Penitenciário da Papuda.

Irritado com o silêncio do Planalto, Dirceu perguntou: "E o Lula não vai falar nada?". Era a senha para a urgência de um pronunciamento, que deveria ser feito o quanto antes, no diagnóstico do ex-ministro, sob pena de grande abalo na imagem do PT, com potencial de interferir na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

Três dias depois de receber o recado, Lula fez o mais veemente discurso desde que os petistas foram condenados. Sugeriu, na quinta-feira passada, que o rigor da lei só vale para o PT e dirigiu ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Em meio a protestos contra as "arbitrariedades" na execução das sentenças, Lula e dirigentes petistas também decidiram promover um desagravo a Dirceu, ao ex-presidente do PT José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares na abertura do 5.º Congresso da sigla, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília.

A contrariedade de Dirceu com Lula, porém, não vem de hoje. Interlocutores do ex-ministro contaram ao Estado que ele sempre reprovou a forma "conciliatória" como o então presidente conduziu o caso desde que o escândalo estourou, em junho de 2005.

Em conversas mantidas no cárcere, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o "enfrentamento" necessário para não deixar a denúncia de corrupção virar uma espada permanente sobre o PT e o governo.

Para Genoino, os réus do PT não têm escapatória, mesmo se conseguirem reduzir suas penas, pois perderam a batalha da comunicação. "Estamos marcados como gado", resumiu ele a um amigo.

Na avaliação de Dirceu, Lula deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando ainda teria condições de barrá-la. Por esse raciocínio, ao não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho para a "criminalização" do PT. O partido até hoje insiste que nunca corrompeu deputados em troca de apoio e só admite a prática do caixa dois.

Nomeação. Arquiteto da campanha que levou o PT ao Palácio do Planalto em 2003, Dirceu revelou que Lula chegou a consultá-lo sobre a nomeação de Luiz Fux para ministro do Supremo.

"Se você está dizendo que sim, quem sou eu para dizer que não?", afirmou Dirceu, segundo relato de amigos, antes de ser procurado por Fux, que pediu sua ajuda para conquistar o cargo. Fux acabou nomeado em 2011 por Dilma. Petistas juram que ele prometeu "matar no peito" a acusação, em sinal de que absolveria os réus. Quando saiu o voto pela condenação, o espanto no governo e no PT foi generalizado.

Num café da manhã com Dirceu, em novembro de 2010, Lula prometeu a ele que, quando estivesse fora do Planalto, desmontaria a "farsa do mensalão". A promessa não foi cumprida sob a alegação de que era preciso blindar o primeiro ano do governo Dilma. Depois vieram as disputas municipais de 2012 e agora o ano é pré-eleitoral.

Para o líder da bancada petista no Senado, Wellington Dias (PI), o PT não soube construir uma narrativa para reagir à ofensiva da oposição e da mídia. "Sob intenso cerco político, nós acabamos permitindo que as versões da compra de votos florescessem", avaliou Dias.

A estratégia do governo e do PT, agora, é usar o escudo da "legalidade" e o discurso de que há "dois pesos e duas medidas" na Justiça para impedir que o mensalão contamine a campanha de Dilma em 2014.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio corteja, mas presidente do PPS diz preferir aliança com PSB

Partido comandado por Roberto Freire vai se definir em dezembro

RIO - O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), não conseguiu, por ora, o apoio do PPS, outro partido oposicionista, para as eleições do ano que vem.

Pré-candidato à Presidência, Aécio se reuniu anteontem no Rio, durante um Congresso do PPS, com o presidente da sigla, deputado federal Roberto Freire (SP). Do encontro, contudo, não saiu nenhum acordo.

Como tem dito, Roberto Freire reafirmou no fim de semana ter preferência por Eduardo Campos, governador de Pernambuco e provável candidato do PSB nas eleições de outubro de 2014.

Segundo ele, o apoio a Campos fortalece mais uma candidatura da oposição.

"Porque o que temos como objetivo maior é derrotar esse bloco hegemônico que está no poder", disse Freire em discurso, referindo-se ao PT, partido que comanda o governo federal desde 2003.

Em seu discurso, Roberto Freire classificou Aécio Neves e Eduardo Campos como "grandes candidatos".

O senador mineiro disse ainda estar otimista sobre uma possível aliança entre os dois partidos. "Desse cipoal de legendas no Brasil, o PPS é um dos poucos que podemos chamar de partido político. Nossa aliança é muito natural", afirmou.

O PPS deve decidir em dezembro, durante um congresso nacional, o candidato com qual fechará aliança para o pleito do ano que vem.

Fonte: Folha de S. Paulo

PPS defende Aécio no Rio, mas Freire quer Campos

Presidente da legenda sugere Miro para disputar o Palácio Guanabara

Marcelo Remigio

O diretório estadual do PPS no Rio defendeu o apoio à candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), durante o 189 Congresso do partido, promovido no fim de semana. Embora tenha sido recebido com festa no encontro, o tucano não teve a garantia de aliança nacional nas eleições do próximo ano. Ao encerrar a reunião, o presidente da legenda, deputado federal Roberto Freire, afirmou que o PPS ainda não tem um nome e que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato a presidente pelo PSB, também é um candidato forte e não deve ser ignorado.

De acordo com Freire, embora Campos não tenha participado de nenhum congresso como Aécio — que integrou a reunião na manhã de sábado no Rio —, vários diretórios estaduais já demonstraram interesse pela candidatura, entre eles o de São Paulo, que é o maior. O deputado afirmou que sua preferência é por Campos:

— Eu acho que a presença do PPS numa aliança ajuda a consolidar uma campanha de Eduardo Campos. Temos também uma história com Aécio, ainda do período do PCB. Não vou fazer preferências aqui (no congresso), até porque não vou constranger.

PPS quer unir oposição no Rio
Além de não bater martelo para Aécio, Freire determinou que o diretório fluminense encontre uma saída para a disputa pelo Palácio Guanabara e convoque a oposição no estado para definir um nome que tenha chance de suceder ao governador Sérgio Cabral (PMDB). Para Freire, é inconcebível que no Rio os principais pré-candidatos ao governo — Lindbergh Farias (PT); Luiz Fernando Pezão (PMDB); Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR) — tenham ligações com o govemo Dilma.

Freire descartou o apoio à pré-candidatura do vereador e ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) e citou o deputado federal Miro Teixeira (PROS), que deixou o PDT, partido da base aliada de Dilma, como opção. No entanto, "Miro deveria se firmar como oposição" ao govemo federal:

— Não sei se o candidato do DEM agradaria as candidaturas nacionais de Aécio e Campos. O Miro poderia ser uma alternativa, se ele entender o papel dele de oposição — afirmou.

— Eu acho o PPS uma ótima coligação e apoio o Roberto Freire ao tornar pública essa negociação de aliança — disse Miro, que ressaltou ter conversado „ também com o PSB e estar alinhado com ex-senadora Marina Silva, que apoia Campos.

Fonte: O Globo

Cresce apoio do PPS a Aécio Neves

Diretório estadual do Rio é o quarto a defender aliança com PSDB em 2014

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), recebeu nesse sábado no Rio de Janeiro o apoio do quarto diretório estadual do PPS à sua candidatura à Presidência no ano que vem. O tucano conta agora com os diretórios da legenda no Rio, Minas, Bahia e Pernambuco. "20 delegados do PPS no Rio vão lutar unidos quando o nosso partido decidir acompanhar sua liderança", discursou o presidente do PPS-RJ, Comte Bittencourt.

O senador participou do congresso do PPS, no auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com direito a faixa de "Aécio presidente" e discurso durante o encontro. O presidenciável lembrou que as relações entre PSDB e PPS são antigas e profundas, e ressaltou a parceria das duas legendas em Minas."Eu sei o tamanho da responsabilidade que nos aguarda. Para o Brasil, é absolutamente fundamental iniciarmos um novo ciclo", conclamou ele. Aécio disse ainda que a repactuação da Federação deve estar na base das futuras discussões para a confirmação da aliança. "Somos oposição para o bem do Brasil. Nós acreditamos na sociedade forte, no papel do Estado como regulador", afirmou.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) convidou os cerca de 500 participantes do evento a participarem da elaboração de uma nova agenda para o país: "Nós precisamos muito de vocês. O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), contudo, ainda não bateu o martelo sobre o destino do partido nas eleições. "Nosso objetivo é derrotar esse governo hegemônico", defendeu ele.

Economia
Aécio voltou a criticar o leilão dos aeroportos de Confins, em Minas, e do Galeão, no Rio, realizados na sexta-feira, que, segundo ele, foram feitos com um "atraso enorme", e disse que o PT está seguindo "a cartilha do PSDB" de forma "atabalhoada". Ele criticou também o que considera flexibilização dos pilares macroeconômicos do governo Fernando Henrique. "O resultado é esse que estamos vendo aí: inflação alta, crescimento pífio e perda da credibilidade do Brasil a partir dessa alquimia fiscal que ele vêm fazendo", afirmou ele.

Fonte: Diário de Pernambuco

Freire quer bloco contra governo

Em evento realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, presidente nacional do PPS fala em união de forças progressistas contra ‘governo que não tem limites’

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, defendeu que o partido ajude na formação de um bloco democrático de esquerda que se contraponha ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao PT nas eleições de 2014. Em pronunciamento na manhã deste domingo (24) durante o 18º Congresso Estadual do PPS-SP, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o parlamentar reconheceu a legitimidade da proposta de uma candidatura própria da legenda à Presidência da República, mas endossou o indicativo de apoio ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do PSB ao Palácio do Planalto, aprovado por ampla maioria em votação realizada ao final do encontro.

“O partido precisa, do ponto de vista da política, formar um bloco para derrotar este governo. Um governo que não tem limites, que faz o diabo para ganhar a eleição, que não respeita as instituições e que defende os mensaleiros criminosos”, afirmou Freire, muito aplaudido pelos militantes do PPS.

No congresso realizado neste domingo, foram eleitos os novos membros do Diretório Estadual do PPS em São Paulo. Além disso, os militantes aprovaram um indicativo de apoio da seção paulista da legenda à pré-candidatura de Campos à Presidência da República. No último sábado (23), o Diretório Estadual do PPS no Rio de Janeiro fez o mesmo em relação ao nome do senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB ao Planalto.

Freire lembrou que, embora legítima, uma candidatura própria do partido à Presidência no ano que vem encontraria muitas dificuldades de se viabilizar por conta da falta de estrutura nos estados, além do pouco tempo hábil para que fossem articuladas alianças com outras legendas. “Temos um caminho a seguir. Não somos só uma legenda a mais na sopa de letras da política brasileira. É chegado o momento de analisar um bloco de forças que possibilite uma nova esquerda democrática. Mas isso quem vai decidir é o Congresso Nacional do partido”, afirmou o presidente do PPS, em alusão ao encontro programado para os dias 6, 7 e 8 de dezembro, em São Paulo.

Segundo Roberto Freire, “essa esquerda que está no poder não tem respeito à democracia e nós aprendemos que a democracia é um valor fundamental”. “Precisamos juntar forças nesse bloco. Não é uma simples escolha por um ou outro candidato, mas por um projeto político para o país”, completou, destacando que tanto Campos quanto Aécio já manifestaram publicamente interesse em contar com o apoio do PPS na campanha presidencial de 2014.

Fonte: Portal do PPS

Jovem! Até quando? - Aécio Neves

O maior desejo do jovem brasileiro não é ser rico ou famoso, mas ter acesso a um direito básico: educação de qualidade. Esta revelação está na pesquisa realizada pelo Ipea com jovens de todo o Brasil, divulgada neste ano. Infelizmente, não há sinal de que o clamor da juventude tenha sido ouvido. Quando se trata de preparar o jovem para o futuro, o desempenho do país é pífio.

Precisamos estimular a permanência do jovem na escola. O ensino médio, ponto nevrálgico na vida de milhões de brasileiros, deve ser reorganizado, com novos planos de formação, currículos e conteúdos. Mais do que nunca é necessário trazer a educação para o século 21, investindo em tecnologia, qualificação de professores e processos pedagógicos atraentes.

Apesar de não ter suas consequências resumidas a este aspecto, a escolaridade deficiente é um dos entraves à inserção do jovem no mercado de trabalho. Em períodos de economia aquecida, candidatos preparados conseguem as melhores vagas. Nos momentos de crise, os grupos mais vulneráveis são exatamente os que têm menos tempo de sala de aula. O jovem negro é o retrato desta vulnerabilidade. Na escada para o emprego, os brancos escolarizados sobem antes.

Não há uma medida única capaz de solucionar os desafios da educação no Brasil, mas especialistas concordam que um dos maiores gargalos está no ensino médio.

Pesquisa da Fundação Seade de São Paulo traça um retrato dramático: "A proporção dos jovens de 15 a 17 anos cursando o ensino médio é inferior a 51% (2011); entre 1999 e 2011, mais que dobrou a proporção dos que abandonaram a escola no ensino médio (de 7,4% para 16,2%); a proporção dos que nem trabalham, nem estudam atinge 24% dos jovens com 18 anos de idade e 25% daqueles com 20 anos; 58,3% dos que não estudam e não trabalham estão entre as famílias com renda familiar inferior a dois salários mínimos; os indicadores de desempenho escolar praticamente não se alteraram na comparação entre 1999 e 2011, apesar dos esforços realizados pelo setor público nesse campo".

Além do entrave do acesso ao mercado de trabalho, persiste o desafio da violência. Entre os 50 mil indivíduos assassinados por ano no Brasil, as vítimas preferenciais são jovens, em sua maioria homens pardos, com 4 a 7 anos de estudo. Esta realidade precisa ser enfrentada com urgência, coragem e ousadia.

A proteção de nossos jovens deve ser uma causa que reúna, de forma solidária, esforços de diferentes níveis de governo. E a eles devemos somar partidos políticos, famílias, comunidades e escolas. Até 2023 o país terá uma população jovem, entre 15 e 29 anos, de 50 milhões. Que presente e que futuro reservamos a eles?

Aécio Neves. senador(MG) e presidente nacional do PSDB

Fonte: Folha de S. Paulo

Desfaçatez - Paulo Brossard

Escrevendo outro dia sobre o mensalão, notei que o processo se estendera por oito anos ou nem tanto, tendo em vista o número de acusados, 38, cada qual com suas peculiaridades, e este dado poderia explicar a aparente demora do feito. O certo é que sua inegável singularidade fez com que o andamento do processo fosse acompanhado pela opinião pública. Se não estou em erro, o resultado foi bem recebido, embora de início um certo ceticismo mareasse a iniciativa, fosse pela gravidade dos fatos articulados, fosse pelo envolvimento neles de algumas personagens; muitas vezes ouvi que terminaria em pizza. No entanto, volto a dizer, a decisão em geral foi bem recebida pela coletividade, tanto que não faltou quem visse nele o sinal de uma nova era, a derrota da corrupção e até seu extermínio. Note-se que dos 38 acusados 25 foram condenados e 12 absolvidos.

Por sua origem e destinação, o caso teve repercussão e ninguém poderia esperar que os acusados pudessem merecer a "legião de honra", no entanto, um dos condenados, em escrito de sua lavra, por ele publicado no dia de sua prisão, permitiu-se asseverar que a Suprema Corte fizera "do caso um julgamento de exceção e político"...

Quando se afirma que "a sentença é espúria", quando se proclama que o Supremo Tribunal Federal "fez do caso um julgamento de exceção e político", o fato adquire proporções inauditas e de particular ineditismo, uma vez que os condenados de condenados passam a acusadores e o Poder Judiciário deixa de ser juiz para se converter em vilão, passando a ser alvo da insigne ofensa. A partir daí, começou a ser repetida a qualificação dada pelos condenados da sentença que os condenou. "Julgamento político" passou a ser o chavão. Chamou-me a atenção um grupo de adolescentes portando cartazes nos quais se usava a nódoa do "julgamento político". O ardil empregado pelos condenados revela à evidência as habilidades por eles possuídas, como se a condenação não passasse de uma conduta condenável do Poder Judi- ciário a isso se reduziria a uma "sentença espúria" e a um "julgamento de exceção".

Muitas considerações poderiam ser articuladas, mas ficarei em uma e das mais singelas, nem por isso menos digna de exame. Basta lembrar que a maioria absoluta do Supremo Tribunal, que teria editado "sentença espúria", e que de uma questão judicial teria se convertido em "um julgamento de exceção e político", em sua maioria absoluta, repito, oito em 11, fora nomeada por presidentes do PT. Sem o voto dessa maioria, a Corte não poderia concluir como concluíra, mas nada disso embaraçava a permissividade revelada pelos condenados em envolver o Poder Judiciário. Astuciosamente os condenados cediam o seu lugar ao Supremo Tribunal.

Com essa manipulação, membros da quadrilha destinada a manejar gordas quantias para fins ilícitos seriam acobertados sob a designação falaz de julgamento político. Poderia estender-me a respeito, mas acredito haver dito o suficiente para sinalar a felonia assacada por condenados contra a mais eminente Corte de Justiça da nação que os condenou.

Atinge as raias da desfaçatez o desembaraço com que condenados pela Justiça dela escarnecem, rotulando-a de espúria e de exceção.

*Jurista, ministro aposentado do STF

Fonte: Zero Hora (RS)

Campanha será cruenta e suja - Luiz Carlos Azedo

Não faltam indícios de que teremos uma campanha eleitoral em 2014 duríssima, na qual as denúncias de corrupção protagonizarão o debate eleitoral, em lugar da discussão sobre as prioridades e os graves problemas do país — embora todo marqueteiro saiba que esse tipo de abordagem, no horário eleitoral, tira mais votos do que dá aos candidatos que a utilizam. O problema é que as chamadas mídias sociais ocupam cada vez mais espaço no debate político e, nelas, a campanha eleitoral já começou. Verdadeiros exércitos de blogueiros e internautas estão se formando para uma guerra virtual que promete ser cruenta e suja. E que pode também dar o tom da campanha nas ruas.

Nas eleições de 2010, já houve intensas campanhas eleitorais nas redes sociais, mas esse peso será muito maior agora. As manifestações de junho passado estão aí para mostrar do que as novas mídias são capazes, em termos de difusão de informações sobre os candidatos e suas respectivas campanhas. Não foi à toa que o Congresso limitou a propaganda visual nas próximas eleições. A grande incógnita é saber o poder de fogo das redes sociais com os eleitores. A maioria dos atores das manifestações recentes é avessa aos partidos políticos e, mais ainda, a quem está no poder. Os mais radicais e descontentes tenderão a votar nulo.

O epicentro dessa disputa nas redes está em São Paulo. O desfecho do chamado mensalão, que levou à prisão políticos e empresários, esquentou o debate. São paulistas os mais ilustres petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470. Cumpre pena na Papuda o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O deputado José Genoino, ex-presidente do PT, que também estava lá, passou mal, foi hospitalizado e agora está em prisão domiciliar provisória, na casa de sua filha, em Brasília — ainda corre o risco de ter de voltar para cadeia.

O caso de Genoino, em razão de sua saúde frágil, provocou a emoção que faltava. Os petistas recuperaram a velha combatividade ao se digladiarem com a oposição nas redes sociais. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que executou as sentenças em pleno feriadão da Proclamação da República, virou o saco de pancadas dos autodenominados blogueiros progressistas, ao mesmo tempo em que é endeusado pelos oposicionistas.

O pau de aroeira também está cantando pra cima dos tucanos paulistas e seus aliados por causa do cartel de empresas do metrô dos trens, que teria atravessado as administrações de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda as articulações do PT visando a eleição do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para o governo de São Paulo. O presidente do PT, Rui Falcão, que é deputado estadual, organiza uma brigada de choque nas redes sociais para esse embate. É nesse contexto que novas denúncias surgiram na semana passada, mirando parlamentares que apoiam a reeleição do governador paulista e alguns de seus secretários.

A denúncia provocou uma nota de protesto do presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), pré-candidato a presidente da República, que ontem pediu o afastamento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho, acusando-os de vazar um documento anônimo que serviu de base para a denúncia de suposto envolvimento dos políticos tucanos com o cartel do metrô e dos trens. “Essa nova operação remete à prática nefasta e habitual do PT de se utilizar de dossiês fajutos para denegrir adversários políticos. O caso agora é ainda mais grave do que o episódio dos aloprados de 2006, pois Simão Pedro, José Eduardo Cardozo e o presidente do Cade, Vinícius Carvalho, são figuras prestigiadas no PT”, acusa.

O ministro Cardozo se defende: “Qual é o papel do ministro da Justiça? É mandar apurar, com sigilo. Se não faço isso, prevarico”. Segundo ele, não há uso político do órgão: “O Cade vive hoje uma situação semelhante à da PF. Quando você investiga aliados, afirma-se que é um órgão que o ministro e o presidente não controlam. Quando você investiga adversários, fala-se que é instrumentalização”. Cardozo admitiu, porém, ter recebido o documento em fim de semana, em sua casa, em São Paulo, de Simão Pedro (PT), deputado estadual licenciado e secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo.

Supõe-se que o parlamentar também tenha vazado o documento, depois de esquentá-lo, e que o ministro esteja protegendo o presidente do Cade, seu subordinado. Os delegados que apuram o caso dizem ter recebido o documento do Cade e não do ministro. Apesar da controvérsia, o fato é que os políticos citados na denúncia apócrifa terão muito trabalho para se explicar. Nas mídias sociais, esse tipo de tarefa será inglória. Há munição de sobra para os “virais sujos” da guerra nas redes.

“Não foi à toa que o Congresso limitou a propaganda visual nas próximas eleições. A grande incógnita é saber o poder de fogo das redes sociais com os eleitores”

Fonte: Correio Braziliense

Voz do passado - Ricardo Noblat

"O STF julgou e a Justiça determinou a prisão, cumpra-se a lei"
Olívio Dutra, ex-governador do RS e fundador do PT

Foi o escritor Luis Fernando Veríssimo quem cantou a bola: a detenção de mensaleiros poderia melhorar o tratamento conferido aos ocupantes de cadeias país a fora. Foi o que aconteceu, pelo menos na Penitenciária da Papuda, em Brasília, que hospeda o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Dali saiu o cardíaco José Genoino na última quinta-feira para se internar em um hospital.

AS FILAS DE parentes continuaram se formando de madrugada nos dias de visita na Papuda. Não há acesso garantido para todos. Entram os que chegam mais cedo. Mas os policiais não hostilizaram ninguém como costumavam fazer. Foram gentis. "Desde que eles chegaram, tudo melhorou" testemunha uma mulher de 30 anos, moradora de uma das cidades-satélites de Brasília, cujo marido está preso na Papuda.

"ELES" SÃO OS 11 mensaleiros divididos entre várias alas da penitenciária. Mas os responsáveis pela mudança de ares ali são Dirceu e Delúbio. E foi Genoino até o dia em que saiu para driblar o risco de morte. Os três atraíram a visita do governador do Distrito Federal, de deputados federais e de senadores do PT em dias em que não poderiam receber visitas. Foi a primeira vez que um governador visitou um preso na Papuda. Entrará para a História.

O JORNAL "CORREIO BRAZILIENSE" abriu generoso espaço para que as famílias de presos comuns reclamassem da regalia concedida aos políticos presos. Por causa disso, foi alvo de denúncias nas redes sociais, acusado de querer intrigar as estrelas da Papuda com a opinião pública. O Brasil na internet virou um gigantesco pastoril onde se torce apenas pelo cordão vermelho ou pelo cordão azul. Se você não gosta de um nem de outro, fique de fora. Ou apenas observe.

SEM PAIXÃO É possível dizer que erros foram cometidos pelos dois maiores protagonistas do episódio ainda em curso da prisão dos mensaleiros — o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal; e o PT, por meio de sua direção ou dos seus principais líderes. Se ainda faltava tomar algumas providências antes do encarceramento dos condenados, por que transferi-los para Brasília com dois ou três dias de antecedência?

GANHOU UM tempo extra em regime fechado quem foi condenado a regime semiaberto. Dizer que não faz diferença é não fazer a mínima ideia do que seja uma cadeia. O voo dos mensaleiros pareceu mais uma ação de marketing planejada para coincidir com um feriado nacional. Os veículos de comunicação mendigam por notícias em feriados e fins de semana. Fartaram-se com o voo.

O PT, ENTIDADES e juristas que costumam amplificar a voz do partido reclamaram da transferência dos presos para Brasília porque eles têm o direito de cumprir pena em presídios perto de onde moram. Pois bem: parte dos presos, agora, pede para permanecer em Brasília. Alguns apenas querem trocar a Papuda por um local mais confortável e próximo do Centro da cidade.

EXPERIENTE NA arte de posar de vítima, o PT se diz perseguido e evita tratar como crime o que o Supremo julgou como tal. Mas dos restos do PT de antigamente emergiu a voz de Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, o único a chamar as coisas pelo seu próprio nome. "Não é o passado que está em jogo, mas o presente, e eles (Dirceu, Genoino e Delúbio) se conduziram mal" decretou Olívio. E foi direto ao ponto:

- EU NÃO OS considero presos políticos. Foram julgados e agora estão cumprindo pena por condutas políticas.

Fonte: O Globo

2014 não é 2010+4 - José Roberto de Toledo

A mudança está chegando. O Brasil não é Westeros, Brasília não é King"s Landing, mas ; 2014 está despontando como um Jogo dos Tronos na política brasileira. Que mudanças são o desejo de dois em cada três eleitores, o Ibope já mostrou. O significado desse de sejo, porém, permanece incerto. Quem descobrir ganha o jogo.

"Mais do mesmo", o mote que elegeu Dilma Rousseff em 2010, é pouco para 2014. Há quatro anos, dois terços dos brasileiros queriam manter mais coisas do que mudar no governo. A proporção inverteu-se. O cenário de mudança é necessário à oposição, mas insuficiente. O manual de autoajuda eleitoral mostra que há dois tipos de pleitos: os de mudança e os de continuidade. O primeiro é o sonho de quem está fora do poder e quer entrar. Já o "deixa estar para ver como é que fica" é a base das reeleições. Nem toda eleição "mudancista" resulta em vitória da oposição, porém, Vide a recapitulação dos sete reinados eleitorais do Brasil.

1989: com hiper inflação àtoda, a primeira eleição presidencial pós-ditadura foi tão mudancista que os seis primeiros colocados eram de oposição.

Dono do maior tempo de propaganda, o governista Ulysses Guimarães (PMDB) não alcançou 5% dos votos. 1994: o trauma de Fernando Collor seguido pelo topete de It amar Franco apontavam para uma eleição de mudança. Aí veio a URV, o controle da inflação e a fulminante eleição do "pai" do real, Fernando Henrique Cardoso. Em time que está ganhando não se mexe, disse o eleitor.

1998: com crise econômica internacional e ilusão de riqueza por um real mais caro que o dólar, o cenário era ambivalente. O eleitor flertava com a mudança, mas temia perder a estabilidade que conquistara. E concluiu: em time que está empatando não se mexe. FHC manteve a coroa, mas logo perderia a popularidade.

2002: a derrota do crescimento econômico era evidente. Defender o governo não era um esporte praticado nem pelo candidato da situação. Todos diziam ao eleitor que queriam mudar. Venceu quem temperou melhor mudança com estabilidade. Lula moderou o discurso e se elegeu.

2006: o eleitor pôs o crédito no bolso e o mensalão na geladeira nova. O País se dividiu em diagonal. Os emergentes do Norte-Nordeste foram mais determinados que os indignados do Sul-Sudeste. Lula ficou e começou a se transformar em mito.

2010: com a popularização do consumo, Lula elegeu Dilma como símbolo da continuidade. Nenhuma mudança, quase uma prorrogação. Bastou dizer que Dilma seria igual a Lula 3.

2014: menos eleitores acham que haverá um Lula 4. Mais gente quer mudar, mas o quê? O governo? A oposição? Talvez ambos.

Dilma tem 23% de eleitores espontâneos - três pontos a menos que há um ano. Os de Aécio Neves (PSDB) eram 3%, são 5%. Eduardo Campos (PSB) segue com 1%. Eleitores que não sabem em quem votar sem ver uma lista são os mesmos 40%. O que mudou? Há três vezes mais gente dizendo que vai votar em branco ou anular: a taxa foi de 4% para 13% em um ano. De onde vieram?

Dos 19% que declaravam voto em Lula um ano atrás só sobraram 8%. A intenção de voto espontânea somada em Dilma e Lula caiu 14 pontos de novembro a novembro. Mas só 1 em cada 3 desses votos virou oposição. A desilusão dos outros dois é irrestrita.

A rejeição a Aécio (45%) e a Eduardo (49%) é maior no quarto de eleitores que querem mudar tudo do que na média do eleitorado. A de Dilma (67%) também, mas ela compensa a alta rejeição entre os mudancis-tas radicais com um potencial de voto três vezes maior que o dos rivais no terço de eleitores que prefere continuidade à mudança. A presidente ainda leva uma vantagem de dois para um entre quem quer mudar muito, mas não tudo.

A mudança está vindo, mas só vai ajudar quem souber encontrá-la.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Bandeira arriada - Valdo Cruz

Uma das bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff caminha para ser arriada, frustrando sua estratégia de usá-la na campanha da reeleição como uma de suas grandes conquistas.

Falo da meta estabelecida pela petista de derrubar a taxa de juros durante seu mandato. Nesta semana, ela deve voltar à casa dos dois dígitos, batendo em 10% ao ano.

Pior. O cenário de incertezas na economia mundial pode levá-la aos 11% ainda no primeiro semestre do próximo ano, acima dos 10,75% herdados do ex-presidente Lula.

Em outras palavras, Dilma não só falhou no seu objetivo, como pode terminar seu mandato com juros mais altos do que recebeu.

Seu equívoco foi criar uma meta de taxa de juros, quando ela é instrumento para atingir a que de fato importa, a de inflação. Resultado, as duas ficaram comprometidas, quando uma deveria levar à outra.

Dilma poderia ter logrado mais sucesso. Em outubro de 2012, os juros caíram para seu patamar mais baixo, 7,25%. Uma maravilha. Só que se esqueceram da outra ponta, a que poderia sustentá-la.

Depois de um primeiro ano de forte ajuste fiscal, o governo se entregou às manobras contábeis para esconder sua gastança exatamente quando derrubava os juros. Deu no que deu, mais inflação, que forçou o BC a voltar a subir a taxa Selic.

Hoje, o governo busca recuperar a credibilidade perdida na área fiscal para tentar segurar a inflação e reduzir a dose dos juros. Tarefa difícil diante de sua ambiguidade.

Dilma e sua equipe têm até se esforçado para mostrar maior rigor fiscal, mas não assumem publicamente compromisso com uma meta fixa, realista, de economia de gastos para pagamento da dívida pública.

Prometem apenas algo vago ou inatingível. Sinal de que não bancam suas próprias metas. Aí, fica difícil pedir que acreditemos neles. Afinal, discurso não convence mais ninguém. É preciso entregar.

Fonte: Folha de S. Paulo

Os grandes temas a debater - Renato Janine Ribeiro

Melhorar serviços públicos é o novo desafio

Quais serão os grandes temas da disputa eleitoral, em 2014? De tanto se discutir filiação partidária e minutos no horário eleitoral, acaba-se esquecendo o que considero decisivo: a disputa pela hegemonia. Uma eleição não é só apuração de votos. É a luta "pela alma" dos cidadãos, na fórmula de Marco Aurélio Nogueira. Se tivéssemos um consenso forte entre os partidos - como no último pleito afirmava Plinio Sampaio, do PSOL, ao acusar Dilma, Serra e Marina de serem farinha de um único saco - apenas discutiríamos qual deles é mais apto a cumprir uma agenda comum. Mas nossa política está dividida. Sustentarei que temos três grandes temas para a sociedade debater; a questão é quais candidatos querem tratar de cada um deles.

O primeiro é o da inclusão social. Está no horizonte há décadas; desde Itamar Franco, os governos agiram nesse rumo. Mas só o governo Lula o inscreveu como política de Estado, como prioridade de governo. A inclusão fez os cem milhões de brasileiros que viviam na grande pobreza ou miséria, em 2005, baixarem em apenas cinco anos para metade desse número. Não acredito que em algum lugar do mundo já tenha havido ascensão social de tantos em tão pouco tempo. Mas esse inegável êxito dos governos petistas não está concluído. Restam dezenas de milhões no patamar mais baixo. O tema continua candente.

O segundo tema é o da corrupção. Aqui temos - infelizmente - um carimbo temático. Quem é pelo governo destaca seu sucesso na inclusão social. Quem é contra ressalta a corrupção. A crítica à corrupção do governo (federal, apenas) é o grande tema da oposição. Se a inclusão social gera apoio ao PT, a corrupção reúne o ódio a ele. Mas não importam nossas simpatias políticas: é um assunto importante. Há corrupção no país, embora não tenhamos indicadores objetivos para saber quem é mais corrupto. E a corrupção desmoraliza a política. Não pode ser tolerada. Foi um grave erro dos petistas relegar esse assunto a um segundo plano na discussão pública. Levou muitos a acreditar que só lhe deram importância enquanto estavam na oposição, virando a casaca mal chegaram ao governo. Não há como deixá-lo de lado.

O terceiro ponto é o que, a meu ver, foi trazido pelas ruas este ano: a exigência de serviços públicos de qualidade. Alguns amigos meus se incomodaram com as manifestações, considerando-as conservadoras. Não concordo, como não concordo com a desqualificação das queixas da classe média. Pagamos impostos para ter educação, saúde, transporte e segurança públicos. Mas estes não têm qualidade. Daí que a classe média pague - uma segunda vez - pelos mesmos serviços: põe os filhos em escolas particulares, paga plano de saúde, compra carro, contrata segurança na rua ou no prédio. Está aí a raiz de seu descontentamento com os impostos e com o governo federal, e não apenas, ou não essencialmente, em ideologias conservadoras. É justo, é necessário, a classe média indignar-se com isso. E sobretudo os pobres, que não podem pagar a mais: nosso maio começou com o clamor por transporte coletivo bom e barato para eles. A questão dos serviços públicos deverá estar na ordem do dia. Sustento que esse é o próximo grande desafio para a democracia brasileira, que foi capaz de conquistar as liberdades (1985), a estabilidade monetária (1994) e avançar significativamente na inclusão social (desde 2003).

Agora, a questão para as eleições: que candidatos, que partidos podem falar de cada um destes assuntos?

O PT continua sendo o melhor para falar em inclusão social, mas Aécio sabe muito bem que precisa disputar nessa área - rompendo com a rejeição de parte de sua base ao Bolsa Família. Seu mote pode ser: completar a inclusão social e ir além das medidas de emergência. Já a corrupção é um tema que o PT hoje subdiscute, enquanto as oposições o hiperdiscutem. Há exageros dos dois lados, mas é improvável que esse tema mude de dono. Quanto à qualidade dos serviços, que deverá logo tornar-se a bola da vez, o PSDB fala mais a respeito. Prometeu inúmeras vezes um "choque de gestão" (assunto do qual o PT pouco fala), mas é certo que os tucanos não mostram sucessos nesse capítulo. Quanto à Rede + PSB, tem estado omissa sobre os três pontos, o que me deixa cético, hoje, quanto a suas chances eleitorais.

Por ora, a oposição prefere falar aos empresários, não se sabendo ainda o que conseguirá propor ao eleitorado. O governo também corteja o capital, mas fala mais aos eleitores.

Porque nosso sistema eleitoral é curioso. Estamos agora no turno zero, em que os candidatos - sobretudo de oposição - fazem o tour do capital, para granjear apoio e financiamento. Os dois turnos, porém, são junto ao povo, cujas prioridades não são as dos ricos. O PT é o mais popular - embora sem ter maioria absoluta - nas urnas. Mas depois há um terceiro turno, que dura três anos, até as eleições seguintes, e de novo o dinheiro se faz ouvir. Equilibrar demandas sociais justas e o liberalismo inato dos empresários é um grande desafio. Por ora, prevalece a conversa com o dinheiro. Mas em breve os candidatos terão de falar ao povo, e os principais temas devem ser os que apontei.

É uma lástima que na última semana, em vez de discutirmos o futuro do país, tenhamos sido pautados pela questão da vida ou morte do deputado José Genoino. A execução das sentenças dividiria, de qualquer forma, a opinião. Portanto, esse assunto, por ser delicado, deveria ter sido tratado com a delicadeza necessária. Não o foi. O que aconteceu - e o que poderá acontecer - só aumentará o ódio no debate político brasileiro. A campanha se prefigura sombria.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

A confissão de um Ministro (José Eduardo Cardozo) que só tem compromissos com seu partido – Alberto Goldman

Alguns dias após a informação da polícia federal de SP, vazada para o jornal “O Estado de São Paulo”, de que havia recebido do CADE (desmentido por esse ) relatório que teria sido feito por um ex executivo da Siemens, cuja autoria ele desmente, no qual se fazem pesadas acusações, sem qualquer documento probatório, à Secretários de Estado e parlamentares paulistas, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confessa que foi ele mesmo quem recebeu o relatório, anônimo, sem assinatura, das mãos do deputado estadual do PT e secretário de Haddad, Simão Pedro, e o encaminhou,“como rotina” segundo suas declarações, para a PF em São Paulo.

Um relatório assim, sem assinatura de um responsável, entregue por um parlamentar petista diretamente não ao Ministro de Estado, mas ao seu companheiro de partido que exerce, no momento, uma função pública de alta relevância transforma-se, sem maiores cautelas do companheiro/ministro, em um documento ( que faria parte de uma investigação e um inquérito sigilosos ), divulgado com espalhafato pelos meios de comunicação, atingindo a honra e a reputação de várias pessoas e criando uma nuvem da suspeição sobre os governos do PSDB em São Paulo.

Que o deputado petista seja leviano, não nos surpreende. Levar adiante um documento sem origem comprovada só pode ser tarefa de um leviano, com têm sido muitos deles no correr dos tempos. Mas que um Ministro de Estado o faça, permitindo que pessoas sejam difamadas e caluniadas, chega a ser criminoso. Prevaleceu o interesse político acima das suas responsabilidades de dirigente de Estado. Vai ganhar uma medalha do Lula. E da Dilma.

Já exerci diversas funções públicas: deputado, secretário, ministro, vice governador e governador. Já recebi denúncias de vários tipos, mas só as encaminhei após a identificação e a responsabilização do denunciante. De resto seria, como é, leviandade, irresponsabilidade e crime. Quem os comete não pode exercer qualquer função pública

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Onze anos que mudaram Minas - Marcus Pestana

Daqui a pouco mais de um mês estaremos completando 11 anos da posse de Aécio Neves como governador de Minas. Poucos governos em nossa história transformaram de maneira tão profunda a realidade. Na boa trilha de João Pinheiro e JK, construiu-se um ambiente caracterizado por mudanças consistentes nas políticas sociais e na infraestrutura para o desenvolvimento. O governador Anastasia, figura central nos dois primeiros mandatos, garantiu a continuidade do projeto, avançando e inovando.

As políticas públicas não devem ser julgadas pela retórica oficial nem pelas intenções dos atores em cena, mas por seus resultados. Cabe registrar que o ciclo governamental liderado por Aécio e Anastasia iniciou-se a partir de uma gravíssima crise fiscal. Não há êxito só a partir de boas ideias e boa capacidade de gestão. Sem um padrão de financiamento saudável, não há programa de investimento e qualidade possíveis. O déficit orçamentário anual de R$ 2 bilhões resultava em atrasos com fornecedores e servidores. O equilíbrio fiscal foi alcançado já em 2004 através da estratégia que ficou conhecida como choque de gestão. O ajuste fiscal e a modernização da estrutura governamental não eram um objetivo em si. Visavam preparar o terreno para grandes avanços nos setores essenciais que afetam o cotidiano da população mineira.

Hoje é possível olhar para trás e aquilatar os fantásticos resultados colhidos pela gestão estadual com o apoio da sociedade mineira.

Um bom termômetro da qualidade da gestão mineira é o nível de investimento. A baixa taxa de investimento (18,5% do PIB) é uma das grandes responsáveis pelo voo de galinha da economia brasileira. Minas, no entanto, fez sua parte. Em 2002, o governo de Minas investia apenas R$ 775 milhões. Em 2012, esse número havia saltado para R$ 3,1 bilhões. Um crescimento de 310% contra uma inflação no período, medida pelo IPCA, de 61,6%. Mais do que Rio de Janeiro (238%), Rio Grande do Sul (188%) e Paraná (56%). Os créditos internacional e interno foram recuperados e os salários, colocados em dia.

A economia mineira acompanhou o bom desempenho dos investimentos públicos estaduais. De 2002 a 2010, Minas teve o maior aumento percentual dentro da economia brasileira. Passou de 8,6% do PIB brasileiro para 9,3%. Rio de Janeiro, São Paulo e a região Sul viram decrescer sua fatia no conjunto de riquezas produzidas no Brasil. Mesmo sendo Minas uma síntese do país, com enormes desigualdades regionais, saímos do 12º lugar para o nono lugar no PIB per capita.

Consolidamos nossa posição privilegiada no agronegócio, fortalecendo a posição de maior produtor de café, leite, batata, reflorestamento e equinos. Também cristalizamos nossa liderança na indústria de bens intermediários, tais como cimento, ferro, aço, laminados e fosfato.

Nas próximas semanas, prosseguiremos na avaliação das políticas públicas estaduais que foram revolucionadas em Minas nos últimos 11 anos.

Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas

Fonte: O Tempo (MG)

Política – Claudio Humberto

• Governo triplica gastos com pessoal na era PT
O governo federal triplicou os gastos com folha de pessoal nos últimos 10 anos, desde o início do governo do ex-presidente Lula, em 2003, ao meio do governo Dilma, em 2012. No final de 2002 eram 2,03 milhões de servidores empregados no governo, a um custo de R$ 75 bilhões. Até a metade de 2013 esse número havia crescido para 2,24 milhões de servidores, mas o custo da folha quase triplicou: R$ 212,6 bilhões

• Não foi a inflação
A folha de pessoal de R$ 75 bilhões atualizada pelo IPCA se traduz em R$ 151,9 bilhões em 2013; R$ 60 bilhões a menos que o custo atual.

• Na conta da chefe
A Presidência da República foi campeã de crescimento na era PT: em 2002 eram 3.147 servidores no Palácio do Planalto. Hoje são 8.861.

• Cabides
Os 8.861 servidores do Palácio do Planalto incluem a Agência de Inteligência e secretarias como Direitos Humanos e Igualdade Racial.

• Saco sem fundos
Fiscalizar, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não fiscaliza, mas gastou R$ 112 milhões com pessoal, em 12 meses.

• ‘Google do Judiciário’ está ameaçado no CNJ
Está congelada desde novembro de 2012 a Central Nacional de Informações Processuais e Extraprocessuais (CNIPE), do Conselho Nacional de Justiça, que oferece a cidadãos, advogados e juízes acesso ao andamento de processos judiciais, com uma simples busca na internet. O investimento para implementar a CNIPE foi de mais de R$ 40 milhões, mas ainda precisa ser instalada em 80 tribunais.

• Gestão Barbosa
O presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, não esboçou qualquer intenção de concluir a CNIPE e integrar os órgãos do Judiciário.

• Cartórios
A CNIPE também possibilita o acesso a informações extraprocessuais, em cartórios, o que facilitaria a trâmite legal em diversas esferas.

• Busca simples
A CNIPE possibilita a busca em causas judiciais simplesmente digitando o número do CPF, CNPJ ou número da OAB do advogado.

• Emendas 2014
Os parlamentares tem até esta quinta (28) para apresentar emendas ao Orçamento de 2014, já sob a nova regra que limita R$14,6 mil de emendas individuais, sendo metade destinada à área da saúde.

• Mais do mesmo
Líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR) garante que a sigla não pleiteia novos ministérios, mas já avisa que o cargo de Guilherme Afif na pasta de Micro e Pequena Empresas é “cota pessoal da presidente Dilma”.

• Memória de peixe
Não se fazem petistas como antigamente: o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira (SP), chamou a privatização do Galeão de “um grande sucesso”. Já o mensaleiro José Genoino, líder do PT na Câmara em 1999, chamou o leilão da Telebrás de “uma grande negociata”.

• Virou pessoal
Petebistas garantem que, em conversa recente com senador Armando Monteiro, Lula prometeu arregaçar as mangas para tentar elegê-lo ao governo contra o candidato do traidor Eduardo Campos (PSB-PE).

• Máfia petista
Presos após condenação no Supremo Tribunal Federal, os mensaleiros José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha permanecem como titulares do Diretório Nacional do PT. Só Delúbio Soares ficou de fora.

• Rotina na prisão
O ex-ministro José Dirceu disse que ocupa seu tempo na cadeia “cuidando de Genoino” e lendo livros sobre a vida de Getúlio Vargas, para se manter “altivo” e “pronto para trabalhar” no regime semiaberto.

• PROS Senado
A Executiva do PROS, partido criado este ano, quer na disputa pelo Senado o deputado Ronaldo Fonseca, presidente regional no DF, em 2014. O deputado prefere a Câmara, mas não descarta a possibilidade.

• Preço da aparição
O Senado torrou R$ 2,2 milhões para divulgar “atividade parlamentar” de 53 senadores. O site Contas Abertas coloca o senador Ivo Cassol (PP-RO) no topo da lista de gastadores: R$ 160 mil só em 2013.

• Pensando bem…
… só faltam Steven McQueen e Charles Bronson na fuga cinematográfica do mensaleiro Henrique Pizzolato para a Itália.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Painel - Vera Magalhães

Tamanho da conta
Em reuniões recentes no Palácio do Planalto para discutir o financiamento dos programas de concessões de rodovias e ferrovias, representantes de bancos privados manifestaram preocupação com o impacto de projetos de grande porte nas contas do governo. O setor apontou, em ao menos três encontros, que ainda não tem clareza sobre o custo dessas operações para o Tesouro, que precisará fazer aportes ao BNDES, o que gera incerteza sobre a garantia desses recursos.

Lista... A CNI (Confederação Nacional da Indústria) começou a discutir com as associações setoriais projetos que serão apresentados aos presidenciáveis para aumentar a competitividade do país.

... de pedidos Com base no Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022, a entidade vai elaborar 43 projetos em dez áreas, como educação para o trabalho, desburocratização tributária e gestão fiscal.

O chamado Geraldo Alckmin (PSDB) vai reunir seu secretariado na quarta-feira para cobrar números do programa de corte de gastos do governo. Quer anunciar um balanço, em oposição às denúncias sobre a ação do cartel no Metrô e na CPTM.

Blindado A base do governo na Assembleia articula para que o Conselho de Ética abra procedimento contra o deputado licenciado Simão Pedro (PT) e apure suposta interferência política no acordo entre a Siemens e o Cade.

Divã O deputado Walter Feldman (PSB-SP) telefonou para Marina Silva ao ser informado sobre documento que relatava "relação muito próxima" com um lobista, o que ele nega. Disse que ela prestou solidariedade e "em momento nenhum manifestou qualquer preocupação".

Abraço partido Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) trocaram abraços na Câmara durante a semana. Eles foram cobrados a fazer as pazes por colegas após bate-boca em setembro.

Teste... A campanha de Dilma Rousseff tentará reforçar a imagem do Pronatec, programa de ensino técnico do governo federal. A avaliação de aliados é que o projeto pode ser uma das principais bandeiras do governo.

... de DNA Pesquisas do PT, no entanto, indicam que a maioria relaciona os cursos profissionalizantes oferecidos pelo programa com entidades como Sesi e Senai, e não com o governo federal, que investiu R$ 14 bilhões.

Trunfo Pesquisa encomendada pelo PSB mostra que Eduardo Campos salta de 12% para 18% quando Marina é indicada como sua vice e fica à frente de Aécio Neves (PSDB), que vai de 16% a 17% quando José Serra compõe a chapa. Dilma oscila de 43% para 41% quando Michel Temer (PMDB) é apresentado.

No papel Um dos pontos centrais da proposta de governo que Aécio apresentará em dezembro será a redistribuição de poderes da Federação, tema que defendeu na semana passada, em Minas. Os tucanos dizem que o poder hoje é concentrado nas mãos da Presidência, esvaziando governos estaduais.

Curto prazo Dirigentes do PSD afirmam que a adesão do partido ao campo petista tem data de validade. Por enquanto, o plano da sigla é se aproximar de Campos para a eleição presidencial de 2018, quando a legenda projeta uma "virada de página" em relação à gestão do PT.

Segundo plano Na última semana, petistas levaram ao governo seu desconforto com a falta de empenho do Planalto na montagem de palanques para candidaturas estaduais. Para o grupo, o partido está perdendo espaço nas articulações de suas chapas no Rio e em Pernambuco.

Tiroteio
"Os equívocos na gestão da Petrobras criaram saia justa para o reajuste de combustíveis. O governo agora faz a festa dos especuladores."
DO EX-DEPUTADO LUIZ PAULO VELOZO LUCAS (PSDB-ES), sobre a indefinição do governo a respeito do mecanismo de aumento do diesel e da gasolina.

Contraponto
Espelho meu

Enquanto presidia uma sessão esvaziada do Senado, Paulo Paim (PT-RS) decidiu fazer uma brincadeira com a semelhança entre seu nome e o de seu colega de Congresso, o também senador Paulo Davim (PV-RN).

Após um discurso de Alvaro Dias (PSDB-PR), o presidente aproveitou o momento em que chamava o colega para que fizesse sua fala na tribuna:

--Passo a palavra ao nobre senador Paulo Paim. Digo, Paulo Davim! Todos confundem-- disse Paim, rindo.

Davim também sorriu e retribuiu a brincadeira:

--É uma honra ser confundido com V.Exa.

Fonte: Folha de S. Paulo

A Berlim – Vinicius de Moraes

Vós os vereis surgir da aurora mansa
Firmes na marcha e uníssonos no brado
Os heróicos demônios da vingança
Que vos perseguem desde Stalingrado.

As mãos queimadas do fuzil candente
As vestes podres de granizo e lama
Vós os vereis surgir subitamente
Aos heróicos prosélitos do Drama.

De início mancha tateante e informe
Crescendo às sombras da manhã exangue
Logo o vereis se erguer, o Russo enorme
Sob um sol rubro como um punho em sangue.

E ao seu avanço há de ruir a Porta
De Brandemburgo, e hão de calar os cães
E então hás de escutar, Cidade Morta
O silêncio das vozes alemãs.

Rio de Janeiro, 1945.

Poemas esparsos. Companhia de Letra, 2008