terça-feira, 24 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Raimundo Santos

Os partidos da Oposição estão ante a responsabilidade de construírem, com suas candidaturas à Presidência da República, uma ampla convergência em condições de levar a disputa ao segundo turno e abrir caminho para a eleição de um governo de orientação democrática. A democratização da vida nacional do tempo contemporâneo progrediu quando atores de diferentes orientações se uniram na defesa da democracia política em conjunturas difíceis, nas quais correntes de esquerda não se desobrigaram de agir politicamente.

Raimundo Santos, “Democracia política e valores democráticos” Blog Democracia Política e novo Reformismo, 22 de dezembro de 2013.

Dívida pública atinge R$ 2 trilhões em novembro, informa Tesouro

Governo atribuiu a alta no estoque da dívida à emissão de títulos em patamar superior aos resgates de papéis

Cristiane Bonfanti

BRASÍLIA. A dívida pública brasileira em títulos em poder do mercado financeiro atingiu R$ 2,07 trilhões em novembro – o maior valor registrado na série histórica da dívida, iniciada em 2000. O volume de recursos que o governo toma emprestado para financiar as necessidades do país aumentou 2,32% na comparação com o mês anterior, quando estava em R$ 2,02 trilhões, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional.

O coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais, explicou que houve uma alta no estoque da dívida em razão da emissão de títulos em patamar superior aos resgates de papéis realizados em novembro. No fim do ano passado, a dívida pública havia atingido pela primeira vez a marca de R$ 2 trilhões.

- A ideia é que, com as emissões (de papéis) já ocorridas em dezembro, o estoque da dívida fique dentro do intervalo do PAF (Plano Anual de Financiamento 2013). O estoque deve ficar um pouco acima de R$ 2,1 trilhões - afirmou o coordenador.

No mês passado, as instituições financeiras aumentaram a sua carteira de títulos brasileiros. A parcela da dívida nas mãos dos bancos cresceu de R$ 550,1 bilhões para R$ 574,9 bilhões. O coordenador ressaltou que, por outro lado, houve uma queda no total de títulos brasileiros em poder de estrangeiros. A participação desses investidores caiu de 16,91% para 16,53% do total da dívida.

No mês passado, eles detinham R$ 326,02 bilhões em papéis brasileiros, sobretudo em títulos prefixados, com correção determinada no momento do leilão, o que garante ao governo maior previsibilidade na organização de suas contas. O coordenador destacou, no entanto, que houve uma alta na participação estrangeira na comparação com o valor registrado em dezembro de 2012, quando o total era de 13,72%.

- Houve um aumento muito rápido no total de estrangeiros e, agora, estamos vendo uma estabilização, o que é positivo. É melhor termos um movimento gradual do que movimentos bruscos - disse.

O coordenador adiantou que, em dezembro, houve a emissão de R$ 1,5 bilhão em papéis em favor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – que banca a redução do valor da luz. No acumulado do ano, o total chega a R$ 7,8 bilhões. Em dezembro, o Tesouro emitiu também R$ 24 bilhões para repassar ao BNDES e permitir que ele conceda mais empréstimos ao setor produtivo.

Nos últimos quatro anos, já foram injetados mais de R$ 300 bilhões no banco de fomento. Mas essas operações têm sido alvo de críticas do mercado, sobretudo por elevarem a dívida bruta da União, que é um dos indicadores de solvência mais observados pelas agências de classificação de risco.

Fonte: O Globo

BNDESPar faz aporte de R$ 1 bi na Odebrecht TransPort

Empresa venceu concessão do Galeão e da rodovia BR-163, em Mato Grosso

Reuters

SÃO PAULO - A BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), irá fazer um aporte de R$ 1 bilhão para aumentar sua participação na Odebrecht TransPort, que venceu em novembro a concessão pelo aeroporto de Galeão (RJ) e pela rodovia BR-163 no Mato Grosso.

Segundo comunicado nesta segunda-feira, a BNDESPar passará a deter 10,61% do capital da companhia de logística após a operação.

O aumento de capital da Odebrecht Transport irá totalizar R$ 1,429 bilhão, sendo que além do aporte da BNDESPar, R$ 429 milhões serão subscritos pelo FI-FGTS, que manterá sua participação atual de 30% na companhia do Grupo Odebrecht.

O BNDESPar vem realizando aportes de capitais em diversas empresas de logística, como parte da estratégia do governo federal de elevar os investimentos no setor, e viabilizar o aumento de competitividade da economia brasileira com a redução de gargalos logísticos.

A Odebrecht Transport venceu no fim de novembro a concessão do aeroporto de Galeão (RJ), juntamente com a empresa Changi de Cingapura, ao fazer uma oferta de R$ 19,018 bilhões, quase quatro vezes maior que o lance mínimo definido pelo governo.

Menos de uma semana depois, a empresa brasileira também venceu o leilão da rodovia da soja, a BR-163 (MT), com um deságio de 52% sobre o pedágio máximo definido pelo governo.

A BNDESPar já realizou investimentos em empresas como Triunfo Participações, com 14,8% do capital total, América Latina Logística (ALL), com 12,1%, e Ecorodovias, com 3,8% do capital total.

"Em todas essas operações, os recursos utilizados pela BNDESPAR são provenientes do giro da sua carteira, sem utilização de funding em TJLP", informou no comunicado.

Fonte: O Globo

Serviços: Descaso no país é generalizado

Brasileiros viraram reféns dos apagões de luz, dos atrasos em aeroportos, da ineficiência de Detrans, hospitais. Dilma reconhece serviços ruins

Dilma reconhece serviços ruins

A presidente da República diz que a população quer um Estado mais eficiente. Analistas veem discurso como campanha à reeleição

Em meio à série de reportagens do Correio sobre o descompasso entre o volume de impostos arrecadados e a qualidade dos serviços prestados no Brasil, a presidente Dilma Rousseff usou as redes sociais para divulgar uma mensagem de fim de ano direcionada aos servidores públicos federais. Dilma diz ser preciso responder às cobranças dos manifestantes que tomaram as ruas em todo o país este ano para protestar, principalmente em junho.

O Estado brasileiro, afirmou ela, deve oferecer serviços públicos de qualidade para todos, promovendo inclusão social e cidadania. “As vozes dos que foram às ruas querem melhores serviços públicos, mais médicos, mais educação, mais transporte de qualidade, mais segurança”, discorreu a presidente. “Cabe a todos nós, servidores públicos, responder a essas vozes”, completou ela, classificando 2013 como um ano de “trabalho árduo e também de muitas conquistas”.

As declarações de Dilma não mudam em nada a precária realidade encontrada pelos contribuintes nos órgãos públicos, no entender da economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Virene Matesco. “É óbvio que isso não passa de uma tentativa de jogada de marketing às vésperas do ano eleitoral. E a própria Dilma sabe disso”, avalia. “A verdade é que os governos nunca demonstraram interesse algum em melhorar os serviços prestados aos cidadãos”.

O Brasil, comenta a professora — e todos os brasileiros sabem —, não tem problema de receita. Em 2013, o Estado terá arrecadado R$ 1,62 trilhão em impostos, um novo recorde anual. “Não somos um país pobre, somos um país mal administrado. É como aquele cidadão que ganha bem, mas nunca consegue fazer poupança e vive endividado”, compara ela, para quem os serviços públicos não são apenas ruins, mas péssimos.

Em junho deste ano, a revolta com essa constatação de Virene levou, em um único dia, mais de 1 milhão de brasileiros às ruas, em plena realização da Copa das Confederações. A corrupção e os gastos com a organização da Copa do Mundo de 2014 também foram alvos dos manifestantes. O simbolismo dos números grandiosos e a força das imagens das multidões pegaram de surpresa as autoridades, que chegaram a esboçar reações, mas, de fato, pouco ou quase nada mudou desde então.

Fonte: Correio Braziliense

Privatizado, Galeão passa a ser 61% estatal

Com R$ 1 bi, BNDES vira sócio da Odebrecht TransPort, que liderou o consórcio vencedor; FI-FGTS põe mais R$ 429 mi

Infraero tem 49% do aeroporto; BNDES defende política e diz que faltam grandes investidores em projetos

Mariana Barbosa, Julio Wiziack

SÃO PAULO - O aeroporto do Galeão (RJ), privatizado em leilão há um mês por R$ 19 bilhões, passou a contar com 61,4% de participação estatal.

A OTP (Odebrecht TransPort), que liderou o consórcio vencedor do certame, em sociedade com a Changi, de Cingapura, recebeu um investimento de R$ 1,429 bilhão por parte do BNDESPar (braço de participações em empresas do BNDES) e do FI-FGTS (fundo criado com recursos do FGTS para investimento em infraestrutura).

O BNDESPar adquiriu 10,6% da OTP por R$ 1 bilhão. O fundo de investimentos do FGTS, que já detinha 30% da empresa, entrou com R$ 429 milhões para manter inalterada sua participação.

O cálculo de 61,4% de participação estatal considera os 49% que a Infraero detém na sociedade detentora da concessão do aeroporto e as participações indiretas do BNDESPar e do FI-FGTS.

A ofensiva de recursos estatais no aeroporto é alvo de críticas. "Aeroportos são um ótimo negócio, a geração de receita é imediata, é um monopólio natural. Para que colocar capital público?", questiona o professor do Insper Sérgio Lazzarini, autor de "Capitalismo de Laços".

André Loureiro, chefe do departamento de investimentos da área de mercado de capitais do BNDES, argumenta que o investimento faz parte da política pública de apoio a projetos de infraestrutura.

"Essa conta [de participação indireta] é complicada de fazer. Somos minoritários dentro da holding e com perfil financeiro. Não participamos da gestão nem indicamos os administradores."

Loureiro diz que o investimento do banco é necessário porque grandes fundos soberanos e de "private equity" (que compram participações acionárias em empresas) não têm participado de concessões de infraestrutura no país.

"Talvez porque os prazos não sejam tão atraentes e esses investimentos sejam de mais longo prazo."

Lazzarini tem outra explicação: incerteza regulatória.

"O governo cria incertezas, mudando as regras das concessões e depois o empresariado diz que precisa de capital público para compensar essas incertezas."

O professor do Insper acredita que o governo deveria ser mais seletivo na alocação de recursos. "Deveríamos concentrar esses investimentos em projetos difíceis de serem financiados, como saneamento, presídios."

Metrô e Rodovia
Subsidiária da Odebrecht para as áreas de Transporte e Logística, a OTP foi criada em 2010 e já é responsável por 18 concessões. Só neste ano foram cinco novos projetos, como a BR-163 (rodovia da soja), a linha 6 do metrô de São Paulo e o Galeão.

"O dinheiro que o BNDESPar está colocando na OTP não está carimbado para o Galeão ou outro investimento. Está indo para uma empresa que investe em 18 negócios de infraestrutura importantes para o país", diz o presidente da OTP, Paulo Cesena.

Antes de entrar no capital da OTP, o BNDESPar já havia feito outros investimentos em operadores logísticos. O fundo do BNDES detém 14,8% do capital da Triunfo, empresa que integra o consórcio que administra o aeroporto de Viracopos. Também é dono de 12,1% do capital da ALL e de 3,8% da Ecorodovias.

Ainda no setor de aeroportos, o governo está presente, indiretamente, também no capital de Guarulhos. O controlador do consórcio, a Invepar, é uma sociedade entre fundos de pensão de estatais e a construtora OAS.

Fonte: Folha de S. Paulo

Beijinho, beijinho. Tchau, tchau?

Em 2010, Aécio apoiou Serra, mas os serristas o acusam de corpo mole na eleição. Agora, Aécio precisa do engajamento de Serra. Vai ser difícil...

Alberto Bombig e Leopoldo Mateus

Na terça-feira passada, o ex-governador de São Paulo José Serra escreveu em sua página no Facebook: "Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à presidência da República, devem fazê-lo sem demora". Aécio celebrou. "Foi um gesto na direção da unidade partidária. Tenho certeza de que Serra terá um papel muito importante no ano que vem", disse a ÉPOCA. A paz entre dois dos principais líderes do PSDB deveria ser mesmo motivo de comemoração para os tucanos. São Paulo, Estado de Serra, e Minas Gerais, de Aécio, são os dois maiores colégios eleitorais do país. Somados, terão peso decisivo nas eleições do ano que vem. Da última vez que os dois políticos se juntaram numa eleição presidencial, porém, trocaram o sinal de somar pelo sinal de dividir. Os tucanos temem que o enredo se repita, com os personagens trocados.

A mensagem de Serra no Facebook, na semana passada, tinha a data de 17 de dezembro. Quase exatamente quatro anos antes, em 16 de dezembro de 2009, o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), divulgou uma nota: "Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República". Se na ribalta os tucanos mostravam união, na coxia ocorria coisa bem diferente. No primeiro turno, os tucanos mineiros fizeram uma campanha animada, com comícios que exaltavam Aécio, Anastasia e o ex-presidente Itamar Franco, companheiro de chapa de ambos e também candidato ao Senado. Nessas ocasiões, o nome de Serra raramente era citado, a não ser nas poucas ocasiões em que Serra estava presente. Aécio e Anastasia também não se opuseram à distribuição de panfletos de apoio à chapa "Dilmasia", que misturava tucanos e petistas. Resultado: Serra, no primeiro turno, teve em Minas menos votos do que sua média nacional - 30,76% contra 32,61% - e foi derrotado por Dilma Rousseff.

No segundo turno, Aécio prometeu se engajar na campanha de Serra, enquanto Serra se concentrava nos Estados mais difíceis, da Região Nordeste. O quadro mudou pouco. Os prefeitos mineiros que haviam apoiado Anastasia queriam ficar bem com o governo federal. Continuaram a cortejar Dilma, a líder nas pesquisas. Até hoje os serristas acusam Aécio de corpo mole na batalha pela reconversão dos prefeitos. Aécio nega, citando a vitória de Serra em Belo Horizonte. Aécio também pilotou o comício de encerramento da campanha de Serra na capital mineira. "Viramos Minas, viramos Minas, ganhamos a eleição", disse Serra no avião, depois do comício. Ilusão. No segundo turno, nova vitória de Dilma: 56% a 44%.

A história se repetirá? Segundo os fiéis seguidores de Serra, ele não esqueceu o que aconteceu em 2010. Por isso, eles não acreditam que Serra vá se engajar na campanha de Aécio. Já há motivos para achar que eles têm razão. Em São Paulo, base política de Serra e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), está em curso um flerte declarado dos tucanos com Eduardo Campos, o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB. Alckmin negocia com o PSB a indicação de um vice a sua própria chapa, na campanha cela reeleição.

O aval de Serra, segundo integrantes de seu grupo, foi importante para que Roberto Freire, presidente do PPS, declarasse apoio a Campos Freire é hoje um dos políticos mais próximos de Serra. Seu PPS esteve com Alckmin em 2006 e com o próprio Serra em 2010. Desta vez, deixou os tucanos de lado. Freire disse a ÉPOCA que não conversou com Serra sobre o apoio a Campos. "Não o consultei", afirmou. No mínimo, Serra e Alckmin pouco se empenharam para manter o PPS com Aécio - e, com isso, mantiveram um canal aberto com Campos.

Na mesma semana em que viu Serra sair de seu caminho, Aécio confirmou o fim do vínculo com o marqueteiro Renato Pereira, que fez os programas de TV do PSDB em 2013. A decisão de não renovar o contrato já estava tomada desde setembro. Pereira, segundo os tucanos, não participava dos eventos do partido. Isso desagradou à cúpula do PSDB, que achava também que a conta do partido era tratada como "apenas mais uma". Aécio pretende montar um colegiado para tocar a campanha, como fez em suas eleições vitoriosas em Minas Gerais. Duda Mendonça chegou a ser apontado como possível substituto. Aécio nega ter cogitado seu nome. "Não há preocupação centrada na questão de marqueteiro. Isso talvez valha para o governo do PT, em que o marqueteiro foi levado à condição de primeiro-ministro", diz Aécio.

Outro problema de Aécio será montar alianças, agora que o PPS de Roberto Freire aderiu a Campos. As conversas com o PV nacional têm acontecido com frequência, e o PSDB ainda não desistiu de ter o PP em sua chapa, mesmo com o partido na base aliada da presidente Dilma. O PSDB também pretende fechar apoios com o DEM e o Solidariedade, de Paulinho da Força. Na montagem de palanques regionais, Aécio continua dando atenção especial ao Rio. Uma reunião em seu apartamento na cidade, na semana passada, contou com a presença do economista tucano Armínio Fraga, do ex-deputado Fernando Gabeira e do técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, Bernardinho, possível candidato do PSDB ao governo fluminense.

Em 2009, ao ser informado da desistência de Aécio, Serra afirmou: "Não somos semeadores da discórdia e do ressentimento. Nem estimuladores de disputas de brasileiros contra brasileiros, de classes contra classes, de moradores de uma região contra moradores de outra região. Trabalhamos, ambos, sempre, pela soma, não pela divisão". Será bom para os tucanos que, na hora eles não troquem novamente os sinais das operações matemáticas.

Fonte: Revista Época

Processado por Cardozo, José Aníbal reitera acusações contra ministro

Secretário de Energia de São Paulo chama de 'deliquência' o relatório da Polícia Federal que aponta envolvimento de tucanos no escândalo do cartel do metrô; 'Não tenho temor de processo', disse

Vera Rosa

BRASÍLIA - O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, disse nesta segunda-feira, 23, que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participou de uma operação para "forjar" relatório encaminhado à Polícia Federal apontando o envolvimento de tucanos no escândalo do cartel do Metrô de São Paulo. "É delinquência o que fizeram contra nós, uma coisa de aloprados", afirmou Aníbal.

Cardozo entrou recentemente com processo por injúria contra Aníbal, que o chamou de "vigarista, acobertador de falsários e sonso" após vazamento de investigação da Polícia Federal sobre o cartel de trens e Metrô em governos do PSDB. "Mantenho tudo o que disse e acrescento: o ministro da Justiça deveria ter compostura. Não tenho temor de processo. Tenho pena dele", insistiu o secretário de Energia.

Aníbal chamou o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer - autor da denúncia sobre fraude e cobrança de propina - de "desqualificado" e "bandido". Sugeriu, ainda, que Rheinheimer foi instruído pelo PT. "Não vou descansar enquanto não puser esse desqualificado na cadeia", disse ele. "Ninguém consegue encontrar esse bandido. Só o PT".

O inquérito do caso Siemens está agora no Supremo Tribunal Federal. O Estado revelou que, em depoimento sigiloso prestado à Justiça de São Paulo, o ex-diretor da Siemens citou Aníbal e outros secretários de Alckmin, como Edson Aparecido (PSDB), chefe da Casa Civil; Rodrigo Garcia (DEM), titular de Desenvolvimento Econômico, e os deputados Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Campos Machado (PTB) como destinatários da propina do cartel. Todos negam as acusações.

"Isso tudo saiu do território da política, da disputa entre PSDB e PT, e foi para o da delinquência", afirmou Aníbal. Cardozo preferiu não responder ao secretário. "Não vou discutir em nível tão baixo", disse o ministro. "Minha resposta será sempre promover processo criminal contra aqueles que me injuriarem."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Analistas elevam previsão para IPCA de 2013 e 2014

Célia Froufe

BRASÍLIA - Ao contrário do que costuma ocorrer na reta final do ano, quando as projeções do mercado para a inflação tendem a ficar estáveis, analistas continuam preocupados com a alta dos preços e voltaram a aumentar as estimativas para o IPCA, que agora estão mais próximas de 6% para este e, principalmente, para o próximo ano. Foi o que mostrou a pesquisa Focus, feita com uma centena de instituições financeiras, divulgada ontem pelo Banco Central.

Um dos elementos que elevaram as previsões foi a alta do dólar. Especialistas avaliam que a moeda deve continuar em alta mesmo com o programa de ração diária de divisas, que completou ontem quatro meses e somou US$ 75,4 bilhões.

De acordo com o relatório, o IPCA deve encerrar 2013 em 5,72%, e não mais em 5,7%, como se esperava. Para 2014, subiu de 5,95% para 5,97%.

O grupo de participantes que mais acertam as previsões para a inflação, denominado Top 5, aumentou ainda mais seu prognóstico. De acordo com esses economistas, o IPCA de 2013 deverá ficar em 5,74%, e não mais em 5,68%, como estava uma semana antes. No caso de 2014, esse mesmo grupo revisou a expectativa para a inflação de 5,75% para 5,9%.

Ainda que de forma pontual, a tendência esperada para o dólar é de alta. Para fechar o ano, espera-se uma cotação de R$ 2,34 ante os R$ 2,33 da semana anterior. Para o fim de 2014, a previsão passou de R$ 2,43 para R$ 2,45.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Investimentos em alta não tiram Cabral da baixa

Wilson Tosta

RIO - A menos de quatro meses de renunciar ao cargo para, ao que tudo indica, disputar o Senado pelo Rio, Sérgio Cabral (PMDB) vive um paradoxo raro no mundo político: comanda o Estado que mais investe no País e é, ao mesmo tempo, um dos governadores mais mal avaliados - ocupa a quarta pior posição entre os 27 chefes de Executivo estaduais.

O Rio investiu R$ 14,4 bilhões de janeiro de 2011 a novembro de 2013 - aumento de 330% sobre o que foi investido em igual período no primeiro mandato de Cabral. No entanto, a última pesquisa CNI/Ibope lhe deu 18% de avaliação positiva (ótima e boa), contra 47% de negativa (ruim e péssima). Nunca antes rivais diretos, entre eles o antigo aliado PT, com o senador Lindbergh Farias, tiveram diante de si, a um ano antes da eleição, um quadro tão favorável para chegar ao Palácio do Guanabara.

"Estruturalmente, o Rio melhorou. E deveríamos esperar que Sérgio Cabral se beneficiasse disso, e também seu candidato à sucessão, Luiz Fernando Pezão. Não é o que está acontecendo", afirma o cientista político Octavio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas - para quem Cabral é "o melhor governador (do Rio e Janeiro) desde a redemocratização em 1983".

Amorim Neto faz um paralelo entre as situações de Cabral, do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e dos prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e de São Paulo, Fernando Haddad (PT): todos foram atingidos pelos protestos de junho, causados pela deterioração da qualidade de vida nos grandes centros. No caso do governador do Rio, porém, a sucessão de escândalos iniciada com a divulgação de fotos de uma viagem a Paris e que teve episódios como o uso de um helicóptero do Estado para ir à sua casa de verão em Mangaratiba e a proximidade com o empreiteiro Fernando Cavendish maximizaram o efeito das manifestações. "Isso levou a uma irritação muito grande da população", diz o pesquisador.

Aliança. Essas más notícias para Cabral deixaram em segundo plano um feito político importante do governador: ele conseguiu articular com o Palácio do Planalto uma aliança que viabilizou os investimentos no Estado. Na direção oposta de antecessores como Leonel Brizola ou Anthony Garotinho, Cabral não mostrou intenção de desafiar o governo federal apresentando-se à disputa da sucessão presidencial. Ainda em 2006 ele abdicou dessa pretensão e preferiu aliar-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que iniciava seu segundo mandato.

Esse gesto repercute até hoje a aliança abriu caminho para grandes investimentos no Estado. O pacote de obras hoje em andamento no Estado é majoritariamente financiado com recursos da União (via convênios) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Levantamento do Estado aponta que perto de 1/4 do dinheiro investido sai dos cofres estaduais.

São obras como o Arco Metropolitano, alça rodoviária projetada para desviar o tráfego de veículos que passam pela cidade do Rio de Janeiro, com custo estimado em R$ 1,6 bilhão. Outro projeto relevante é a Linha 4 do Metrô (Ipanema/Jardim Oceânico), por R$ 8,5 bilhões, que deve estar pronta para os Jogos Olímpicos de 2016. Um terceiro, as cerca de 3.500 casas populares, ao custo de R$ 124,2 milhões. O Estado também começará a receber em abril 60 novas composições chinesas, com ar refrigerado e capacidade para quase 600 mil passageiros. Junto ao Maracanã será construída uma estação multimodal, com cinco plataformas para trens e metrô.

Demora. O que pode explicar a baixa popularidade, na avaliação do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, "é que muitos desses investimentos não têm resultado até agora". Diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj), Geraldo Tadeu lembra obras "que se arrastam há anos", como a do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. "Outras só terão impacto em 2014 ou em 2016. Em parte isso explicaria essa contradição entre o alto investimento e a baixa popularidade. E há problemas persistentes como os alagamentos das chuvas, cujo enfrentamento não é atribuição do Estado, e o transporte público, muito ruim e com engarrafamentos intermináveis."

Geraldo Tadeu avalia que mesmo antes dos protestos de junho o governo Cabral exibia sinais de desgaste. "Já havia uma fadiga ", diz ele, revelando que a reforma do Maracanã, por mais de R$ 1 bilhão, "emergiu" nas qualitativas, misturada a críticas ao alto preço dos ingressos no estádio reformado e à prioridade duvidosa da obra. "No primeiro mandato, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) criaram uma crescente positiva. O segundo não tem novidades." A isso, agregaram-se problemas como demora para implantação de programas sociais em favelas pacificadas pelas UPPs, com a repetição de tiroteios e ameaça de volta de traficantes. Por fim, ele lembra a inabilidade, nos protestos de junho, da Polícia Militar acusada de abuso uso excessivo da força.

Para o cientista político Fabiano Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-UERJ), algumas políticas do governo estadual geraram uma forte oposição por parte de alguns prejudicados pelas mudanças. Uma foi a implantação das UPPs, que atingiu traficantes, milicianos e policiais corruptos. Outra foi a gestão fiscal, marcada pela contenção salarial e irritou o funcionalismo. Houve ainda a ação de partidos de oposição, que, diz, assumiram como prioridade "ganhar no grito" o jogo da eleição de 2014. O resultado teria sido o movimento "Fora Cabral", que gerou conflitos perto do Palácio

Guanabara e acampamentos perto do prédio onde ele mora. "Houve uma confusão grande entre o que era insatisfação e o que eram interesses eleitorais", afirma Santos.

Resposta. Em nota, o governo Cabral afirma que "os avanços do governo do Rio desde janeiro de 2007, não somente no volume de investimentos mas em todas as áreas de atuação, são inegáveis. Há três anos, este governador foi reeleito no primeiro turno com 66% dos votos. O governo do Rio deste segundo mandato é o mesmo, com a mesma equipe, a mesma linha de atuação. No momento correto, a população do Rio de Janeiro saberá avaliar os resultados do trabalho realizados nesses últimos sete anos."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Números modestos na área social ajudam a explicar avaliação ruim

Índices mostram poucos avanços em educação e mortalidade infantil e se somam à percepção de que a violência aumentou

RIO – Um conjunto de indicadores com retrocessos, avanços modestos ou estagnação na área social contrasta com os números generosos dos investimentos e do crescimento de empregos no Rio nos últimos anos e dá pistas sobre possíveis motivos da impopularidade do governador Sérgio Cabral (PMDB).

A taxa de homicídios é uma delas. O índice estava em 36,7 por 100 mil habitantes em 2006, ano anterior à posse de Cabral, e caiu para 23,5/100 mil em 2012 -um recuo de 36%. Naquele momento, os números nacionais apontavam aumento de 20,9 para 24,3. Mas a sensação de segurança dos primeiros anos, com redução na incidência de crimes sobretudo em bairros protegidos pelas 36 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas, começou a ceder em 2013.

Uma comparação de estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança, com base nos meses de setembro - o último disponível em 2013 - mostra que os indicadores criminais cresceram com a migração de criminosos para regiões sem policiamento.

Na capital, os homicídios dolosos aumentaram. Em relação a setembro de 2012, eles passaram, na capital, de 97 para 114. Na Baixada Fluminense, de 119 para 138.Na Grande Niterói, de 27 para 37.

O aumento dos crimes é mais pronunciado nos dados sobre roubo a transeuntes. Na capital, passou de 1.862 em setembro de 2012 para 2.549 no mesmo mês de 2013 (mais 36,9%). Na Baixada, de 906 para 1528 (68,6%); na Grande Niterói, de 538 para 701 (mais 30%). No Interior de 247 para 347 (40,4%).

Amarildo. Ainda na área de segurança, o caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morto sob tortura por policiais militares que o prenderam ilegalmente na Rocinha, gerou forte desgaste para Cabral e para o programa das UPPs. Um episódio semelhante ocorreu em outubro na favela de Manguinhos, quando o jovem Paulo Roberto Menezes morreu em circunstâncias suspeitas, também com acusações de envolvimento de PMs da UPP local.

Desde junho houve uma sucessão de choques entre a Polícia Militar e manifestantes nas ruas do Rio. Aconteceram excessos de ambos os lados, mas a atuação da PM, jogando bombas de gás perto de hospitais e espancando ativistas, comprometeu a imagem do governo. "O bônus das UPPs, que (0 governador Sérgio) Cabral ganhou quando ampliou o programa, está se esgotando", diz Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj).

Também na educação a situação do Rio ficou distante do bom desempenho da economia. No índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), depois de ficar com nota 2,8 em 2007 e 2009, o Estado foi a 3,2 em 2011. Esse aumento de 14,2% levou o Estado de 20 o lugar para 15o lugar (entre 27 unidades da Federação) em 2011. Ou seja, mesmo com o segundo maior PIB estadual do País, o Rio se manteve, na educação, atrás de Estados mais pobres, como Roraima, Acre, Espírito Santo e Rondônia.

A última edição do Pisa, programa internacional de avaliação de sistemas educativos, colocou em 2012 o Rio de Janeiro em décimo lugar, também atrás de Estados com economias menores, como Mato Grosso do Sul (50) e Paraíba (90). Em relação a 2009 (o teste é aplicado a cada três anos), o Rio recuou nas três áreas avaliadas: leitura, matemática e ciência. Na nota geral, o Estado ficou com 399 pontos, abaixo da média nacional, de 402.

O secretário de Educação, Wilson Risolia, argumentou que menos de 1% dos alunos foram avaliados, acrescentando que o resultado não confere com o das avaliações internas da secretaria, feitas com todos os estudantes.

Mortalidade. Entre 2006 e 2012, a mortalidade infantil no Estado caiu menos que no Brasil. A redução foi de 16,12 para 12,71 mortos por mil nascidos vivos (21,15% no indicador), enquanto o recuo nacional foi de 25,42% (21,04 para 15,69). O mesmo aconteceu com a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais, que, no período, caiu de 10,5% para 8,7% no Brasil (menos 17,4%), mas diminuiu menos no Rio -de 4,3% para 3,8%, uma retração de 11,62%, Em outro item significativo para a qualidade de vida, o abastecimento de água, a rede estadual passou de 88,06% das residências ligadas para 88,5% - um quadro de estabilidade.

Houve, porém, alguns avanços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2006 e 2012 o Rio zerou o trabalho infantil na faixa de 5 a 9 anos e o reduziu em 62,5% no grupo de 10 a 13 anos. Essas diminuições foram maiores que a média nacional no período, mas, nos números gerais (de 5 a 17) a redução ficou em 22,65%, abaixo dos 31,84% no Brasil. Também na faixa de 15 a 17, a redução no Rio (11,66%) foi menor que a nacional, de 16,9%. Na rede coletora de esgoto, o Rio cresceu mais (61,54% para 77,95% das residências ligadas, mais 26,6%) que o Brasil (48,21% para 57,06%).

Propaganda. Alvo de críticas, as despesas de publicidade pagas pelo governo Cabral atingiram, de janeiro de 2007 ao fim de novembro de 2013, o valor de R$ 799,5 milhões. Trata-se de números não corrigidos pela inflação. Deflacionado para novembro de 2013, o gasto passa de R$ 930 milhões.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Multas de mensaleiros vão começar a ser cobradas em janeiro

Valor atualizado das penas pecuniárias ultrapassa R$ 32 milhões

Vinicius Sassine

BRASÍLIA - Parte das multas aplicadas aos condenados do mensalão começa a ser oficialmente cobrada em janeiro, logo após o recesso da Justiça, que termina no dia 6. A Vara de Execuções Penais (VEP) em Brasília, responsável pela execução das penas dos condenados que estão no Complexo Penitenciário da Papuda, deu o primeiro passo para que parte dos condenados dê início ao pagamento das multas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF): na última quarta-feira, dia 18, os juízes que atuam no caso enviaram os seis primeiros processos da execução penal para a Contadoria do Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal, responsável por atualizar os valores devidos.

Quatro desses processos já retornaram aos gabinetes dos magistrados com os cálculos feitos. Após o recesso, os advogados dos réus serão citados, e, a partir da citação, será dado o prazo de dez dias para o pagamento da multa. O Código Penal permite o parcelamento da dívida.

Além das penas de reclusão, o julgamento do mensalão no STF resultou na aplicação de multas aos 25 condenados por participação no esquema. O valor devido, sem atualização, soma R$ 21 milhões. Cabe à Contadoria fazer a correção monetária. Se forem levados em conta os 22 dos 25 condenados que já podem cumprir a pena pecuniária, o valor atualizado ultrapassa R$ 32 milhões. Boa parte desses condenados já cumpre a pena de prisão. Dez deles estão na Papuda e têm a execução das penas sob a responsabilidade da VEP em Brasília.

Os condenados que tiveram os processos remetidos à Contadoria do TJ são o operador do esquema, Marcos Valério, que levou a maior multa, e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz; os ex-deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Romeu Queiroz (PTB-MG); e o ex-diretor do Banco Rural Vinicius Samarane. Valério, Hollerbach e Paz cumprem pena em regime fechado na Penitenciária do Distrito Federal 2 (PDF 2), onde ocupam celas individuais.

Costa Neto está numa cela especial no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), em regime semiaberto, juntamente com outros seis condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Queiroz e Samarane foram transferidos ontem da Papuda para presídios em Belo Horizonte.

Dos seis casos em que houve remessa dos processos para cálculo das multas, quatro já retornaram à VEP — não se sabe quem são os condenados com cálculos prontos. A atualização dos valores, por meio de uma ferramenta disponível no site do TJ, mostra que a pena de Marcos Valério é hoje superior a R$ 5 milhões. Hollerbach e Paz vêm logo em seguida, com multas atualizadas de R$ 4,6 milhões e R$ 4,2 milhões, respectivamente. O alto valor se deve à quantidade de crimes pelos quais o trio foi condenado no julgamento do mensalão no STF. As multas aplicadas aos outros três condenados somam mais de R$ 3 milhões, atualizados os valores.

A remessa dos seis processos de execução das penas à Contadoria ocorreu porque não havia, nesses casos, pedidos pendentes de trabalho externo. No caso do cumprimento da pena em regime fechado, o benefício não é permitido. Trabalhar fora e dormir no presídio são permitidos apenas aos condenados que cumprem pena em regime semiaberto. É o caso de Dirceu e Delúbio. A defesa dos dois petistas entrou com pedido na VEP de trabalho externo. As propostas estão em fase de análise na Seção Psicossocial da Vara. Como os processos físicos estão nessa seção, eles não poderiam ser remetidos à Contadoria. O entendimento recorrente é que a análise da proposta de trabalho deve prevalecer sobre o cálculo da multa.

Dos seis condenados cujos processos foram remetidos para o cálculo das multas, dois conseguiram a transferência para as suas cidades de origem: Queiroz e Samarane. Nesses casos, um novo cálculo das multas deve ser feito pela Vara de Execuções Penais em Belo Horizonte. A cobrança ficará a cargo da Justiça daquele estado.

Cabe à Procuradoria da Fazenda Pública no DF fazer a cobrança das multas. Antes, a execução dos valores cabia ao Ministério Público do DF. O caso dos condenados do mensalão é inédito na área de execução penal em Brasília. As multas aplicadas até agora a presos condenados em cumprimento de pena costumam ter valores baixos, que dificilmente são pagos em razão da baixa renda dos detentos.

Presos transferidos
Três presos do mensalão foram transferidos ontem para presídios de Minas. Queiroz, Samarane e José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural, estavam na Papuda e viajaram algemados nas últimas poltronas de um voo comercial. Cada um estava acompanhado de dois agentes penitenciários federais.

Queiroz cumprirá pena de seis anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na penitenciária José Maria de Alkmin, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O regime é o semiaberto. O ex-deputado pediu autorização para trabalhar em sua própria empresa de consultoria. A decisão caberá ao juiz da VEP de Ribeirão das Neves. Salgado foi condenado a 16 anos e oito meses de prisão por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha. Samarane vai cumprir pena de oito anos, nove meses e dez dias por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ambos ficarão em regime fechado na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Na sexta-feira passada, Barbosa autorizou a transferência dos ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Pedro Henry (PP-MT). Eles começaram a cumprir pena na Papuda. Corrêa vai para Pernambuco, e Henry, para Mato Grosso. Também nos próximos dias, Barbosa decidirá o destino definitivo do ex-deputado José Genoino (PT-SP), que tem problemas de saúde e está na casa da filha provisoriamente, cumprindo pena em prisão domiciliar. (Colaborou Carolina Brígido)

Fonte: O Globo

O difícil combate à pobreza - Rubens Barbosa

A crise nos Estados Unidos e na Europa tem gerado consequências sociais impensáveis há algum tempo. Pela dimensão que está alcançando, o aumento da concentração de renda e da pobreza é uma preocupação crescente. Nos Estados Unidos, desde o início da crise econômica, em 2008, mais de 10 milhões - representando 15,1% da população - empobreceram, acentuando a desigualdade de renda no país.

A Índia e a China, com cerca de 1 bilhão de cidadãos vivendo abaixo do nível de pobreza, enfrentam um problema de difícil solução.

Na América Latina, a situação não é diferente. Segundo recente estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a redução do crescimento da economia tem reflexos claros na taxa de pobreza, apesar de os indicadores de geração de emprego serem positivos. O porcentual de pobres, que era de 29,6% em 2011, recuou apenas 1,4% em 2012, passando a 28,2% da população. A Cepal adverte que a pobreza tende a perdurar mesmo que se mantenham programas de transferência de renda, porque os governos da região não estão suficientemente empenhados em enfrentar deficiências graves, como saneamento básico, falta de água potável e educação de baixa qualidade, fatores que impedem a melhoria de vida dos cidadãos.

Isso deveria ser um alerta ao Brasil, que, embora esteja desenvolvendo inúmeros programas visando à diminuição da desigualdade de renda, não parece poder contar com altas taxas de crescimento nos próximos anos.

O espírito natalino é apropriado para lembrarmos de nossos irmãos ainda tão necessitados.

No Brasil, segundo dados oficiais, o retrato socioeconômico, que considera escolaridade, acesso a bens, composição familiar e região, indica que ainda há mais de 16 milhões de brasileiros vivendo abaixo do nível de pobreza. A eliminação ou a sensível redução desse problema, no entanto, parece menos difícil do que nos dois países-membros do Brics acima citados.

Durante a campanha presidencial de 2010, um dos principais pontos programáticos da candidata Dilma Rousseff foi a eliminação da pobreza absoluta. Isso significa que até 2014 não deveria haver ninguém vivendo com menos do que R$ 70 por mês. Trata-se de uma ideia-força de difícil realização, dada a magnitude da questão, e um desdobramento natural do programa de inclusão social iniciado no governo FHC e ampliado no governo Lula.

Ninguém contestará que R$ 70 por mês é ainda valor muito baixo para considerarmos que a pobreza está superada, até porque esse valor é insuficiente para a compra de alimentos da dieta mínima recomendada pelo próprio governo federal. Sem falar na erosão desse valor pela inflação de alimentos recente.

No primeiro ano de governo Dilma, foi lançado o programa Brasil sem Miséria, que tem no programa Bolsa Família ampliado um dos seus principais instrumentos. Recentemente, após um reajuste do Bolsa Família, o governo anunciou que teria havido redução de 40% da pobreza extrema.

Como um reforço importante, o atual governo passou a contar com o apoio do Banco Mundial para a ampliação da cooperação no combate à pobreza e à execução do programa Brasil sem Miséria. O banco aprovou uma Estratégia de Parceria com o governo brasileiro, de US$ 8 bilhões (aproximadamente R$ 16 bilhões), que seguramente será a principal atividade da instituição no Brasil durante os anos 2012-2015. A estratégia estará em sintonia com o programa de erradicação da pobreza extrema, nos aspectos que visam a melhorar as oportunidades sociais e econômicas para 16 milhões de pessoas mais vulneráveis no País.

A nova estratégia de engajamento com o Brasil se enquadra na política de favorecer as necessidades de países de renda média. A estratégia traça um programa de até US$ 5,8 bilhões em novos financiamentos do banco aos governos federal e estaduais e de US$ 2 bilhões em empréstimos para o setor privado ao longo dos dois primeiros anos fiscais da estratégia (2012 e 2013). A Estratégia de Parceria 2012-2015 foi preparada em consulta com o governo brasileiro e incluiu sugestões dos governos estaduais, setor privado e organizações da sociedade civil, inclusive por meio da internet. O programa dá prioridade ao Nordeste - onde vivem 59% da população mais carente - e busca promover investimentos redutores de desigualdade em outras regiões, com o objetivo de ajudar o crescimento do País. Esse apoio ao Brasil se concentra em quatro objetivos a serem alcançados até 2015: melhorar a qualidade e a cobertura dos serviços para a população de baixa renda; promover o desenvolvimento econômico e social regional; melhorar a gestão dos recursos naturais; e aumentar a eficiência dos investimentos públicos e privados. Espera-se que a cooperação com o Banco Mundial nesse importante programa produza resultados efetivos para o Nordeste.

O combate à pobreza não se reduz a uma única atividade de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas a um conjunto de ações governamentais em múltiplas áreas, como educação, saúde e saneamento. É isso que a sociedade espera do governo.

Jeffrey Sachs, em seu livro O Fim da Pobreza - como acabar com a miséria mundial nos próximos 20 anos, afirma que para isso "serão necessárias ações coordenadas dos países ricos e pobres, a começar por um pacto global. Os países pobres devem levar a sério o fim da pobreza e os ricos precisarão superar chavões relacionados à ajuda aos pobres e cumprir as repetidas promessas de dar mais auxílio".

A ONU propôs a criação de taxa internacional para levantar US$ 400 bilhões por ano para combate à pobreza. Medidas como essa, parte desse pacto global, estão cada vez mais difíceis, sobretudo agora, pelos problemas enfrentados pelos países desenvolvidos com a crise econômica global.

Fonte: O Globo

Uma herança pra ninguém botar defeito – Alberto Goldman

Como tudo na vida uma coisa não tem explicação não é porque ela não exista. É porque ainda não a conhecemos. E isso pode levar a conclusões erradas. Será um paradoxo, enquanto as explicações forem insuficientes.

É o que acontece com os dados de novembro divulgados pelo IBGE. A taxa de desocupação caiu para 4,6% e a renda média subiu, em um ano, em reais, de 1.908 a 1.965, isto é, 3%. Poderia ser o paraíso se outros dados, extremamente negativos, não precisassem ser levados em conta.

Que dados são esses? Vamos lá! De novembro de 2012 a novembro de 2013 houve uma queda de 0,7% no número de vagas ( postos de trabalho disponíveis ), equivalente a 170 mil trabalhadores. Também o número de pessoas empregadas e interessadas em trabalhar caiu em novembro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, principalmente entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos. O total de pessoas que não trabalhavam nem queriam trabalhar, que em novembro de 2012 era de 15,88 milhões, passou a ser de 16,85 milhões em novembro de 2013. Um milhão de pessoas a mais!

De Janeiro a Novembro de 2012 a geração de empregos foi a menor em dez anos. Com a queda de empregos em Dezembro, que já é tradicional, o resultado deste ano, que até agora é a criação de 1.547.000, será ainda pior.

Outro dado importante é que no Brasil existem 20,6 milhões de pessoas que recebem um salário mínimo da Previdência, como aposentadoria ou assistência social e o Bolsa Família beneficia algo como 50 milhões. Isso pode explicar em parte a retirada de pessoas do mercado de trabalho, mas certamente, não é a única explicação.

Sem dúvida o quadro do emprego no Brasil impacta o potencial de crescimento econômico que, como sabemos, não ultrapassa índices de 2% ao ano do Produto Interno Bruto ( PIB ). Ao mesmo tempo o baixo crescimento impacta a geração de postos de trabalho. Em comparação com os números de novembro de 2012, o pessoal ocupado na indústria caiu 3,9%, na construção caiu 4,4% e nos serviços domésticos caiu 12,2%. No comércio e na prestação de serviços, deu-se algum aumento.

Em 2014, com o possível aumento da população economicamente ativa (PEA), deveremos ter taxas de desocupação maiores. E, mesmo com a previsão do aumento das taxas de juros, não se pode esperar a queda do índice de inflação.

Do ponto de vista das repercussões políticas nesse ano eleitoral, com o crescimento do PIB modesto, os investimentos congelados, a inflação contida às custas da Petrobrás e das tarifas do setor elétrico e dos serviços prestados pelos Estados e Municípios, as contas externas se deteriorando e o equilíbrio fiscal indo pra cucuia, o governo vai tentar se“segurar” empurrando o agravamento da crise através do aumento do crédito ao consumidor, com a única finalidade de reeleger a presidente. Um cenário sombrio. E, qualquer que seja o novo presidente, haverá de enfrentar uma herança pra ninguém botar defeito.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Bimbalham os sinos? - Arnaldo Jabor

Todo ano eu escrevo sobre o Natal no Natal. Hoje, escrever sobre o quê? Sobre o "mensalão"? Sobre o Natal na Papuda? Todos os natais são iguais: um sentimento de solidariedade jamais praticado durante o ano. Eu tento ser original, mas esbarro na mesmice dos dias natalinos, parece que o tempo é o mesmo dos anos 1950. Por isso, só me resta repetir ideias dos melhores trechos de anos passados.

Os primeiros indícios do Natal surgem com ralas bolinhas douradas nas lojas, depois uma arvorezinha até que aparece a figura eterna de Papai Noel. Não creio que Papai Noel seja muito querido, a não ser pelas criancinhas ainda sem web e videogames, os adultos sentem um vago mal estar diante daquele S. Nicolau que foi inventado na Noruega, aquelas barbas e roupinhas quentes para o nosso verão. O que inquieta é a total falta de relação do Papai Noel com a nossa vida cotidiana. De repente, ele surge como um invasor sorridente, um embaixador do Polo Norte, como um RP para lojas e supermercados, como se dissesse em seu "ho ho ho": "Não se preocupem... Tudo está bem... Eu sou a bondade e o mundo muda, mas eu não. Estarei sempre aqui, uma vez por ano. Rodeado por meus veadinhos e entrando pela chaminé que não existe mais." Papai Noel é o quê? Um santo, um lobista do comércio, um espião do NSA? O mundo está muito mudado.

Até quando? Será que no ano 2050 ainda haverá Papai Noel? Na época do Estado Novo de Getúlio Vargas, nacionalista e fascistoide, alguns malucos lançaram uma campanha no rádio para substituir o Papai Noel por um outro símbolo: o "Vovô Índio" - um velho silvícola seminu, com peninha na cabeça, que traria presentes para os "curumins" de verde e amarelo. Foi um fracasso total, pois o cinema americano já mandava em nossas cabeças, com o Bing Crosby cantando White Christmas sem parar.

Lembro-me de que no Natal, durante as ceias, eu via do meu canto de menino melancólico as ligações frágeis entre parentes, entre tios e primos, as antipatias disfarçadas pelos abraços frios e os votos de felicidades. O destino das famílias fica evidente no Natal. Os pobres se conformando com o tosco prazer dos presentes baratos e os ricos querendo provar que serão felizes a qualquer preço. Canalhas e egoístas o ano inteiro, esfalfam-se para viver uma alegria compulsiva entre gargalhadas solidárias, beijos molhados de vinho e uísque, terminando nas tristes saídas na madrugada, com crianças chorando e presentes carregados com tédio por pais de porre, aos berros de "Feliz Natal".

Eu olhava aquelas famílias viajando no tempo como um cortejo trôpego, eu via a solidão de primos, das tias malucas, dos avós já calados e ausentes, o eterno presunto caramelado, o peru com apito. Todo mundo reclama do Natal, repararam? "Ah... porque no Natal aumenta o sentimento de culpa, a gente tem de aguentar a família e os traumas infantis, no Natal eu fico triste, porque me separei do marido, o Natal é uma festa influenciada pelos americanos, com Papai Noel enchendo o saco em vez de esvaziá-lo, no Natal, a gente engorda muito, comendo aquelas rabanadas e panetones, chega de Natal!".

Todo mundo fala essas coisas, mas, de noite, olham com ternura as bolinhas douradas da árvore, comem seus pedaços de peru, dizem que "adoraram o presentinho, coisa pouca, não leve a mal, mas essa caixa de sabonetes naturais é legal, adorei a água de colônia, esse CD não é pirata não?"

Eu já tive carnavais felizes, "sãos joões" felizes, mas não me lembro de uma grande "noite feliz, noite de paz".

E fui o primeiro de minha turminha de subúrbio a desconfiar que Papai Noel era uma fraude. "Papai Noel não existe!" - foi o meu grito revolucionário. "Existe sim! Ele me deu um velocípede!" - bradavam os meninos obstinados em sua fé. "Ah, é? Então fica acordado para ver se não é teu pai botando os presentes na árvore!" Mas meus amigos lutavam contra essa desilusão, mais ou menos como velhos comunas não desistem até hoje do paraíso leninista. Recorri a meu avô, conselheiro e aliado, e ele confirmou e apoiou meu agnosticismo natalino: "Não existe, não. Você não é mais neném..."

Daí para a frente, não parei mais. Entrei de sola na lenda da cegonha e do bebê que "papai do céu mandou"... "Vocês pensam o quê? As mães de vocês ficam nuas e o pai de vocês bota uma coisa dentro da barriga delas pelo umbigo...!". "A minha mãe, não!" - berravam os jovens Édipos, partindo para a porrada de rua comigo. Daí para descer de Deus foi um pulo, para o horror escandalizado dos colegas do colégio jesuíta. "Deus é bom, padre?" "Infinitamente bom..." "Ele sabe de tudo?" "Sim..." - respondiam os padres já desconfiados. "Então, por que ele cria um cara que depois vai para o inferno?". Até hoje ninguém me respondeu isso.

E assim fui, até começar meu ódio ao "imperialismo norte-americano" dos anos 1960.

Hoje, vejo que o Natal perdeu aquela delicadeza antiga, com o fim das famílias nucleares. Em vez do saco de presentes, temos as calamidades coloridas dos shopping centers. Em vez da família reunida em torno do peru, vemos pobres e ricos solitários tentando recriar uma noite feliz nem que seja nos botequins e nas lanchonetes.

E agora, mesmo com o futuro cada vez mais ralo, confesso que tenho saudades da precariedade de nossa vida antiga, da ingenuidade dos comportamentos, de um mundo com menos gente louca e má. "Ah! Você, por acaso, quer a volta do atraso?" - dirão alguns. Não, tenho saudades retrógradas dos tempos analógicos, do ritmo lento do dia a dia, sonho com uma vida delicada que sumiu, dos lugares-comuns, dos chorinhos e chorões, de tudo que era baldio, dos valores toscos da classe média. E quando chega o Natal, mesmo irritado com os "sinos que bimbalham", tenho a grande nostalgia das tristes ceias de minhas tias, sinto ainda o gosto dos "panetones" e das rabanadas transcendentais do meu passado.

Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o menino Jesus recebeu os reis magos, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem os homens-bomba berrando: "Feliz Natal, cães infiéis!".

Fonte: O Globo

Os intocáveis de São Paulo - Ricardo Young

O consumo de álcool deve ser taxado e servir a um fundo de financiamento para o tratamento de moradores de rua dependentes da bebida

Eles se alimentam em lugares públicos, em utensílios separados. Não podem entrar em prédios ou casas. São evitados, insultados e, por vezes, linchados, queimados e mortos.

Essa é a casta dos "dálits", os intocáveis da Índia. A classificação das pessoas em categorias, associada à religião hindu, é uma maneira de justificar a manutenção da desigualdade social naquele país.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. O quadro também poderia retratar as quase 15 mil pessoas que vivem pelas ruas de São Paulo. São os nossos intocáveis. O incômodo que geram, dia após dia, é substituído pelo sentimento de impotência do paulistano. O que sobra é o estigma e a indiferença.

Para o padre Júlio Lancellotti, responsável pela Pastoral da Rua, nossos intocáveis têm sua cidadania negada na vida e na morte. Em outubro, ele levou à Comissão Municipal da Verdade os números do serviço funerário da cidade, que mostram um extermínio semelhante ao que acontecia durante a ditadura.

Em 2012, 845 pessoas foram sepultadas como indigentes. O padre testemunhou ter visto corpos chegarem empalhados para o enterro. E denunciou a ação do tráfico de órgãos, salientando que "há um mercado internacional de hipófise" (glândula localizada no cérebro). A experiência mostra que só há um passo entre ser intocável e ser eliminável.

Formular uma sociedade que não gere moradores de rua implica uma equação complexa, mas é preciso começar a pensá-la. A primeira pergunta é: o que leva essas pessoas à situação de extrema vulnerabilidade?

O crack é um dos aspectos, mas não o mais importante: menos de 20% dos moradores de rua são viciados na droga. Para as entidades que trabalham na recuperação da sociabilidade de quem vive nas ruas, o alcoolismo é questão central, mais presente que o uso de drogas ilícitas.

Segundo o censo da população em situação de rua feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social em 2011, o alcoolismo é a segunda maior causa que leva as pessoas para as ruas. A primeira resposta dada por elas é "brigas familiares" --e eu pergunto: não estaria o álcool entre os motivos que mais geram esses desentendimentos?

Daí, é preciso levar em conta o consumo consciente e a responsabilidade social empresarial. A indústria de bebida alcoólica deve se responsabilizar pelas consequências dos produtos que vende. O consumo de álcool na cidade deve ser taxado e servir diretamente a um fundo de financiamento para o tratamento sistêmico da situação, possibilitando a consolidação de políticas públicas conjuntas --que envolvam desde as pastas da saúde e assistência social até as de trabalho e planejamento urbano.

Enquanto a maior reclamação dos movimentos da população em situação de rua é que o setor público age sem falar com eles, a Câmara Municipal tem exatamente esse papel: ser o fórum permanente para o diálogo com a cidade. A Comissão de Direitos Humanos, da qual sou membro, deve ser o espaço para discutir essa questão com prioridade, promovendo a unificação das legislações, convocando autoridades implicadas e fiscalizando ações.

Na cidade sustentável, a rua é uma extensão da vida. Não cuidar de quem mora nela não é apenas perpetuar a exclusão, mas expulsar todos do espaço público, obrigando as pessoas a não se apropriarem do que lhes pertence. Não se trata apenas de incluir os moradores de rua à sociedade, mas incluir a cidade na vida das pessoas.

Ricardo Young, 56, empresário, é vereador de São Paulo pelo PPS. Foi presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

Fonte: Folha de S. Paulo

Juntos e misturados na sala de aula - Andrei Bastos

Brasil assiste ao triste espetáculo do retrocesso na votação do Plano Nacional de Educação. Separar as crianças com deficiências das demais é um atraso

Eu costumo resumir a história da humanidade com deficiência em quatro etapas bem distintas. A primeira, no começo dos tempos, quando éramos caçadores nômades, reservava para os seres humanos com deficiência nada mais do que o abandono no caminho, para morrer, já que não lhes era possível acompanhar suas tribos pelas florestas, campos e montanhas.

A segunda, quando os seres humanos desenvolveram a agricultura, e ficaram mais humanos, abrigaram os velhos, os doentes e os deficientes nas cabanas e nos povoados que se formaram e se transformaram nas cidades que, por sua vez, protegeram a todos da natureza selvagem e da selvageria de outros seres humanos.

A terceira, que se anunciou como a grande mola do progresso no planeta, exercendo o seu domínio sobre a natureza, transformando-a em ferramentas e instrumentos diversos para a vida confortável dos cidadãos, roubou a cidadania de quem não tinha condições de apertar os parafusos dos tempos modernos — as pessoas com deficiência.

A quarta, saudada como a mais bem-vinda por todas as pessoas, com ou sem deficiência, veio concretizar os sonhos revelados nas histórias de ficção científica, oferecendo a possibilidade de superação de quase todas as limitações por meio das suas sofisticadas ferramentas científicas e tecnológicas, inclusive proporcionando qualidade de vida superior para os velhos, os doentes e as pessoas com deficiência.

Vivendo esta última etapa, parecia que tínhamos chegado ao paraíso em nosso próprio mundo, com a quase impossibilidade de acompanharmos as sucessivas descobertas e conquistas da ciência e da tecnologia. O pensamento humano não ficou para trás e avançou à frente da ficção científica, emancipando negros, mulheres e minorias excluídas.

O movimento de emancipação das pessoas com deficiência chegou mesmo a ser reconhecido como equivalente ao dos negros e ao das mulheres, sendo definido como “a última grande luta” pelo jornalista americano Don Aucoin, em artigo publicado no jornal “The Boston Globe", em 27 de fevereiro de 2008.

Não há bem que sempre dure, infelizmente, e o Brasil, que se orgulhava da sua legislação defensora dos direitos das pessoas com deficiência — considerada uma das melhores das Américas, com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU promulgada com equivalência de emenda constitucional —, assiste agora ao triste espetáculo de ações de retrocesso realizadas com desenvoltura na votação do Plano Nacional de Educação (PNE). Separar as crianças com deficiências das demais é um atraso.

As ações de tais agentes do retrocesso mascaram-se de defensoras dos direitos humanos, e até ganham prêmios oficiais, mas na verdade estão servindo à fidelização eleitoral de bolsões mantidos na ignorância, com seus autores recusando a oportunidade de contribuir para ampliar exponencialmente a verdadeira inclusão somando esforços e capacidades às escolas de ensino regular.

Mas como também “não há mal que nunca se acabe”, as pessoas com deficiência brasileiras saberão lutar para dar dois passos à frente para cada passo dado para trás. Educação inclusiva já!

Fonte: O Globo

Natal da saudade - Xico Graziano

Recordo-me, nesta véspera do Natal, quando minha família, acompanhando a maioria dos brasileiros, deixava o campo rumo à cidade. Começava há 50 anos a modernização da sociedade brasileira. Menino ainda, em Araras (SP), ansiosamente aguardava pela chegada do Papai Noel. Não havia, como agora, uma festança. O evento natalino tinha caráter mais religioso, a ceia era secundária. Obrigatório era assistir, quase adormecido, à Missa do Galo, rezada em Roma, pelo papa, à meia-noite. Inesquecível reza do padre-nosso.

Minha curiosidade infantil se atiçava dentre os festejos cristãos. Eu não entendia, nem nunca alguém me explicou, o que o galo tinha que ver com o Natal. Muito tempo depois, estudando o folclore caipira, descobri as várias versões dessa celebração do nascimento de Jesus. Dizem uns que o cantar do cocoricó, anunciando o amanhecer, se assemelha à chegada do Cristo, qual sol nascente iluminando a escuridão pagã. Outros afirmam que, instituída no século V, a missa deve-se ao forte cantar de um galo na celebração da Eucaristia, comemorando a vinda do Messias. Vai saber.

Cenário meio em desuso atualmente, encantava-me o presépio. Naquela época, passávamos horas montando e curtindo aquelas peças, consideradas abençoadas, centralizadas em torno do menino Jesus deitado na manjedoura de palha tendo ao lado seus pais, a Virgem Maria e José. Filhos e netos de agricultores, nós nos identificávamos com a família sagrada postada no celeiro, perto do curral, junto do burrico, o boi e as ovelhas, sob o olhar zeloso dos pastores e seus cajados. O presépio de Natal dava liga com nosso mundo rural.

Ninguém sabia, ou não se dizia, que o primeiro presépio surgiu na floresta de Greccio, na Itália de 1223, com o objetivo de explicar às pessoas mais simples o significado do nascimento de Jesus Cristo. Grande ideia pedagógica de São Francisco de Assis. Fascinava-me, no casarão colonial de minha avó Anaitis, bem ali no centro da cidade, observar os anjos anunciadores rodeando aquele cenário sacro iluminado pela grande estrela de Belém, sempre colocada em destaque, ao alto, indicando o caminho aos três reis magos, figuras de que nunca lembrávamos os nomes (Melchior, Baltazar e Gaspar). A representação da simplicidade do nascimento de Jesus, carregada por tantos simbolismos, formava um quadro teatral por onde nós, crianças, viajávamos ao beijar cuidadosamente, com reverência, tantos personagens de uma verdadeira fábula. Isso era Natal.

São recentes a comilança e a bebedeira que agora caracterizam a ceia natalina. Antigamente, o jantar se fazia mais simples e a leitoa assada, ou seu quarto traseiro, não o peru, dominava normalmente o cardápio principal. Mas para meu avô Chico, calabrês de origem, a data ímpar exigia ademais um cabrito ensopado na mesa. Além - típico nas famílias de descendência italiana - do vinho servido junto com o pão. Na ceia de meus parentes havia ainda uma particularidade: costumava-se cortar pedaços de pêssego, importado, pois por aqui ainda não se produziam frutas temperadas, colocando-os dentro da taça para perfumar a bebida, o que arroxeava a polpa da fruta. Supimpa.

Inexistia panetone, tal como o conhecemos atualmente. O pão de Natal, feito em casa, era especialmente trançado, recheado algumas vezes com frutas e nozes, mas não tinha esse formato próprio dos panetones modernos. Enquanto os adultos conversavam, a molecada aguardava ansiosa a hora de receber presentes, os maiores liberados para tomar a sangria, vinho diluído em água que nos fazia sentir gente grande. Imaginem, outrora, adulto receber oferendas do Papai Noel. Nem pensar. Os mimos somente cabiam às crianças. Por essa razão, ganhávamos presentes de toda a parentada, saindo abarrotados para ir dormir felizes. Com olhos abertos, eu sonhava com a neve do trenó.

Quase tudo mudou no Natal. Com a urbanização crescente, a industrialização e o fortalecimento do comércio, os costumes e as práticas foram se alterando. Começa que os presentes se estenderam para todos, independentemente da idade. Em decorrência, decerto para economizar, inventou-se essa brincadeira do "amigo secreto", equiparando no agrado as crianças com os adultos. Influenciada principalmente pelo modo de ser norte-americano, dominante no mundo ocidental, a sociedade brasileira começou a adotar, também no Natal, manias do estrangeiro. Apareceu o peru.

Sempre foi costume, na América do Norte, comer o grande galináceo no Dia de Ação de Graças, quando por lá, historicamente, eles comemoram o sucesso das suas colheitas e o brilho de seus negócios. Introduzido no Natal brasileiro, o peru desbancou a leitoa caipira abusando do argumento culinário de ser uma carne mais saudável que o gorduroso porquinho criado no sítio. Ainda jovem me lembro de meus parentes mais velhos, embora fascinados com a visão charmosa do peru esticado com as pernas para cima sobre a assadeira, reclamando do gosto insosso de sua carne de peito branca. Bom mesmo, afirmavam, era o couro pururuca da leitoa, assada no forno à lenha. Delícia.

Depois, em meados dos anos 1980, chegou o chester, que muitos imaginam ser cruzamento do peru com o frango, mas, na verdade, trata-se do nome comercial de uma linhagem melhorada de aves grandes, origem escocesa. Pernas pequenas, peitoral enorme, macia carne, bom e barato, o bicho vingou. Como a lichia, fruta chinesa. Exóticas novidades passaram a compor a ceia de Natal, apetitosos importados invadiram a mesa, misturando-se com os quitutes tradicionais. O gosto da fartura se diluiu. A religiosidade quase desapareceu.

Nem melhor nem pior. Apenas diferente.

Feliz Natal e bom ano-novo!

Agrônomo, foi secretário de agricultura e secretário do meio ambiente do estado de São Paulo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O Golpe de 64 no Natal de 63 - Vinicius Torres Freire

Perus, gatos, golpes e o que diziam os jornais no último Natal antes de o país cair sob a ditadura

"Galinha vai à mesa e peru perde reinado", dizia um título desta Folha da véspera do Natal de 1963. O Mercado Municipal vendera 4 perus e 3.500 galinhas. Patos vinham em terceiro lugar. Em segundo, "franguinhos de leite, que os restaurantes chamam de galeto ao primo canto'".

No dia de Natal, a primeira página contava a história de um trio de mecânicos da Baixada Santista, acusados por um vizinho de aliciar, capturar e comer seu "belo gato preto", que fora assado "numa cantina local". Os acusados admitiam comer gato com frequência, embora negassem o furto.

No ano que vem, o Golpe de 64 faz, óbvio, 50 anos. Nas "festas" de 63, do que se falava nos jornais do país que em três meses assistiria a um golpe de Estado?

Falava-se de golpe e de naufrágios mortíferos; patos e gatos à margem.

Falava-se de golpe com uma sem-cerimônia que hoje soa muito sinistra. A leitura parece agourenta mesmo levando em conta que golpes etc. eram então "coisas da vida". Getúlio, deposto, dera um tiro no peito apenas nove anos antes. JK quase não assumiu e governou sob "intentonas". João Goulart foi "semideposto" antes de conseguir assumir o governo.

Nos textos, discutia-se abertamente se esquerda ou direita dariam o golpe; quem agradava a tal ou qual general. A conversa comum era sobre a ambivalência, a indecisão e a tibieza de Goulart.

Goulart estava para nomear um "ministério das reformas" ("esquerdistas") em janeiro. Anunciara a nacionalização de empresas estrangeiras de serviços públicos e desapropriações de terras.

Numa coluna com uma seleta de opiniões de outros jornais, lia-se: "O desafio totalitário feito pelo presidente, que declarou guerra ao Brasil..."; "o governo se encontra definitivamente nas mãos das esquerdas. Um passo apenas nos separa da ditadura, e Goulart está impaciente para dá-lo"; "governo caminha para a aventura extralegal, modelo 1937".

Numa longa mensagem de Natal, kitsch e carola até para a época, Adhemar de Barros, governador paulista, orava: "Preservai, Senhor, nosso país da sanha dos Sem-Deus, da loucura dos materialistas que nos querem impor seu jugo impiedoso".

A mensagem natalina de Goulart dizia: "É preciso que o pobre coma sem amargura para que o rico viva sem sobressalto. A distância entre um e outro deve ser encurtada...".

Adhemar articulava com Magalhães Pinto, governador de Minas, uma "união em prol da democracia" (conspiravam ainda com Carlos Lacerda, governador da Guanabara); discutia uma dobradinha com Magalhães Pinto na eleição presidencial de 1965, que não haveria.

A inflação era assunto geral, até de sarcasmos do colunista social. O novo e DÉCIMO ministro da Fazenda de Goulart dava entrevista confusa sobre seu "decálogo" econômico.

Noticiava-se um editorial do "Times", de Londres, sobre a estagnação e a inflação do Brasil, um país que dera saltos por 25 anos e chegara ao posto de 11ª economia do mundo, agora em crise por má gestão e pela "divisão na sociedade".

Seguindo o conselho de um doutor americano, um texto recomendava-se a donas de casa que não ligassem eletrodomésticos barulhentos quando os maridos estivessem em casa, pois o ruído causaria úlceras em homens cansados.

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasília-DF -- Denise Rothenburg

Mistura explosiva
A manifestação contra o aumento das passagens de ônibus promovida pelo Movimento do Passe Livre no Rio de Janeiro na semana passada fez acender o pisca-alerta do governo em relação à CPI do Transporte Público apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). A ordem agora é evitar que a comissão funcione no ano eleitoral. Um dos argumentos que será usado para enterrá-la é o de que o pedido fala na legislação do Distrito Federal sobre o tema, o que tira o caráter nacional da investigação. A tecnicalidade promete gerar polêmica, mas o pano de fundo é outro.

O governo calcula que, se na última na sexta-feira cerca de 500 pessoas pararam o centro do Rio, o mesmo pode ocorrer no restante do país passadas as festas de fim de ano. E, nesse cenário, uma CPI do Transporte Público serviria para ampliar esses movimentos de rua. Resta saber se a base governistas terá fôlego para enterrar essa investigação.

A Copa e os Brics
Os países membros dos BRICS, grupo que, além do Brasil, congrega Rússia, Índia, China e África do Sul, pediram o adiamento da reunião de abril para julho, de forma a coincidir com os jogos da Copa do Mundo. A perspectiva é a de que o encontro em Fortaleza ocorra numa data próxima à final da Copa, no Maracanã, ou ao jogo Brasil e México, na capital cearense. A mudança da data da cúpula dos BRICs será anunciada no início do ano que vem.

O discurso de 2014
Não se assuste se, no ano que vem, você encontrar a presidente Dilma Rousseff visitando um posto de saúde ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A ideia é bater bumbo sobre o Mais Médicos, como o programa protagonista do ano eleitoral, assim como a eleição anterior mostrou o Bolsa Família e o PAC. Até abril, serão 13 mil médicos no programa, para atender 46 milhões de pessoas. E, se precisar, mais, outros virão.

Nem tucano, nem petista
Na escolha de um candidato a governador de São Paulo, os socialistas preferem buscar um nome que tenha mais a cara do partido. A deputada Luiza Erundina é muito identificada com o PT. E Walter Feldman, da Rede, é tucano demais para parecer como algo novo. Nesse contexto, não se surpreendam se vier por aí alguém como Pedro Dallari.

Na hora H…
Enquanto Vila Velha (ES) se desmanchava em chuva, com milhares de desabrigados e o caos instalado na cidade, o prefeito, Rodney Miranda (DEM), fez as malas e foi curtir as férias em Nova York. Já se falava em impeachment, uma revolta danada na cidade. Ele voltou. Não fez mais que a obrigação, mas corre o risco de ver escoar os votos do partido na enxurrada. Hoje, a presidente Dilma vai ao Espírito Santo sobrevoar a região atingida pelas chuvas.

CURTIDAS
Bronca/ O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) contou ontem ao colega Roberto Requião (PMDB-PR) que “levou um pito” do senador Gim Argello (PTB-DF) por ter assinado a CPI do Transporte Coletivo. “O governo deveria ser a falar dessa CPI. Mas, infelizmente, é contra. A ponto de passar um pito no Suplicy”, contou o peemedebista.

 Por falar em…/…Requião, ele dispensou ontem a possibilidade de falar na última sessão não-deliberativa do ano no Senado. “Hoje, estou amargo. Não vou nem discursar. Se o fizer, vou pedir um Gripen emprestado para ir cortar o cabelo no Recife”, afirmou, já fazendo chacota com o implante de Renan e o uso do jato da FAB.

Enquanto isso, na Câmara…/ O deputado Augusto Carvalho (SDD-DF) chegou ontem no final ao plenário, pronto para falar na tribuna. Andou para um lado, foi para o outro e nada de encontrar sequer um funcionário que pudesse registrar no último dia de funcionamento normal da Casa, antes do recesso. “Tiveram que chamar um servidor para abrir o computador e fazer o registro”, contou ele.

No mais…/ Que as bênçãos do Senhor encham seu lar de saúde, amor, alegria e harmonia hoje e sempre. Feliz Natal!!!

Fonte: Correio Braziliense

Política - Cláudio Humberto

Ataque ameaça apoio
O ataque do presidente do PT, Rui Falcão, ao senador José Sarney ameaça o apoio do PMDB à reeleição da presidente Dilma, adverte um importante senador da cúpula do partido do vice Michel Temer. Falcão admitiu apoio do PT a Flávio Dino (PCdoB), inimigo de Sarney, ao governo do Maranhão. "Se até o Sarney tratam assim, imagine Brasil afora", diz o senador, sobre a relação dos dois partidos nos Estados. Com habilidade política de hipopótamo em loja de cristais, Rui Falcão já foi chamado pelo ex-presidente Lula para ser "enquadrado". Lula é muito grato a Sarney e até atribui ao apoio do veterano senador, em 2002, a viabilização de sua primeira vitória na disputa pelo Planalto. A trapalhada de Rui Falcão no Maranhão ajudou apenas a candidata de Eduardo Campos (PSB) ao governo estadual: Eliziane Gama (PPS). O radar de Sarney já indica que a deputada estadual Eliziane Gama é liderança que chegará ao topo, na política do Maranhão.

Suplicy e o discurso no recesso
Senadores já não têm dúvidas de que o colega Eduardo Suplicy (PT-SP-foto) anda mesmo "fora da casinha". Neste domingo, ele incomodou vários senadores, especialmente os que se encontram em Brasília, convidando-os a assistir ao discurso que ele pretendia fazer nesta segunda-feira (23), mesmo com o Senado em recesso. "Suplicy parecia fora de órbita", contou um dos senadores a esta coluna, intrigado.

Nada bobo
O senador Eduardo Suplicy sempre suscitou desconfiança sobre seu jeito abilolado de ser. Muita gente acha que o estilo "maluco beleza" é para ganhar simpatia.

Presepadas
O senador Suplicy canta no plenário, já vestiu cueca vermelha sobre a calça, para posar de "Super Homem", e outras presepadas do gênero.

Groucho?
Amigos contam que, jovem, o senador Eduardo Suplicy ficou nu no aeroporto de Zurique, dizendo ser ora Jesus, ora Marx. É o que falta no Senado: ficar pelado.

Boicote
Romeu Tuma Jr. levantou a suspeita na entrevista na internet ao músico Lobão, domingo (22): pagam o dobro por seu livro "Assassinato de Reputações", para que desapareça de algumas livrarias.

Covardia
A cúpula do PMDB lamenta a "falta de coragem" do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que poderia ser uma alternativa para o entrave entre o PT e PMDB, mas se recusa a disputar o governo fluminense em 2014.

Ainda tem apoio
Primeiro-secretário da Força Sindical, Sérgio Leite acredita que, apesar da resistência ao governo Dilma, 60% do segmento químico apoiam Dilma e Lula, 20% Aécio, e os outros 20%, Eduardo.

1001 utilidades
Dirigentes do PROS garantem que, após ter sido candidato à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes (CE) está apto para qualquer cargo no governo Dilma, desde Integração e Saúde até Cidades.

Pensando bem...
...especialista em prospectar negócios mundo afora, José Dirceu bem que poderia trabalhar de picareta numa pedreira.

Frase
"Essas extravagâncias expõem o Congresso ao ridículo"
Ronaldo Caiado (DEM-GO), sobre o uso abusivo de jato da FAB por Renan Calheiros

Vida, leva eu?
Na reunião do conselho político, a presidente Dilma disse que seu lema é "deixa a vida levar". "Ela adotou o lema do Zeca Pagodinho para ilustrar bem o seu comportamento", ironizou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Desconto legal
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou legal o desconto nos salários de funcionários da Caixa Econômica Federal que fizeram greve de um mês, em 2008. A rapaziada queria transformar greve férias remuneradas.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)