sábado, 26 de julho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Criamos um programa em Minas, que quero levar para o Brasil, chamado Poupança Jovem. Os jovens do ensino médio que não se envolverem em nenhuma ocorrência policial, que frequentarem alguma das oportunidades de oficina de ressocialização que o Estado oferece e tiverem uma frequência mínima na escola recebem uma grana por mês. No final do terceiro ano do ensino médio eles podem sacar. É um estímulo mesmo. Isso tem funcionado extraordinariamente em Minas Gerais. A evasão nessas regiões onde esse programa funciona caiu a um terço do que era antes do início do programa.

Aécio Neves, senador (MG) e candidato a presidência da República, ontem em Vigário Geral, Rio de Janeiro.

Ministro do TCU diz que AGU tentou adiar julgamento sobre Pasadena

• Outro membro do tribunal, procurado por Lula, afirma que tema não foi citado

Cristiane Jungblut e Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA — Autor do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) que isentou a presidente Dilma Rousseff no caso da polêmica compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, o ministro José Jorge confirmou nesta sexta-feira que teve uma audiência formal com o ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, e que é normal receber pedidos de adiamento de votações para que as partes se preparem melhor. Já o ministro José Múcio disse que se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última segunda-feira, mas que não tratou do tema no encontro. As pressões da AGU e de Lula para tentar engavetar o processo foram o tema da coluna de ontem de Merval Pereira.

Apesar de terem confirmado que foram procurados, os dois ministros negaram qualquer interferência do governo e de Lula para isentar Dilma de responsabilidades na negociação da refinaria. Na época, ela era presidente do Conselho de Administração da estatal, mas o TCU culpou apenas a diretoria da Petrobras.

Prejuízo de us$ 792 milhões
José Jorge disse que agiu com correção e que a aprovação por unanimidade de seu parecer, por nove a zero, é uma demonstração disso. A decisão do TCU foi de responsabilizar 11 diretores da estatal brasileira, que tiveram seus bens bloqueados. Foi aberta uma tomada de contas especial para decidir sobre a necessidade de ressarcimento aos cofres públicos de U$ 792 milhões.

Entre os ex-dirigentes considerados culpados estão o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava-Jato, e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró.

Ministro: é normal ser procurado
José Jorge disse que teria adiado a votação, como Adams pediu, se já não tivesse divulgado seu parecer. O ministro explicou que é comum as partes envolvidas pedirem adiamentos para preparar melhor suas defesas:

— Meu parecer foi aprovado por sete (na verdade, nove) a zero. Melhor do que a Alemanha, que ganhou de sete a um do Brasil. Todo mundo concordou, e ainda tem gente reclamando? Sou ministro do TCU. Não dá para ser ministro e agradar ou desagradar a partido A, B ou C — disse José Jorge.

O ministro confirmou que conversou rapidamente com seu colega de TCU, José Múcio, antes da sessão, e que Múcio comentou que havia se encontrado com o ex-presidente Lula.

Questionado sobre o fato de ter sido um dos principais líderes do então PFL (hoje DEM) e de ter seu parecer criticado, José Jorge disse que hoje é apenas ministro do TCU. José Múcio, por sua vez, disse não acreditar que tenha havido articulação para que José Jorge tirasse Dilma do rol dos responsáveis.

— Estive com o presidente Lula na segunda, mas esse assunto não foi tratado. Eu sequer sabia que Pasadena estaria em pauta. Só fiquei sabendo na terça-feira. Conheço o ministro José Jorge, e ele não dá cabimento a qualquer tipo de interferência. Nem eu nem ninguém acredita que tenha havido essa articulação. Eu votei com o relatório de José Jorge — disse Múcio

Sobre ‘Dilmão’, Aécio afirma que petista impõe presença de aliados em eventos

• Em centro do Afroreggae, tucano diz que é a favor da redução da maioridade penal para crimes hediondos

Leticia Fernandes – O Globo

RIO — O senador Aécio Neves (PSDB), candidato à Presidência, visitou nesta sexta-feira o centro cultural do Afroreggae, na favela de Vigário Geral. Ao lado de José Júnior, líder da ONG voltada para jovens de comunidades, ele disse ser a favor do projeto de seu vice, o senador Aloysio Nunes (PSDB), sobre a redução da maioridade penal em caso de crimes hediondos. O tucano não respondeu se já pousou no aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, e fez críticas à presidente Dilma Rousseff (PT).

Sobre o evento da petista com prefeitos e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), nesta quinta-feira, Aécio afirmou que Dilma tem se concentrado em fazer eventos fechados e impõe a presença de aliados.

— A diferença central da nossa campanha para a da presidente é isso aqui, eu estou andando pela rua, sem ninguém. A nossa campanha vai ser olhando para as pessoas. Por enquanto, a presidente tem tido dificuldade de se apresentar à população, os eventos são fechados, com quase que imposição da presença de aliados, eu vou contar, muito mais do que com prefeitos e deputados, com a população brasileira, que está cansada de tudo que está acontecendo — disse o tucano.

Ele afirmou que a proposta de Nunes, sobre a redução da maioridade penal em caso de crimes hediondos, pode representar o fim da impunidade. Foi a primeira vez que o assunto apareceu na campanha presidencial:

— Não é uma posição consensual, mas o projeto do Aloysio, que atinge cerca de 1% dos jovens que cometem um delito, pode sinalizar o fim da impunidade. Estamos falando de crimes hediondos. Mas isso não é solução, é paliativo. Solução é educação.

O senador afirmou que houve exploração política do caso do aeroporto de Cláudio, e que ele “está mais do que esclarecido”. Nesta terça-feira, o tucano afirmou que escolheu, quando governador de Minas, uma área que pertencia a seu tio-avô para a construção do aeroporto porque era a opção “mais barata”.

— De novo? Isso já foi mais do que esclarecido. O estado de Minas não fez um, fez mais de 30 aeródromos. Foram milhares de licitações, todas levando em conta o interesse público. É natural que haja uma exploração política, tenho uma vida ilibada, correta. Todos os esclarecimentos estão sendo dados, e os que ainda forem necessários, serão.

Logotipo do governo federal tapado
Dentro do centro cultural do AfroReggae, O GLOBO constatou que o logotipo do governo federal, que patrocina a ONG, estava parcialmente tapado com papéis e fita crepe. José Júnior disse que cobriu os dizeres “governo federal” e “país rico é país sem pobreza” porque recebeu, por escrito, um determinação do governo para agir dessa forma. Ele negou ter feito isso só para receber Aécio na comunidade:

— Não tem nada a ver com o Aécio. É ordem do governo federal. Não pode mais ter isso por escrito durante período eleitoral.

Segundo advogados ouvidos pelo GLOBO, é vedada a propaganda institucional durante o período de campanha, mas não há problema na exibição do logotipo em um local físico, sobretudo em um projeto já patrocinado pelo governo antes do início da campanha. Segundo o Ministério da Cultura, a Lei Rouanet já repassou R$ 1,4 milhão ao centro cultural Waly Salomão.

Fórum de Ongs com tucano
No encontro de Vigário Geral, Aécio e Júnior, que também é responsável pelo relacionamento do tucano com os jovens, anunciaram a criação do Fórum Brasil. Composto por representantes do terceiro setor, o grupo analisará projetos de sucesso implantados Brasil afora e os apresentará a Aécio. O presidenciável, por sua vez, se comprometeu a transformá-los em política pública.

Agindo assim, Aécio avança sobre o terceiro setor, que tem forte ligação com a ex-senadora Marina Silva, vice na chapa presidencial de Eduardo Campos (PSB).

— Estamos reunindo diversas pessoas, e isso (o trabalho do fórum) vai virar política de Estado. É o empreendedorismo social — afirmou Aécio.

O Fórum Brasil será formado, entre outros, por Júnior, Rodrigo Baggio, fundador do Comitê pela Democratização da Informática (CDI), Rosa Maria Fisher, diretora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da USP, e Carlos Bezerra, da ONG Excola.

— O fórum foi criado para legitimar as experiências bem-sucedidas do terceiro setor, dos empreendedores sociais, das ONGs e do que chamo de INGs, o Indivíduo Não Governamental — explicou Júnior.

Baggio apoiou Marina na disputa presidencial de 2010. Gravou vídeo em que exaltava a chapa dela com o empresário Guilherme Leal, sócio da Natura. Neste ano, ele resolveu se unir a Aécio porque viu um “tensionamento” na chapa de Marina e Campos por conta das divergências sobre os apoios nas disputas estaduais e pelo fato de o tucano ser “uma possibilidade real de mudança” para o país.

— O Aécio representa uma grande oportunidade para mudar o Brasil. Também está montando um grande time de colaboradores — justificou Baggio, que ressalta ter se unido à campanha não em nome do CDI.

Aliados de Marina minimizam a adesão de antigos apoiadores à campanha de Aécio.

— Essas pessoas não tinham participação na campanha de 2010, só declararam apoio — disse Bazileu Margarido, um dos coordenadores do PSB.

Ele destacou ainda que a adesão de pessoas ligadas a ONGs a campanhas costumam ser discretas porque as entidades, em geral, dependem de verbas públicas obtidas por meio de parcerias com os governos federal e estaduais.

Pasadena: tucano considera “curioso” Dilma ser inocentada
Aécio comentou também a absolvição de Dilma, pelo TCU, na investigação da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ele classificou de “curioso” e “tratamento diferenciado” o fato de o conselho de administração da Petrobras, do qual Dilma fazia parte, não ter sido responsabilizado.

— Acho apenas curioso que os diretores sejam responsabilizados e os membros do conselho, que ratificam as ações, terem tido um tratamento diferenciado. Eu não prejulgo ninguém, acho apenas que está faltando uma palavra pessoal da presidente.

Na área econômica, as críticas foram sobre o que chamou de “excessivo intervencionismo” na área energética e de petróleo. Segundo o tucano, não se pode mais “terceirizar” a responsabilidade do baixo crescimento do Brasil:

— O Brasil é um país hoje visto com enorme desconfiança pelos investidores internos e externos pelo excessivo intervencionismo do estado em setores fundamentais da economia, o energético e o de petróleo. A FGV está apontando que nos últimos seis meses, mês a mês a desconfiança dos agentes econômicos vem diminuindo. Sem confiança, meu amigo, ninguém se desenvolve. Não dá mais pra terceirizar a responsabilidade, o Brasil crescerá menos que seus vizinhos esse ano. Esse modelo fracassou e precisamos introduzir um outro, um estado que dê oportunidade à juventude.

Para consultorias, caiu a chance de Dilma na eleição

• Consultorias dentro e fora do Brasil preveem vitória do tucano Aécio Neves

• Modelos tentam adivinhar resultado a partir de intenções de voto, rejeição e tendências passadas

Fernando Canzian - Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - "Serra ou o caos", profetizava o megainvestidor George Soros caso Lula vencesse o tucano José Serra na eleição presidencial de 2002.

Doze anos depois, o mercado vê Dilma Rousseff (PT) com cada vez menos chances. Já há quem aposte na vitória da oposição, tendo Aécio Neves (PSDB) como favorito.

Várias consultorias atualizaram nesta semana palpites sobre o resultado da eleição com base nas recentes pesquisas Datafolha e Ibope.

Usando modelos mais ou menos sofisticados que levam em conta intenções de voto, rejeição, resultados e tendências de pleitos passados, elas chegam a cravar percentuais.

A brasileira MCM apostou pela primeira vez que a oposição tem chance de 60% a 40% de derrotar Dilma (antes dava lances iguais). E a japonesa Nomura ampliou de 60% (junho) para 70% agora as chances de Aécio.

Outras consultorias ainda veem Dilma com maior probabilidade de vitória. Mas ela seria cada vez menor.

Caso da brasileira Tendências, que reduziu de 60% em maio para 55% agora as chances da petista. E do norte-americano Eurasia Group, que via 70% de probabilidade em abril ante 60% hoje.

O mercado está sensível a prognósticos eleitorais. Na semana passada, o Ibovespa foi ao maior nível em 16 meses depois de o Datafolha apontar empate técnico, em um eventual segundo turno, entre Dilma e Aécio.

A Nomura aumentou para 70% as chances de vitória de Aécio apostando, principalmente, em um crescimento do candidato no Sul do país.

Em 2006 e 2010, o PSDB venceu na região. Pelo Datafolha da semana passada, Dilma lidera ali, com 36%; ante 18% de Aécio e 6% de Eduardo Campos (PSB).

"Até esse ponto, isso é uma anomalia, pois vai contra o que já aconteceu no Sudeste, que é similar ao Sul em termos políticos e sociais", afirma Tony Volpon, diretor da Nomura em Nova York.

No Sudeste, segundo o Datafolha, Dilma também lidera, com 28%. Mas a soma de Aécio (27%) e Campos (6%) já a coloca atrás da oposição.

Na contramão, mesmo tendo reduzido as chances de Dilma de 70% para 60%, o Eurasia Group vê Dilma "claramente favorita", embora com "grande probabilidade" de ir ao segundo turno.

"O andamento da economia justifica reduzir as chances da presidente", diz João Castro Neves, diretor da consultoria em Washington.

O Eurasia usa modelo desenvolvido com o instituto Ipsos que analisou 200 eleições nos últimos 20 anos. Nele, governantes com taxas de aprovação entre 40% e 60% venceram disputas em 85% das vezes. Na pesquisa Ibope, o governo é aprovado por 44%.

Para Ricardo Ribeiro, da MCM, que dá 60% de chance de vitória para a oposição, a derrota de Dilma não é garantida. Mas haveria uma "nítida deterioração da situação econômica e política" atual.

Avaliação bastante semelhante levou a Tendências a reduzir para 55% o favoritismo de Dilma, explica seu economista Rafael Cortez.

As quatro consultorias anteciparam corretamente a vitória de Dilma em 2010. Não é sempre assim. Em junho, o banco Goldman Sachs cravou 48,5% de chance de o Brasil levar a Copa. E só 11,4% para a Alemanha dos 7 a 1.

Dilma errou ao iniciar campanha no Rio ao lado de Pezão, diz Lindbergh

• Para Rui Falcão, senador petista ‘tem compreensão’ de que não pode exigir exclusividade

Cássio Bruno – O Globo

RIO — Na presença de militantes do PT e do presidente nacional do partido, Rui Falcão, o candidato ao governo do Rio senador Lindbergh Farias afirmou, nesta sexta-feira, que a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, errou ao fazer o primeiro ato de campanha dela com o seu adversário, o governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB. Segundo Lindbergh, Dilma se equivoca quando vincula a sua imagem a Pezão e ao PMDB. Foi a primeira vez que o senador petista se manifestou sobre o movimento "Dilmão", lançado na quinta-feira em uma churrascaria de São João de Meriti.

— Na nossa avaliação, para a campanha dela, há uma vinculação excessiva ao PMDB, que está traindo, está muito rejeitado no estado. Isso é ruim para a campanha dela — disparou Lindbergh, que participou de ato com a militância no Sindicato dos Bancários, no Centro do Rio.

Segundo o senador, essa atitude de Dilma não está animando a militância do PT:

— A Dilma já havia feito várias agendas institucionais com o Pezão. Começar a campanha novamente com o Pezão vincula muito a imagem. E isso não é bom. No Rio, o PMDB foi o epicentro das manifestações de junho do ano passado. Isso não anima a militância. Não acho que se deva começar uma campanha eleitoral com essa agenda. A Dilma tem que fazer uma agenda para cima, para frente — concluiu Lindbergh.

Em seu discurso, Rui Falcão afirmou que Lindbergh representa "a mudança". Para o presidente nacional do PT, o pior já passou: a pressão sofrida pelo partido para retirar a candidatura de Lindbergh feita pelo PMDB do ex-governador Sérgio Cabral.

— Agora vem o mais fácil, que é ganhar a eleição — disse Falcão, sendo aplaudido pelos militantes.

Mais cedo, Rui Falcão se encontrou com outros candidatos ao governo do Rio da base aliada da presidente Dilma. Ele almoçou com o deputado Anthony Garotinho (PR) e em seguida encontrou com o senador Marcelo Crivella (PRB). Ao lado de Crivella, Falcão disse que Dilma intensificará o esforço dos militantes para conquistar o voto dos evangélicos.

Quando teve o primeiro encontro do dia, com Anthony Garotinho (PR), Rui Falcão disse que as campanhas do ex-governador e de Dilma se completam.

— O Garotinho não quer exclusividade. Ele quer reciprocidade. E a reciprocidade virá agora. Foi um debate sobre as duas campanhas, que se entrelaçam, se completam — disse Rui Falcão após ter se encontrado com o candidato do PR.

Os dois, no entanto, ainda não definiram uma data para que Dilma participe de um evento público com o deputado. Já se sabe, porém, que a presidente visitará conjuntos habitacionais na Zona Oeste com Garotinho.

Na presença de Garotinho, o presidente do PT ressaltou que o ex-presidente Lula avalia a possibilidade de vir ao Rio participar da campanha de Lindbergh.

— Na Bahia, o Lula vai com toda certeza. Tem a sucessão do governador Jaques Vagner, que é de apoio à Dilma. Do outro lado, é quem apoia o Eduardo (Campos, candidato à Presidência pelo PSB), e o Aécio (Neves, candidato tucano à Presidência). Não tem problema se o Lula for à Bahia, em Pernambuco ou em Minas Gerais, onde ele já esteve. No Rio, o Lula quer analisar bem o correr da eleição para não ter nenhum desequilíbrio em relação à campanha da presidente Dilma — disse Falcão, em referência aos planos do ex-presidente fazer campanha ao candidato petista.

O jantar de ontem, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, provocou uma crise no PT do Rio e deixou o senador constrangido.

— Qualquer candidato gostaria de ter exclusividade. Mas essa exclusividade não se pode dar mesmo sendo a presidenta do mesmo partido do Lindbergh. Ele tem compreensão disso. No fragor da disputa, a pessoa (Lindbergh) manifesta algum desagravo — disse Falcão.

O jantar de Dilma com Pezão reuniu 10 dos 11 prefeitos do PT. O único que não compareceu foi o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, um dos coordenadores da campanha de Lindbergh. O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, participou da organização do evento e até ajudou a pagar a conta de cerca de R$ 21 mil na churrascaria Oásis. O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT), um dos coordenadores estaduais da campanha Dilma no Rio, também compareceu.

— Se ele (Rodrigo Neves) está apoiando um candidato de outro partido (Pezão), está desautorizado. Quando alguém se elege no PT, assina uma carta compromisso para cumprir regras e a fidelidade partidária — ressaltou Falcão, que pela manhã se reuniu com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

No entanto, o presidente nacional do PT minimizou a presença de petistas no jantar com a presença de Pezão, adversário de Lindbergh:

— Os prefeitos foram cumprimentar a Dilma. Encaro isso com naturalidade. Agora, se alguém (do PT) manifestar apoio público a candidato (ao governo) de outro partido, será desautorizado por nós.

Campos critica ‘presidencialismo de coalização’ de Dilma

• Em lançamento das candidaturas do grupo de Marina Silva, presidenciável elogiou economia de Fernando Henrique e Bolsa Família de Lula

Leonardo Guandeline – O Globo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência da República, Eduardo Campos, criticou no fim da noite desta sexta-feira a política econômica do governo Dilma Rousseff e o presidencialismo de coalizão, “a política atrasada que hoje sustenta o governo”. Falando em mudança e ao lado de sua vice, a ex-senadora Marina Silva, o ex-governador pernambucano participou de evento que marcou o lançamento de candidaturas a deputado estadual e federal por São Paulo do grupo da Rede de Marina, no centro de São Paulo.

- O mundo se refaz da maior crise econômica de sua história. Hoje, o país que em 2010 soprava continuidade sopra mudança... A agenda interditada é tirar o país da situação em que ele se encontra hoje com a retomada da inflação, os juros altos, o baixo crescimento, a descrença da sociedade na democracia que conquistamos e as instituições - disse Campos, criticando a atual política.

- A gente tem que mudar o Brasil em Brasília. A política atrasada que hoje sustenta o atual governo é que reproduz nos estados o atraso da política. É o presidencialismo de coalizão que mantém vivo Brasil afora as facções mais atrasadas da política brasileira.

Campos citou positivamente o aporte do governo federal aos bancos durante o governo Fernando Henrique Cardoso como êxito de política econômica, e a junção de programas sociais no Bolsa Família, como política social importante para evitar a exclusão durante o governo Lula.

Em seu discurso, a ex-senadora Marina Silva disse que a luta por uma nova política é uma luta de todos, inclusive de outras legendas que não a Rede e o PSB. Ela lembrou que a “luta para eleger o primeiro presidente operário foi de muitos”, citando a eleição de Lula.

A ex-senadora, ao comentar as últimas pesquisas eleitorais que deixam Campos praticamente estagnado, disse que a campanha vai começar quando tiver início o horário eleitoral e que o pleito será vencido “no tablado”.

Durante o evento, alguns candidatos da Rede, que disputarão a eleição de outubro pelo PSB e outros partidos, como o PHS, criticaram a crise hídrica em São Paulo e citaram a violência praticada pela Polícia Militar. Em São Paulo, o PSB apoia a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com o presidente estadual da legenda, Márcio França, candidato a vice na chapa do tucano.

Aécio e Campos iniciam aproximação com evangélicos na campanha eleitoral

• Tucano se reuniu com representantes de igrejas; partido do socialista irá manter núcleos de militantes religiosos nos estados

Cristiane Jungblut / Junia Gama – O Globo

BRASÍLIA — No PSDB, o discurso do comando da campanha é que não há uma preocupação específica com os evangélicos, mas, na prática, o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves (MG), já iniciou uma aproximação com alguns setores. No início de julho (dia 7), ele se reuniu com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. O encontro reuniu outros religiosos da Assembleia de Deus e causou polêmica entre os fiéis.

Em 2010, o pastor já havia ficado ao lado de José Serra (PSDB), apesar da então candidata à Presidência pelo PV — e hoje vice na chapa de Eduardo Campos (PSB) — Marina Silva pertencer à Igreja. O encontro foi no bairro de Belém e se tornou público depois que o pastor publicou uma foto numa rede social.

O coordenador da campanha de Aécio, senador José Agripino Maia (DEM-RN), disse que não há uma menção específica aos evangélicos em programas ou discussões temáticas.

— Não vi ainda nenhuma menção específica aos evangélicos. Há uma semana, o candidato Aécio teve um encontro com os evangélicos, mas não existe um planejamento para as Igrejas Evangélicas — disse Agripino.

O novo coordenador do programa de governo, o ex-deputado Arnaldo Madeira, vai na mesma linha.

— Defendemos a liberdade religiosa — disse Madeira.

Nos bastidores, as interlocuções são feitas pelo vice na chapa, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que estava no encontro em São Paulo, e pelo deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) ligado ao senador. Há um cuidado no partido para não repetir as polêmicas de 2010. O deputado João Campos (PSDB-GO), por exemplo, é da ala mais conservadora dos evangélicos.

O deputado Vaz de Lima, que da Igreja Presbiteriana, disse que não age em nome da campanha de Aécio, apenas recebeu pedido de ajuda da campanha do governador paulista Geraldo Alckmin.

— Nunca fui procurado pela campanha do Aécio, mas pela do Geraldo sim. Claro que atuo pelos dois, como militante — disse Vaz de Lima.

No PSB, a candidata a vice-presidente, Marina Silva, é evangélica, mas segundo a coordenação da campanha de Eduardo Campos, ela não deverá ter uma atuação específica junto a esse eleitorado.

— A Marina não mistura religião com política — disse Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB.

Na campanha socialista, a articulação com setores religiosos e culturais ficou a cargo de uma comissão de articulação e mobilização, tocada por um representante da Rede, Pedro Ivo, e um do PSB, Milton Coelho. Não há, segundo Siqueira, um grupo específico para se relacionar com os evangélicos. O trabalho da comissão é no sentido de manter um diálogo com todas as religiões.

O que o PSB faz de mais concreto em relação ao segmento é manter núcleos de militantes evangélicos em diversos locais do Brasil para discutir as demandas do grupo. Há diálogo com grandes instituições, como a Assembleia de Deus e, no próximo domingo, Eduardo Campos terá uma reunião em São Paulo com pastores da igreja Brasil para Cristo.

Apesar de Campos já ter se declarado contra o aborto, Siqueira afirma que as discussões ficarão centradas em valores políticos, "não pessoais".

— O partido político e o Estado são laicos. A população evangélica tem muito a contribuir com os temas de interesse da população, mas respeitamos todas as posições e não vamos entrar nas convicções pessoais, nem nos valores religiosos. Cabe a cada um agir de acordo com suas convicções. Nós vamos tratar de políticas públicas — pontua Siqueira.

Aécio diz ser 'curioso' TCU isentar Dilma

• Decisão sobre responsabilidade na compra de refinaria é criticada por ex-diretor da Petrobras

- Folha de S. Paulo

RIO / BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à Presidência, disse nesta sexta (25) achar "curioso" o fato de o TCU (Tribunal de Contas da União) isentar a presidente Dilma Rousseff (PT) e o Conselho de Administração da Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena (EUA).

"Acho apenas curioso que os diretores da Petrobras sejam responsabilizados e os membros do conselho, que verificam, que têm responsabilidade formal na decisão, tenham tido tratamento diferenciado", afirmou, no Rio.

"Não prejulgo ninguém, acho apenas que todos devem prestar esclarecimentos de questões que surgem. Acho apenas que está faltando uma palavra da presidente."

Na quinta (24), o ex-diretor da Área de Gás da Petrobras Ildo Sauer disse, em nota, que classifica como "ilegal" a decisão do TCU --que, a seu ver, viola "direitos fundamentais"--, pois não foi ouvido.

Sem citar Dilma, ressaltou o papel do presidente do conselho, cargo ocupado por ela à época da compra.

"O presidente do conselho de administração pode convocar diretores para prestar esclarecimentos ou informações sobre as matérias em apreciação. Cabe à diretoria exercer a gestão dos negócios, de acordo com a missão, os objetivos e às estratégias fixadas pelo conselho."

Ambiente econômico é adverso à reeleição, diz cientista

Idiana Tomazelli - Agência Estado

A situação da economia doméstica deve tornar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) mais difícil, avaliou nesta sexta-feira, 25, o cientista político Sérgio Abranches, do Ecopolítica. Para ele, as condições estruturais domésticas, como a inflação que tem afetado cada vez mais a renda, interferem mais no humor da sociedade.

"Não vai ser uma eleição igual às outras, porque o Brasil não é igual ao das outras eleições. O Brasil nunca foi um País tão capaz de mostrar mau humor quanto desta vez", disse, em seminário sobre as eleições realizado na tarde de hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

A baixa popularidade da presidente também aumenta a incerteza sobre sua reeleição, acrescentou Abranches. "Claramente do ponto de vista do que nós sabemos, o ambiente é adverso à reeleição do presidente em exercício", disse.

Em um painel anterior, o cientista político Cesar Zucco, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas da FGV (Ebape/FGV), comentou que a avaliação positiva dos programas sociais criados ou ampliados durante a gestão do PT na Presidência seria capaz de fazer frente à baixa popularidade da atual presidente e aos questionamentos sobre a política econômica do governo durante a eleição. "Uma possibilidade é que ela faz melhor o resto do que a política econômica", afirmou.

Mas a questão eleitoral não se resume à economia. Os candidatos, de acordo com os participantes do seminário, têm se obrigado a encontrar maneiras de se adaptar a mudanças no próprio modo de fazer campanha. "Desde 2002 não se faz mais campanha na rua, com cartazes e folhetos. Não foi assim em 2006, nem em 2010", disse o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além disso, o horário eleitoral na televisão já não tem mais a mesma centralidade que tinha em anos anteriores. "A maioria dos eleitores desliga a televisão ou muda de canal", ressaltou Abranches.

Marco Aurélio Nogueira: Mudar sem sair do lugar

• A mesmice faz com que nem se perceba o que separa os 3 candidatos principais ao Planalto

- O Estado de S. Paulo

Fechadas as cortinas do espetáculo propiciado pela Copa do Mundo e sob os destroços da seleção brasileira de futebol, o País voltou à rotina na segunda quinzena de julho. Acordou com a campanha eleitoral oficializada, a convocar os cidadãos para uma reflexão sobre o que lhes têm a oferecer partidos e candidatos.

Foram poucos dias. Mas indicaram que nenhum novo roteiro está em cogitação pelos que concorrerão ao voto popular. Será percorrido o mesmo chão de terra batida das últimas eleições no País. Os programas divulgados mesclam algumas ideias concretas e muitas generalidades, parecendo ter sido elaborados mais para sensibilizar do que para orientar o eleitor. Pouco se esclarece para onde deve ir o País, quais seus entraves, com que recursos se poderá contar para reformar o que precisa ser reformado.

Partidos, candidatos, coordenadores de campanha e marqueteiros estão alheios à sociedade. Não interagem com ela nem assimilam suas demandas e expectativas. A mesmice faz com que nem sequer se perceba o que separa os três candidatos principais ao Planalto. Suas vozes se preocupam excessivamente em desfechar ataques recíprocos, dissimulados em maior ou menor medida. Não é que não haja diferenças. Elas existem, mas estão codificadas. São genéricas e retóricas, além de repetitivas. O cidadão fica com a sensação de que tudo é falado como parte de um pacote preparado somente para impressionar.

Surpreende a reiteração desse desajuste entre a vida - complexa, repleta de problemas, difícil de ser compreendida e manejada - e a pobreza do discurso político, que se agarra ao canhestro para sobreviver. É como se houvesse entre os políticos uma cegueira paralisante, que impossibilita inovações e exacerba a defesa das posições de cada um. Os candidatos não se renovam porque temem perder espaços para os adversários. Estancam até nas pesquisas de intenção de voto.

Fala-se o que é conveniente para que não se percam votos. Deixa-se de lado o importante, não se toca nos temas difíceis a não ser para neles pendurar promessas mágicas, a serem decretadas com uma varinha de condão tão logo cheguem ao posto cobiçado. Os candidatos dizem o que acham que o eleitorado deseja ouvir, mas não explicam a estrutura dos problemas, o teor das decisões, a origem dos recursos (técnicos, humanos, financeiros) com que se viabilizarão as soluções anunciadas.

É uma pequena tragédia política, protagonizada por todos os partidos, situação e oposição. Todos caminham de costas para a sociedade, atentos somente a seus próprios planos. Não espanta que o tédio, o "ódio" aos políticos e o desinteresse cresçam. E que a simplificação, a caricatura e a grosseria impregnem os ativistas e os apoiadores dos candidatos. O ramerrão é conhecido: os tucanos são entreguistas, neoliberais e contra o povo; os petistas são bolivarianos enrustidos, esquerdistas incompetentes que só se preocupam em mentir e ajudar os companheiros. Uns e outros, por sua vez, se veem como estando acima do bem e do mal, não concedendo nenhuma nesga de dignidade aos adversários. Como ter debate democrático assim?

Veja-se a ênfase que é dada agora. Os três principais candidatos escolheram slogans praticamente idênticos para suas campanhas. O eixo é a ideia de mudança, que se teria tornado sentimento e desejo comum dos brasileiros.

Todos falam em mudar, mas não ajudam a que se compreenda a mudança como desafio político. A nossa é uma época dinâmica e móvel demais. Mudamos tanto e tão depressa que nem percebemos o movimento que nos impulsiona. Muda-se sem cessar, mas não se sabe em que direção. A política se contagia. E os políticos, em vez de contribuir para que se entenda o quadro, salientam o valor da mudança para não perderem contato com o imaginário social.

Mudar, na política eleitoral, significa invariavelmente melhorar, progredir, rever prioridades e corrigir erros. No jargão habitual, trata-se de uma inflexão que abre as portas do paraíso. O discurso político brasileiro não é crítico nem autocrítico. O elogio da mudança serve para que um candidato se autoglorifique e para que se estigmatize o "conservadorismo" de outros.

Não se considera que os humanos falam de mudança, mas não gostam de mudar e resistem à mudança. Fazem isso sem consciência ou intenção: ou para defender o que já conquistaram, ou para proteger aquilo que lhes dá estabilidade e identidade. Mesmo assim mudam, fazem a história sem saber. Paradoxalmente, têm medo das mudanças e medo de que as coisas nunca mudem.

A história não é uma flecha que aponta sempre para a frente. Está integrada por movimentos surpreendentes, não previsíveis, por efeitos bumerangue e retrocessos, erros e fracassos. Pode-se mudar para pior. Da posição que se vê como "ruim" podem derivar mudanças progressistas. Tudo isso é óbvio, mas não frequenta nenhum discurso político. Todos prometem mudanças como se fossem senhores da razão. Não explicam que às vezes se propõem mudanças para que tudo fique como está. Ou para que não se saia do lugar.

Quando Dilma fala em "mais mudanças, mais futuro", quantifica um processo em que o mais importante é a qualidade, silenciando sobre isso. Aécio Neves é imperativo quando propõe "muda, Brasil", mas não diz que a mudança social é uma construção que somente pode proliferar se for adotada pela sociedade: negociada com ela. Eduardo Campos diz que é preciso "coragem para mudar o Brasil", como se o problema fosse exclusivamente de falta de vontade e ousadia.

Caso se deixem levar por tais discursos mudancistas, as pessoas para quem a vida precisa de fato mudar ficarão sem saber para que lado correr. E passarão a se perguntar: se é assim, por que diabos esses candidatos não se dão as mãos e reúnem forças para desenhar uma mudança que seja factível e produza impacto efetivo sobre o futuro?

Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política e Diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp

Merval Pereira: Sem propaganda enganosa

- O Globo

A maior discussão entre os cientistas políticos e estudiosos do marketing eleitoral hoje é sobre a real força que a propaganda gratuita de rádio e televisão ainda tem numa campanha presidencial. Ontem, em um seminário na Fundação Getulio Vargas promovido pelo Ibre, este foi um dos pontos mais interessantes da discussão, sem que se chegasse a uma conclusão.

Não existem no país levantamentos consistentes sobre o poder de persuasão da propaganda eleitoral sobre o eleitorado, ainda mais com o fenômeno das redes sociais interferindo dramaticamente na audiência das televisões abertas e a ampliação do alcance das transmissões televisivas a cabo num público que, se antes era de nicho nas classes mais altas, hoje atinge a classe C e vai se espraiando pelas D e E com pacotes acessíveis, sem contar com o “gatonet” que está sendo combatido justamente pela criação de planos mais baratos para esse público.

Há quem imagine que a audiência da propaganda eleitoral que começa a 15 de agosto tenha uma redução de 50% em relação às eleições em que este era o principal meio de o candidato de apresentar ao grande público. Em 1989, quando o desconhecido governador de Alagoas Fernando Collor disputou e ganhou a presidência República, um dos seus diferenciais na competição foi o uso de modernas tecnologias nas propagandas de rádio e televisão, dando início a uma verdadeira mania nacional de marqueteiros políticos.

A eleição de Lula em 2002, com a criação do personagem “Lulinha, Paz e Amor” pelo marqueteiro Duda Mendonça, foi o auge desse império propagandístico que pode estar chegando ao fim com o advento de novos meios de comunicação. O papel cada vez mais importante das redes sociais só não é decisivo como deve ser dentro de alguns anos por que hoje essas novas mídias ainda estão dominadas por conceitos marginais de distribuição de informações, e é utilizada hoje mais como instrumento de divulgação de ofensas e calúnias contra os adversários do que para difundir projetos e programas de governo.

A tendência, no entanto, é que a propaganda através das redes sociais vá ganhando força com o passar dos tempos, deixando em segundo plano a propaganda pela televisão. Uma conseqüência dessa redução de importância será benéfica para a política nacional: a correspondente redução do poder dos partidos de vender seus minutos de propaganda em troca de benesses do governo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define o tempo de televisão e rádio na propaganda eleitoral de cada um dos candidatos, baseado nas alianças partidárias e no tamanho de cada bancada no Congresso. Esse critério faz com que bancadas sem prestígio político, mas com muitos membros, ganhem poder eleitoral para atuar nas coalizões.

Comandando uma coligação mais ampla do que a de Lula, a presidente Dilma terá não apenas quase o dobro de tempo que a soma dos dois principais candidatos de oposição, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, como, nas inserções de 30 segundos somadas, terá nada menos que 123 minutos espalhados pela programação de cada emissora de canal aberto do Brasil nos 45 dias da campanha eleitoral.

Esses spots publicitários é que são as novas pérolas dos marqueteiros, que já chegaram à conclusão de que através deles poderão vender a imagem e as ideias de seus candidatos ao telespectador que, assistindo a seu programa favorito, será apanhado de surpresa pela propaganda política, assim como é surpreendido pelos anúncios das programações normais.

O volume de publicidade a que Dilma tem direito é equivalente, segundo especialistas, ao lançamento de um modelo novo de carro para consumo popular. O desconhecimento sobre o que vai acontecer nessa área é generalizado, mas há uma certeza: um marqueteiro apenas não ganha sozinho uma eleição presidencial. Ou seja, o carro a ser vendido não pode ser fruto de uma propaganda enganosa. As redes sociais destroem essa falsa mercadoria em poucas horas.

Cláudio Couto: Divisões internas

- O Estado de S. Paulo

Mal se passavam 20 dias do governo Dilma, em janeiro de 2011, e os jornais noticiavam a demissão do então secretário Nacional de Justiça, Pedro Abramovay, que deveria assumir a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Embora Abramovay tenha, de forma politicamente elegante e cautelosa, atribuído a saída a um convite para atuar fora do governo, tornou-se conhecida a verdadeira motivação do fato: a inconformidade da presidente com uma entrevista na qual ele defendia, dentre outros pontos, uma política distinta e menos punitiva para pequenos traficantes.

Ao promover a saída do governo de quem enunciava ideias próprias, a presidente enviava uma mensagem tenebrosa aos membros da administração: seria defenestrado quem se atrevesse a ter iniciativas que não passassem antes pelo seu crivo. Esse talvez tenha sido o primeiro gesto publicamente visível de um estilo de gestão marcado pela obsessão por controle e centralização decisória - muito distinto daquele de seus antecessores, Lula e Fernando Henrique. Outros gestos se seguiram, reforçando o anedotário: a preocupação de Dilma em monitorar os planos de voo do avião presidencial, a disposição a analisar pessoalmente os projetos da Finep, que ultrapassassem determinado valor, o isolamento na construção do marco do setor elétrico, os esculachos em assessores etc.

Certa feita, num questionamento que fiz a um membro de longa data dos governos petistas sobre o quão verazes eram as críticas e os reclamos acerca dessa obsessão controladora da presidente, ouvi a seguinte resposta: "Ela não é nem do tipo que olha a floresta, nem do que olha as árvores. Ela se ocupa das folhas". Note-se que a observação não proveio de um oposicionista, mas de um fiel membro das administrações do PT. Tal estilo, num governo que precisa gerir 39 pastas ministeriais, é realmente algo muito preocupante.

E o fato é que tal estilo fatigou muitos dentro do governo e do partido, aumentando o número dos que - mesmo aderentes ao projeto político mais amplo - já têm dificuldades de suportar a liderança presidencial. Esse cansaço, somado aos resultados econômicos medíocres e ao clima difuso de insatisfação social, ambos refletidos nas cada vez mais preocupantes pesquisas de intenção de voto e avaliação da gestão, tem alimentado as dissidências internas - no governo e na campanha.

Fala-se num grupo dilmista e noutro, lulista. Evidência dessa cisão seriam os ataques desferidos contra Franklin Martins e Gilberto Carvalho pelos membros do primeiro grupo, tendo-se aventado até mesmo a demissão do secretário-geral da Presidência. Fosse apenas uma divisão decorrente de alinhamentos políticos antigos, a situação não seria tão grave e bastaria buscar uma recomposição. O problema maior reside no fato de que o cisma tem raízes mais profundas, geradas pela insatisfação de um amplo contingente com a condução política presidencial. Ironicamente o problema ocorre com o PT, uma agremiação dotada de razoáveis disciplina e coesão - apesar do histórico de lutas entre facções. Os anos no governo contribuíram para reforçar a coesão, mas o estilo presidencial, por um lado, e o risco cada vez mais plausível de uma derrota, por outro, têm minado a unidade.

Por outro lado, o PSDB, que compareceu às três últimas disputas presidenciais cindido entre facções regionais (mineiros x paulistas) ou com seus caciques conflagrados (Serra x Alckmin x Aécio), parece finalmente alcançar um armistício interno. Ele decorre de dois fatores. Por um lado, o relativo declínio interno da liderança beligerante de José Serra, após seguidos fracassos e desgastes. Por outro, uma composição entre facções que passou pela concessão da candidatura vice-presidencial a um paulista serrista, em sacrifício de eventuais avanços em regiões aonde o PSDB é mais frágil.

Fernando Rodrigues: O mercado, o PT e o Brasil

- Folha de S. Paulo

Há meses os mercados financeiros têm especulado com as pesquisas eleitorais. Dilma Rousseff sobe, os preços das ações em Bolsa de Valores caem. E vice-versa.

O Banco Santander, espanhol, resolveu falar em público o que só ficava escondido sob o manto dessa entidade abstrata e sem cara, "o mercado". Num comunicado para seus clientes com renda superior a R$ 10 mil mensais, cometeu a seguinte análise:

"Se a presidente [Dilma Rousseff] se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos [sic] retomariam alta [sic] e o índice da Bovespa cairia (...) com a deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos."

Em seguida, sugere ao cliente "alocar os seus investimentos de maneira mais adequada". Em outras palavras, se o PT ficar no poder, venda suas ações.

O Santander é o quinto maior banco em operação no Brasil. Ao enxergar o potencial explosivo de sua análise, resolveu se desdizer e publicou uma nota oficial: "A instituição pede desculpas aos seus clientes".

Esse tipo de previsão catastrofista não é novidade no Brasil. Em 1989, a Fiesp falava na saída de 800 mil empresários se Lula ganhasse a disputa presidencial. Em 2002, o Goldman Sachs inventou o "lulômetro": o dólar disparava com a vitória do PT.

Numa democracia, um banco tem o direito de se manifestar. Liberdade de expressão. Só que a nota do Santander se prestou --de maneira inadvertida ou não-- a algo mais complexo. Análises estapafúrdias produzem um ambiente no qual poucos faturam alto especulando com fantasias sobre o futuro da economia.

Mas o episódio tem sua utilidade. Escancara o nível de atraso do capitalismo brasileiro e como sucessivos governos (do PSDB e do PT) são incapazes de impor normas mais rígidas e civilizatórias ao tal mercado.

Cristovam Buarque: Desculpe, David Luiz

• Nós, políticos, não estamos ganhando a Copa do Bem-Estar

- O Globo 

Os EUA tiveram uma guerra civil que custou cerca de 600 mil vidas. A Alemanha foi derrotada duas vezes no período de 27 anos e a França foi ocupada pelos alemães. Outros países tiveram grandes traumas por terremotos e maremotos. Nossos traumas foram derrotas no futebol: para o Uruguai, em 16 de julho de 1950, e Alemanha, em 8 de julho de 2014. Sofremos por causa dos 7 a 1 no futebol, mas esquecemos dos 103 a zero para a Alemanha em Prêmios Nobel.

A realidade social não nos traumatiza porque nossos grandes problemas foram banalizados.

Consideramos tragédia ter o quarto melhor time de futebol do mundo, mas não nos traumatiza quando, no dia 1º de março de 2011, a Unesco divulgou que estamos em 88º lugar em educação; nem quando, em 15 de março de 2013, o PNUD divulgou que estamos em 85º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano; ou quando o Banco Mundial nos coloca como o oitavo pior país em concentração de renda; ou ainda quando soubemos que somos o 54º país em competitividade no mercado mundial; ou quando o IBGE divulgou, em 27 de setembro de 2013, o aumento no número de adultos analfabetos de 2011 a 2012.

Nenhum trauma aconteceu quando a Transparência Internacional nos reprova em corrupção; ou quando vemos que, no ano passado, 54 mil brasileiros foram assassinados no país e outros 50 mil mortos no trânsito. Não nos traumatiza o fato de que 50 milhões de brasileiros — desalojados históricos pelo modelo econômico — passariam fome se não fossem as pequenas transferências de renda, como se eles fossem abrigados depois de uma inundação. Não nos choca a destruição de 9% a mais de florestas em 2013 do que em 2012.

Sofremos com as derrotas no futebol porque elas não foram banalizadas, são exceções na nossa trajetória de vitórias. Não nos traumatizam os desastres sociais porque nos acostumamos a eles e nos acomodamos. Por isso, não exigimos de nossos líderes políticos o mesmo que exigimos dos jogadores e técnicos.

Ao ouvir David Luiz pedir desculpas porque não foi “capaz de fazer seu povo feliz, pelo menos no futebol”, pensei que deveria pedir desculpas a ele, porque sou parte da seleção brasileira de líderes políticos e não consigo fazer o necessário para facilitar a vida de cada brasileiro em busca de sua felicidade.

O político não proporciona felicidade, como um artilheiro que faz gols, mas deve eliminar os entulhos sociais, tais como transporte público ineficiente, fila nos hospitais, escolas sem qualidade e violência descontrolada, que dificultam o caminho de cada pessoa em busca de sua felicidade pessoal. Esses entulhos sociais que povoam o Brasil provam que nós, os políticos brasileiros, não estamos ganhando a Copa do Bem-Estar, base necessária, embora não suficiente, para a felicidade de cada pessoa.

Por isso, eu e todos os políticos com mandatos, não David Luiz, devemos pedir desculpas por não eliminarmos os entulhos que dificultam a busca da felicidade pelos brasileiros.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Rolf Kuntz: O fiasco do Mercosul e a diplomacia de banquinho

- O Estado de S. Paulo

Foi uma semana dura para a diplomacia brasileira e revoltante para os anões. Na quinta-feira, o governo de Israel ofendeu os baixinhos de todo o mundo ao descrever o Brasil como um anão diplomático. Três dias antes o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, havia cobrado, em tom quase paternal, mais empenho de Brasília para a conclusão do acordo comercial do Mercosul com o bloco europeu. Os dois fatos evidenciaram, mais uma vez, a desmoralização e a falência da política externa brasileira, tanto na área comercial quanto na geopolítica. O fato coberto com maior destaque foi o bate-boca entre funcionários de Brasília e de Tel-Aviv, mas os dois episódios são partes da mesma história.

Anões, ao contrário da atual diplomacia brasileira, inaugurada em 2003, podem ser inteligentes, eficientes, equilibrados e relevantes. Outros governos têm pressionado o de Israel e cobrado a suspensão ou moderação dos ataques à Faixa de Gaza, mas nenhum deles pagou o mico de se explicar e de responder em tom quase meigo a um porta-voz de chancelaria. A explicação oferecida: o Brasil criticou apenas a violência "desproporcional" de Israel, sem contestar seu direito de defesa. A resposta complementar: o Brasil mantém relações diplomáticas com todos os membros da ONU e, portanto, se houver algum anão, será outro país. A explicação e a réplica foram apresentadas pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo. Polidamente, ele se absteve de mostrar a língua e de chamar de feio o funcionário israelense.

Ator relevante age com clareza e se dispensa de explicações. A manifestação brasileira nesse caso, como em muitos outros, confirmou a inépcia da orientação formulada no Palácio do Planalto e seguida no outrora respeitado Itamaraty. Esse amadorismo, inspirado num terceiro-mundismo requentado e rejeitado por emergentes de respeito, tem-se evidenciado também na diplomacia comercial.

O Brasil é a maior economia da América Latina, mas seu governo é incapaz de desemperrar a negociação entre o Mercosul e os europeus. "A mim me parece um bocadinho absurdo que a União Europeia tenha acordos de livre-comércio com praticamente o mundo inteiro e não tenha com o Brasil", disse na segunda-feira o presidente da Comissão Europeia.

Por que "um bocadinho absurdo"? Para entender, basta pensar no tamanho da economia brasileira. Esse detalhe foi mencionado também pelo funcionário israelense. Ele qualificou o Brasil como gigante econômico, antes de chamá-lo, por contraste, de anão diplomático. Um contraste semelhante esteve implícito, mesmo com boa intenção, no comentário de Durão Barroso.

O presidente da Comissão Europeia foi até generoso. Teria sido menos gentil se tivesse ido mais fundo na avaliação do impasse. Absurdo, mesmo, é um país do tamanho do Brasil ter uma diplomacia subordinada aos interesses chinfrins da aliança entre o petismo, o kirchnerismo e o bolivarianismo.

Comandado por essa aliança, o Mercosul deu prioridade aos chamados acordos Sul-Sul, em geral com parceiros de pouca importância comercial. A aproximação com a Palestina é um marco notável dessa política. O livre-comércio regional com participação dos Estados Unidos foi recusado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner. Nos anos seguintes, outros governos sul-americanos negociaram com Washington, sem o Mercosul, pactos comerciais. Nem sequer com o México, uma das economias mais importantes do hemisfério, foram tentadas negociações ambiciosas. Não se foi além de um limitado pacto de complementação.

Com a recente formação da Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México), foi evidenciada mais uma vez a estagnação diplomática do Mercosul. Os dois blocos poderiam, talvez, promover uma integração. Mas só se os países do Mercosul se tornarem mais abertos, disse em janeiro o presidente do México, Enrique Peña Nieto. Quanto à negociação com a União Europeia, iniciada nos anos 1990, continua emperrada e sem perspectiva de avanço neste ano. O Mercosul permanece incapaz, principalmente por causa da resistência argentina, de apresentar suas ofertas para avaliação e discussão.

Enquanto isso, europeus e americanos negociam o pacto transatlântico e tentam novos entendimentos com outros parceiros. Asiáticos buscam aproximação com todo o mundo. A União Europeia se amplia e países da vizinhança desfrutam comércio favorecido com o bloco. A nova trama de concessões bilaterais e inter-regionais cresce e torna-se mais complexa, enquanto os líderes da Organização Mundial do Comércio (OMC) tentam reanimar e revalorizar a Rodada Doha.

Nesse quadro, a posição do Brasil e de seus parceiros do Mercosul se torna cada vez mais desvantajosa. A diplomacia comercial brasileira escolheu como prioridades, há mais de dez anos, a Rodada Doha, multilateral, e a aproximação com países emergentes e em desenvolvimento. O baile promovido pela OMC, a grande rodada multilateral, continua quase paralisado. Sem ingresso para os outros bailes - as dezenas de acordos parciais -, o Brasil tem de continuar no sereno, espiando as festas de fora.

Muitos empresários brasileiros aceitam sem aparente dificuldade a diplomacia comercial anã. Mostram-se mais interessados no protecionismo, parte importante dessa política, do que em conquistar mercados. Outra parte do empresariado reclama oportunidades comerciais mais amplas.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) cobrou do governo mais de uma vez, nos últimos dois anos, empenho maior na busca de acordos bilaterais e inter-regionais. Será impossível atender a essa demanda sem chacoalhar o Mercosul. No limite, restará trocar o status de união aduaneira pela condição, menos ambiciosa e menos limitadora, de zona de livre-comércio. Antes disso, falta o governo abandonar as fantasias terceiro-mundistas e semibolivarianas e redescobrir a noção de interesse nacional.

Rolf Kuntz é jornalista

Painel :: Bernardo Mello Franco (interino)

-Folha de S. Paulo

Divisão no palanque
A decisão do tucano Geraldo Alckmin de subir no palanque de Eduardo Campos (PSB) causou irritação no comitê de Aécio Neves (PSDB). A campanha foi surpreendida com a declaração do governador de que terá "muita alegria" em pedir votos ao lado do pernambucano. "Nós não estávamos contando com isso. Obviamente não é um fato positivo", diz um aliado próximo a Aécio. Sem uma vitória expressiva em São Paulo, o mineiro considera impossível chegar à Presidência.

Tudo nosso Aliados de Alckmin alegam que o crescimento de Campos é essencial para que a eleição vá ao segundo turno. Eles dizem ainda que o pernambucano pode tirar votos de Dilma Rousseff (PT), e não de Aécio.

Front decisivo O PSB também vê São Paulo como o fiel da balança. O partido considera possível vencer Aécio no Nordeste e no Norte, mas não no Sul e no Centro-Oeste. Os votos paulistas seriam determinantes para levar Campos ao segundo turno.

Fazendo contas Para superar o tucano, o candidato do PSB calcula que precisará abrir uma vantagem de 2 milhões de votos sobre ele em São Paulo. O vice na chapa de Alckmin, Márcio França, é do partido de Campos.

Trincheiras Campinas e São José do Rio Preto, as duas maiores cidades paulistas comandadas pelo PSB, são as mais cotadas para receber o governador em eventos da chapa "Edualdo".

Sacristia Após participar de um culto na igreja evangélica Sara Nossa Terra, na quinta-feira à noite, Alckmin revelou um novo plano para o futuro. Católico praticante, quer estudar teologia quando abandonar a vida pública.

Lembrem de mim Um dia depois de a presidente jantar com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o candidato tucano se reuniu com peemedebistas engajados na chapa Aezão no Rio.

Corrente Antes do pedido de desculpas do Santander pelo alerta a correntistas sobre os efeitos de uma vitória de Dilma, jornalistas da campanha pregaram na internet o boicote ao banco.

Ajudinha Em 2010, a direção nacional do PT recebeu contribuição de R$ 1 milhão do Santander. O banco espanhol doou mais R$ 800 mil ao PMDB, que apoia Dilma, e R$ 1 milhão ao PSDB.

Qual é a música Ao inaugurar os primeiros comitês domésticos da campanha de Eduardo Campos (PSB) no Acre, Marina Silva apresentou ontem uma novidade: o "trio elétrico portátil".

Em nome da filha A primeira engenhoca, uma caixa de som com rodinhas, foi entregue a seu Pedro, pai da ex-senadora. "Comprei de presente pro meu pai andar na rodoviária...", explicou.

Tô no ar A partir de 4 de agosto, quando o "Jornal Nacional" começa a cobertura dos candidatos, Dilma terá uma agenda de campanha por dia. A ideia é produzir imagens de impacto para TV.

Plim-plim Por sorteio, o principal telejornal da Globo definiu a ordem das entrevistas de 12 minutos em sua bancada: Aécio Neves (11 de agosto), Eduardo Campos (12), Dilma Rousseff (13) e Pastor Everaldo (14).

Lá vem bronca Lula marcou reunião com Fernando Haddad e seus secretários petistas assim que o prefeito de São Paulo voltar das férias.

Rolo Outra dor de cabeça para o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). O Tribunal de Contas do Município julgou irregulares as contas da Secretaria de Saúde em 2012. Foram identificadas despesas sem prévio empenho.
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Tiroteio
"Aécio tremeu mais que vara verde para explicar o seu aeroporto em Minas. E o tom de voz dele não convenceu ninguém."
DO DEPUTADO VICENTINHO (PT-SP), líder na Câmara, sobre as justificativas do presidenciável tucano para a construção de aeroporto em Cláudio (MG).
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Contraponto
Maluco de carteirinha

Com atitudes excêntricas como pedir picolé no açougue e usar casaco no calor de 40º C, o ex-prefeito Cesar Maia, hoje candidato ao Senado pelo DEM, cultivou a fama de maluco em seu primeiro mandato no Rio.

Em vez de se irritar, ele dizia que a imagem o ajudava.

-Os políticos têm sempre uma alcunha. Dizem que um é bêbado, outro é ladrão, outro é corno, outro é bicha... Pra mim, sobrou maluco -afirmou ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, em 1996.

-Francamente, nesse quadro de epítetos, eu estou até com um adjetivo positivo! -ironizou o ex-prefeito.

Panorama Político :: Ilimar Franco

- O Globo

O trunfo de Aécio
Sem contar com a máquina do governo e o tempo de TV da presidente Dilma, o tucano Aécio Neves dá a largada, na segunda-feira, à mobilização das alianças que construiu, rachando a base do governo. Aécio vai reunir representantes de 27 estados. Seu time crê que esse exército fará a diferença na eleição. Os tucanos reconhecem que o palanque de Dilma é robusto mas marcado pela desunião, enquanto o de Aécio é robusto e unido.

Pasadena e OGX
Os integrantes da oposição (democrata/tucana) que trabalharam pelo relatório do ministro do TCU, José Jorge, no caso Pasadena, não queriam, como os petistas, salvar a presidente Dilma. Mas esse foi o preço que tiveram de pagar para livrar os empresários Jorge Gerdau e Fábio Barbosa, integrantes do conselho, e passíveis de serem incluídos na lista de culpados. O TCU cobra ressarcimento de R$ 700 milhões dos ex-diretores da Petrobras. Respiram aliviados também os ex-ministros Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, além da ex-ministra do STF Ellen Gracie. Eles integravam o Conselho da OGX, cujo rombo de R$ 2,12 bilhões está sob investigação da CVM.
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“Depois desta decisão (do TCU), todos os acionistas (minoritários) que investirem em ações de empresas de capital aberto terão de redobrar seus cuidados”
Rodrigo Maia
Deputado federal (RJ) e ex-presidente do DEM
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Paraquedas
A reunião de deputados do PTB com a presidente Dilma, articulada pelo líder Jovair Arantes, é uma operação para tentar segurar o presidente da Conab, Rubens dos Santos. O PMDB quer o cargo e o Planalto diz que há problemas de gestão.

Troca de guarda
O cientista político Antônio Augusto de Queiroz (Diap) prevê uma renovação de
mais de 50% na Câmara nas eleições. Desde 90, quando os territórios elegeram
deputados; e, de 94, quando São Paulo ganhou dez cadeiras, que isso não ocorria. Nas posteriores, a renovação alcançou 45%. No Senado, só devem se manter 4 ou 5 das 27 cadeiras em disputa.

O povo quer mudança
Tamanha renovação na Câmara se explica porque 115 (22,4%) dos 513 deputados não concorrem à reeleição. Além disso, historicamente, dois terços dos 398 candidatos conseguem novo mandato. Cerca de 33,4% (133) são reprovados nas urnas.

Operação Regina Duarte
O comitê da presidente Dilma está levantando as posições do ex-presidente do BC Armínio Fraga nos últimos anos. O economista é figura central na construção do programa de governo do tucano Aécio Neves. O PT quer usar Armínio como um espantalho junto aos eleitores mais pobres. Os tucanos não estão sós no uso da tática do medo.

Pensando o amanhã
Entidades sociais, como o Observatório ABC, cobram dos candidatos ao Planalto compromisso com a “Agricultura de Baixo Carbono”. Defendem crédito fiscal para quem adotar essa tecnologia e aumento do orçamento para financiamento e subvenção.

Uma reforma Robin Hood
O Sindicato dos Auditores da Receita vai enviar aos candidatos ao Planalto proposta de reforma tributária. O trabalho critica o atual modelo, no qual a “tributação incide sobre o consumo em detrimento da renda e do patrimônio”
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A FIRJAN já ouviu mil empresários do Rio sobre suas prioridades no próximo governo. O resultado da pesquisa será entregue aos presidenciáveis.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Campanha: doadores somem com medo da polícia
É grave a penúria da campanha do ex-ministro Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo, que, sem dinheiro, nem sequer consegue pagar salários, mas não é um caso isolado. O endurecimento da legislação e o medo de operações policiais afugentam financiadores. Eles tentam dar preferência aos favoritos nas pesquisas, mas a maior prioridade deles é não aparecer em uma nova Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

• BC da corrupção
Preso na Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef chefiaria o banco central da corrupção que “lavou” R$ 10 bilhões sujos para políticos governistas.

• Pendurado na brocha
Até “arrecadadores” ligados ao PT abandonam Alexandre Padilha, e há os que embolsam as poucas doações obtidas em nome do candidato.

• Quem paga a conta
Políticos governistas garantiam dinheiro para a campanha por meio do superfaturamento de obras como a refinaria de Abreu e Lima (PE).

• Fora de circulação
Operações como a Lava Jato ainda não geraram sentenças, mas têm o mérito de retirar de circulação o dinheiro “não contabilizado” de caixa 2.

• Marinha não pode cassar medalha de Genoino
O mensaleiro condenado José Genoino deve ter medalhas cassadas pelas Forças Armadas assim que os comandantes decidirem cumprir o previsto em regulamento. Exceção feita à Medalha do Mérito Tamandaré, pois a insígnia conferida pela Marinha foi criada pelo decreto 42.111 de agosto de 1957 e não há previsão de revogação da honraria, mesmo que o agraciado cometa crimes contra a ordem, erário e sociedade brasileira.

• Bobagem de quem?
Ao ser questionado sobre agraciar ex-guerrilheiro, Mauro César Pereira, o ministro da Marinha à época disse: “bobagens todo mundo comete”.

• Era tudo novidade
Em 1997, além do petista Genoino, a Marinha condecorou Aldo Rebelo e se tornou a primeira Força a entregar comendas a políticos de esquerda.

• A saber
Genoino recebeu também honrarias da Aeronáutica e do Exército, bem como a Medalha da Vitória, entregue pelo Ministério da Defesa em 2011.

• Ombro amigo
Em missões consideradas “de risco”, a presidente Dilma leva a tiracolo o governador Jaques Wagner (PT-BA). Foi assim no velório do escritor Ariano Suassuna, em Recife, onde Wagner não a deixou só um único segundo. Isso dá segurança a presidente, dizem seus assessores.

• Conta em aberto
Além do confronto com o PMDB do senador Eunício Oliveira, a guerra entre PROS e PT no Ceará está deixando o Palácio do Planalto louco. As divergências só dificultam para Dilma manter a mesma votação de 2010.

• Fazendo uma média
Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) confirmaram presença em sabatina com empresários em Brasília na quarta, organizada pela Confederação Nacional da Indústria.

• Propostas
Os empresários levaram aos presidenciáveis 42 documentos com ideias para aumentar a competitividade da indústria brasileira, e agora querem saber que medidas serão adotadas pelos candidatos em caso de vitória.

• Nem tão pobre
Apesar de a Justiça ter decretado, em fevereiro, a falência do grupo empresarial do deputado federal João Lyra (PSD-AL), o parlamentar não parece estar em ruínas. Declarou ao TSE patrimônio de R$ 246 milhões.

• Sob suspeição
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) bem que tentou impedir, mas o presidente Renan Calheiros (Senado) enviou ao TCU ofício solicitando auditoria no contrato da CPM Braxis Outsourcing S/A com a Embratur na gestão de Flávio Dino, candidato comunista ao governo do Maranhão.

• Foco na bancada
De olho em aumentar a bancada federal, o PV priorizou as coligações e reduziu de dez candidatos ao governo, em 2010, para apenas dois este ano: Zé Carlos do PV, no Pará, e Gilberto Natalini, em São Paulo.

• Pensando bem…
… em vez de se exilar na Inglaterra, a Sininho deveria usar o pó de pirlimpimpim e se mandar para a Terra do Nunca.

.Ascenso Ferreira: Misticismo

Na paisagem da rua calma,
Este poeta nasceu em Palmares.
tu vinhas vindo… vinhas vindo…,
e teu vestido era tão lindo
que parecia que tu vinhas envolvida na tu’alma…
Alma encantada;
ama lavada
e como que posta ao sol para corar…
E que mãos misteriosas terão feito o teu vestido,
que até parece o de Maria Borralheira,
quando foi se casas…!
─ Certamente foi tecido
pelas mãos de uma estrela fiandeira,
com fios de luz, no tear do luar…
no tear do luar…
O teu vestido era tão que parece o de Maria Borralheira
quando foi se casar…
─ “Cor do mar com todos os peixinhos…!
─ Cor do céu com todas as estrelas…!
E vinhas vindo… vinhas vindo…
na paisagem da rua calma,
e o teu vestido era tão lindo
que parece que tu vinhas envolvida na tu’alma…

Nota: (Catimbó, em POEMAS, org. de Souza Barros, Edição e Impressão de I. Nery da Fonseca & Cia. Ltda. 1931, Recife.).