“Para os cidadãos democráticos, a política é único meio de influenciar intencionalmente, com uma ação coletiva, os destinos e os fundamentos sociais da existência de sua coletividade. Os mercados são, por outro lado, sistemas autocontrolados que coordenam de maneira descentralizada uma quantidade inabarcável de decisões singulares. Em uma consideração normativa, ambos são media que asseguram potencialmente a liberdade. Nesse aspecto, o Estado democrático de direito pode ser entendido também como a descoberta engenhosa que entrelaça as chances iguais de participar na autoinfluência coletiva da sociedade com a garantia de liberdades subjetivas igualmente distribuídas, de sorte que ambos os media podem se complementar em seus efeitos. Uma característica especifica da crise presente é a destruição dessa complementaridade.”
----------------
Jürgen Habermas (1929, é um filósofo e sociólogo alemão, “Na esteira da tecnocracia: pequenos escritos políticos Xll”, pp.176-7. Editora Unesp, 2014.