terça-feira, 10 de outubro de 2017

Opinião do dia – Fernando Gabeira

O certo é que vivemos num mundo complicado, num país arruinado pela corrupção, radicalizado nos anos petistas do “nós contra eles” e, ainda por cima, entrando numa fase pré eleitoral.

Os protestos em nome da moral e da família são uma forma de colocar o tema na agenda e fortalecer candidaturas para o ano que vem.

É legítimo que os grupos escolham agendas e queiram que suas posições sejam aceitas. No entanto, existem tarefas comuns de reconstrução do país, tarefas que precisam unir pessoas com diferentes estilos de vida. Isso não significa suprimir o debate sobre costumes. Apenas colocá-lo nos seus trilhos, desdramatizá-lo para que uma unidade maior possa cuidar da reconstrução.

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Fernando Gabeira é jornalista, ‘Armas e guitarras’, O Globo, 8/10/2017

Sinal amarelo para Doria | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Prefeito de São Paulo sofre de excesso de exposição, Bolsonaro corre por fora dos holofotes

O ácido bate-boca entre o novato João Doria e o veterano Alberto Goldman não é nada engrandecedor, nem para eles, nem para o PSDB, nem para a política e deixa claro, claríssimo, a que nível chegamos, além de ilustrar como o ambiente de 2018 é nebuloso. Tudo que sobe cai. Todo candidato que sobe cedo demais tende a cair com igual rapidez.

Eleito espetacularmente em primeiro turno para a principal, mais rica e mais complexa prefeitura do País, João Doria atribuiu-se um personagem e saiu em desabalada carreira para pular vários obstáculos de uma só vez e chegar direto à raia presidencial. Dez meses depois da posse, ele já começa a sentir os efeitos do excesso de exposição.

A bem do prefeito, diga-se que ele é um bom produto eleitoral: razoavelmente jovem, criou um estilo, oscila entre o político e o não político, é de um partido que, mal ou bem, está entre os primeiros do País e é craque em marketing. Mas, de outro lado, ele não sabe dosar o ritmo de sua gestão e o da sua corrida presidencial.

Cupiditas | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Desde Bernard de Mandeville (1670-1733) é um "tópos" do liberalismo defender que, sob certas circunstâncias, vícios privados convertem-se em benefícios públicos. O exemplo clássico é o da cobiça que, submetida às dinâmicas do mercado, se transforma numa força que promove inovação e redução de preços via concorrência.

Não discordo de que esse mecanismo seja real e poderoso, mas lembro que o "sob certas circunstâncias" é um elemento que não pode ser ignorado, já que há um bom número de situações em que os vícios privados não trazem nenhum benefício público. Ao contrário, trazem prejuízos.

Penso que é esse o caso de João Doria. A vitória que ele obteve na eleição municipal de 2016 foi impressionante. Derrotou um candidato que disputava a própria reeleição, o que nunca é trivial, e o fez sem precisar passar por um segundo turno, fato inédito em São Paulo.

Bolsonaro mitou no mercado | Raymundo Costa

- Valor Econômico

Candidato admite nomear gay para secretaria

O deputado Jair Bolsonaro tem conversado com empresários e agentes do mercado financeiro. Um grupo que esteve recentemente com o presidenciável saiu encantado da conversa. Esperava encontrar um radical, mas o que seus integrantes viram foi um candidato disposto a desfazer a imagem de um troglodita político que se faz dele e a se mostrar como um nome palatável e confiável para presidir o Brasil. Bolsonaro se esforça: se for eleito, não vai desencadear uma perseguição aos gays. É claro que não dará ministério a um homossexual, mas por que não uma secretaria? Suas opiniões pessoais não devem ser a opinião de governo. "Tenho que contemplar pessoas com visão diferente da minha".

É o que diz. E já começa a transparecer também nas aparições públicas do pré-candidato, às vezes de maneira explícita outras, subliminar. Foi assim sua recente incursão pela comunidade brasileira na Flórida. "A esquerda nos uniu" - explicou - quando tentou dividir o país colocando "homos contra héteros, pai contra filho, nordestino contra sulista, negros contra brancos e pobres contra ricos".

Bolsonaro sem retoques | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Jair Bolsonaro desembarcou nos Estados Unidos para divulgar sua candidatura a presidente. Em segundo lugar nas pesquisas, o deputado tenta suavizar o discurso para parecer menos radical. É um bom momento para ouvir o que ele dizia antes de sonhar com o Planalto.

Em 1999, o capitão reformado expôs suas ideias no programa "Câmera Aberta", na Bandeirantes. Em 35 minutos, ele defendeu a ditadura e a tortura, pregou o fechamento do Congresso e disse que o Brasil precisava de uma guerra civil, mesmo que isso provocasse a morte de inocentes.

A entrevista mostra um Bolsonaro sem retoques. À vontade, ele se gaba de sonegar impostos e estimula os telespectadores a fazerem o mesmo. "Conselho meu e eu faço. Eu sonego tudo que for possível", afirma. Depois, diz que a democracia é uma "porcaria" e conta o que faria se chegasse ao poder: "Daria golpe no mesmo dia. Não funciona".

Tempo de vergonha no Supremo | Carlos Andreazza

- O Globo

Brada a ignorância que transforma em justiceiros magistrados cujos juízos declaradamente têm a ideia popular (e autoritária) de ética, e não o texto legal, como norte
Direitos políticos são direitos fundamentais. O direito de se candidatar a cargo eletivo é um direito fundamental, relevante parte no conjunto de garantias individuais que a Constituição Federal protege — Constituição que tem, ou tinha, 11 juízes designados a guardá-la. Tem ou tinha? Tinha.

A infame sessão da última quarta no Supremo Tribunal Federal cravou essa resposta ao consagrar a prática — a de corregedor moral da atividade política — apregoada, dias antes, por guerreiros como Luiz Fux, aquele segundo quem, quando a um político investigado falta a grandeza de se afastar do mandato, é dever do STF ter por ele essa honradez. Sim: Fux — aquele, indicado por Dilma, cuja grandeza abarcou, em sua bem-sucedida campanha por uma suprema toga, pedir ajuda a patriotas como João Pedro Stédile, Sérgio Cabral e José Dirceu. Ele chegou lá.

Mas: e a Constituição? Aonde? Aonde esses valentes do direito criativo a levaram? À sessão da última quarta — a da vergonha.

Democracia e autoritarismo | Marco Antonio Villa

- O Globo

A desmoralização das instituições chegou ao ponto máximo. Não há paralelo com qualquer momento da nossa história

O Brasil, ao longo da sua história, não teve uma cultura política democrática. Mil oitocentos e oitenta e nove não passou de uma solução de força. Os republicanos — apesar de 19 anos de propaganda, desde o manifesto de 1870 — não passavam de pequenos grupos espalhados em não mais que cinco províncias. Sua presença na cena eleitoral era mínima. Basta recordar o péssimo resultado na última eleição no Império, a 31 de agosto de 1889. Elegeram apenas dois parlamentares; os conservadores, sete; e os liberais, 120. Chegaram ao poder através de um levante militar. Numa situação nacional e internacional distinta, em 1930, os insatisfeitos com a Primeira República identificaram no golpismo o atalho para o poder. As rebeliões de 1922, 1924 e a Coluna Prestes foram demonstrações de que o voto e o convencimento não faziam parte do ideário mudancista, independentemente do sistema eleitoral, marcado pela fraude. Tanto que, no início dos anos 1930, o vocábulo ditadura era utilizado de forma absolutamente positiva pelas principais lideranças políticas. Na conjuntura de 1964, a defesa de uma saída militar para a grave crise política estava presente em todo o espectro político. Raros eram aqueles — como Francisco San Tiago Dantas — que apostavam na resposta democrática. Durante o regime militar, especialmente após o fracasso dos grupos de luta armada, no campo da esquerda, o golpismo perdeu força; e no lado oposto houve a busca de uma transição democrática iniciada — ainda que timidamente — pela distensão. A inflexão, porém, pouco durou.

A sobrevivência da espécie | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

A corrupção será um dos temas centrais da campanha eleitoral: 62,3% dos entrevistados afirmaram que essa é a principal angústia em relação ao país

O gene egoísta, de Richard Dawkins (o autor de Deus, um delírio), é considerado o livro científico mais influente de todos os tempos, batendo, inclusive, sua fonte de inspiração, o seminal Origem das espécies, de Charles Darwin, segundo pesquisa da Royal Society, que comemorou 30 anos de sua premiação de livros em junho passado. Dawkins é considerado “reducionista” pelos cientistas criacionistas, mas sua tese faz sucesso entre os neodarwinistas: para ele, somos uma “máquina de sobrevivência” de um gene cujo objetivo é a autorreplicação, isto é, a perpetuação da espécie.

Analisando a reprodução sexuada dos animais, Dawkins busca uma explicação para a convivência entre o egoísmo dos genes e o altruísmo das espécies, que seriam uma espécie de “cluster” biológico que garantiria a sobrevivência e replicação de ambos. Para isso, tem papel decisivo a “meme”, conceito que ele utiliza para explicar como o gene transmite de uma geração para outra a memória ou o conhecimento nato de cada espécie, a começar pelo chamado instinto de sobrevivência.

Reforma trabalhista e magistratura do Trabalho | José Márcio Camargo*

- O Estado de S.Paulo

Surpreende a violenta reação de um conjunto aparentemente significativo de juízes às novas regras, que entram em vigor em novembro

No dia 11 de novembro de 2017 entrará em vigor a nova legislação trabalhista brasileira. Ela substitui um conjunto de leis implantado por decreto ao longo da ditadura do Estado Novo, entre 1937 e 1943, e agrupado no que foi denominado de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Depois de 75 anos, essa legislação será, em grande parte, substituída por outra, aprovada por um Congresso democraticamente eleito, após mais de 30 anos de ampla discussão na sociedade.

A CLT é um conjunto de leis de origem fascista, como o próprio Estado Novo, que sobreviveu aos períodos democráticos de 1945 a 1964 e de 1985 até o presente, sem mudanças estruturais importantes. A reforma da legislação trabalhista rompe com este imobilismo e cria uma outra dinâmica na relação entre trabalhadores e empregadores, mais democrática e mais condizente com as atuais realidades econômica e social do País e do mundo.

Melhora incompleta | Míriam Leitão

- O Globo

O economista Arminio Fraga define como “recuperação incompleta” o que está acontecendo no Brasil atualmente. “É um movimento cíclico em que as coisas se acalmaram, a queda de juros foi possível pelos acertos do Banco Central e pela recessão, mas o investimento entrou em colapso, o que tem sido investido não é suficiente nem para cobrir a depreciação.”

Ontem a Moody’s baixou a perspectiva do sistema bancário brasileiro de estável para negativa, por causa dos “riscos de que as incertezas políticas possam causar deterioração adicional dos fundamentos financeiros dos bancos”.

Pode-se dizer que, como sempre, as agências agem fora da hora. Houve momentos de maiores problemas bancários nesta crise, e a própria Moody’s diz que os bancos estão saindo da recessão com o risco “administrável”. Mesmo assim, colocou em perspectiva negativa. Em parte, pela interminável crise política que a cada dia tem um novo desdobramento, que só vai acabar quando houver um novo governante eleito.

Arranjo tortuoso – Editorial | Folha de S. Paulo

O financiamento de campanhas eleitorais é motivo de controvérsia permanente nas democracias, o que se reflete na farta variedade de modelos existentes no mundo —todos fadados à imperfeição.

Não pode restar dúvida de que a interação entre representados e representantes, ou entre votantes e candidatos, depende de expressivo volume de recursos. Sem dinheiro inexistem viagens, divulgação de documentos, programas de TV, contratação de pesquisas e de profissionais especializados.

Entretanto justifica-se a desconfiança de que campanhas opulentas muitas vezes dedicam-se mais a ludibriar do que a esclarecer.

No Brasil, as eleições gerais de 2014 consumiram R$ 4,9 bilhões em valores oficiais (cerca de R$ 6 bilhões hoje), quase o triplo do estimado em 2002; dificilmente seria possível associar tamanho encarecimento à ampliação ou à melhora do debate nacional.

Emprego e indústria saem aos poucos do marasmo – Editorial | Valor Econômico

Os indicadores econômicos seguem dando mensagens fracas a respeito da consistência da recuperação do nível de atividades. As mais recentes sinalizações vieram da indústria e do emprego. Após quatro meses seguidos de avanço, a produção industrial recuou, embora haja crescimento na maioria dos setores que compõem o índice. Já o emprego mostra melhora há seis meses seguidos, em parte propiciada pela recuperação da própria indústria, mas a maioria das novas vagas criadas são informais, ou seja, remuneram menos e não garantem os benefícios.

A produção industrial caiu 0,8% em agosto na comparação com julho. Enquanto a indústria de extração mineral recuava pelo segundo mês consecutivo, desta vez 1,1%, a de transformação ficou estável. A queda da indústria de um mês para outro não preocupou especialmente os analistas, que deram maior importância ao aumento de 4% na comparação com agosto de 2016 e de 1,5% no acumulado do ano. No caso do setor de extração mineral, o crescimento ocorre desde novembro e agora foi de 2,6% em agosto sobre o mesmo período de 2016; e o de transformação, de 4,2% na mesma base de comparação; e de 6,6% e menos 0,7%, respectivamente, no acumulado do ano.

Cobertor curto – Editorial | O Estado de S. Paulo

Os gastos com a Previdência estão drenando os recursos necessários para bancar não apenas o dia a dia da administração, o que já seria, em si, grave, mas também a maioria dos programas sociais em vigor no País. Ou seja, o principal argumento dos opositores da reforma previdenciária – o de que as mudanças nos critérios de aposentadoria prejudicariam principalmente os mais pobres – é contrariado pelos fatos: mantendo-se tudo como está na Previdência, os brasileiros mais pobres fatalmente serão privados de programas que hoje lhes são fundamentais.

Esse quadro ficou claro em reportagem recente do jornal Valor, que compilou dados do governo e do Congresso para concluir que os mais importantes programas sociais estão sofrendo cortes de até 96% como consequência do aumento das despesas obrigatórias, em especial a Previdência. Ou seja, há programas que podem simplesmente desaparecer caso nada seja feito com brevidade.

O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, recebeu apenas R$ 1,8 bilhão de janeiro a agosto deste ano, contra R$ 7,9 bilhões em 2016 e R$ 20,7 bilhões em 2015. Já o Programa de Aquisição de Alimentos, em que o governo compra produtos de agricultura familiar e os distribui à população mais pobre, teve sua verba reduzida de R$ 676,9 milhões em 2014 para R$ 40,2 milhões até junho deste ano.

Um momento oportuno para sanear o esporte - Editorial | O Globo

É hora de remontar federações e confederações que têm papel central no desenvolvimento dos atletas, para que esporte brasileiro não frequente as páginas policiais

As prisões de Carlos Arthur Nuzman — presidente afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) — e de seu braço-direito Leonardo Gryner, na última quinta-feira, pela Polícia Federal, sacudiram o mundo do esporte. Eles são acusados de participar de um esquema de compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. De acordo com as investigações da Operação Unfairplay, o esquema criminoso era comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral, que está preso, e envolvia ainda o empresário Arthur Soares, o “Rei Arthur", o presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, e seu filho Papa Massata Diack. O Ministério Público Federal investiga se, em troca de propina, Lamine teria conduzido uma votação em bloco para que o Rio sediasse a primeira Olimpíada da América do Sul.

Mudança na legislação facilita a eleição de partidos pequenos

Por Fabio Graner e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Na contramão da emenda à Constituição aprovada pelo Congresso para reduzir o número de partidos, uma das mudanças na legislação eleitoral feita pelos mesmos deputados e senadores poderá facilitar a eleição de deputados e vereadores de partidos menores já no próximo pleito.

O texto altera a regra de distribuição das chamadas "sobras" de vagas, calculadas a partir do quociente eleitoral de partidos e coligações - número mínimo de votos recebidos por uma coligação para ter direito a uma vaga no Legislativo. A nova versão permite que possam entrar nessas vagas candidatos de partidos que não tenham atingido esse índice. Na prática, trata-se de uma flexibilização da "cláusula de barreira" que representa o quociente eleitoral, embora restrita às sobras.

A mudança foi realizada no parágrafo 2º do artigo 109 do Código Eleitoral, que previa que a distribuição das vagas remanescentes só ocorreria para os candidatos de partidos ou coligações que tivessem atingido o quociente eleitoral. Agora essa exigência sai e "poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações que participaram do pleito".

Gilmar mantém articulação para o parlamentarismo

Por André Guilherme Vieira e Fernando Taquari | Valor Econômico

SÃO PAULO - O presidente Michel Temer estuda enviar ao Congresso proposta para adoção do regime "semi-presidencialista" por meio de proposta de emenda à Constituição. A afirmação foi feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, ontem, em seminário sobre reforma política realizado em faculdade da qual o magistrado é sócio, o IDP, em São Paulo.

"Estamos tentando fazer um desenho e em algum momento essa proposta será submetida ao Congresso Nacional sob a forma de emenda constitucional, e aí o Congresso vai encontrar o seu tempo", disse. "É possível que seja [enviada] até pelo Executivo", afirmou Gilmar, que confirmou ter se reunido com o presidente para tratar do tema na sexta-feira.

Gilmar citou os impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff para justificar as mudanças que defende na Constituição e disse que o texto constitucional tem "erros" que provocam instabilidade política.

"De certa forma, nós estamos resolvendo problemas de governança e de falta de governabilidade com o uso de impeachment (...) E isto sinaliza uma imperfeição do modelo e talvez nós devamos separar as questões de Estado e as de governo e, por isso, o caminho para o semi-presidencialismo talvez fosse recomendado", disse.

Não ter fundo eleitoral público seria o pior dos mundos, diz Gilmar Mendes

Marco Rodrigo Almeida | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o ministro do STF Gilmar Mendes, a criação do fundo público eleitoral foi um dos acertos da reformapolítica aprovada pelo Congresso na semana passada.

"O pior dos mundos seria não ter o financiamento público. Considerando os prós e contras, creio que houve avanço com essa medida."

Em debate em São Paulo, na manhã desta segunda (9), sobre a reforma, o ministro afirmou que o fundo público tornou-se inevitável no cenário atual, em que as doações empresariais para partidos e políticos estão proibidas.

O ministro também elogiou outras duas medidas aprovadas: o fim das coligações e o estabelecimento da cláusula de barreira.

O debate ocorreu no IDP - Instituto de Direito Público de São Paulo, do qual o ministro é sócio. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), também eram esperados, mas cancelaram participação por conflito de agenda.

Foram substituídos, respectivamente, pelo deputado federal Evandro Gussi (PV) e pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB).

Cunha Lima concordou com o ministro em relação às coligações e à cláusula de desempenho, decisões que julga importantes para conferir mais estabilidade ao sistema político brasileiro.

"O Brasil não pode continuar convivendo com essa quantidade de partidos políticos que temos. É uma falência de nosso modelo", disse.

Ele considera, no entanto, que houve retrocesso quanto ao financiamento das campanhas.

'A imprensa se tornou o arauto da cultura punitiva', diz Mariz

Gabriela Sá Pessoa | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - "Toque em um de nós e nos tocará a todos", disse o advogado Luiz Flávio D'Urso nesta segunda-feira (9), no ato de desagravo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.

O encontro em São Paulo demonstrou a união da classe –reuniu os defensores mais influentes do país, em uma crítica ao vazamento à imprensa de trechos da delação do operador de valores Lúcio Funaro que envolviam Mariz.

Estavam lá Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, Pierpaolo Bottini e Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, defensores, entre outros, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Além de presidentes e representantes de entidades como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e o Instituto dos Advogados do Brasil.

O tom geral era de insatisfação com uma reportagem do jornal "O Globo", depois reproduzida pelo Jornal Nacional, que relatava trecho da delação premiada de Funaro.

Funaro, tido como operador de Eduardo Cunha, relatou ter se reunido no escritório de Mariz, então seu advogado, para tratar de uma delação premiada combinada com os executivos da JBS.

Advogado de Michel Temer, Mariz representou o presidente na primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Desta vez, abandonou a defesa na segunda denúncia, que leva em conta o depoimento de Funaro.

Para a OAB, a reportagem com o vazamento do depoimento do relator violou as prerrogativas do exercício da advocacia ao divulgar o conteúdo de uma suposta conversa sigilosa entre o profissional e seu cliente.

IMPRENSA
Em seu discurso, Mariz fez críticas à "falta de limites e peso" da imprensa e disse haver um "conluio entre a imprensa e a cultura punitiva" que, de acordo com o advogado, "criou uma ruptura entre o direito penal e o seu exercício".

Em meio à denúncia, Temer evita polêmica

Como a CCJ começa a analisar hoje a denúncia contra ele, Temer deixará para depois projetos que possam criar atritos com o Congresso.

Freio estratégico

Temer retarda decisões polêmicas para evitar desgaste durante votação de denúncia

Leticia Fernandes, Cristiane Jungblut e Patrícia Cagni | O Globo

-BRASÍLIA- Com a proximidade da votação da denúncia na Câmara, o presidente Michel Temer quer evitar a qualquer custo discutir projetos que possam criar polêmica com o Congresso. A estratégia é minimizar o risco de desgaste com os parlamentares no momento em que o presidente precisa sepultar a segunda acusação encaminhada pela Procuradoria-Geral da República. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa começará, às 10h de hoje, a análise da denúncia, e a previsão é que o relator do caso, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), apresente seu relatório no início da tarde.

Um dos temas mais polêmicos e cuja decisão será postergada ao máximo é a Medida Provisória (MP) do Refis, já aprovada pelo Congresso e que deve chegar ao Palácio do Planalto hoje para sanção presidencial. Temer terá 15 dias úteis para apresentar vetos. Por ser uma medida polêmica, a ideia é que o presidente deixe para anunciar os vetos no último dia de prazo, quando, nos cálculos do governo, a denúncia já terá sido vencida.

Base confia em relatório contra denúncia

Deputado tucano apresenta parecer hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; para vice-líder do governo, ‘não vai ter surpresa’

Daiene Cardoso | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) apresentará na tarde desta terça-feira, 10, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara relatório sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da União contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). A expectativa dos governistas é de que o tucano vote pelo arquivamento das acusações de obstrução da Justiça e organização criminosa.

A base aliada se mobilizou na semana passada para manter o tucano na CCJ e na relatoria do caso. “Eu não sei qual será o parecer de Bonifácio, mas espero que seja pelo arquivamento da denúncia. É claro que temos de respeitar a posição dele pelo saber jurídico que tem. Eu tenho certeza de que vai apresentar algo que seja justo para o Brasil”, afirmou o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP). “Não vai ter surpresa.”

O vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), disse esperar um relatório “equilibrado”. Para ele, diferentemente da primeira denúncia, por corrupção passiva, a votação será mais tranquila para o governo tanto na CCJ quanto no plenário. “Não teremos trabalho nem lá (na CCJ), nem cá (no plenário).”

Oposição. A sessão do colegiado está marcada para as 10h, mas, como o relator pediu mais tempo para concluir seu parecer, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), abrirá os trabalhos respondendo às duas questões de ordem e aos três requerimentos protocolados pela oposição. Entre os pedidos estão os dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Alessandro Molon (Rede-RJ) solicitando a votação separada da autorização para o prosseguimento do processo em relação a cada um dos acusados.

A vida vai | Graziela Melo

E
assim,
a vida
vai,

mutilando
meus
desejos

torpedeia
passo a
passo,

aquele sonho
que sempre
espero
e nunca vejo!!!

A vida
já vai
indo embora,

já vislumbro
ao fim
do dia

que está
chegando
a hora
daquela
ultima
alegria!!!

Espero
que
ao fim
da tarde,

á doce hora
da poesia!!!