quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Opinião do dia: Gilmar Mendes

• O STF, e o senhor especialmente, têm recebido inúmeras críticas. Uma delas é a de que o tribunal agrava a crise no país ao permitir a insegurança jurídica.

Vivemos momentos peculiares, obviamente. Assumimos uma centralidade que não deveríamos ter. Passou-se a levar para o STF questões que não deveriam passar por lá. Mas o tribunal atuou ao longo dos anos de forma adequada. Deu contribuições importantes na área fiscal. Tomamos decisões importantes de orientação e moderação, como a súmula das algemas. Mas houve muitas mudanças ao longo dos anos [na composição do STF].

Eu tinha um temor de que, naquele quadro político conturbado [dos governos do PT], houvesse um tipo de bolivarianização [referindo-se ao regime da Venezuela] do tribunal, de se indicar agentes políticos para novas vagas.

Hoje a gente vive uma bolivarianização de forma invertida. Não é mais um agente político que manda o tribunal decidir desta ou daquela maneira. Alguns ministros, em alguns casos, decidem de acordo com o que as ruas podem imaginar que é justo.

Nossa função é decidir de forma contramajoritária. E não bater palma para maluco dançar. Se perguntarmos o que as pessoas querem em relação aos que praticaram crimes, é pena de morte. Linchamento. Até se compreende esse sentimento. Mas o tribunal não pode ecoar esse tipo de coisa. Tem ecoado muitas vezes. E se tornou caixa de ressonância do Ministério Público. Em certos casos, passou a ser carimbador [de decisões do MPF], e de forma vexatória.

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Gilmar Mendes é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Entrevista: Mônica Bergamo / Folha de S. Paulo, 6/2/2018.

Vera Magalhães: A incógnita Alckmin

- O Estado de S.Paulo

Não é só Fernando Henrique Cardoso que manifesta dúvida, entre as forças do chamado centro liberal, quanto à possibilidade de Geraldo Alckmin se viabilizar como candidato capaz de unificar partidos e apoios nesse campo. A hesitação manifestada pelo ex-presidente em entrevista veiculada ontem foi a tônica das conversas entre empresários, investidores, políticos e integrantes do governo federal que participaram ontem do primeiro dia da conferência internacional do BTG Pactual.

No encontro — que ontem teve Jair Bolsonaro como entrevistado e hoje ouvirá Rodrigo Maia no encerramento —, o nome de Luciano Huck era mencionado como opção viável e palatável ao mercado. A fala de FHC, simpática ao apresentador por ser uma possibilidade de “arejar" a política, foi vista como um sinal de tibieza de Alckmin.

A análise partilhada por governadores, banqueiros e economistas é a de que Alckmin precisa se mostrar, antes de tudo, capaz de unificar seu partido e, principalmente, São Paulo. Para isso precisa encaminhar sua sucessão de forma a não dispersar os partidos que poderiam integrar sua aliança.

De concreto, as conversas na conferência convergiram para a necessidade de as forças ali presentes se articularem de maneira mais ativa para construir essa candidatura de “corte liberal-reformista”, na definição de um dos participantes.

Rosângela Bittar: Cru é cru, não é bobo

- Valor Econômico

Na geleia geral, Huck ainda é a melhor novidade da corrida

Fernando Henrique Cardoso considerou-o ainda muito cru embora, fiel ao estilo, tenha providenciado a seguir um passo atrás e dois para o lado. Ele próprio, o candidato, se declarou despreparado para a envergadura da tarefa ao pedir a ajuda de conselheiros, dois deles ouvidos aqui neste cenário que retrata idas e vindas dos últimos dois meses. A quantidade de vezes que o apresentador Luciano Huck anunciou sua não candidatura à Presidência da República só é proporcional, porém, àquelas em que a reiterou e confirmou aos mais próximos. Tanto pelo brilho do olhar, quanto pelas consultas, pelos encontros, estudos e orientação que demandou aos sábios com quem divide angústias e planos.

Não há como dizer, hoje, que a candidatura de Luciano Huck ou sua negação estão definidas. Na torcida pró-Huck há dois times: os que acreditam que ele deixou passar muito tempo para lançar-se, e o cavalo não passa encilhado duas vezes... etc; e os que acham mais do que adequada a definição em março ou abril, junto com a filiação a algum partido político, quando as pesquisas já estiverem mostrando seu potencial, que se espera significativo. Esses parecem menos equivocados, pois só agora, com a saída de Luiz Inácio Lula da Silva da disputa, as chances dos demais candidatos irão se clarificando.

Muitos esperam que ele se defina ao voltar das férias, outros que só dentro de dois meses. Já pensam e preparam, contudo, um andamento mais acelerado para a campanha do apresentador. É fato que terá pouco tempo para começar uma articulação que o leve ao centro da atenção política.

Quando viajou, antes da condenação de Lula, seus interlocutores na política acreditavam que só em caso de um acidente que provocasse um buraco profundo no quadro político Huck se candidataria. Esse abismo está aberto e as pesquisas mostram que nenhum candidato potencial despertou ainda a paixão do eleitorado.

Bernardo Mello Franco: FH aquece o caldeirão de Huck

- O Globo

Para quem conhece Fernando Henrique Cardoso, o recado foi claro. O ex-presidente não desistiu de lançar Luciano Huck ao Planalto. Ele continua disposto a rifar Geraldo Alckmin, o candidato oficial dos tucanos, para abrir caminho ao apresentador de TV.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, FH voltou a aquecer o caldeirão de Huck. Ele disse que sua candidatura seria algo “bom para o Brasil”. Mais do que isso: cumpriria o papel de “arejar” o ambiente e “botar em perigo a política tradicional". “Mesmo que seja do meu partido”, acrescentou.

Em bom português, a frase quer dizer o seguinte: se Huck enterrar as ambições de Alckmin, pior para o governador paulista. O ex-presidente não vai chorar nem acender velas em memória do colega de sigla.

O fogo amigo tende a dificultar ainda mais a vida de Alckmin. Empacado nas pesquisas, o governador tem penado para mostrar que pode ser um candidato viável. Agora voltará a enfrentar o fantasma de Huck como outsider apoiado por FH.

Para um ex-ministro tucano, a preferência pelo apresentador já “está na cara”. Resta saber se ele aceitará o incentivo do expresidente para trocar o conforto da telinha pelos riscos de uma campanha.

FH e Alckmin nunca fizeram parte da mesma turma no PSDB. As diferenças não se limitam ao estilo de cada um. O ex-presidente não esquece o esforço do governador para escondê-lo na eleição de 2006. Ainda há a rivalidade local em São Paulo. FH é próximo de José Serra, que perdeu o controle da legenda para Alckmin.

Novas pesquisas qualitativas têm reforçado o que os políticos do PSDB repetem há tempos. Huck é popular, tem imagem de bom moço e pode encarnar o desejo por renovação na política. Isso não quer dizer que ele seria um bom presidente, mas é suficiente para transformá-lo num bom produto para o marketing eleitoral.

Segundo o Datafolha, o apresentador já empatou com Alckmin na casa dos 8%. Um governa o estado mais rico do país e está em campanha permanente. O outro nem entrou formalmente na disputa.

Huck disse em novembro que não seria candidato, mas o anúncio parece ter sido apenas um recuo tático para sair da mira dos adversários. FH escancarou a manobra ao informar, em entrevista recente”, que o pupilo “não desistiu”.

Ranier Bragon: Ecos de 1989

- Folha de S. Paulo

Com um discurso lido de 22 minutos, Fernando Collor lançou formalmente nesta terça (6) sua pré-candidatura à Presidência.

Sorumbático, como de hábito, citou Schopenhauer: a vida embaralha as cartas, e nós jogamos. De fato, o mesmo misturador de cartas de 1989 parece estar mexendo nelas de novo.

Naquele ano, o país foi às urnas escolher o presidente depois de quase três décadas, também em um clima de muita instabilidade política.

Governador de Alagoas, Collor surgiu do nada, ganhou em um país dividido e fez uma gestão destrambelhada, que acabou em impeachment.

No discurso desta terça, ele teceu loas a si próprio e prometeu moderação, equilíbrio e maturidade, tudo o que lhe faltou há 30 anos. Não falou um a sobre os graves motivos que o derrubaram, entre os quais as relações com o ex-tesoureiro PC Farias. Nem que hoje continua tão enrolado quanto, sendo réu na Lava Jato.

Merval Pereira: STF ainda indefinido

- O Globo

A posição majoritária do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão após condenação em segunda instância continua indefinida, mesmo depois do pronunciamento, em julgamento ontem da Primeira Turma, dos ministros Alexandre de Moraes, substituto de Teori Zavascki, e Rosa Weber.

Moraes confirmou a posição a favor da execução provisória da pena, que para ele “não fere a presunção de inocência e tampouco os acordos internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário”. Em seu entendimento, quando os recursos nestes tribunais são esgotados, os juízes já analisaram o mérito da questão “e, portanto, uma eventual condenação precisa ser considerada, assim como uma determinação de prisão deve ser cumprida”.

Já a ministra Rosa Weber, manifestadamente “em situação paradoxal”, deixou sem esclarecimento qual seria sua posição caso tenha que enfrentar um pedido de suspensão da prisão provisória do ex-presidente Lula.

Ela reafirmou sua posição pessoal de que a prisão só deve ocorrer após a condenação por tribunais superiores, mas lembrou que tem aplicado a jurisprudência do STF. No entanto, no caso específico que estava sendo julgado ontem, preferiu, nas próprias palavras, “a inércia”, pois considerava que a pena do deputado que estava sendo julgado já estava prescrita.

Com isso, Rosa Weber ficou derrotada ao lado do ministro Marco Aurélio Mello, mas evitou tomar posição, deixando uma definição para outra oportunidade. Como o ministro Gilmar Mendes já anunciou que mudará seu voto, antes a favor da prisão depois da segunda instância, agora apenas após a decisão do Superior Tribunal de Justiça, a maioria do STF será definida pelo voto de Rosa Weber.

Com a proximidade do desfecho do processo contra o ex-presidente Lula no TRF-4, depois da publicação ontem do acórdão do julgamento que confirmou sua condenação e aumentou a pena para 12 anos e 1 mês em regime fechado, a posição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da prisão após condenação em segunda instância ganhou relevância.

Está com o ministro Edson Facchin um pedido de habeas corpus preventivo a favor do ex-presidente, e outro, de liminar, com o ministro Marco Aurélio Mello, impetrado pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em nome do Instituto de Garantias Penais (IGP).

Ricardo Noblat: Perto de ser preso. Longe das urnas

- Blog do Noblat

Um dia de péssimas notícias para Lula

Um sucesso de público, a posse do ministro Luiz Fux na presidência do Tribunal Superior Eleitoral reforçou a certeza dos mais experientes advogados e juristas presentes que Lula será impedido de com correr às eleições de outubro próximo.

Não só pela dureza da fala de Fux em defesa da Lei da Ficha Limpa, igualmente pelo que disseram a respeito em seus discursos a Procuradora Geral da República e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Lula foi o sujeito oculto de tudo o que foi dito.

Ao que se ouviu, acrescente-se a decisão tomada, ontem, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou recurso do deputado João Rodrigues (PSD-SC) contra sua condenação em segunda instância da Justiça por fraude e dispensa de licitação.

A manter-se a palavra da ministra Cármen Lúcia, tão cedo o STF voltará a discutir se condenação em segunda instância basta para que um condenado comece a cumprir pena. Pior para Lula.

Fábio Alves: O PIB e as eleições

- O Estado de S.Paulo

A projeção de maior crescimento em 2018 deve desempenhar papel relevante

Os últimos indicadores de atividade apontam para um desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 mais forte do que o consenso dos analistas está projetando e será justamente no terceiro trimestre, quando as eleições presidenciais estiverem caminhando para seu desfecho, que os brasileiros deverão sentir intensamente o impacto do crescimento mais acelerado da economia.

Nas últimas semanas, economistas do banco UBS, da Santander Asset Management e da consultoria MB Associados, por exemplo, elevaram suas projeções para o crescimento do PIB em 2018 após os dados mais recentes de atividade econômica, como a produção industrial de dezembro, que subiu 2,8% ante novembro, na maior alta desse indicador desde junho de 2013.

O UBS, por exemplo, elevou sua estimativa para expansão do PIB neste ano de 3,1% para 3,3%, a Santander Asset Management espera agora crescimento de 3,8% (ante 3,3% da projeção anterior) e a MB Associados melhorou sua previsão de desempenho do PIB de 2018 de 3,1% para 3,5%.

E uma nova rodada de revisão para cima das projeções do PIB deste ano poderá ocorrer com a divulgação, nesta sexta-feira, das vendas ao varejo de dezembro. Por enquanto, a mediana das estimativas dos analistas consultados na pesquisa Focus, do BC, aponta para uma alta de 2,70% neste ano. Mas certamente essa projeção deverá caminhar para, no mínimo, 3,0%.

Apesar das incertezas que um ano eleitoral traz, especialmente para as decisões de investimentos, são dois os motivos que alimentam essa melhora das projeções de crescimento da economia brasileira neste ano.

Míriam Leitão: Fuga da realidade

- O Globo

Nas negociações da Previdência os partidos fazem propostas para diluir a reforma, mas não garantem votos se a ideia for aceita. Os políticos passaram as últimas horas dedicados ao esporte nacional de fugir dos problemas. A solução foi um relatório sem alguns pontos com maior discordância, para ser decidido em plenário: concessões para servidores de antes de 2003 e acumulação de aposentadoria e pensão.

A reforma de Temer pode ficar para a história como a que foi sem nunca ter sido. Todos os últimos governos fizeram alterações na Previdência e, como foram diluídas no Congresso, o país continua precisando de mudanças urgentes no sistema de pensão e aposentadorias.

Os governadores querem tirar as despesas da Previdência dos seus limites de gastos e transferi-las para um fundo previdenciário. Alguns governadores têm noção da gravidade da situação e entendem que a melhor saída é a união em torno do executivo federal para aprovar as mudanças. Outros preferem achar que há uma solução mágica.

A proposta que eles discutiram foi elaborada por economistas. Um deles, Leonardo Rolim, consultor de Orçamento da Câmara, disse que a ideia é aberta a todos os entes federados e seria construir um fundo capitalizado com ativos que estão sendo mal geridos. Os fundos ficariam entregues a uma entidade gestora independente. A engenharia calculada pelos economistas pode ser a forma de resolver o impasse, mas o que a maioria dos governadores entendeu e o próprio relator do projeto é que é um jeito de escapar do problema.

— A proposta consiste em retirar todo o peso da dívida previdenciária acumulada pelos estados, que não tomaram sequer mínimas medidas para conter o aumento da dívida atuarial, e agora querem jogar tudo nas contas da União — disse Arthur Maia (PPS-BA) ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Até agora, não há votos para aprovar a reforma, mas a decisão é a de continuar negociando para que o assunto seja colocado em plenário no dia 20. Mas ninguém do governo tem qualquer garantia de que ela será aprovada. Pelo contrário, o número 270, com algumas variações, é repetido pelos principais negociadores da reforma. E isso é em torno de 40 votos a menos do que o necessário.

O começo do novo ano legislativo traz complicações. Há novos líderes escolhidos e eles não sabem dizer quantos votos podem ser trocados em cada concessão feita.

Foi assim no caso da acumulação de aposentadoria com pensão. Apareceram mais duas propostas. Uma, de que o limite para acumulação seja retirado. Isso beneficiaria principalmente funcionários públicos. A outra é que a pessoa aposentada poderia acumular a pensão do cônjuge, mas ela seria reduzida ao longo do tempo. A terceira, que já estava na mesa, é a de permitir a acumulação até o máximo do teto do INSS. O outro ponto sobre o qual o governo já cedeu é o de ter regras mais favoráveis para os que entraram no setor público antes de 2003, quando foi votada a reforma do Lula. Discutidas essas propostas, os partidos foram consultados sobre quantos votos isso agregaria. O PSD disse que mais três votos, se tanto. O PSDB não sabe dizer porque o novo líder do partido na Câmara, deputado Nilson Leitão, acabou de assumir. Os tucanos estão divididos agora em três partes: um terço votaria pela reforma, um terço é contra, e um terço, oscila. O PMDB tem mais votos a favor, o PP não sabe dizer.

Antonio Delfim Netto: Reformista

- Folha de S. Paulo

Fará muito bem Michel Temer se promover as reformas que estão ao seu alcance

A despeito de toda a confusão política armada para impedir a reforma previdenciária, o ano passado terminou melhor do que se esperava. Depois de todos os infortúnios e de idas e vindas, registramos um crescimento modesto (em torno de 1%), uma taxa de inflação no limite inferior da "meta" e um confortável superávit externo, graças à política econômica do presidente Michel Temer.

A melhor surpresa veio da importante recuperação da produção industrial. Sua taxa acumulada de crescimento nos últimos 12 meses tornou-se positiva depois de setembro e encerrou o ano com um crescimento de 2,5%, contra uma queda de 2014-2016 da ordem de 17%. Fato significativo é que, na margem, entre dezembro de 2016 e o seu homólogo de 2017, o crescimento foi superior a 4%, atingindo o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) de 78%. Isso deixa um bom espaço (se houver demanda) para um crescimento cíclico mais robusto neste ano. Outro indicador positivo para o ano passado foi a queda do desemprego de 13,7% no primeiro trimestre para 11,8% no quarto. Dadas essas condições, não parece exagero esperar um crescimento de 2,5% a 3% neste ano, com uma inflação bem comportada e boa situação externa.

Cristiano Romero: Como anda a faxina da casa na Petrobras

- Valor Econômico

Acordo com o TCU vai dar agilidade à venda de ativos

Depois de acertar uma nova sistemática de venda de ativos com o Tribunal de Contas da União (TCU), a Petrobras vai acelerar sua política de desinvestimento. A meta para o biênio 2017-2018 é desfazer-se de ativos no total de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 68 bilhões). Não está incluída nessa conta a provável venda, ainda no primeiro semestre deste ano, da participação na petroquímica Braskem, onde a estatal compartilha o controle com o Grupo Odebrecht.

Da meta fixada para o biênio atual, US$ 6,3 bilhões já foram obtidos com a venda à alemã Eneva, em novembro, do campo de Azulão (por US$ 54,5 milhões), no Estado do Amazonas; a abertura de capital, em dezembro, da BR Distribuidora (US$ 1,5 bilhão); a venda à norueguesa Statoil de 25% do campo de Roncador (US$ 2,35 bilhões), na Bacia de Campos; e a venda à francesa Total, em janeiro, dos campos de Lapa e Iara (US$ 1,95 bilhão, além de US$ 400 milhões de um crédito colocado à disposição da estatal), na Bacia de Santos.

A Petrobras espera atingir o restante da meta - US$ 14,7 bilhões - com a venda de parte de suas áreas de exploração a três multinacionais: a China National Petroleum Corporation (CNPC), a BP (ex-British Petroleum) e a americana Exxon. A estatal brasileira fechou parcerias com essas três empresas e, neste momento, negocia os ativos a serem vendidos, assim como fez com a Statoil e a Total. Além disso, espera levantar boa quantia com a alienação da Transportadora Associada de Gás (TAG), gestora de gasodutos nas regiões Norte e Nordeste - a venda à canadense Brookfield da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), responsável pelos gasodutos do Sul e Sudeste, rendeu em setembro de 2016, um momento ruim da economia brasileira, US$ 4,2 bilhões; a expectativa é que o negócio com a TAG supere aquele valor.

Vinicius Torres Freire: EUA vão espalhar brasa no Brasil?

- Folha de S. Paulo

Paniquito no mercado deve passar, mas é lembrete de que dinheiro barato acabará

Esse remelexo no mercado americano vai espalhar brasa sobre o Brasil? Quem soubesse com certeza tal coisa não contaria a ninguém ficaria rico.

Desde maio de 2013 espera-se que poderia haver algum problema quando o banco central dos EUA (Fed) decidisse elevar a taxa básica de juros para valer, quando a inflação voltasse, com o crescimento maior de economia e salários. Apesar de alarmes anuais, nada acontecera. Mas a era de dinheiro barato no mundo rico vai acabar, seja com um murmúrio ou com uma explosão.

Juros em alta costumam derrubar Bolsas, para começar. Aqui, elevariam juros e dólar, prejudicando nosso minicrescimento. Além do mais, em viradas econômicas ou financeiras, não raro descobre-se que o mercado estava fazendo apostas malucas, o que pode causar desastres históricos, como em 2007-08. Nesse caso, estaríamos estrepados, ainda mais agora, que temos água pelo nariz. Marola nos afoga.

Desde 2013, o Fed eleva os juros devagarinho. Muita gente graúda e entendida diz que o crescimento do mundo rico será baixo por muito tempo, que não haverá inflação relevante e, assim, não haveria alta rápida de juros. Os EUA vão completar uma década com taxa de juros de curto prazo em torno de zero.

Elio Gaspari: A Polônia massacra a História

- O Globo

Num retrato da intolerância europeia, a ‘Lei do Holocausto’ pune com três anos de cadeia quem falar o que não deve

Na semana passada, o Senado polonês aprovou uma lei “protetora da reputação” do país, que pune com até três anos de prisão quem sustentar “publicamente, contrariando os fatos”, que “a nação polonesa ou a República da Polônia é responsável ou corresponsável pelos crimes cometidos pelo Terceiro Reich”. Simulando uma defesa da liberdade de expressão, excluiu do alcance da lei “atividades artísticas ou acadêmicas”.

A menos que a pressão internacional cresça, o presidente Andrzej Duda sancionará o texto. Ele já declarou que o povo polonês “como nação” jamais participou do Holocausto. Isso não quer dizer nada. O que se vê é seu governo querendo calar uma discussão incômoda.

Poucas coisas seriam piores para a reputação da Polônia do que essa “Lei do Holocausto”. Até as pedras sabem que os campos de extermínio de Treblinka e Auschwitz foram concebidos, construídos e administrados pelos alemães. O problema está mais adiante: na atividade de poloneses que massacraram judeus e saquearam suas propriedades.

Em 1941, quando a Alemanha invadiu a parte do país ocupada pelos soviéticos desde 1939, poloneses mataram judeus sem a participação da tropa do Reich. Na cidade de Jedwabne, de 2.500 habitantes, seus 1.500 judeus foram massacrados nas ruas ou queimados vivos num celeiro. Metade dos homens adultos de Jedwabne participou do massacre e foi nominalmente identificada. (Em outra cidade, o pai de Yitzhak Shamir, que veio a ser primeiro-ministro de Israel no século passado, foi morto pelos vizinhos depois de fugir dos alemães.)

Luiz Carlos Azedo: O esquindô-lê-lê

- Correio Braziliense

Para o Palácio do Planalto, o barulho em torno da posse de Cristiane Brasil é o de menos, porque já está sendo abafado pelo clima de carnaval, que toma conta do país

A bancada do PTB, reunida ontem, decidiu manter a indicação da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o cargo de ministra do Trabalho, sepultando assim as esperanças do Palácio do Planalto de que a própria legenda indicasse outro nome para a pasta. O líder Jovair Arantes (PTB-GO) foi categórico: “Nós temos uma característica que é importante também deixar bem clara: nós não abandonamos companheiros feridos em uma batalha. Então, nós vamos até o fim”. Segundo ele, a Justiça criou o problema e terá que resolvê-lo. É um recado para a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que manteve o impedimento de a parlamentar assumir o cargo por meio de liminar, mas ainda não tomou uma decisão monocrática definitiva nem encaminhou a questão ao plenário da Corte.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cuja liderança tem uma das ancoragens na bancada do PTB, endossou a decisão com uma crítica à Justiça Federal: “Porque em tese uma parte da sociedade acha que o Temer é ruim, não é motivo para um juiz de primeira instância assumir o papel de presidente da República”. Maia disse que não vê impeditivo para que a deputada assuma o cargo. “Ela não tem nenhum problema que a impeça de disputar a eleição presidencial. Agora, se ela vai ser uma boa ministra, se foi um bom nome, esse é um problema que cabe ao governo e ao PTB discutir”, arrematou, em sintonia com a insatisfação da maioria dos parlamentares com a interferência do STF em outros poderes.

Mensagem clara: Editorial/O Estado de S. Paulo

Na mensagem que enviou ao Congresso para marcar a abertura do ano legislativo, o presidente Michel Temer foi o mais objetivo e direto possível ao expor aos parlamentares a importância de completar a agenda de reformas proposta pelo governo, em especial a da Previdência. Temer tornou a conclamar o Congresso a assumir seu papel na imensa tarefa de reformar o Estado, saneando-o e preparando-o para uma nova etapa de desenvolvimento – que não pode mais ser adiada, sob pena de se condenar o Brasil à insolvência crônica e à perene mediocridade.

A reforma da Previdência, mesmo em sua versão menos encorpada, representa um esforço nada desprezível para reverter o acúmulo, durante décadas a fio, de distorções e privilégios que acabaram por tornar totalmente inviável o regime de aposentadorias e pensões hoje em vigor. Ao estabelecer uma idade mínima para a concessão do benefício e ao submeter os funcionários públicos a limites semelhantes aos impostos aos beneficiários do INSS, a reforma encaminhada pelo governo ataca a essência dos problemas do atual sistema previdenciário, a saber: a incompatibilidade das regras de concessão com a realidade demográfica nacional, que indica envelhecimento acelerado da população e redução do número de contribuintes para a Previdência, e os inaceitáveis privilégios de servidores públicos aposentados em detrimento dos demais trabalhadores.

Mercados mundiais alertam o Congresso brasileiro: Editorial/O Globo

A volatilidade desses dias é um recado aos políticos que tratarão da reforma da Previdência, pois países com déficits como o Brasil estão expostos a choques externos

A brusca oscilação dos mercados, de segunda para ontem, fez o tempo voltar, nas aparências, ao final de 2008, quando estourou a bolha imobiliária, cujo epicentro foi Wall Street. São, porém, situações muito diferentes. Naquele momento, ocorreu mesmo uma séria crise de liquidez iniciada no mercado de hipotecas americano, agravada pela quebra do Lehman Brothers. Ondas de choque se propagaram pelo planeta.

Viveu-se um risco real de outra Grande Depressão, como em 1929/30. Mas houve “apenas” a Grande Recessão, devido à rapidez com que o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, sob a presidência de Ben Bernanke, agiu, jogando os juros no chão e inundando o mundo de dólares. O oposto do que ocorrera no final da década de 20. Bernanke era um estudioso do desastre de 29/30.

Já o que acontece agora, também a partir de Wall Street, parece um caso clássico de correção por expectativa. A economia americana está muito bem (desemprego de 4,1%, crescimento acima de 2%). E ainda receberá mais estímulos com o pacote tributário de Donald Trump. Mas esta fornalha é aquecida por juros muitos baixos (entre 1,25% e 1,50%). A divulgação, sexta, de que o desemprego continuava praticamente em 4%, serviu para consolidar a expectativa de que o Fed deve puxar as taxas de forma um pouco mais forte, a fim de evitar a inflação.

Quanto maior a altura: Editorial/Folha de S. Paulo

Queda das Bolsas revela temores quanto ao desmonte das políticas de juros baixos

O que é bom desta vez não durou tão pouco assim. Com a queda aguda e abrupta dos últimos dias, o S&P 500, índice de referência do mercado de ações dos Estados Unidos, encerrou um raro período de quase dois anos de alta sem maiores sobressaltos.

Apenas do início de 2017 até a semana passada, o indicador mostrava valorização de 28%. No período, a economia global passou a crescer de modo mais rápido sem elevar a inflação, o que manteve os juros em patamares baixos. Tal combinação é perfeita para as Bolsas.

Embora o Fed, o banco central americano, venha elevando suas taxas gradualmente, seus congêneres na Europa e no Japão, outros grandes centros financeiros, ainda mantêm o custo do dinheiro próximo de zero.

Alertas de riscos não vinham faltando recentemente. Como é regra em episódios desse tipo, a bonança prolongada induz investidores a aumentarem cada vez mais suas apostas, muitas vezes recorrendo a financiamentos.

Inflação ameaça voltar à cena e intranquiliza os mercados: Editorial/Valor Econômico

Após meses seguidos de exuberância, os mercados acionários sinalizaram, com as quedas acentuadas de sexta-feira e de segunda-feira, que estão próximos de uma correção. Ela está sendo impulsionada pelo aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, que agora giram em torno de 2,8%. O cronograma comedido de altas espaçadas dos juros pelo Federal Reserve tropeçou em um grande ponto de interrogação depois que foram divulgadas as estatísticas sobre salários em janeiro, que apontaram finalmente para cima, depois estacionadas perto de 2,5% por muito tempo. Em janeiro, o salário por hora cresceu 2,9%.

A possibilidade de reprecificação tumultuosa dos ativos existe sempre, mas não é uma fatalidade. Ela seria muito ruim para o Brasil, que vem comprando tempo para as reformas com o cenário externo "benigno". O quase pânico dos investidores foi a tardia reação a uma clara mudança de cenário - o risco de deflação saiu de cena e será substituído pelo risco inflacionário. Em algum momento a inflação subirá com o crescimento econômico robusto, que tornou-se global, e o Federal Reserve bem pode ter de responder com mais de vigor a esse fenômeno. O ponto fundamental é a magnitude desses dois movimentos, obviamente impossível de prever.

Golpe no bolivarianismo: Editorial/O Estado de S. Paulo

No domingo passado, os equatorianos foram às urnas para responder a um plebiscito convocado pelo presidente Lenín Moreno sobre dispositivos constitucionais que, entre outras medidas, impedem ex-presidentes de se candidatarem à reeleição sucessivas vezes. A vitória do “sim” prevê que o candidato possa exercer um mandato de presidente e se reeleger apenas uma vez.

A consulta popular, na prática, foi vista como um embate direto entre o presidente Moreno e Rafael Correa, que governou o Equador durante dez anos (2007-2017) e, por força de uma alteração na Constituição aprovada pela Assembleia Nacional em 2015, pretendia voltar ao poder em 2021.

Rafael Correa não votou no plebiscito porque transferiu o seu domicílio eleitoral para a Bélgica, país de origem de sua mulher, Anne Malherbe, e para onde se mudou em maio de 2017, após a eleição que deu a vitória a Lenín Moreno, que foi seu vice-presidente entre 2007 e 2013. Contudo, ele esteve em um centro de votação em Guayaquil e fez campanha pela vitória do “não”.

A negativa popular às pretensões eleitorais de Correa foi mais uma dura derrota para os regimes bolivarianos da América do Sul e mais um passo para erradicar do continente o neopopulismo que ganhou força no início dos anos 2000.

Rafael Correa fez parte da onda de atraso que, sob a inspiração e liderança informal do caudilho Hugo Chávez (1954-2013), na Venezuela, vicejou em grande parte da América do Sul, sobretudo na Bolívia, com Evo Morales; Argentina, com o casal Néstor e Cristina Kirchner; e Brasil, com Lula da Silva e Dilma Rousseff, ainda que aqui a extensão dos danos causados pelos crimes e pela irresponsabilidade do lulopetismo, embora muito grave, tenha sido menor do que a experimentada por países vizinhos em virtude do vigor das instituições democráticas do País.

Não foi por acaso que, tão logo foi anunciado o resultado final do plebiscito, Rafael Correa tenha ido ao Twitter buscar consolo para sua derrota exaltando Hugo Chávez, morto em março de 2013. “Em 4 de fevereiro de 1992, após sua malfadada rebelião contra o governo corrupto de Carlos Andrés Pérez, o jovem oficial Hugo Chávez dizia: ‘Não alcançamos o objetivo por ora’. O resto é história. 26 anos depois, digo o mesmo. E o resto também será história”, escreveu Correa, sem dizer se para voltar ao poder no Equador também pretende lançar mão dos mesmos recursos golpistas de que se valeu o ditador venezuelano.

FH diz que candidatura de Huck seria boa para o Brasil

Ex-presidente afirma que seria importante 'arejar' e 'botar em perigo a política tradicional'

- O Globo

SÃO PAULO — O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou como positiva uma candidatura do apresentador Luciano Huck à Presidência da República para "arejar" e "botar em perigo a política tradicional". As declarações foram feitas nesta terça-feira em entrevista à rádio Jovem Pan.

— É bom ter gente como Luciano porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido. É preciso que ela seja desafiada por pessoas portadoras de ideias e processos políticos novos para que o próprio partido possa avançar. Está havendo sinal nessa direção — afirmou o ex-presidente.

Fernando Henrique fez uma série de elogios a Huck, mas alertou que ele precisará de estrutura partidária para viabilizar uma eventual candidatura.

— Eu gosto do Huck. Sou amigo dele e da família. Acho que para o Brasil seria bom. Seria bom ter mais opções. Não quer dizer que esteja apoiando. Mas as pessoas que não tem partido para governar tem muita dificuldade. Ele tem boas intenções. Não sei por qual partido viria. Falam que pelo PPS. Mas o PPS não tem estrutura —disse o ex-presidente.

FH 'assume' papel de pai da noiva em namoro com Huck

Ex-presidente diz a rádio que apresentador pode ajudar a arejar a política

Flávio Freire / O Globo

SÃO PAULO - O PSDB vive mais uma vez um dilema de fundo eleitoral. Geraldo Alckmin tem pavimentado sua candidatura depois de, involuntariamente, usar José Serra e João Doria como degraus de sua escala rumo a 2018. Sem muito esforço, os colegas tucanos o ajudaram a delinear esse movimento. Primeiro, Serra foi acusado de receber propina, segundo investigações da Lava-Jato. Depois, o prefeito de São Paulo perdeu espaço na bolsa de apostas com a tímida performance em pesquisas de popularidade.

Era, aparentemente, tudo o que o tucano precisava para garantir uma ocupação tranquila do posto de presidenciável. Diga-se de passagem, ainda hoje consolidado. Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece ter assumido uma espécie de voz da consciência da legenda. A ponto de fazer com que ninguém ali esqueça o quanto a política precisa de ares novos. E nomes novos. E, porque não, políticos novos.

Semanas atrás, FH fez questão de lembrar que o apresentador Luciano Huck não havia desistido da vida política. A despeito, inclusive, da entrevista de Huck em rede nacional para afastar rumores de que estaria disposto a tentar a sorte na sucessão de Michel Temer. Fernando Henrique já causou ali um reboliço em ninho tucano.

FHC diz que seria bom Lula disputar eleições, mas que 'a lei é a lei'

Em entrevista à rádio Jovem Pan, o ex-presidente avaliou que condenação teve 'bastante elementos', mas que vai deixar 'marca ruim' no País; tucano elogiou ainda Luciano Huck e disse que 'seria bom para o Brasil' se ele concorresse

Marianna Holanda / O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que seria melhor, para o País, se Lula concorresse às eleições de outubro, mas que a "lei é a lei". Em entrevista à rádio Jovem Pan, transmitida na manhã desta terça-feira, 6, ele afirmou que há “bastante elementos” na condenação do ex-presidente petistas, mas avalia que vai ficar uma “marca ruim” deste processo na história. Para o ex-presidente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é candidato “competitivo” que traz uma estabilidade para o momento político do País. Sobre o apresentado Luciano Huck, FHC diz que seria “bom” ver ele participando das eleições.

"Idealmente, era melhor que (Lula) fosse candidato, perdesse ou ganhasse, e (o País) não tivesse passado por esse processo", disse. "Não é bom para o País, mas vai fazer o quê? A lei é a lei". Em entrevista ao Estado em janeiro, antes da confirmação da condenação do petista pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), Fernando Henrique já havia dito que o "País não vai tremer se Lula for condenado".

Mesmo depois do julgamento do TRF-4, Lula continua liderando as pesquisas, com 37% de intenção de voto no Datafolha divulgado na última semana.

"Sendo candidato ou não teria sido melhor que pudesse concorrer, mas tem a lei. Ele foi condenado em segunda instância, pela lei da Ficha Limpa não pode. Ou você obedece a lei ou você quebra a Constituição", completou.

Questionado sobre a condenação do petista na primeira e segunda instância, Fernando Henrique disse que não o processo, mas disse que, pelo que ouviu dos desembargadores do TRF-4, tem "bastante elementos".

O ex-presidente reconheceu ainda que é possível um juiz errar, mas lembra que Lula foi condenado por quatro - três desembargadores e o juiz federal da primeira instância, Sérgio Moro. “Não há segmento da sociedade política brasileira que queira condenar. É rebelião de juízes? É pouco provável”, questionou.

Sobre as eleições ainda, o ex-presidente elogiou o apresentador de TV Luciano Huck. “Gosto dele, sou amigo dele e da família dele. Acho que para o Brasil seria bom, mas não sei o que ele vai fazer”, afirmou. O novo, disse, não sabe ser se Huck quem o representa, mas avaliou que “seria bom ter mais opções”.

Em um cenário sem Lula, o apresentador de TV aparece empatado nas pesquisas eleitorais, ao lado de Alckmin, com cerca de 6%, disputando com os ex-ministros Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) o segundo lugar na disputa - o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) lidera a corrida.

Roberto Freire: Centro democrático terá candidatura competitiva na eleição de outubro

- Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar

O chamado “centro democrático” terá uma ou mais candidaturas fortes e competitivas para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro deste ano. A avaliação é do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou na noite da última segunda-feira (5) do Jornal Grande ABC Notícias, exibido ao vivo pela TV Grande ABC.

Em entrevista, por telefone, ao jornalista Leandro Amaral, o parlamentar disse que o cenário eleitoral ainda está indefinido a pouco mais de oito meses do 1º turno do pleito. “O cenário para as eleições de outubro não está nada definido. Só há uma definição: Lula é ficha suja e não vai disputar a eleição. Mas o resto ainda está muito indefinido”, afirmou o deputado. “O que é certo é que o centro democrático, as forças democráticas, começam a delinear candidaturas viáveis e com muitas chances de ser vitoriosas.”

Durante o programa, Freire falou sobre as conversas entre o PPS e os movimentos cívicos, entre os quais o Agora! – do qual faz parte o apresentador de TV Luciano Huck, um dos nomes cotados como possível candidato ao Palácio do Planalto. “Tive um contato com ele exatamente em função do processo de integração entre o PPS e movimento Agora, do qual ele faz parte. Ele está muito entusiasmado com isso. Conversamos sobre esse processo que está em curso”, contou.

Questionado sobre a chance de Huck se filiar ao PPS para disputar a eleição, Freire disse que ainda não é possível saber ao certo o que acontecerá. “Eu diria que [a possibilidade] ainda é muito baixa. Eu espero que cresça. Não sei dizer. Até porque ele até já tinha decidido que não seria candidato. Mas as pesquisas tiveram impacto nisso, com a presença do Huck com altos índices de intenção de voto. Acredito que ele deve estar pensando, mas essa é uma decisão muito solitária”, afirmou o parlamentar.

Candidatura de Huck 'seria boa para o Brasil', diz FHC

À Jovem Pan ex-presidente sugeriu ainda que Doria seja candidato a governador

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), uma candidatura do apresentador Luciano Huck ao Planalto "seria boa para o Brasil", para "arejar" e "botar em perigo a política tradicional".

"Gosto dele [Huck], sou amigo dele e da família dele. Acho que para o Brasil seria bom, mas não sei o que ele vai fazer", disse FHC em entrevista à Rádio Jovem Pan.

Segundo o ex-presidente, seria bom ter mais opções e Huck "tem boas intenções". "É bom ter gente como o Luciano porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido. É preciso que ela seja desafiada por pessoas portadoras de ideias e processos políticos novos para que o próprio partido possa avançar. Está havendo sinal nessa direção", disse.

Ele lembrou que no PSDB já houve um movimento "onda azul", de renovação, que não pegou. "A onda deu na praia", disse.

FHC, contudo, afirmou que as declarações não significam que ele esteja apoiando Huck. "Acho que os partidos são importantes e quem não tem partido depois para governar é difícil. Dito isso, acho que Luciano, se ele se dispuser a ser candidato, é um candidato, vamos ver o que ele vai dizer."

'Só temos uma tarefa: ir para o segundo turno', diz Alckmin a deputados

Estagnado nas pesquisas, governador paulista tem tido dificuldade de convencer o PSDB da viabilidade da sua candidatura e de atrair outros aliados

Isadora Peron /  O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em conversa com deputados do PSDB na noite de terça-feira, 6, o governador de São Paulo e presidente nacional da legenda, Geraldo Alckmin, afirmou que o desafio do partido vai ser chegar ao segundo turno das eleições presidenciais. "Nós só temos uma tarefa: ir para o segundo turno", afirmou.

O governador disse que "as coisas estão caminhando" e que o principal desafio para a sua candidatura à Presidência será articular bons palanques estaduais. "A situação é favorável se tivermos juízo", afirmou Alckmin. Questionado sobre o que significava ter "juízo", o governador falou que o principal ponto é o PSDB caminhar unido. "Juízo é o partido estar unido, trabalharmos em torno de um grande projeto, para unir o País."

Estagnado nas pesquisas, Alckmin tem tido dificuldade de convencer o PSDB da viabilidade da sua candidatura. Ele também não tem conseguido atrair outros partidos, como o DEM, para uma aliança.
Nesta terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que a candidatura do apresentador Luciano Huck seria boa para o Brasil. Horas depois, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também é pré-candidato à Presidência, disse que Alckmin teria de trabalhar para alcançar o segundo turno.

Lula diz que a palavra 'fugir' não existe na vida dele

Em entrevista a uma rádio de Pernambuco, o ex-presidente disse que não pensa em fuga da País caso sua prisão fosse decretada

Gilberto Amendola e Anderson Bandeira /O Estado de S. Paulo 

Em entrevista à Radiojornal de Pernambuco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que 'a palavra fugir' não existe na vida dele ao ser questionado se cogitaria fugir do País caso sua prisão fosse decretada. Lula voltou a afirmar que será candidato à Presidência da República nas próximas eleições. O ex-presidente teve a condenação confirmada pelo TRF-4 no final de janeiro. Os desembargadores determinaram o início da prisão, de 12 anos e 1 mês em regime fechado, após esgotados os recursos na Corte.

"A palavra fugir não existe na minha vida. Sou cidadão brasileiro, tenho orgulho de ser brasileiro, escapei da fome até os 5 anos de idade, porque Nordestino que nasce na miséria tem pouca chance de sobreviver. Vou encarar qualquer situação de cabeça erguida", disse o ex-presidente.

Durante entrevista, o ex-presidente voltou a criticar integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações em primeira instância da operação Lava Jato e a imprensa. Lula respondeu perguntas sobre o resultado do julgamento em segunda instância, que confirmou e ampliou a sua condenação, no último dia 24 de janeiro. "Eu imaginava que a segunda instância existia para corrigir os equívocos da Justiça. Eu fiquei pasmo quando vi na segunda instância, os juízes mais preocupados em salvar a cara da mentira contada na primeira instância do que estudar os autos do processo e me absolver."

Meirelles cogita candidatura fora do PSD

Kassab admite que partido pode negar apoio ao ministro na disputa pelo Planalto; para aliados, opção seria concorrer por outra sigla governista

Pedro Venceslau / O Estado de S.Paulo

O PSD admite que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve perder o apoio da sigla para disputar a Presidência da República. Para aliados de Meirelles, se esse cenário se consolidar, o chefe da equipe econômica pode migrar para outra legenda da base aliada do Palácio do Planalto para ser o candidato governista.

Com 40 deputados federais – a quarta maior bancada da Câmara – o PSD se aproximou do PSDB e tende a subir no palanque do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na campanha pelo Palácio do Planalto.

A mudança de estratégia da legenda, que tem o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, como presidente licenciado, foi divulgada nesta terça-feira, 6, pelo jornal Valor Econômico e confirmada pelo Estado.

Procurado pela reportagem, Kassab foi cuidadoso ao tratar do assunto. “O centro da política brasileira precisa ter um único candidato. Estamos nos esforçando no PSD para que seja o Meirelles, mas, na hora da decisão, se ele não for o mais viável, vamos ter bom senso e entender”, disse o ministro. “Se as pesquisas e perspectivas melhores não forem dele, mas de outro partido, aí vamos, possivelmente, caminhar com outro partido”, concluiu.

Meirelles não quis se pronunciar. O Estado apurou, no entanto, que o ministro da Fazenda não considerou o gesto uma “deslealdade”, já que ocorreu em tempo de ele mudar de partido. O limite para a troca é abril.

Legado. A avaliação reservada de Meirelles é de que Alckmin não deve fazer na campanha a defesa do legado de Michel Temer. Aliados lembram que o governador paulista não trabalhou na Câmara por votos tucanos para barrar as denúncias da Procuradoria-Geral da República contra o presidente.

Maia diz que DEM pode se aliar ao PSDB só nos Estados

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), reuniu-se ontem em São Paulo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para avaliar as perspectivas de seu partido, o DEM, e do PSDB para a disputa presidencial. Depois do encontro, Maia minimizou a pré-candidatura à Presidência do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e disse que o DEM deve lançar um nome próprio para o Planalto. O parlamentar, no entanto, defendeu uma aliança entre os dois partidos em São Paulo e sinalizou que poderá apoiar uma eventual candidatura do prefeito da capital, João Doria (PSDB), ao governo do Estado.

O encontro com FHC não estava na agenda oficial do presidente da Câmara em São Paulo. Depois da reunião com o ex-presidente, Maia reuniu-se com Doria e articuladores políticos do DEM e do PSDB na sede da prefeitura paulistana.

O parlamentar afirmou que o cenário para a eleição presidencial está "muito aberto" e que além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, não há mais nenhuma candidatura consolidada. Ao falar especificamente sobre a candidatura Alckmin, Maia afirmou que o governador paulista ainda tem que se viabilizar e construir o seu projeto.

"Estou olhando as pesquisas", disse o presidente da Câmara sobre Alckmin. "Em todos os campos, esquerda, direita, centro, a eleição está aberta. Não vejo ninguém que possa dizer: 'esse pré-candidato é favorito para ir para o segundo turno. Tirando o Lula, não há ninguém com essas condições'", afirmou Maia a jornalistas, em entrevista ao lado de Doria na prefeitura. "Não que Alckmin não possa construi-lo [projeto], mas ele vai ter que construir".

Para Collor, seria 'covardia' não assumir 'desafio' de candidatura ao Planalto

Ele defendeu que o momento em que o país vive requer 'inovação' e não 'renovação'

Talita Fernandes / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois de ter deixado a Presidência da República em 1992 em meio a um processo de impeachment, o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) confirmou nesta terça-feira (6) sua intenção de disputar novamente o Palácio do Planalto nas eleições deste ano. Collor definiu sua pré-candidatura como "liberal e progressista" e disse ainda que seria "covardia" de sua parte "renunciar a verdade e desviar de mais um desafio que o destino me impõe".

O alagoano já havia se lançado pré-candidato em uma visita ao município de Arapiraca, em seu Estado, no mês passado. Com a volta das atividades do Congresso, ele pediu a palavra na tribuna do Senado e fez um discurso de 22 minutos para anunciar os motivos pelos quais pretende disputar o cargo.

"Precisamos de equilíbrio e maturidade. Um centro progressista e liberal. Que não se prenda aos rótulos da direita ou esquerda. Uma candidatura com comprovada capacidade, liberal no plano econômico e inclusivo no plano social. Precisamos de um perfil que conjugue vivência com coragem", disse ao definir que postura pretende adotar em sua candidatura.

O discurso do senador ocorre no segundo dia de atividades do Congresso em 2018. Ele falou para um plenário esvaziado, com apenas oito senadores presentes.

Em pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, o ex-presidente aparece com 3% das intenções de voto, porém com alta taxa de rejeição, com 40% dos entrevistados dizendo que não votariam nele "de jeito nenhum".

Collor fez um discurso elogioso aos seus "40 anos de vida pública", enumerando os cargos que já ocupou na política: prefeito, deputado, senador e presidente da República. Ele defendeu ainda que o momento em que o país vive requer "inovação" e não "renovação".

‘O voto não pertence aos partidos e aos políticos’, diz Marina Silva

Herdeira de eleitores de Lula, caso ele fique de fora da disputa, ex-ministra afirma que ‘lei é para todos’ e ‘quem errou vai cumprir sua pena’

Marianna Holanda / O Estado de S.Paulo

A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou que a “lei deve ser para todos”, mesmo se significar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). “Não temos que ter uma lei para o Lula, para o Aécio (Neves), para o Jader Barbalho ou para o Renan Calheiros”, disse, em entrevista ao Estado, a ex-ministra do Meio Ambiente na gestão do petista.

Ao lado do ex-governador Ciro Gomes (PDT), Marina é a maior herdeira do eleitorado petista, em um cenário de ausência de Lula nas urnas, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Questionada como pretende arregimentar esses votos, ela afirma que “o voto não pertence nem aos partidos, nem às figuras políticas”. A disputa, segundo diz, segue aberta até outubro.

• O ex-presidente Lula foi condenado na segunda instância e corre risco de não concorrer nas eleições de outubro. Como seria uma eleição sem Lula?

Se reduzirmos a eleição a pessoas, ainda que sejam muito importantes, a gente vai diminuir a importância do debate para os problemas que estamos vivendo. Lula está fazendo aquilo que a lei lhe assegura, que é buscar todos os mecanismos de revisão para as decisões que foram tomadas pela Justiça. Meu entendimento, com base nos autos, é que foi uma decisão técnica. Obviamente que ele tem o direito de fazer esse percurso, mas chegará o momento em que teremos que nos deparar com o cumprimento da lei e eu advogo que a lei deve ser cumprida por todos, independente do poder econômico ou político. Espero que nessas eleições cada candidatura se coloque independente dos concorrentes.

Revista Política Democrática: O imprevisível 2018

A edição 49 da revista Política Democrática (veja aqui o ebook da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) aborda o “gigantesco conjunto de crises” por que passa o País diante do “delicado e complexo” processo eleitoral para escolha do novo presidente da República e de representantes no Congresso Nacional em outubro deste ano.

As questões são examinadas, sob os mais variados enfoques, pelos autores que compõem a nova edição da Revista, além de outros temas da realidade brasileira e internacional, quando se comemora o seu 17º ano de publicação.

Os textos do “tema de capa” da edição são assinados por Marco Aurélio Nogueira, Cristovam Buarque e Luiz Werneck Vianna.

As ilustrações que compõem a capa, contracapa e abertura das seções da Revista são da artísta plástica, conferencista, poeta e contista Mercia Gama (Mercia Elizabete Gama Santos), professora aposentada da rede estadual de ensino de São Paulo.

Carlos Drummond de Andrade: Um Homem e o seu Carnaval

Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensão.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
É dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.