sábado, 19 de maio de 2018

Roberto Freire: Tratores e armas

- Diário do Poder

Na última quarta-feira, na AgroBrasília, uma feira de negócios da agropecuária, a imprensa questionou dois pré-candidatos à Presidência, sobre o centro de suas propostas para o campo, se possível, em uma única palavra.

O candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, resumiu: armas.

Geraldo Alckmin, o candidato que pode unificar as forças democráticas, foi preciso: tratores.

O Brasil já disputa o pódio como o maior produtor de alimentos.

O agronegócio tem sido o principal responsável pela recuperação da economia, depois do desastre das gestões populistas capitaneadas por Lula e sua ungida.

Só no ano passado, o setor cresceu 13%, o que assegurou o 1% do crescimento do PIB, após quatro anos de recessão.

É o principal responsável pela queda da inflação a patamares inimagináveis há pouco. Isso significa mais comida no prato das famílias brasileiras e custos internos menores, o que aumenta a competitividade de nossos produtos lá fora.

*Bolívar Lamounier: Quero ufanar-me de meu país

- O Estado de S.Paulo

O quadro eleitoral para outubro é um dos mais nebulosos da nossa História

Quero, mas está difícil. Baseando-se em dados do IBGE relativos ao primeiro trimestre do ano, o Estadão de ontem informou que “27,7 milhões de pessoas estavam desempregadas ou trabalhando menos do que poderiam ou gostariam, e 4,6 milhões de desalentados desistiram de procurar emprego, um recorde”. A recuperação econômica ainda é precária. As mazelas sociais permanecem. Nas ruas, muita insegurança; nas almas, muito rancor.

Contra esse pano de fundo sombrio, podemos afirmar sem temor de erro que o quadro eleitoral para outubro é um dos mais nebulosos de nossa História. Sem uma mudança expressiva, cujos contornos por enquanto ninguém vê, o pleito certamente realimentará as incertezas que rondam a economia. Essa afirmação pode ser esmiuçada em três níveis: o perfil dos candidatos, o formato da disputa que deles se pode esperar e, menos perceptíveis, certas características de nossa estrutura social – das “elites”, especialmente – que dificultam a articulação de uma saída mais consistente.

No que toca aos candidatos, o ponto de partida só pode ser Jair Bolsonaro, que no momento mantém folgada dianteira nas pesquisas. O que sabemos sobre sua candidatura é muito pouco, mas suficiente para sustentar alguns juízos preliminares. Ex-militar, tendo passado para a reserva no posto de capitão, está para completar 30 discretíssimos anos na Câmara dos Deputados. Tenta capitalizar o sentimento de insegurança que grassa na sociedade – com muito sucesso, a julgar pelos 28% de intenções de voto que as pesquisas lhe têm atribuído. Nada em sua biografia sugere que tenha desenvolvido um pensamento econômico coerente. Um vago intervencionismo nacionalista, semelhante ao da maioria dos políticos. Um pensamento liberal ele com certeza nunca desenvolveu, mas o coordenador de seu programa, Paulo Guedes, é um dos economistas mais consistentemente liberais do País. A esse bico de pena é preciso acrescentar que Bolsonaro é apoiado por um partido inexpressivo, o que desde logo autoriza a premonição de graves dificuldades no Congresso, com o nosso famigerado “presidencialismo de coalizão”. Mas isso não é tudo. Bolsonaro também oferece ao distinto público a curiosa proposta de colocar um general no Ministério da Educação, como se um militar, só por ser militar, pudesse dar andamento adequado aos problemas educacionais brasileiros. Sua retórica política não é menos tortuosa. Poucos dias atrás, quando se divulgou que o general Geisel, na condição de presidente da República, autorizara pessoalmente a execução de integrantes da luta armada, Bolsonaro comentou: “Mas quem um dia não deu uma palmada no bumbum de uma criança?”.

Demétrio Magnoli: 'A rua de teus pais e avôs'

- Folha de S. Paulo

Na Catalunha, como em outros lugares da Europa, a direita é a nova esquerda

“Vergonha é uma palavra que, há anos, os espanhóis eliminaram de seu vocabulário.” “Os espanhóis só sabem espoliar.” “Se continuamos aqui mais alguns anos, corremos o risco de terminar tão loucos quanto os próprios espanhóis.” “Mais que tudo, o que surpreende é o tom, a má educação, a ofensa espanhola: sensação de imundície.”

Quim Torra, eleito governador regional (president) pela estreita maioria independentista no Parlamento da Catalunha, apagou centenas de tuítes como esses de sua conta —mas eles já haviam sido copiados e traduzidos para o espanhol. Na Catalunha, como em outros lugares da Europa, a direita é a nova esquerda.

Torra é um nativista, um xenófobo antiespanhol, um supremacista catalão. Sua eleição obedeceu ao comando direto de Carles Puigdemont, o president destituído, exilado em Berlim. Contudo, a maioria da bancada independentista é formada por dois partidos de esquerda: a ERC, moderada, e a CUP, radical. Sem o apoio deles, Torra não teria sido alçado à chefia do governo regional. Mussolini moveu-se da extrema-esquerda à extrema-direita para inventar o fascismo. Um século depois, na abrangente moldura do nacionalismo, a esquerda catalã identifica-se com um semifascista.

Os tuítes são o de menos. Artigos de Torra publicados por obscuras revistas separatistas desvendam suas inclinações ideológicas. Num, classifica a Espanha como “um país exportador de miséria, material e espiritualmente falando”.

Hélio Schwartsman: Num outro mundo...

- Folha de S. Paulo

Relacionamento que Lula estabeleceu com empreiteiros jamais seria tolerado no PT dos anos 80

Na carta que enviou à presidente do PT, Lula cravou: “Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime. Não cometi nenhum crime. Por isso sou candidato até que a verdade apareça”.

Compreendo a frustração de Lula e reputo o “jus sperneandi” (direito de espernear) como sagrado, mas receio que a declaração do ex-presidente nem sequer faça sentido. Não há vínculo necessário entre manutenção da candidatura e admissão de culpa.

Se o modelo quântico dos muitos mundos é correto, existe tanto um universo onde Lula é inocente e não sai candidato como um no qual ele é culpado e fica na disputa. Nenhuma combinação imaginável viola a lógica nem as leis da física.

Ricardo Noblat: Aproximem-se para lá!

- Blog do Noblat | Veja

A nota leviana de ex-chefes de governos a favor de Lula

O que leva seis ex-chefes socialistas de Estado da Itália, Bélgica, França e Espanha a assinarem uma nota onde pedem que Lula possa ser candidato a presidente nas próximas eleições apesar de condenado a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro?

Solidariedade a um suposto companheiro de ideias? Revolta diante de uma decisão judicial repleta de defeitos e repudiada por entidades e fóruns internacionais defensores dos direitos humanos? Sentimento de culpa por erros do passado cometidos pelos governos dos seus próprios países?

Eles se limitam a classificar de “apressada” a prisão de Lula e de “preocupação séria” o impeachment de Dilma. E ensinam que o combate à corrupção não justifica “uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes”.

Menos mal que não tenham considerado “injusta” a prisão de Lula, apenas “apressada”. Quer dizer: se ela tivesse demorado mais um pouco, apressada não teria sido. Menos mal também que não tenham chamado o impeachment de Dilma de “golpe”, como o chama o PT e seus aliados.

É fato que nenhum governo do mundo, salvo os de países como a Venezuela, Cuba e mais dois ou três do mesmo naipe, protestou contra a prisão de Lula e a queda de Dilma. Tampouco assembleias de países, parlamentos ou associações de juristas.

E o que os seis ex-chefes socialistas de Estados europeus alegaram para sair em defesa de Lula e de Dilma? De Lula, que ele foi “incansável arquiteto da redução das desigualdades no Brasil” e “defensor dos pobres”. De Dilma, que a “integridade” dela “nunca foi questionada”.

Lula não foi o único “incansável arquiteto” da redução das desigualdades por aqui. Ela começou a acontecer antes dele, e tomara que continue. Também por isso não foi o único “defensor dos pobres”. Por sinal, os que saíram da pobreza com ele à pobreza retornaram com Dilma.

E onde está escrito que um “defensor de pobres” não pode ser condenado, preso e impedido de se candidatar? Se afinal condenado pela Justiça francesa, o ex-presidente Nicolas Sarkozi poderá ser preso. A Operação Mãos Limpas acabou com a carreira de centenas de políticos italianos.

Quanto a afirmar que a “integridade” de Dilma “nunca foi questionada”, é mais um equívoco de quem estava obrigado a não se equivocar. Dilma deve explicações à Justiça, sim, e elas lhe serão cobradas em breve. Se não roubou diretamente, deixou que roubassem. E beneficiou-se do roubo.

Julianna Sofia: Test drive na segurança

- Folha de S. Paulo

Com más notícias na economia, Planalto volta a focar segurança pública

A prostração da economia obrigará a equipe econômica a rever, na próxima semana, a previsão oficial de crescimento do PIB neste ano de 3% para algo próximo de 2,5%. Os dados sombrios de desemprego e o desalento recorde, a inquietação no mercado financeiro com a escalada do dólar e os sinais trocados emitidos pelo Banco Central na condução da política monetária anuviaram mais o cenário de incertezas nos últimos dias.

Diante do quadro —e em meio a chacotas sobre o slogan com/sem vírgula do biênio da “pinguela”—, o governo Michel Temer camufla-se novamente no tema da segurança pública. O Palácio do Planalto prepara a sanção do projeto de lei do Susp (o SUS da segurança pública), o que pode ocorrer de forma expressa já na semana que vem a pedido do ministro da área, Raul Jungmann.

A proposta de integrar num sistema único órgãos de segurança, como as polícias Federal e estaduais, secretarias de segurança e guardas municipais, foi pensada por especialistas ainda sob Lula 1, mas deixada de lado. Ganhou empuxo após a intervenção federal no Rio de Janeiro e a criação do Ministério da Segurança Pública, que tocará a nova gestão unificada com recursos de loterias.

Míriam Leitão: O desalento

- O Globo

No meio das palavras feiosas em que vive imerso o mundo da economia, há uma elegante e profunda: desalento. É bonita, mas batiza um dos fenômenos mais dolorosos do mercado de trabalho, aquele estado em que o trabalhador desiste de lutar. Esta semana foi divulgado o número do desemprego por desalento, são 4,6 milhões de pessoas, um aumento de 195% desde 2014.

Imagine a pessoa por trás dessa estatística. Ela procurou emprego, saiu dias a fio de casa com essa esperança, ficou numa fila de entrevista, mandou currículo e aguardou em vão a resposta, ouviu desculpas polidas e frias informando que poderia ser contatada em caso de necessidade. Foi barrada no escasso mercado de oferta de vagas por ser mulher, por ser preta ou parda, por morar longe ou em área de risco, por ser pobre, por ser considerada velha demais, por ser vista como jovem demais e sem experiência, por ter estudado pouco ou por estar mais qualificada do que o exigido. Ao voltar para casa, nunca tinha boa notícia. Foram dias, meses e anos. Foi desanimando aos poucos, foi perdendo a autoconfiança, um dia desistiu e parou de procurar. Esse é o fenômeno que o indicador pesquisa.

O retrato que o IBGE divulgou esta semana é a mais ampla análise do mercado de trabalho. É como se fosse uma foto que revelasse três camadas superpostas do problema. Acima, na superfície, estão os desempregados. São pessoas que procuraram emprego no último mês e não encontraram. São 13,7 milhões de pessoas na média do trimestre, 487 mil a menos do que no mesmo trimestre do ano passado. É um número imenso, mas essas pessoas ainda lutam. Há um segunda camada e já é uma parte meio submersa do problema. A pessoa conseguiu trabalho, um bico, um quebra-galho, um meio expediente, um serviço temporário, mas quer e pode mais. Trabalha menos do que está disponível. Aceitou o que apareceu. São 6,2 milhões de pessoas. Depois vem a camada mais profunda da desorganização do mercado de trabalho, o desalento. Este é o desemprego realmente oculto. Se a pessoa não procurou trabalho, ela não é considerada desempregada. Saiu da estatística. Está nessa situação uma multidão maior do que as populações de Belo Horizonte e Curitiba somadas.

Adriana Fernandes: Cessão onerosa à la Arno

- O Estado de S.Paulo

Para pagar a Petrobrás, o governo teria de remanejar despesas de outras áreas

A tentação é grande. Está em gestação no governo o retorno da contabilidade criativa no Orçamento da União para evitar que a revisão do contrato de cessão onerosa da área de exploração do pré-sal prejudique as contas públicas em 2018 e 2019.

As manobras contábeis foram uma prática condenada pelo Tribunal de Contas da União, que marcou o governo petista da ex-presidente Dilma Rousseff. Tiveram como principal patrocinador o então secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

Agora, alternativas semelhantes voltaram à mesa de discussão no governo. Tudo para que as despesas do Orçamento (seja de 2018 ou de 2019) não aumentem e furem o teto de gasto com o acerto (ainda difícil) entre a Petrobrás e o governo.

Depois de meses de negociação, a comissão interministerial, formada para costurar o acordo, apontou o que já era previsível no mercado: a União é devedora da companhia com a revisão do contrato assinado em 2010.

Embora os trabalhos da comissão ainda não tenham se tornado públicos, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, antecipou nesta sexta-feira que o governo terá que pagar à empresa - oito anos depois de a União ceder à petroleira o direito de explorar 5 bilhões de barris de petróleo em uma área do pré-sal sem a necessidade de licitação.

Pela cessão, a empresa pagou ao Tesouro Nacional R$ 74,8 bilhões, por isso a operação foi chamada de onerosa.

A dor de cabeça do governo é que essa dívida representará uma despesa discricionária e, como tal, deveria ser registrada na contabilidade pública. O problema é que para fugir dessa despesa, o governo quer pagar com alternativas que passem “por fora do Orçamento” e não necessitem de registro.

Fernando Gabeira: Coxinhas e mortadelas

- O Globo


Grupos formam uma oposição até bem-humorada. Mas quadro muda quando os mais radicais abusam das expressões fascista e comunista


Com a prisão de Lula, Palocci e, agora, José Dirceu, o PT sofre um duro baque. Os dois outros grandes partidos, PSDB e MDB, agonizam mais lentamente. Precisamente as escaramuças para driblar a Justiça e escapar da Lava-Jato, diante de uma plateia atenta, vão levá-los à perda de credibilidade.

Imaginam que ninguém percebeu que Gilmar Mendes soltou seus operadores. Gilmar funciona como um juiz de futebol que apita uma inexistente falta de ataque dentro da área. No futebol chamamos a isso de perigo de gol. Em termos jurídicos, é perigo de delação premiada.

José Dirceu, o último a ser preso, concedeu uma entrevista muito sensata e inteligente sobre a vida na cadeia, como sobreviver, como se comportar. Ele acha que a esquerda voltará ao poder, porque é esse o fio da história.

É perfeitamente possível que, num processo de alternância democrática, a esquerda volte ao poder. No entanto, é difícil para os velhos militantes abrirem mão desse fio da história, da crença de que ela tem um rumo e desembocará no destino previsto.

Isto, por mais que seja revestido de um verniz científico, é na verdade um contrabando religioso no pensamento político. Se a história tem um script determinado, o papel dos atores também é facilmente explicável, uns a favor outros contra o suposto rumo da história.

É um tipo de pensamento que facilita a divisão grosseira entre nós e eles. Contribuiu a seu modo para o desgaste de nosso tecido político, do avanço da intolerância.

Coxinhas e mortadelas, na verdade, formam uma oposição até bem-humorada. Uma oposição entre carne branca e vermelha que talvez viaje no nosso inconsciente antropofágico.

Hans Staden, um mercenário alemão que passou nove meses entre os tupinambás, foi certamente o primeiro coxinha da história. Quase o comeram. Escreveu um livro que arrebatou a Europa, um best-seller para a época.

Nos dias atuais, a sublimação do desejo de devorarmos uns aos outros não deixa de ser um avanço. No entanto, o quadro muda quando os setores mais radicais no espectro usam e abusam das expressões fascista e comunista.

PT cobra de governadores defesa da candidatura de Lula

Presidente do partido, Gleisi Hoffmann sofre pressão de outros líderes para lançar ‘plano B’ nas eleições

Ricardo Galhardo | O Estado de S.Paulo

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, convocou uma reunião com os cinco governadores petistas para a semana que vem, em Brasília, com o objetivo de estancar o movimento a favor de um plano “B” na eleição presidencial.

Na quinta-feira, 17, pouco depois de visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Gleisi telefonou para quatro dos cinco governadores petistas que estavam no Recife para uma reunião e mandou um recado direto do ex-presidente: Lula continua candidato.

Segundo fontes do PT, Fernando Pimentel (Minas Gerais), Tião Vianna (Acre), Rui Costa (Bahia) e Wellington Dias (Piauí) receberam o recado de Lula enviado por Gleisi. Camilo Santana (Ceará) também já foi comunicado sobre o posicionamento do ex-presidente.

A movimentação de Gleisi é uma reação à entrevista de Santana ao Estado na qual ele diz que o PT não pode “apostar no isolamento suicida” e deveria apoiar Ciro Gomes (PDT).

Nas últimas semanas, governadores petistas têm se movimentado no sentido contrário ao da direção partidária defendendo que o PT coloque em prática o quanto antes um plano “B” na eleição presidencial, sob o risco de ficar isolado no processo eleitoral e ver minguar tanto as bancadas no Congresso quanto o número de Estados governados pela legenda.

Governadores do Nordeste formam bloco coeso contra governo Temer e privatização da Chesf

A pauta do encontro abriu espaço para cobranças nas áreas da segurança pública, saúde, programas de assistência social, como Bolsa Família, repatriação de impostos e liberação de empréstimos

Por: Rosália Rangel | Diario de Pernambuco

A reunião dos governadores do Nordeste e de Minas Gerais realizada nesta sexta-feira no Palácio do Campo das Princesas foi além do debate contra a privatização do Sistema Eletrobras e suas subsidiárias, entre elas a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O encontro, na verdade, mostrou a disposição dos gestores para trabalhar unidos em defesa dos interesses da região e também a reação do grupo contra as medidas adotadas no Governo Temer. O nome do presidente, aliás, não foi citado em nenhum momento, mas a gestão dele foi duramente criticada. No final do encontro, foi divulgada a Carta do Recife, onde os governadores elencaram 11 pontos que consideram importantes para a retomada do desenvolvimento econômico dos estados nordestinos e a garantia dos serviços oferecidos à população.

“É uma carta em favor do Nordeste, mas em favor do Brasil também. Uma carta que coloca pontos fundamentais de atenção no âmbito federativo. Queremos mais diálogo, queremos condições de sentar na mesa”, disse em entrevista o governador Paulo Câmara (PSB). A pauta do encontro abriu espaço para cobranças nas áreas da segurança pública, saúde, programas de assistência social, repatriação de impostos e liberação de empréstimos.

“O Nordeste é uma região que fez seu dever de casa e tem sido penalizado nos últimos anos pelo corte de crédito. Todos os estados da região são poucos endividados e não têm acesso ao crédito para investimentos, concluir obras, gerar emprego e renda em um momento em que o Brasil passa pela maior crise econômica da sua história”, ressaltou Câmara.

Para o governador da Bahia, Rui Costa (PT), o “peso” da reunião foi de mostrar a unidade da região. “O quanto o povo tem sofrido com o atual governo federal e as diversas manobras para prejudicar a região. A restrição ao crédito é algo inacreditável. Imaginar que quem deve mais tem a possibilidade de tomar crédito e quem deve menos não pode. Todos os estados do Nordeste estão com baixo nível de endividamento”, complementou. “Nosso encontro aqui (no Recife) é uma reação de resistência democrática a esse cenário de retrocesso”, definiu Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais.

Em todos os discursos, os gestores demostraram indignação com as medidas adotadas pelo governo federal para a região. O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), citou os cortes feito no Bolsa-Família que, segundo ele, deixou de atender mais de 500 mil famílias e agora um novo anúncio reduz mais 300 mil. “Temos que reagir”, disse o petista. Sobre a privatização da Eletrobras e da Chesf a postura dos governadores foi ainda mais contundente. “Não se pode privatizar água, o rio, num momento em que o Nordeste conseguiu a chegada das águas do São Francisco com a transposição”, observou o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).

“O Nordeste está unido contra a privatização da Eletrobras e da Chesf e o estado de Minas Gerais está solidário conosco. Caso isso ocorra é a privatização do Rio São Francisco e da vazão da água e isso vai afetar milhares de famílias pernambucanas e nordestinas”, destacou Paulo Câmara. “Vender a Chesf é vender o Rio São Francisco. É entregar os nossos mananciais de presente para mãos privadas. Isso é uma incoerência”, criticou o governador do Rio Grande do Norte, Robison Faria (PSD). 

A Carta do Recife será encaminhada ao presidente Temer e os representantes do Congresso Nacional que, na próxima semana, inicia na Câmara dos Deputados o debate sobre a privatização do Sistema Eletrobras. O documento foi assinado pelos sete governadores presentes à reunião. O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) esteve apenas no início da reunião. Não compareceram Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe.

‘Não descarto a vice de Ciro’, diz Lacerda

PDT e PSB discutem o nome do ex-prefeito de Belo Horizonte como candidato à Vice-Presidência na chapa encabeçada por Ciro Gomes

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSB, o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda pode deixar a disputa para ser candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT). Essa possibilidade passou a ser discutida nos últimos dias por líderes dos dois partidos.

“Não descarto a possibilidade de ser vice do Ciro, mas não deixei a pré-campanha em Minas Gerais. Fiquei honrado com a lembrança. Se houver uma composição PDT-PSB, ela será em torno de princípios”, afirmou Lacerda ao Estado.

O ex-prefeito relatou que estão ocorrendo conversas entre as duas siglas, mas ressaltou que uma eventual aliança só será feita após uma consulta ampla ao seu partido. “Há uma simpatia no PSB pela aproximação com o PDT”, disse Lacerda.

Em entrevista recente ao Estado, Ciro afirmou que gostaria de um nome da “produção” e do Sudeste para ser vice em sua chapa. Na ocasião, citou o empresário mineiro Josué Gomes (PR), presidente da Coteminas. A conversa, porém, não avançou. Na semana passada, o Estado revelou que Benjamin Steinbruch, da CSN e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), filiou-se ao PP e passou a ser cotado para a vaga.

Uma aliança com PSB, porém, é vista como prioritária no entorno de Ciro. Esse cenário ganhou força após a desistência do ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB) de disputar à Presidência da República.

Convite. A relação entre Ciro e Marcio Lacerda precede a eleição. Em 2003, quando assumiu o Ministério da Integração Nacional de Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro convidou Lacerda para ocupar seu primeiro cargo público: o de secretário executivo na pasta.

Alckmin contrata marqueteiro de Doria

Presidenciável do PSDB monta estrutura de comunicação após cobrança de aliados

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

Pressionado por tucanos e aliados a melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) fechou na noite de quinta-feira, 17, o contrato com a equipe de comunicação que será responsável por sua campanha. Os profissionais serão remunerados pelo partido no período da pré-campanha, até 14 de agosto, e depois disso pagos com os recursos do Fundo Público Eleitoral.

Em reuniões fechadas, tucanos e aliados de outros partidos reclamam da postura de Alckmin até aqui. A avaliação de pessoas próximas ao ex-governador é que a agenda pública do tucano é tímida, as redes sociais estão sendo administradas de maneira burocrática e há pouca interação com a imprensa.

A insatisfação levou até um grupo restrito questionar a maneira pela qual Alckmin se desloca pelo País para compromissos em outros Estados. A decisão de usar aviões de carreira – uma opção mais econômica e vista até então como positiva por passar uma imagem de austeridade – foi contestada recentemente.

O grupo vê ainda a necessidade de reforçar as viagens pelo País para agendas fora da participação em feiras e eventos com outros presidenciáveis.

Tucano tem boa relação com MG, afirma Anastasia

- O Estado de Minas

Ao lado de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, o senador fez campanha no interior do estado

Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, o senador Antônio Anastasia disse que pretende fazer “muitas caminhadas pelo Estado” com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência da República.

“O governador Alckmin tem com Minas uma relação muito próxima, não só pela ascendência familiar, pois seu avô é mineiro, mas porque tem uma identidade com o Estado”, disse ele, na cidade mineira de Poços de Caldas.

Anastasia e Alckmin, presidente nacional do PSDB, se encontraram nessa sexta-feira à noite em um hotel para discutir estratégias de campanha no Estado.

Ao chegar para a reunião, o ex-governador de São Paulo foi alvo de protestos de manifestantes que disseram ser “da sociedade livre” e seguravam cartazes com os dizeres “cadê o dinheiro da merenda” e “governador que agride professor” e gritavam palavras de ordem, como “golpista”.

Alckmin não falou com a reportagem. Anastasia disse que o PSDB “sabe a importância” de um bom resultado eleitoral em Minas após o desempenho do partido na última eleição. Em 2014, os candidatos do PSDB à Presidência, Aécio Neves, e ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, foram derrotados em Minas, ambos por concorrentes petistas.

Aécio
Anastasia disse que o senador tucano Aécio Neves não será candidato à reeleição em outubro. “O Aécio não será. Ainda estamos discutindo os nomes, mas não vai ser ele”, disse.

Perguntado sobre os motivos da desistência de Aécio de tentar um novo mandato no Senado, ele respondeu apenas que “não vai ser”, sem dar mais detalhes. Sobre a possibilidade de o senador tucano concorrer à Câmara dos Deputados, Anastasia disse que essa possibilidade “está sendo considerada”.

'Alckmin entra no jogo a partir de agora', diz marqueteiro do tucano

- O Estado de Minas

Pressionado por tucanos e aliados a melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) fechou na noite de quinta-feira, 17, o contrato com a equipe de comunicação que será responsável por sua campanha. O marqueteiro de Alckmin será o jornalista Lula Guimarães, o mesmo da campanha vitoriosa de João Doria para a Prefeitura de São Paulo em 2016.

"Alckmin entra no jogo a partir de agora. Em 2016 o Doria chegou com 5% na boca da campanha, mas ganhou no primeiro turno", disse ele à reportagem. Além de Guimarães, também estarão no time o jornalista Carlos Graieb, ex-subsecretário de comunicação do governo paulista, que cuidará da assessoria de imprensa, e Marcelo Vitorino, que coordenará as redes sociais.

O jornalista Márcio Aith, que também foi secretário de comunicação de Alckmin, é o coordenador do grupo. A previsão do PSDB é que a campanha de Alckmin tenha um orçamento de R$ 70 milhões, sendo que 1/3 desse valor será destinado a comunicação. Os profissionais serão remunerados pelo partido no período da pré-campanha, até 14 de agosto. Depois disso, serão pagos com os recursos do Fundo público Eleitoral.

Temer deve anunciar desistência de reeleição em evento do MDB

Em conversas reservadas, o presidente reconhece não ter viabilidade eleitoral para disputar o cargo

Gustavo Uribe, Talita Fernandes | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer avalia anunciar oficialmente na próxima terça-feira (22) a desistência de uma candidatura à reeleição. No mesmo evento, ele deve comunicar seu apoio ao ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como o nome do MDB para disputar o Palácio do Planalto em outubro.

A ideia é de que o anúncio seja feito em evento que lançará o documento “Encontro com o Futuro”, que será usado como a plataforma do partido para a sucessão presidencial.

Em conversas reservadas, o presidente reconhece não ter viabilidade eleitoral para disputar o cargo. Ele tem dito que aumentou o volume de críticas desde que manifestou interesse em seguir no posto.

Apesar de já ter sido convencido a formalizar na terça-feira (22) sua saída da disputa, Temer disse a assessores e auxiliares que só tomará a decisão final na noite de segunda-feira (21), quando fechará seu discurso para o encontro.

A ideia inicial do presidente era confirmar a sua desistência apenas em julho, às vésperas das convenções partidárias. Sob pressão de seu próprio partido, contudo, ele decidiu antecipar o anúncio.

Com menos dinheiro, partidos buscam formar chapa com candidatos ou vices ricos

Empresários ricos são cobiçados por políticos, após mudança nas regras de financiamento

Bruno Góes / Catarina Alencastro | O Globo

BRASÍLIA — Antes de passar a ser cogitado como candidato a presidente da República — o “outsider” da vez, em articulações do bloco dos partidos de Centro —, o nome do empresário Josué Alencar, já estava no tabuleiro da sucessão presidencial desde que ele se filiara ao PR. Ele vinha sendo cortejado como “vice dos sonhos” tanto pelo pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, como pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia procurado o presidente da Coteminas numa tentativa de reeditar a chapa vitoriosa nas eleições presidenciais de 2002 e 2006 formada com o pai do empresário, José Alencar. Josué Alencar vinha sendo cobiçado também por políticos mineiros atrás de alianças locais.

Tanto assédio, segundo os críticos de Josué, só tem uma explicação: dinheiro. As mudanças nas regras de financiamento eleitoral fizeram com que empresários ricos passassem a ser disputados pelos partidos. Como os arranjos com empreiteiras se tornaram mais difíceis, políticos endinheirados surgem como uma solução fácil para o problema de caixa criado pela nova lei eleitoral. Em 2014, quando foi candidato ao Senado em Minas Gerais, Josué declarou patrimônio de R$ 96 milhões —– este seria, segundo alguns políticos, seu maior predicado eleitoral.

— O Josué está sendo muito cortejado, apesar do conteúdo político zero dele. Qual predicado que o Josué tem além de ser filho do José Alencar? Nenhum. Ele só é rico. Eu defendo o limite no autofinanciamento porque senão vai continuar tendo Josués, Dórias, Flávios. É gente que vai se impor na política pelo dinheiro — critica o líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG).

O partido de Delgado entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar fixar um limite ao autofinanciamento. Pelas regras atuais, quem tiver recursos pode financiar integralmente a campanha. A lei fixa apenas um limite máximo de gastos para cada cargo. Para a disputa presidencial, o teto é de R$ 70 milhões.

Dodge quer que inquérito de Paes e Pedro Paulo vá para a Justiça Federal do Rio

STF tinha mandado investigação para Justiça Estadual

André de Souza | O Globo

BRASÍLIA — A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o inquérito aberto com base na delação da Odebrecht para investigar o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) e o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) seja enviado para a Justiça Federal fluminense. Após a decisão do STF de restringir o foro privilegiado, Marco Aurélio, que é relator do caso, o enviou para a Justiça Estadual do Rio. Mas Dodge alega que a investigação trata de crime federal.

Dodge não especificou para qual vara quer que o caso seja enviado. Disse apenas que deverá ser "uma das Varas Federais Criminais da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro". Uma delas, a 7ª, é comandada pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava-Jato no estado.

Segundo Dodge, a apuração aponta o possível cometimento de um delito da lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional: efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do país, que prevê pena de dois a seis anos de prisão e multa. Trata-se de crime federal e, portanto, diz a procuradora-geral, o processo deve ficar na Justiça Federal.

Delatores da Odebrecht contaram que Pedro Paulo pediu e recebeu R$ 3 milhões para sua campanha em 2010. Eduardo Paes teria facilitado o contato entre o deputado e os executivos da empresa. Novas vantagens indevidas teriam sido pagas em 2012. Segundo os delatores, o então prefeito Eduardo Paes pediu e recebeu mais de R$ 15 milhões para sua campanha vitoriosa de reeleição, coordenada por Pedro Paulo. A Odebrecht teria feito a doação interessada na facilitação de contratos dos Jogos Olímpicos de 2016, realizados no Rio.

Em 2014, houve nova doação, dessa vez para Pedro Paulo, no valor de R$ 300 mil. O deputado e o ex-prefeito também são investigados por corrupção e lavagem de dinheiro, mas negam as acusações.

Em 3 de maio, o STF terminou o julgamento que restringiu o foro privilegiado de deputados federais e senadores. Apenas supostos crimes cometidos durante o mandato e em razão do cargo devem ser julgados na Corte a partir de agora. Paes não é parlamentar e não tem foro, mas, como era investigado em conjunto com Pedro Paulo, o caso dele também estava no STF.

DEM planeja anunciar Paes candidato ao governo do Rio em junho

Ex-prefeito intensifica movimento para lançar-se na disputa ao Palácio da Guanabara

Thiago Prado | O Globo

RIO —Filiado ao DEM desde o mês passado, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes está intensificando os movimentos nos bastidores para lançar-se candidato ao governo do estado. Na próxima segunda-feira, um jantar marcado na residência oficial do presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), com a presença de dezenas de prefeitos fluminenses, promete ser o pontapé inicial de uma pré-campanha que só não saiu do papel ainda por uma estratégia do próprio Paes. Embora o ex-prefeito se recuse a admitir publicamente que já aceitou entrar na disputa, seus movimentos recentes apontam claramente para o Palácio Guanabara. O GLOBO apurou que o DEM planeja anunciá-lo em junho como o nome do partido para a disputa.

As articulações esquentaram este mês. No início de maio, Paes encontrou-se com o deputado federal Indio da Costa (PSD), outro pré-candidato ao governo do Rio. Na conversa sobre o cenário eleitoral, Paes propôs que os dois caminhassem juntos este ano e em 2020. Pelo arranjo, Indio retiraria sua candidatura e, em troca, teria o apoio do ex-peemedebista na disputa pela sucessão de Marcelo Crivella daqui a dois anos. A conversa não teve sucesso, mas o grupo ligado ao ex-prefeito ainda acha possível costurar em Brasília um acordo para o PSD deslocar Indio para a corrida ao Senado. Os aliados de Paes dizem querer evitar a divisão de partidos de centro que ocorreu em 2016, quando Marcelo Crivella (PRB) venceu a eleição após PSD, PMDB e PSDB lançarem, respectivamente, Indio, Pedro Paulo e Carlos Roberto Osório.

— Zero chance de eu retirar a candidatura — afirma Indio, que diz ter aval do presidente do PSD, o ministro Gilberto Kassab, para ir até o fim na disputa pelo governo do Rio.

Para o jantar da próxima segunda-feira, em Brasília, quase todos os prefeitos dos 92 municípios do Rio foram convidados. Ficaram de fora apenas aqueles ligados ao ex-governador Anthony Garotinho (PRP), que também afirma querer se candidatar ao Guanabara. Embora o ex-prefeito tenha criado a rotina de receber políticos nos fins de semana em um imóvel alugado em São Conrado, está delegada a Rodrigo Maia toda a articulação política das alianças que a candidatura Paes poderá ter no Rio. O presidente da Câmara costura o apoio de várias siglas, entre elas PP, PR e Solidariedade. O PTB de Roberto Jefferson já garantiu que estará ao lado do ex-prefeito.

— Ele (Maia) está assumindo o papel que Jorge Picciani teve durante muitos anos no estado — afirma um aliado de Paes.

O mês de maio foi farto em boas notícias para Paes. No dia 3, o ex-técnico da seleção de vôlei Bernardinho (Novo) anunciou sua desistência de participar das eleições. Caso fosse uma opção nas urnas, ele poderia abocanhar votos em redutos eleitorais de Paes. Além disso, uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral derrubou uma decisão que tornava o ex-prefeito inelegível por oito anos. Agora, para entrar de vez na campanha, Paes aguarda o fim do seu contrato com a empresa chinesa BYD, que fabrica carros elétricos.

O ex-prefeito também espera os rumos da operação Lava-Jato no Rio. Ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o inquérito aberto com base na delação da Odebrecht para investigar Pedro Paulo e o ex-prefeito seja enviado para a Justiça Federal fluminense. Dodge não especificou para qual vara quer que o caso seja enviado. Se cair na 7ª, será comandada pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela prisão de Sérgio Cabral e outros antigos aliados de Paes no MDB fluminense.

Cristovam Buarque anuncia apoio à pré-candidatura de Izalci Lucas no DF

- Portal PPS

Além de anunciar nesta sexta-feira (18) que o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) vai concorrer ao governo do Distrito Federal, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que o parlamentar tucano terá o seu apoio na disputa pelo Palácio do Buriti nas eleições de outubro.

O grupo da “terceira via” no DF para dar sustentação à pré-candidatura de Izalci será composto por PSD, PRB, PMB, PSDC, PSC, Patriota e PSL. Cristovam ficará com uma das vagas da chapa para disputar a reeleição. O candidato a vice-governador e o segundo candidato ao Senado ainda serão definidos.

O presidente do PPS, Chico Andrade, disse que o apoio ao tucano vai ser definido pelo Diretório Regional do partido. “A nossa expectativa é, se o Diretório aprovar, termos uma chapa da qual não vamos nos envergonhar, que de esperança a todos nos”.

Sobre a aproximação com o ex-deputado Jofran Frejat (PR), anunciada nesta quarta-feira (16) no manifesto “Encontro por Brasília”. Cristovam disse que o pacto continua mantido. “Ele, pessoalmente, continua tendo espaço. E, se quiser conversar com a gente, estamos abertos”, afirmou.

Uma questão de Estado: Editorial | O Estado de S. Paulo

O eleitor brasileiro tem de estar ciente de que a reforma da Previdência não é uma questão de escolha circunstancial. Todos devem saber que, sem essa reforma, as contas públicas estarão condenadas ao colapso irreversível, com impacto negativo profundo, e por gerações, na capacidade do País de se desenvolver. Se houvesse essa consciência coletiva, os candidatos a presidente da República que ousassem questionar a pertinência e a urgência dessa reforma, como fazem os irresponsáveis populistas de sempre, seriam impiedosamente punidos nas urnas. Não se trata, portanto, de um tema meramente eleitoral, sujeito aos solavancos das pesquisas de intenção de voto. A reforma da Previdência é uma questão de Estado, acima de considerações políticas paroquiais e imediatistas.

Provavelmente foi essa ponderação que o presidente Michel Temer teve em vista quando disse ao Estado, em entrevista recente, que se dispõe a tratar com seu sucessor eleito uma forma de colocar a reforma da Previdência em votação antes da posse do novo governo. “Estou disposto a fazer um acordo com o futuro presidente, porque ainda dá tempo de aprovar a reforma da Previdência neste ano, em outubro, novembro e dezembro.” A intenção é permitir que o próximo governo já comece sem a penosa tarefa de ter de se dedicar à aprovação de uma reforma tão bombardeada pelas ruidosas corporações habituadas a parasitar o Estado.

Dias turbulentos: Editorial | Folha de S. Paulo

Alta acelerada do dólar leva o BC a interromper queda dos juros e acentuar incertezas no mercado

Provocou compreensível celeuma a decisão do Banco Central de manter inalterada a taxa básica de juros, na quarta-feira (16).

Além de debate entre economistas, a consequência prática imediata da atitude inesperada do BC foi um rearranjo de aplicações financeiras —até então pautadas pela expectativa de uma redução da Selic de 6,5% para 6,25% ao ano.

Tais mudanças nos negócios e as dúvidas restantes sobre os motivos e a estratégia futura da autoridade monetária provocaram desordem no mercado.

Por si só, essa medida produzirá impactos relativamente menores no médio prazo. No que diz respeito ao crescimento econômico, a influência é de todo modo pequena e, neste ano em particular, quase nula, pois o efeito de alterações nos juros demora ao menos seis meses para se fazer sentir.

Dadas a lentidão da retomada da atividade e a inflação abaixo até do piso da meta (3%), seria razoável considerar uma extensão da ofensiva de cortes da Selic.

Para o BC, no entanto, a recente alta das cotações do dólar, acelerada e por ora sem limite previsível, pode elevar os preços.

Calendários da economia e da política não coincidem: Editorial | O Globo

Existem motivos concretos para o nervosismo nos mercados mundiais, em especial nas economias ditas emergentes, em que sempre há alguma vulnerabilidade. O crescimento firme da economia americana, na faixa dos 2,5%, com o desemprego no nível de 4%, depois de ter chegado a 10% no governo Obama, garante que a fase de juros muito baixos chega ao fim nos Estados Unidos. Para que a inflação não volte com força.

Como tantas vezes, o dinheiro que gira nos mercados mundiais tende a buscar títulos do Tesouro americano, os mais seguros do mundo, que se tornam ainda mais atrativos com um rendimento mais elevado.

O Brasil já foi apanhado algumas vezes nessas situações, de forma precária: com reservas baixas ou mesmo inexistentes, forçando o país a buscar ajuda no FMI — como acaba de fazer a Argentina —, e com inflação elevada. Agora, o país está entrincheirado com reservas acima de US$ 350 bilhões e inflação na proximidade de 3%, abaixo da meta de 4,5%. Mesmo assim, o dólar, claro, segue a tendência mundial, e pode ter mudado de patamar, para um nível mais elevado. No lado real da economia, os sinais não chegam a desanimar, porém deixam de confirmar previsões feitas na virada do ano de um crescimento mais firme, que se refletiria num movimento mais intenso de geração de empregos. Não é o que acontece. De acordo com o IBGE, em quatro anos o número de pessoas que desistem de procurar emprego, por desalento, cresceu 195%, chegando a 4,6 milhões no primeiro trimestre, um recorde.

Como nas retomadas, a perspectiva de emprego faz as pessoas voltarem a procurar alguma colocação e, assim, pela metodologia estatística, elas voltam a ser contabilizadas como desempregadas. Mas, se a economia está mesmo crescendo, o índice de desemprego cairá em seguida. Isso ainda não se confirmou. E o prognóstico a partir do IBCBr, que procura antecipar o PIB, não é otimista: caiu 0,13% no primeiro trimestre.

Vinicius de Moraes: Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...