terça-feira, 24 de julho de 2018

Roberto Freire: Bolivarianismo revela-se totalitário e assassino

- Diário do Poder

O PPS entrou, lá trás, no FORO DE SÃO PAULO, uma plenária de partidos e organizações de esquerda da América Latina.

Quando o bolivarianismo – capitaneado por Cuba e pela Venezuela – se tornou hegemônico neste movimento, o PPS o deixou, formalmente.

De instrumento de construção de um pensamento amplo de esquerda no subcontinente, o Foro de São Paulo passou a ser uma correia de transmissão de um pensamento prototalitário e populista, revestido de tinturas de esquerda.

Nosso nome, apesar de pedirmos formalmente há mais de uma década, a retirada, ainda consta nesse movimento.

Há dias, reuniu-se o Foro São Paulo em Cuba.

Não deu outra.

Foi reiterado o apoio às protoditaduras da Venezuela e da Nicarágua.

O discurso é o de sempre. Forças do “império do mal” e da “direita”, partiram para derrubar regimes “populares, democráticos, progressistas, anti-imperialistas”.

O modelo nesses regimes segue o mesmo padrão.

Os limites à reeleição da Presidência da República são abolidos. O Judiciário é subordinado ao Executivo e passa a coonestar as decisões do primeiro-mandatário.

O Parlamento, a princípio com certa pluralidade, quando os bolivarianos perdem a hegemonia é simplesmente substituído por outra entidade, um simulacro de Parlamento, este formado diretamente pelos apoiadores do regime.

Sem democracia, sem alternância de poder, sem locus apropriado para que os conflitos se apresentem e sejam negociados e arbitrados, instaura-se a rebeldia, de diversas colorações políticas e ideológicas.

Na Nicarágua, Daniel Ortega aboliu os limites à reeleição.

A vice-presidência é de sua esposa.

Todos os poderes foram subordinados ao Executivo, diga-se, ao ditador.

Conflitos normais em uma democracia tornam-se conflagrações contra o governo.

350 cadáveres é o resultado dos conflitos na Nicarágua, parte expressiva deles produzidos por paramilitares apoiadores do regime.

No Brasil, os partidos de esquerda irmãos, aliados e amigos dos bolivarianistas do Foro de Sã Paulo ou se calam diante dos acontecimentos da Venezuela e agora, brutais, da Nicarágua, ou partem para o apoio, sempre travestidos das mesmas justificativas, de que a violência estatal se dá em resposta aos eternos “inimigos da pátria”.

O lulopetismo brasileiro é cúmplice de Maduro, na Venezuela.

E agora, é parceiro da ditadura de Ortega na repressão assassina aos nicaraguenses que exercem o elementar direito democrático de dissentir.

Deixo claro, em nome da Presidência do Partido Popular Socialista, e em meu nome, o repúdio às ditaduras da Venezuela e da Nicarágua, minha solidariedade aos povos desses países pelos seus direitos democráticos.

Lamento que o Partido dos Trabalhadores tenha enxovalhado a reputação das esquerdas brasileiras no que toca aos métodos nada republicanos de fazer política e agora, no plano internacional, esteja associado publicamente ao totalitarismo em sua prática de violentar e eliminar fisicamente opositores.
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Roberto Freire é presidente do Partido Popular Socialista.

Bolívar Lamounier: Estará a democracia acabando — novamente?

- Revista Istoé

Não sou ingênuo. Sei que nem todos os habitantes do Congresso e do STF morrem de amores pelos avanços em curso. Mas, vistos em conjunto, creio que tais avanços são irreversíveis

Os principais jornais e revistas do Primeiro Mundo andam meio obcecados com o tema do “fim da democracia”. Entra dia, sai dia, algum deles sentencia que o princípio da representação política parece esgotado. Mas, claro, esquiva-se de explicar qual será a alternativa.

Dediquei algumas páginas a esse tema no capítulo 2 de meu livro “Liberais e antiliberais” (Companhia das Letras, 2016). Mostrei que essa linha de argumentação aparece já bem configurada nas primeiras décadas do século 20, e reaparece de forma cíclica, praticamente nos mesmos termos.

No momento atual, não se requer muito esforço para perceber que, de fato, existe um mal estar mundial. A tecla da morte da democracia é martelada por toda parte, e os adeptos dessa tese geralmente nem se dão ao trabalho de ressaltar que o mal estar é geral, mas suas causas não são idênticas de um país a outro. Como também não são idênticos os setores ideológicos e partidos que propagam tal ideia.

Na edição anterior de Istoé, foi a vez do sociólogo Manuel Castells, professor da Universidade da Califórnia, Berkeley. Castells é um analista fino, que maneja muito bem os dados da realidade, e por isso merece ser lido com atenção. Esquematicamente, o que ele diz é que as democracias estão se autodestruindo por causa da corrupção. Não sei se o que o levou a explorar esse tema foi principalmente a atual situação brasileira, mas pergunto: a corrupção está acabando com a democracia brasileira? Pode ser que sim, pode ser que não.

A afirmação contrária me soa igualmente plausível. Podemos perfeitamente sustentar que, nesse aspecto, a democracia nunca mostrou tamanho vigor em nosso País. Um de nossos maiores empresários passou dois anos na cadeia, um ex-presidente, já condenado em segunda instância, está recluso há mais de cem dias, e os demais que se encontram na mesma condição representam quase todo o espectro partidário.

Pela primeira vez em nossa história, podemos dizer que o regime democrático já não se resume à realização de eleições periódicas. Está chegando àquele estágio em que transparência e accountability (a devida responsabilização penal dos infratores) entram efetivamente na equação. Não sou ingênuo. Sei que nem todos os habitantes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal morrem de amores pelos avanços em curso. Mas, vistos em conjunto, creio que tais avanços são irreversíveis.

Hamilton Garcia: A que herança renunciamos? (Do socialismo científico ao socialismo mítico)

O título principal do artigo é uma referência ao texto do revolucionário socialista russo Vladimir Lênin escrito em 1897, onde ele, à semelhança de Marx e Engels n’A Ideologia Alemã (1846), procurava situar a luta socialista nos marcos do realismo empírico (socialismo científico) – ou seja, da modernidade fundada, a duras penas, nas révolutions citoyens dos séculos anteriores –, em oposição ao idealismo romântico (socialismo utópico) predominante na esquerda da época.

Se no trabalho de Marx&Engels1 o foco era o idealismo crítico da esquerda alemã, que acreditava ser possível combater “o mundo real lutando contra a ‘fraseologia’ do mundo’”, numa “luta filosófica contra as sombras da realidade” – de novo em voga no séc. XXI –, no de Lênin2 o alvo é a crítica populista ao capitalismo, que se transformara em repulsa ao desenvolvimento e apologia à comunidade rural originária russa.

Enquanto nossos autores alemães3 refutavam seus filósofos por não terem se lembrado “de procurar a conexão da filosofia alemã com a realidade alemã, a conexão de sua crítica com o seu próprio ambiente material”, nosso russo4 condenava os populistas por ignorarem as mudanças causadas pelo capitalismo na realidade rural da Rússia, mantendo uma visão romântica do campo e, assim, fazendo “o jogo da estagnação e de toda a sorte de asiatismos” ao comparar “sempre a realidade do capitalismo com a ficção do regime pré-capitalista”, daí concluindo pela superioridade do segundo – o que hoje fazemos em benefício dos povos naturais e das populações vulneráveis.

O que animava a corrente realista da esquerda, desde o Manifesto Comunista (1848), era a ideia de que “(…) não é possível conseguir uma libertação real a não ser no mundo real e com meios reais; (…) não é possível abolir a escravatura sem a máquina a vapor e a mule-jenny (fiação automática), nem a servidão sem uma agricultura aperfeiçoada (…). A ‘libertação’ é um fato histórico, não um fato intelectual, e é efetuada por condições históricas, pelo nível da indústria, do comércio, da agricultura”5.

Daniel Aarão Reis: As ilusões da memória

- O Globo

Não poucos líderes estudantis cultivavam também uma noção, difusa, de que a ditadura brasileira seria vencida

‘Não faremos como os colegas de 1968, não lutaremos pelo poder”. A frase, de autoria de um líder estudantil, foi recordada em recente entrevista de Vladimir Palmeira. Trata-se de um equívoco, a ser esclarecido, mesmo porque continua sendo compartilhado por uma certa memória social que confunde numa mesma aventura as lutas dos estudantes daquele ano e as experiências guerrilheiras de luta armada que marcaram a história do país entre 1966 e 1974.

A confusão, como é próprio do exercício memorialístico, tem fundamentos reais. As maiores lutas estudantis e as primeiras ações armadas ocorreram numa mesma temporalidade, 19661968. Por outro lado, eram inegáveis as simpatias da maioria dos estudantes pelos vietnamitas em guerra contra a invasão dos EUA, assim como pela saga do Che Guevara, assassinado na Bolívia, em 9 de outubro de 1967. Não poucos líderes estudantis cultivavam também uma noção — difusa — de que a ditadura brasileira seria vencida, em algum momento, pela mesma força — armada — com que se impusera. Tais referências seriam ainda mais defendidas depois do Ato Institucional nº 5, que fechou as possibilidades, por tempo indeterminado, de alterações pacíficas do poder, e incentivou inúmeros estudantes a aderir às organizações comprometidas com a luta armada.

Estas aproximações não autorizam, porém, a estabelecer um sinal de igualdade entre os movimentos sociais estudantis e a luta armada contra a ditadura. Coincidindo no tempo e muito embora compartilhassem algumas importantes referências, constituíram linhas de força autônomas, de qualidade diversa.

As concepções de luta armada começaram a fermentar antes mesmo do golpe de 1964. Inspiravam-se nos exemplos de revoluções vitoriosas (Rússia, China, Cuba, Argélia), e em movimentos de libertação nacional que se fortaleciam na época. Tratava-se, segundo o paradigma então hegemônico entre os revolucionários, de tomar o poder central pela violência e, a partir daí, sob a vigência de uma ditadura revolucionária, efetivar as mudanças consideradas essenciais para a construção de uma nova sociedade.

No Brasil, tais perspectivas nutriam-se também da desesperança de que reformas profundas pudessem ter lugar de modo pacífico. A partir do golpe civil-militar de 1964, renomados intelectuais construíram, com suas obras, uma espécie de “utopia do impasse”. O Brasil entrara num beco sem saída. A repressão cresceria sem parar. A luta armada impunha-se como “solução” inevitável.

Eliane Cantanhêde: O candidato do sistema

- O Estado de S.Paulo

Bolsonaro tem voto, não apoio político; Alckmin tem apoio político, mas precisa de voto

Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin estão em situações exatamente opostas na corrida pela Presidência. Bolsonaro tem sólidas intenções de voto, mas não apoios políticos e garantia de governabilidade. Alckmin é o contrário: tem sólidos apoios políticos, mas precisa revertê-los em intenções de voto.

Sob outra ótica, o capitão reformado do Exército é o outsider numa campanha marcada pela irritação e pelo desprezo pela política. Já o ex-governador de São Paulo é o candidato do “sistema”, ou do status quo, aquele que transmite segurança em meio a tantas crises e a tanta insegurança na política e na economia. Notícia boa para a campanha do tucano equivale a notícia boa nas Bolsas e no mercado de câmbio.

Bolsonaro dialoga diretamente com o eleitor e a eleitora, numa linguagem que eles entendem e replicam. Alckmin discursa para o mercado, o mundo político, os formadores de opinião. Nesse confronto, Bolsonaro tentava uma pressão de baixo para cima: usar seu apoio popular para conquistar apoio político. Não deu certo. E Alckmin passa a tentar uma pressão de cima para baixo: usar seu apoio político-partidário para conquistar votos populares. Dará certo?

A pergunta-chave para Bolsonaro vem do alerta feito pela peculiaríssima professora Janaina Paschoal, cotada para ser sua vice: sem alianças e sem ampliar o diálogo, como Bolsonaro vai garantir condições de governabilidade, caso eleito? Isso não é brincadeira, é muito sério. Já a pergunta-chave para Alckmin é, mais uma vez, no sentido oposto: ser o candidato do “sistema”, dos mercados, da elite e do Centrão atrai ou afasta votos? Engrossa ou não os porcentuais nas pesquisas?

Merval Pereira: Política em tempos interessantes

- O Globo

É sintomático que nenhum candidato tenha escolhido um vice até agora. É sintomático desses tempos interessantes que vivemos no país, no sentido da maldição chinesa de instabilidade e caos, que nenhum candidato tenha escolhido até agora um vice. Se é verdade que vice não ganha eleição, ajuda a governar, como foi o caso de Marco Maciel, do PFL, nas gestões de Fernando Henrique, ou sinaliza uma tendência, como a escolha de José de Alencar nos governos de Lula. Ou até mesmo de Temer nos governos Dilma.

Oque os candidatos estão buscando, nesse nosso presidencialismo de cooptação, é tempo de televisão e a chamada governabilidade, que tantos escândalos já justificou. O mais bem-sucedido até o momento, pelo menos aparentemente, é Geraldo Alckmin, do PSDB, que está para anunciar um acordo político com o chamado centrão.

Na sua forma embrionária e não tão tóxica, o centrão já foi de Fernando Henrique, e depois de Lula e de Dilma, gerando o mensalão e o petrolão. Todos os demais candidatos estão isolados em suas posições, para o bem e para o mal.

O PT não abre mão de dominar o espaço da esquerda e quer esticar a corda ao máximo, na tentativa de colocar a foto de Lula na urna eletrônica. Tudo indica que não conseguirá, e o projeto pessoal de Lula deve inviabilizar a união dos partidos de esquerda, que, se não têm muitos votos, reforçariam o sentido ideológico de uma candidatura única.

Assim como controlou a esquerda engolindo Leonel Brizola, depois de vencê-lo em 1989 e fazê-lo seu vice em 1998, Lula não aceita apoiar Ciro Gomes, do PDT, o mais bem colocado candidato identificado com a esquerda. E tenta manter outros partidos menores, como o PCdoB e o PSOL, sob sua asa. Mesmo com candidatos próprios, esses partidos não oferecem perigo à hegemonia do PT.

Bruno Boghossian: Bem-me-quer, malmequer

- Folha de S. Paulo

Viciados na regra do jogo, candidatos flertam com atores que apontam como vilões

No fim do ano passado, Ciro Gomes (PDT) deu ênfase às palavras para dizer que não seria incoerente em suas alianças. “Não confraternizo com golpista”, declarou. Sete meses depois, jantou com Rodrigo Maia(DEM) e caciques de PP, Solidariedade e PRB —personagens centrais do impeachment.

A atitude camaleônica dos presidenciáveis é a prova de que os vícios do jogo político são, na verdade, regras oficiais. Com naturalidade, os principais concorrentes mostraram sua disposição em encarar a lógica das conveniências eleitorais.

Ciro afirmava que as coalizões presidencialistas eram arranjos com “expectativa de roubalheira”. Em tom quase lamurioso, agora diz que precisa “aceitar este balé”.

Não foi por outro motivo que Jair Bolsonaro (PSL) flertou com Valdemar Costa Neto. Quando estava prestes a assinar com o PR, esbravejava contra aqueles que o questionavam: “Vocês querem que eu fique sem televisão, é isso?”.

Bolsonaro perdeu Valdemar, mas atacou com gosto o acerto do centrão com Geraldo Alckmin (PSDB). Em sua convenção, agradeceu ao tucano por ter “juntado a nata do que há de pior no Brasil a seu lado”.

Raymundo Costa: A escolha de Meirelles

- Valor Econômico

"Temos condições de ganhar a eleição com chapa pura"

Dos grandes partidos, falta só definir o candidato do MDB e o avatar de Lula nas eleições de outubro. Fernando Haddad parece o preferido do ex-presidente, mas chama a atenção que o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli, nome da copa e cozinha de Jaques Wagner, seja o escolhido para coordenar a campanha do PT. A outra definição é a de Henrique Meirelles, um candidato improvável que parecia fadado a ser engolido pela máquina do MDB mas acabou por assimilar rapidamente os maneirismos da política

A candidatura Meirelles foi inventada no Planalto, depois que fez água o projeto de reeleição do presidente Michel Temer. Mas ontem o ex-ministro da Fazenda esteve no Paraná, onde desde sempre o senador Roberto Requião controla o MDB, em geral na oposição ao comando partidário. O anfitrião foi um sobrinho de Requião, o deputado João Arruda: "A gente fala de chamar o Meirelles. Eu chamei o Meirelles aqui. Porque ele tem credibilidade, seriedade e moderação", avalizou.

A convergência da situação com a oposição, no Paraná, não significa dizer que Meirelles está 100% certo na convenção. Mas está perto. Recentemente, Meirelles passou em revista os votos dos delegados com Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil especialista na contabilidade de votos do MDB; Padilha previu que Meirelles terá algo em torno de 450 dos 629 votos dos delegados (ao todo são 443 convencionais, vários deles com direito a mais de um voto).

O MDB fez um esforço muito grande para não chegar na hora agá sem homologar a candidatura de Henrique Meirelles no dia 2. Por exemplo: acaba de alugar uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para sediar o comitê eleitoral do candidato. A campanha não tem apenas um, mas dois marqueteiros tratando da imagem do ex-ministro da Fazenda de Temer. Também tem uma equipe de comunicação completa. Uma estrutura financiada pelo candidato, homem de posses, o que só alivia as finanças do partido para os objetivos de eleger o maior número de governadores e a maior bancada de deputados federais.

Ricardo Noblat: Caça ao vice

- Blog do Noblat | Veja

Tempos estranhos

Foi reaberta a temporada de caça a quem queira ser o vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e de Jair Bolsonaro (PSL), candidatos à sucessão do presidente Michel Temer.

Pior é a situação do PT que a menos de 80 dias das próximas eleições tem um candidato a presidente que acabará impedido de disputar, e por ora nem cogita de ter um vice.

O empresário Josué Gomes (PR), filho do ex-vice-presidente da República José Alencar, conversou, ontem, com Alckmin em São Paulo e pediu mais tempo para dizer se aceita ou não ser vice dele.

Alckmin ficou com a certeza de que ele não será. Tampouco será vice do governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição em Minas Gerais. O sonho de Gomes era ser vice de Lula.

Bolsonaro está atrás do seu plano D. O discurso da advogada Janaina Paschoal na convenção que o lançou candidato a presidente desagradou a ele e a todo mundo dentro do PSL.

O plano A de Bolsonaro para vice era o senador Magno Malta (PR-ES), que não topou. O B, o general Augusto Heleno (PRP). Foi o PRP que não topou. Quem poderá ser agora, nem Bolsonaro sabe.

Em 2014, Gomes disputou uma vaga ao Senado pelo PMDB mineiro. Apresentou-se como o candidato de Lula e de Dilma. Acabou derrotado por Antonio Anastasia (PSDB).

Em abril último, Gomes trocou o PMDB pelo PR de Valdemar Costa Neto a conselho do ex-ministro José Dirceu. Ouviu de Dirceu que poderia ser vice de Lula ou até candidato a presidente do PT.

O PR de Costa Neto, bem como outros quatro partidos que se abrigam sob uma sigla chamada Centrão, decidiram apoiar Alckmin, indicando Gomes para vice dele. Aí a coisa enroscou.

Perder Gomes como vice não provocará maiores estragos às pretensões de Alckmin. Ele terá em Minas o palanque de Anastasia, candidato ao governo e à frente das pesquisas de intenção de voto.

Alckmin deverá retomar seu plano A – um vice do Nordeste.

Luiz Carlos Azedo: Apertem os cintos

- Correio Braziliense

Temer viaja, Cármem Lúcia assume a Presidência e Dias Toffoli comanda o Supremo Tribunal Federal (STF)

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, assumiu o Palácio do Planalto ontem. O presidente Michel Temer viajou ao México, onde participa do encontro de líderes dos países do Mercosul e da Aliança do Pacífico, e depois seguirá para a 10ª Cúpula do Brics, grupo que reúne, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anfitriã do encontro, em Joanesburgo.

Com isso, o vice-presidente do STF, ministro Dias Toffoli, assumiu o comando da Corte interinamente. Até o fim da semana, decidirá questões urgentes que chegarem ao plantão do tribunal. O Supremo está em recesso. Os trabalhos serão retomados somente em 1º de agosto. O primeiro da linha sucessória é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o segundo, o do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). A legislação eleitoral, porém, impede a candidatura de ocupantes de cargos no Executivo nos seis meses que antecedem as eleições. Dessa forma, se Maia ou Eunício assumissem a Presidência, ficariam inelegíveis e não poderiam disputar as eleições de outubro.

Em setembro, Dias Toffoli assumirá a cadeira de presidente do STF por dois anos em função do término do mandato de Cármen Lúcia, que começou em 2016. A interinidade de Toffoli está sendo comemorada pelos advogados dos réus da Operação Lava-Jato, que veem nele uma oportunidade de ouro para conseguir habeas corpus em favor dos acusados, na linha que vem sendo adotada pela Segunda Turma do STF, conhecida como Jardim do Éden. Foi numa das sessões dessa turma que, monocraticamente, Toffoli concedeu habeas corpus ao ex-ministro José Dirceu, livre de qualquer restrição de liberdade, inclusive o uso de tornozeleira eletrônica.

Nos bastidores do Judiciário, porém, advogados experientes acreditam que o ministro pautará a atuação na interinidade pela moderação e respeito às decisões já tomadas por Cármen Lúcia, entre as quais está a defesa da execução imediata da pena de prisão após condenação em segunda instância, caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No decorrer da semana é que saberemos o que pretende fazer, mas é bem possível que os advogados de Lula façam mais uma tentativa de liberá-lo da prisão em Curitiba. Dificilmente, porém, Toffoli contrariaria o encaminhamento já dado ao caso pela presidente do Supremo e pela sua colega do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz. Provocaria uma crise no Judiciário, de proporções inimagináveis.

Temer chegou ontem à tarde em Puerto Vallarta, para um encontro com o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que está em fim de mandato. A reunião é importante por causa do contencioso do presidente norte-americano Donald Trump com os vizinhos mexicanos. O encontro do Mercosul com a Aliança do Pacífico, da qual os Estados Unidos se retiraram, pode ser um avanço para as relações comerciais brasileiras, pois tem o propósito de facilitar o comércio, a cooperação regulatória e a agenda digital.

Mercosul e a Aliança do Pacífico representam 90% do Produto Interno Bruto (PIB) e dos fluxos de investimento externo direto na América Latina e Caribe. No último ano, o comércio entre os dois blocos chegou a US$ 35,3 bilhões, 18% a mais em relação a 2016. O comércio do Brasil com a Aliança do Pacífico cresceu 21,4% no período, um aumento de US$ 25 bilhões.

Míriam Leitão: O difícil retorno

- O Globo

País não criou antídotos contra a mentira, e enganos já estão sendo distribuídos aos eleitores. Em época de eleição, candidatos mentem ou simplificam situações complexas. Em 1990, Collor iria derrotar a inflação com um tiro, em 1998, Fernando Henrique adiou o ajuste do câmbio, em 2014, Dilma Rousseff negou que o país estivesse entrando em recessão. Quem diz agora que será fácil resolver a crise fiscal e retomar o crescimento sustentado está vendendo gato por lebre.

Em 1990, o tiro de Collor saiu pela culatra e atingiu o país inteiro. Com o plano do sequestro da poupança, houve uma recessão de 11 trimestres, e a economia precisou de sete trimestres para voltar ao ponto em que estava em 1989, como mostrou a reportagem de ontem de Cássia Almeida neste jornal. Em 1998, Fernando Henrique adiou o ajuste do câmbio que explodiu em 1999. Em 2014, Dilma em todas as entrevistas negava a crise, explicava que os “indicadores antecedentes” mostravam que a economia não estava em crise, como fez no Jornal Nacional. Que nada! Os erros que ela cometeu durante o primeiro mandato estavam cobrando a conta já em 2014. Os números vieram depois, mas os sinais eram visíveis e uma propaganda cara, e paga com dinheiro sujo aos marqueteiros João Santana e Monica Moura, criou o biombo que enganou milhões.

Era o começo da mais longa das nossas recessões. Olhando o passado, dos nove períodos recessivos desde 1980, só dois têm o tamanho do que entramos no último ano eleitoral. A recessão da crise da dívida nos anos 1980, nos estertores do regime militar, e a do Plano Collor. A atual consumirá ao todo, segundo a FGV, que fez o estudo citado na reportagem, 16 trimestres na lenta caminhada de volta ao ponto de partida, ou seja, ao começo de 2014.

*Rubens Barbosa: Cartórios, uma das jabuticabas nacionais

- O Estado de S.Paulo

Só aqui um órgão privado tem tanto poder de interferir na vida das pessoas e das empresas

Em Portugal, nos idos de 1512-1521, nas Ordenações Manuelinas, assim como privilégios, foro privilegiado, direitos adquiridos, entre outras estripulias burocráticas, os cartórios foram minuciosamente regulados. Herdeiros do período colonial, ainda estamos em 2018 discutindo como dar cabo do foro privilegiado e reduzir privilégios. O corporativismo que conquistou tantas vantagens e exceções está longe de ter o seu poder afetado. O valor probante dos escritos dos atos notariais e registrais é a cada dia ampliado com a inclusão de novas áreas e o correspondente aumento da receita dos cartórios.

A simplificação e a redução da burocracia que tanto emperra a vida das pessoas e das empresas devem ser ampliadas dentro de uma visão mais abrangente de reforma do Estado. A revista Interesse Nacional, em sua mais recente edição, publica excelente artigo de Daniel Bogéa em que defende a construção de uma política permanente de desburocratização, que tenha o cidadão como alvo número um e assuma como princípio-guia a confiança nas relações Estado-sociedade. Nesse sentido, resgata o Projeto Cidadão, executado nos idos dos anos 80, por Hélio Beltrão, mas que gradualmente foi sendo esquecido, para prejuízo de todos. O então Ministério da Desburocratização fez um levantamento das questões de natureza burocrática que afetavam – e ainda hoje afetam – o dia a dia do cidadão comum, desde o seu nascimento até a sua morte. Não se levou em conta se esses problemas são do governo federal, estadual ou municipal, do Executivo ou do Judiciário. Essas disfunções muitas vezes acabam tendo de ser resolvidas numa das instituições corporativas que cada dia ganham mais força.

José Casado: À sombra do passado

- O Globo

Refugiados no túnel do tempo, partidos e candidatos dissimulam a incapacidade de entender o eleitorado, que enxerga um confronto entre o Estado e os cidadãos

Três partidos foram ao Supremo Tribunal Federal pedir música na campanha eleitoral. “Não é apenas entretenimento” — argumentam PT, PSOL e PSB na ação (ADI 5970) —, “mas um legítimo e importante instrumento para manifestações de teor político”.

Desejam voltar à era dos showmícios, quando candidatos atraíam o público às praças com a magia musical e, nos intervalos, vendiam alegres utopias, logo desmentidas pela realidade. Quem mais abusou do artifício foi Fernando Collor, na campanha em que derrotou Lula 29 anos atrás.

Na essência, esse bloco partidário que se autodenomina de esquerda protocolou no
_ Supremo uma confissão de impotência para renovar para se candidatar à Presidência da República seu projeto, lideranças, meios de se comunicar (Campos morreu num acidente aéreo). e a própria mensagem. Na oposição está Marília, 34 anos, neta de Arraes.

O refúgio no túnel do tempo ajuda a dissimular a Vereadora no Recife, rompeu com os primos do incapacidade de entender as ansiedades do eleitorado, PSB e migrou com o sobrenome para o PT. É candidata que não vê uma cisão entre “trabalhadores” e ao governo contra a vontade da burocracia petista, “burguesia”, mas enxerga com nitidez um confronto que deseja sua renúncia. Motivo: uma aliança entre Estado e cidadãos, entre a sociedade e seus com o PSB aumentaria em 51% o tempo de propaganda governantes — como demonstram pesquisas do PT eleitoral do PT (de 171 para 258 minutos). na periferia de São Paulo. Paulo e Marília também cultuam Lula, pernambucano

Em Pernambuco tem-se outro exemplo dessa do agreste, há mais de cem dias fuga nostálgica. Partidos e candidatos se transformaram cumprindo pena em Curitiba por corrupção e em reféns de dois personagens — um lavagem de dinheiro. Ao ritual juntou-se um terceiro mito e um encarcerado. candidato a governador, Armando Monteiro

Para Padilha, Bolsonaro desidrata

Por Carla Araújo e Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA- O ministro-chefe da Casa Civil e vice-presidente do MDB, Eliseu Padilha, afirmou ao Valor que são grandes as chances de um dos candidatos do chamado "centro" à Presidência da República disputar o segundo turno da eleição contra um postulante do PT. Será uma "anomalia" se o adversário do PT na reta final for o deputado Jair Bolsonaro (PSL), diz um dos homens de confiança do presidente Michel Temer. Ele afirma que Meirelles pode ser o nome do "centro".

Padilha diz que Temer orientou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a fornecer informações da área econômica aos coordenadores financeiros dos pré-candidatos à sucessão para que, na campanha, possam apresentar propostas condizentes com a saúde fiscal do país.

O ministro afirma que há "grandes chances do PT ter um candidato deles no segundo turno, e subir algum do centro" para a outra vaga. "Isso é que é o normal, a anomalia é se nós tivermos o [Jair] Bolsonaro no segundo turno junto com PT".

Padilha admite que, mesmo preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que é pré-candidato do PT ao Planalto -, ainda exerce uma influência eleitoral "muito grande". Lula está preso há mais de 100 dias em Curitiba, mas é líder nas pesquisas de intenção de votos, enquanto Bolsonaro vem em segundo.

Mas Padilha acredita que Bolsonaro vai "desidratar" ao longo da campanha pelo exíguo tempo de propaganda no rádio e na televisão, e porque o brasileiro tem a tradição de optar por um candidato de centro. Na hipótese de Meirelles ou Alckmin ocuparem uma das vagas do segundo turno, ele classifica como "possível" uma aliança entre MDB e PSDB. "Eu quero que chegue o Meirelles e não o Bolsonaro. Se o Bolsonaro desidratar, alguém do centro vai ocupar esse espaço", afirma. "O Brasil tem historicamente feito um candidato de centro chegar [ao segundo turno], e agora tem tudo para que isso aconteça de novo".

Padilha descarta qualquer recuo do MDB e reafirma a pré-candidatura de Henrique Meirelles, que será formalizada na convenção nacional do partido no dia 2 de agosto. Ele diz que Meirelles terá pelo menos 450 votos dos cerca de 600 convencionais da legenda. Meirelles enfrenta oposição na sigla apenas dos diretórios de Alagoas e Ceará.

Josué elogia tucano, mas adia decisão sobre chapa com PSDB

Por Fernando Taquari | Valor Econômico

SÃO PAULO - A reunião entre o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, e o empresário Josué Gomes (PR), cotado para ser o vice do tucano, terminou de forma frustrante para as pretensões do ex-governador paulista. Os dois almoçaram juntos em São Paulo em um encontro que ainda contou a presença do presidente nacional do PR, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto. O empresário agradeceu o convite, elogiou Alckmin, mas afirmou que o tucano deveria procurar outro nome para compor a chapa.

Ao justificar sua posição, Josué disse que não acrescentava nada do ponto de vista eleitoral ao presidenciável do PSDB e que por isso Alckmin podia ficar à vontade para escolher outro político do Centrão. Além disso, argumentou que antes de qualquer decisão precisava consultar sua família. Com isso, o anúncio da chapa pode ficar para depois do dia 26, quando os partidos do bloco partidário, formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade, devem se aliar oficialmente à candidatura do tucano em um evento programado para ocorrer em Brasília.

Valdemar deixou o encontro antes do fim. O sinal de recuo, no entanto, caiu como um balde de água fria, de acordo com um dirigente do PSDB. Os tucanos apostam na parceria com o empresário mineiro, filho do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011), para concretizar de vez a aliança com o Centrão e alavancar a candidatura de Alckmin, que ainda patina nas pesquisas de intenção de voto. Mesmo assim, o ex-governador paulista segue otimista, segundo um interlocutor. Acredita que até a quinta-feira a questão da vice terá um desfecho favorável.

Palanques estaduais de Alckmin estão divididos

Por Vandson Lima e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Encaminhada a aliança com os partidos do Centrão, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, passou a se dedicar a resolver os entraves nos palanques pelos Estados. Há choques entre candidaturas tucanas e de aliados, múltiplos palanques e até locais onde nenhum dos grupos tem uma cabeça de chapa para indicar.

Com a desistência do governador Paulo Hartung (MDB) em concorrer à reeleição no Espírito Santo, Alckmin ligou para o opositor Renato Casagrande (PSB) em busca de um palanque único no Estado, num aceno também à neutralidade do PSB na eleição nacional. A ideia seria agregar à chapa os candidatos ao Senado do PSDB (Ricardo Ferraço) e PR (Magno Malta).

O PSB hoje tende a fechar com Ciro Gomes (PDT). Casagrande transmitiu isso ao presidenciável. "Tenho defendido uma aliança nacional com o PDT. Vou manter essa posição", relatou. "No meu palanque, se a gente conseguir avançar com PDT e PSDB, teremos lideranças nas campanhas de Ciro e de Alckmin", disse. O presidente do PDT no Espírito Santo, deputado Sergio Vidigal, diz que o acordo é que Casagrande pediria votos para Ciro e Ferraço, para o PSDB.

Presidente do PSDB no Rio, o deputado Otávio Leite (RJ) foi convocado por Alckmin para reunião em São Paulo no fim de semana e saiu com a orientação para buscar o melhor palanque: o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), o deputado Índio da Costa (PSD) ou o senador Romário (Pode). "Faremos o que for melhor para o projeto nacional", diz Leite. Outro possível aliado de Alckmin, o PPS também terá candidato, Rubem César Fernandes, da ONG Viva Rio.

Três casos são considerados de difícil resolução: Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Nos dois primeiros, o DEM concorre contra governadores do PSDB que tentarão a reeleição. O senador Ronaldo Caiado lidera em Goiás e é um inimigo político do ex-governador Marconi Perillo, coordenador da campanha de Alckmin.

Centrão exige ter voz ativa na campanha de Alckmin

Aliança. Bloco partidário quer indicar coordenador da candidatura; presidenciável tucano se reúne com Josué Gomes, do PR, mas empresário adia decisão sobre convite para ser vice

Pedro Venceslau Daniel Weterman / O Estado de S. Paulo.

Após ter anunciado apoio a Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, o Centrão (PR, DEM, PP, PRB e SD) reivindica agora um cargo de comando na coordenação da campanha. O grupo também ficará com a vaga de vice na chapa. Ontem, Alckmin se reuniu com o empresário Josué Gomes (MG), cotado para o posto.

Após acertar na semana passada o apoio ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial, os dirigentes do Centrão reivindicam agora uma participação efetiva na coordenação de campanha e na elaboração do futuro programa de governo do tucano. O bloco partidário, formado por DEM, PP, PR, Solidariedade e PRB, pretende indicar o nome do coordenador de campanha e defende que seja alguém com trânsito em todos os partidos.

O Centrão deve anunciar oficialmente na quinta-feira, em Brasília, a aliança com Alckmin. As siglas indicaram o nome do empresário Josué Gomes como vice na chapa, sugestão que foi acatada pelo presidenciável do PSDB. Havia expectativa da campanha tucana de que a dobradinha com o empresário mineiro – filho do ex-vice-presidente José Alencar, que morreu em 2011 –, fosse anunciada ontem, mas as primeiras conversas não foram conclusivas. Alckmin se reuniu em São Paulo com Josué e o exdeputado Valdemar Costa Neto, líder informal do PR.

O presidente da indústria têxtil Coteminas disse, conforme relatos, que o ex-governador deveria ficar à vontade se quiser procurar outro nome do bloco para o posto de vice que acrescente eleitoralmente. O teor de parte da conversa foi transmitido por Costa Neto ao líder do PR na Câmara, José Rocha (BA).

Para aliados de Alckmin, a reticência do empresário pode ter explicação na sua relação com o PT. Josué se filiou ao PR a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Ele era considerado por petistas como o vice ideal do candidato do partido.

'Indicação de Josué me honra muito', diz Alckmin

Em entrevista, o pré-candidato do PSDB disse que não sabe ainda quem será o vice em sua chapa

Marcelo Osakab | O Estado de S.Paulo

O pré-candidato à Presidência pelo PSDB nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, deixou aberta nesta segunda-feira, 23, a possibilidade de que o empresário Josué Gomes (PR), indicado pelos partidos do centrão para ser seu vice nessa campanha, possa não ser efetivado no registro da chapa até 15 de agosto.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o tucano disse que não sabe ainda quem será o vice em sua chapa, mas que ficou “honrado” com a indicação, pelo centrão, de Josué. “Se ele (Josué) for o nome, ótimo. Se não, vamos escolher juntos, essa é uma construção que vai ser feita ainda”, disse.

O nome de Josué foi indicado a Alckmin na semana passada, após este fechar o apoio com as cinco legendas do Centrão — DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade.

O tucano teve uma conversa nesta segunda-feira com Josué e o presidente do PR, Valdemar da Costa Neto, em São Paulo. Porém, segundo o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), que conversou com Valdemar após o encontro, este teria lhe dito que a conversa não foi conclusiva e que Josué teria afirmado ao tucano que não traz votos à chapa e que o ex-governador podia ficar à vontade para procurar um nome para o posto de vice que acrescente eleitoralmente.

Josué só se decidirá após falar com petista

Cotado para ser o vice na chapa do presidenciável Geraldo Alckmin, com quem se encontrou ontem, o empresário Josué Gomes conversará hoje com o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), antes de se decidir. Ligado ao ex-presidente Lula, Josué se filiou ao PR, que agora apoia Alckmin.

‘Plano Josué’ pauta chapa de Alckmin

Em encontro com tucano, empresário condiciona decisão sobre vice a uma consulta a governador do PT

Bruno Góes, Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- As negociações que envolvem a aliança entre o pré-candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, e o bloco de partidos do centrão (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade) tiveram ontem mais um episódio. Cotado para a vice, o empresário Josué Gomes da Silva (PR) condicionou sua decisão de compor com o PSDB a uma conversa com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que é do PT. No encontro com Alckmin, o empresário elogiou o tucano, mas deixou o caminho livre para que o PSDB e o bloco de partidos escolhessem outro nome para a vice. O comportamento de Josué foi interpretado pelos líderes partidários como um movimento para valorizar sua decisão e também garantir um distanciamento amigável do PT.

Josué construiu sua carreira política nos últimos anos no entorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o responsável por sua filiação ao PR, partido de Valdemar Costa Neto. A prisão do líder petista, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, e a indefinição do projeto eleitoral do PT acabaram levando o partido de Valdemar a compor com os partidos do centrão e, consequentemente, com Alckmin. O rumo inesperado das negociações, que fez o empresário sair do campo petista para compor com os adversários históricos do partido de Lula, deve ser assunto na conversa que Josué pretende ter hoje com Fernando Pimentel. Para o líder do PR, deputado José Rocha (BA), a conversa com o governador petista será uma espécie de última jogada do PT para evitar que o empresário se alie ao ex-governador de São Paulo.

— Nesta reunião, com certeza, o Pimentel vai levar um recado do Lula ao Josué — disse Rocha.

Nascido em uma das mais tradicionais famílias de Minas Gerais, Josué, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é visto pelos tucanos como um nome que poderia aproximar a candidatura de Alckmin do eleitorado mineiro, produzindo a tradicional chapa “café com leite”. Herdeiro de um império empresarial, o grupo Coteminas, Josué também garantiria um acesso melhor à candidatura tucana entre o PIB nacional. Por ser filho do companheiro de governo do ex-presidente Lula durante os dois mandatos do petista, Josué também ajudaria a reduzir potenciais ataques do PT ao tucano.

Tucano entre o pragmatismo e o apelo pelo ‘novo’

Alckmin repete estratégia partidária que elegeu Lula e Dilma, mas apoio de partidos envolvidos em escândalos pode virar contaminação

Francisco Leali | O Globo

BRASÍLIA - As conversas por apoio na disputa presidencial entram na fase final. O tucano Geraldo Alckmin, que, até o momento, parece ter conseguido atrair uma sopa de letrinhas, cada vez mais desenha uma chapa à la Lula 2002 ou Dilma 2010. Dá sinais de que prefere correr o risco de ver seu nome associado a partidos do mensalão e outros escândalos do que perder espaço no horário eleitoral.

Em busca de um vice, pretensamente o empresário Josué Gomes, Alckmin vai buscar no mineiro o apoio do PR. O mesmo gesto que o petista Lula fez na primeira eleição, quando teve o pai de Josué, José Alencar, o vice do então PL. Na época, o petista tinha outra intenção: acalmar o mercado colocando um empresário respeitado ao seu lado. Geraldo Alckmin não precisa fazer o mesmo esforço de Lula para convencer o mundo financeiro e empresarial de que cumprirá as regras do jogo, mas indica que anda fazendo o tradicional cálculo político de que, sozinho, um partido não vence a disputa presidencial.

A equação que serviu para Lula em 2002, e Dilma em 2010 — a candidata tinha a seu lado uma coligação com PDT, PRB, PT, PMDB, PTN, PSC, PR, PTC, PSB e PCdoB — servirá para Alckmin 2018?

Marina: ‘condomínio de Alckmin é o mesmo de Dilma’

Em evento no interior de SP, pré-candidata não descarta encontrar seu vice entre ‘pratas da casa’

Dimitrius Dantas | O Globo

-PIRACICABA (SP)- Ainda sem apoio de nenhum partido, a pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, decidiu atacar o adversário Geraldo Alckmin (PSDB) e os partidos do centrão que decidiram apoiá-lo. Num tom acima de como usualmente responde sobre a dificuldade de alianças, Marina associou o tucano ao PT por causa de sua atual proximidade com siglas antes aliadas à campanha de Dilma Rousseff.

— O condomínio do Alckmin é o condomínio que era da Dilma em 2014. Fizeram (o centrão) um serviço com a Dilma e o Temer. E agora acharam um novo condomínio para chamar de seu — disse ela, durante sua passagem por Piracicaba, no interior de São Paulo, após encontro numa chácara com cerca de 20 filiados da Rede.

Nas últimas semanas, o grupo de Marina trabalhou para atrair algum partido que lhe garantisse mais do que os 12 segundos aos quais a Rede tem direito. No entanto, tanto o PV quanto o PPS não devem se aliar à pré-candidata.

Marina Silva, no entanto, deve contar com apoios isolados nesses partidos. Na convenção estadual do diretório paulista do PV, feita no último sábado, Eduardo Jorge, candidato a presidente em 2014, anunciou que irá apoiá-la. No PPS, o senador Cristovam Buarque (DF) é visto como um dos defensores da ex-senadora.

A pré-candidata admitiu os problemas na costura de alianças e atribuiu as dificuldades à exigência que a Rede faz com os partidos de que seja feito um acordo programático. A convenção nacional da sigla, que irá indicar Marina como a candidata à Presidência, acontecerá no próximo dia 4 de agosto.

A tendência é que o vice seja também da Rede, mas não deve ser anunciado no mesmo dia. Um dos cotados é o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Pessoas próximas a ele afirmam que o flamenguista está disposto a cumprir o papel “que Marina mandar”.

— Temos excelentes pratas da casa. Ou ouros da casa — brincou a ex-senadora.

Além da pequena estrutura em comparação com os adversários, Marina também terá menos dinheiro. Aos simpatizantes do partido, ela brincou ao pedir doações de roupas para sua campanha. A ambientalista costura suas próprias mantas e também faz alguns dos acessórios que usa. A Rede planeja destinar R$ 5 milhões do seu fundo eleitoral de R$ 10 milhões para a campanha à Presidência.

Na última semana, a presidenciável lançou sua campanha de financiamento coletivo. A plataforma foi feita com a consultoria da empresa Bando, que fez o mesmo trabalho na campanha de Marcelo Freixo em 2016 à Prefeitura do Rio.

Assim como ele, Marina adotou uma estratégia de metas ao pedir doações. No último domingo, a primeira meta — a de garantir recursos para as viagens pelo país — foi alcançada com R$ 100 mil em doações. Os próximos R$ 100 mil serão destinados para a produção de vídeos e materiais gráficos.

GATOS, GRILOS E PAÇOCA
Após o encontro com os colaboradores, Marina participou de outro evento em uma paróquia de Piracicaba. A região é um dos núcleos em que o partido espera eleger um deputado federal, Zé Gustavo, um dos aliados mais próximos da pré-candidata. A Rede é um dos partidos que correm perigo com a cláusula de barreira e precisa eleger ao menos nove deputados federais em nove estados diferentes.

Apesar dos problemas, Marina admitiu que conversa com outros pré-candidatos, mas destacou que o diálogo não inclui que nenhum deles abra mão de suas campanhas. Entre os citados, a ambientalista afirmou que já conversou com Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos). Segundo ela, as conversas não precisam ser feitas apenas após a eleição, sobretudo entre as lideranças que não foram “pegas no doping” da Operação Lava-Jato:

— Temos conversado. O que não significa que alguém tenha que desistir de seus projetos.

Sempre que possível, Marina repete que deseja fazer uma campanha franciscana. Ontem, na passagem por Piracicaba, fez jus à promessa: o evento político foi na casa de um colaborador, uma chácara permeada com sons de grilos, uma mesa típica do interior com paçoca e biscoitos, além de gatos passeando entre as cadeiras, inclusive a que a candidata se sentou, enquanto falava com jornalistas.

Sem doação, Marina fecha instituto

Por Isadora Peron | Valor Econômico

BRASÍLIA - Às vésperas de formalizar a sua terceira candidatura à Presidência da República, Marina Silva (Rede) divulgou que suspendeu as atividades do instituto que leva o seu nome por dificuldades financeiras. Entre 2012 e 2017, a organização recebeu cerca de R$ 5,5 milhões em doações.

O balanço financeiro da entidade foi publicado ontem no site da pré-candidata, após o Valor insistir por mais de um mês para ter acesso aos dados. A relação de doadores, no entanto, permanece em sigilo.

Por se tratar de uma associação privada, essas informações não precisam, necessariamente, ser divulgadas. O estatuto social da organização, no entanto, previa que, "pelo princípio da publicidade", as demonstrações financeiras seriam colocadas todo ano "à disposição para o exame de qualquer cidadão".

A decisão de suspender as atividades do Instituto Marina Silva foi tomada em assembleia em maio do ano passado "devido às dificuldades de captação de recursos no contexto da grave crise econômica e social do país".

A ata da reunião registrada em cartório afirmava que "a captação de recursos para o exercício do ano de 2017 foi reduzida em 50% em relação ao ano de 2015" e que os recursos "só permitiriam o funcionamento do Instituto até junho de 2017".

A organização ainda funcionou até outubro, e registrou no ano passado um déficit de mais de R$ 52 mil. Todos os quatro funcionários foram demitidos e os demais contratos, encerrados.

Lula pode ser declarado inelegível ainda em agosto

Por Isadora Peron e Luísa Martins | Valor Econômico

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alertado para a possibilidade de que o pedido de registro da sua candidatura ao Palácio do Planalto siga um "rito abreviado" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pelas contas de um dos advogados da equipe jurídica do PT, a inelegibilidade de Lula pode ser declarada ainda em agosto.

Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril, o ex-presidente ouviu de um interlocutor que esse é o cenário mais "realista", e que os ministros do TSE têm sinalizado que não vão utilizar todo o prazo disponível para tomar uma decisão.

Na conversa, segundo apurou o Valor, a avaliação foi de que o atual momento político não permitiria apostar em um "cenário mais favorável", e sim trabalhar com um quadro mais pessimista. A situação de Lula chegou a ser comparada com a de um "doente terminal", que tem o direito de receber do médico um diagnóstico.

O PT já afirmou que vai registrar a candidatura de Lula somente no último dia do prazo legal, em 15 de agosto. O TSE tem até o dia 17 de setembro, a três semanas do primeiro turno, para julgar todos os pedidos de impugnação de candidatura.

Fazendo o diabo: Editorial | O Estado de S. Paulo

O pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, é presidente do PSDB e um dos quadros mais antigos do partido. Apesar disso, contrariou a posição histórica e programática do PSDB a favor da reforma trabalhista – na qual o partido votou em peso, em parte sob orientação do próprio ex-governador paulista – e assumiu o compromisso de apoiar a criação de uma “contribuição sindical negocial”, nome fantasia para o imposto sindical hoje felizmente extinto com a ajuda decisiva dos tucanos.

O compromisso de Alckmin foi resultado da pressão do deputado Paulinho da Força, dono do partido Solidariedade e um dos expoentes do sindicalismo que prosperou à sombra de favores estatais, entre os quais a delegação para cobrar dos trabalhadores um imposto para sustentar a máquina sindical e a boa vida de seus líderes – um legado do Estado Novo varguista que só agora foi eliminado.

O Solidariedade é um dos partidos que dizem integrar o chamado “centrão”, grupo de agremiações pequenas e médias que se juntam sempre que precisam de mais força para barganhar favores, cargos e verbas com o governante de turno – seja de direita, de esquerda ou de centro. A despeito desse perfil escancaradamente fisiológico, o apoio do “centrão” vinha sendo disputado por quase todos os candidatos, pois o bloco detém considerável tempo de propaganda eleitoral, trunfo ao qual se atribui grande peso numa campanha que promete ser muito acirrada e cujos candidatos dispõem de financiamento limitado. Na semana passada, esse condomínio partidário, hoje constituído por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, decidiu, por razões ainda obscuras, dar seu apoio a Geraldo Alckmin.

Projeções sombrias: Editorial | Folha de S. Paulo

Estimativas da LDO mostram exígua margem de manobra no próximo governo

O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019, aprovado pelo Congresso em 12 de julho, mostra a dimensão do desafio que aguarda o próximo presidente da República.

As projeções apontam para elevados déficits nas contas federais até pelo menos 2021. Sem mudanças que permitam poupança nas despesas obrigatórias, sobretudo Previdência Social e salários do funcionalismo, o rombo total, incluindo os encargos da dívida pública, continuará muito acima dos padrões internacionais.

Fala-se aqui de saldos negativos —em que os gastos superam a arrecadação— equivalentes a mais de 6% do Produto Interno Bruto, como já ocorre hoje. É o pior desempenho entre as principais economias do mundo, reunidas no G20.

Para o próximo ano, estima-se déficit de 6,48% do PIB, ou quase R$ 500 bilhões. Em 2021, a cifra cairia para ainda exorbitantes 6,03%.

Mesmo essa previsão modesta de melhora se ampara na expectativa de que a renda nacional e a receita tributária crescerão no período —e na premissa de que o teto fixado na Constituição para os dispêndios da União será mantido.

Daí se vê como será estreita a margem de manobra do presidente a ser eleito em outubro. Se não fizer reformas e tomar medidas para conter salários e aposentadorias, tais encargos tomarão recursos de áreas como saúde, educação, segurança e infraestrutura.

PIB lento reduz margem de erro do próximo governo: Editorial | O Globo

Projeções que levam economia a voltar ao nível de 2014 apenas em 2020 aumentam responsabilidade do novo governo em escolher a política econômica correta

A greve dos caminhoneiros, no final de maio, teve impacto direto nos preços, tanto que as expectativas de inflação dos analistas do mercado, consolidadas no Relatório Focus, editado pelo Banco Central, passaram a apontar para algo acima de 4%, este ano, embora abaixo do centro da meta (4,5%). Apostas mais otimistas, na faixa dos 3%, ficaram para trás.

O movimento grevista serviu para ajudar a degradar ainda mais o humor de agentes econômicos diante de 2019, até porque as incertezas eleitorais continuam elevadas. São vários os ingredientes que tornam empresários e consumidores retraídos.

Estudo da economista Silvia Matos, da Fundação Getulio Vargas, ilustra bem este momento de relativo pessimismo, ao concluir que a retomada do crescimento, iniciada no começo de 2017, levará longos 16 trimestres, ou quatro anos, até colocar o PIB de volta ao nível anterior à crise, em 2014. Só, então, em 2020.

Esta lentidão será inédita, porque o Brasil costumava ter uma velocidade relativamente alta na recuperação de recessões. Mas também não se pode desconsiderar que a retração no biênio 2015/16 (acima de 7%) nunca antes havia sido registrada.

A seriedade da situação vai além do mero ineditismo e acrescenta uma razoável dosagem de dificuldades para o próximo governo.

A economista autora do estudo, divulgado pelo GLOBO, chama a atenção para o fato de que recessões longas e baixo crescimento danificam o sistema produtivo, tornando-o menos capaz de gerar expansão econômica.

Contas públicas seguem ainda o roteiro de déficit: Editorial | Valor Econômico

Não há o que se comemorar em um quinto ano seguido de déficit nas contas públicas, mas a equipe econômica pareceu otimista ao apresentar o terceiro relatório bimestral de receitas e despesas do governo, na semana passada. Demonstrou também estar aliviada ao constatar que sobrou dinheiro após a greve dos transportes rodoviários de carga, que não só aumentou as despesas com as concessões feitas aos caminhoneiros, mas também solapou as receitas ao causar a redução generalizada das atividades econômicas. Feito o balanço das contas públicas do primeiro semestre, tudo indica que o governo Michel Temer vai conseguir fechar o ano dentro das metas fiscais prometidas, ficando para o próximo governo grandes desafios.

O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, garantiu que "estamos com a situação fiscal endereçada"; e a secretária de Política Econômica, Ana Paula Vescovi, afirmou que o "cenário fiscal está bastante controlado". Os dados divulgados no balanço do terceiro bimestre mostram que o governo deve cumprir com "tranquilidade" a meta de déficit fiscal consolidado de R$ 161,3 bilhões. Os cálculos apuraram uma folga de R$ 14 bilhões, graças principalmente aos Estados e municípios que devem ter superávit de R$ 10 bilhões, acima da meta de R$ 1,2 bilhão. Os Estados e municípios tiveram receitas superiores às esperadas em royalties e transferências por conta do aumento do preço do petróleo e do dólar. Já as estatais federais devem ter resultado praticamente neutro com R$ 164 milhões de superávit, melhor do que a meta original que previa déficit de R$ 3,5 bilhões.

Graziela Melo: Poema triste

Que sentimentos
são estes
que se apoderam
de minha alma?

Que certezas
tão cruéis
dos intransponíveis
limites
do tempo?

Do quando
ir embora
do... se não foi ontem

seria hoje
ou agora?

Do quando irei
aonde estarei

como estará
minha alma
ferida

desse outro lado
tão estranho

que seria
o outro lado
da fronteira
desta vida?

Frustrada
porque não fiz
tudo
que sempre quis

saudades dos que
sempre amei
e convivi !

Saudades dos que
sempre amei
mas nem sequer
conheci
nem perto
cheguei

nem nunca
me aproximei....