sábado, 15 de setembro de 2018

*Bolívar Lamounier: A reforma que foi sem nunca ter sido

- O Estado de S.Paulo

Se for reanimada, temos de partir de disfunções patentes e imediatas no sistema político

Em 1985, antes mesmo de concluída a transição do regime militar para o civil, a reforma política já ganhava corpo no debate público. Depois tivemos a Constituinte, o plebiscito sobre sistema de governo e alguns esforços isolados, mas o saldo, convenhamos, é modesto.

Ninguém ignora que reformas políticas são sempre dificílimas. Trata-se de pedir aos próprios deputados e senadores que alterem o sistema pelo qual se elegem e que conhecem bem. Todos têm como avaliar se determinada alteração vai beneficiá-los ou prejudicá-los e é em função desse cálculo que tomam posição. Nenhum deles se deixa seduzir pelos encantos do haraquiri. Mas devemos também reconhecer que ao longo destas três décadas o encaminhamento da questão e as propostas específicas geralmente deixaram a desejar.

Doravante, se formos reanimar o corpo moribundo da reforma, precisamos ter o bom senso de partir de disfunções patentes e imediatas no sistema político. Caso contrário, limitemo-nos a proclamar, como é praxe, que o edifício democrático tem como base a soberania popular, mas nosso povo, que pena, não tem condições de exercer a soberania que teoricamente lhe imputamos. E fechemos o discurso afirmando, como diria o saudoso Dias Gomes, que a reforma foi sem nunca ter sido.

As disfunções “patentes e imediatas” a que fiz referência estão aí, bem à vista de todos. Sem um ordenamento minimamente racional da campanha, não é razoável esperar que o corpo eleitoral vote com um grau razoável de racionalidade. E já aqui nos deparemos com três graves problemas. Primeiro, um quadro partidário reduzido praticamente à irrelevância, estraçalhado pela crise econômica, pela insegurança decorrente da criminalidade e pelos sucessivos escândalos de corrupção. Segundo, Jair Bolsonaro, o candidato que desponta como provável vencedor, que aqui tomo como exemplo, é muito mais um reflexo da insegurança reinante do que o agente político que a colocou no topo das prioridades. A força eleitoral que parece ter decorre muito mais de ter catalisado o medo que permeia a sociedade do que das modestas propostas que tem oferecido para combater o crime.

João Domingos: O duelo

- O Estado de S.Paulo

Petistas calculam que Haddad receberá até 80% dos votos que iriam para Lula

Há um bom tempo, antes mesmo de Lula ser preso, o PT chegou à conclusão de que o adversário mais vulnerável no segundo turno seria o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Portanto, todas as ações do partido deveriam ser feitas de forma a desconstruir candidatos como Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), até que sobrassem apenas o PT e o candidato do PSL.

Só para se ter uma ideia de como os petistas trabalharam para que esse cenário ocorresse, reproduz-se a orientação de um estrategista da campanha do PT à militância do partido, feita há cerca de dois meses: “O ex-capitão Jair Bolsonaro é o candidato mais execrável, mas não o nosso inimigo principal. Há uma operação em curso para criar uma onda de ‘unidade nacional’ contra o neofascista, tentando viabilizar a recuperação de uma candidatura da centro-direita, do partido golpista. Nosso inimigo principal chama-se Geraldo Alckmin. O neofascista Jair Bolsonaro é o candidato que preferimos enfrentar em eventual segundo turno, até porque deixa as elites do Brasil sem máscara nem maquiagem.”

Àquela altura, havia na direção do PT a certeza de que Geraldo Alckmin conseguiria unir os partidos de centro em torno de sua candidatura, o que poderia torná-lo muito competitivo, a ponto de ultrapassar Bolsonaro. E um segundo turno entre o candidato petista e o tucano levaria, inevitavelmente, à vitória de Alckmin, que receberia os votos dos eleitores do capitão reformado e dos eleitores de centro que rejeitam o PT. Então, o melhor caminho seria derrubar Alckmin ainda no primeiro turno. Depois, esperar a chegada do capitão reformado.

Do lado de Jair Bolsonaro, a estratégia traçada foi a mesma. Não interessava a ele enfrentar Alckmin, Ciro ou Marina, porque quem sobrasse poderia receber os votos dos eleitores do PT no segundo turno. Nessas condições desfavoráveis, o favorito de Bolsonaro passou a ser o PT. Com a torcida para que os eleitores de Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Alvaro Dias (Podemos), que rejeitam o PT, votassem nele.

Merval Pereira: Haddad e Ciro se distanciam

- O Globo

É previsível que as bases amplas de apoio do tucano e a de Marina se dispersarão em busca de porto mais seguro

Com o crescimento da candidatura de Fernando Haddad do PT, e a manutenção de Ciro Gomes nos mesmos patamares, parece ter encurtado o campo para os demais candidatos que disputam o segundo turno. O candidato do PSDB Geraldo Alckmin mais uma vez ficou parado, não dando ânimo a quem ainda aguarda uma tendência de alta. Marina Silva confirmou a queda registrada em outras pesquisas, e, segundo o Datafolha, está com a metade das intenções de votos com que começou a campanha eleitoral.

A persistir essa situação, é previsível que a base ampla de apoio do tucano, e a de Marina se dispersarão em busca de porto mais seguro, a maioria dos eleitores indo para Bolsonaro, que continua crescendo, consolidando sua posição no segundo turno. Mas certamente Ciro ganhará com votos úteis de tucanos de esquerda ou que não querem ver o PT de volta, e de eleitores de esquerda de Marina.


Caso Alckmin cresça nas próximas pesquisas, aí será a vez de Bolsonaro desinflar, tornando mais parelha a disputa das duas vagas no segundo turno. Mas para crescer, Alckmin precisa que eleitores de Álvaro Dias, Amoedo e Meirelles decidam fazer voto útil. Os três somam 9 pontos “roubados” do PSDB, além dos eleitores tradicionais do PSDB no sul e no centro-oeste, principalmente ligados ao agronegócio, que migraram para Bolsonaro. Porque nenhum dos três parece disposto a renunciar para ajudar o PSDB.

Paulo Celso Pereira: A direita raivosa contra um PT ressentido

- O Globo

A provável polarização entre Bolsonaro e Haddad a partir da próxima semana só deixará um caminho para Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB): a busca radical do voto útil

A tão falada polarização da eleição de 2014 poderá em breve ser vista como uma divergência de botequim se confirmado o cenário projetado pela pesquisa Datafolha divulgada ontem. Se mantido o crescimento vertiginoso de Fernando Haddad (PT), de um ponto percentual por dia, a tendência é que já na próxima semana ele figure isolado na segunda posição, se aproximando velozmente do patamar de Jair Bolsonaro (PSL). Assim, cresce significativamente a chance de a etapa final da disputa reunir o líder da direita raivosa e o representante de um PT profundamente ressentido.

Bolsonaro conseguiu manter sua trajetória ascendente, no limite da margem de erro, mesmo trancafiado no leito de um hospital. A melhor informação da pesquisa para ele, no entanto, é o fato de figurar numericamente à frente de Haddad no segundo turno —um empate técnico de 41% a 40%. Isso o ajuda a combater o discurso de que sua liderança é um passaporte garantido para a volta do PT.

A provável polarização entre Bolsonaro e Haddad a partir da próxima semana só deixará um caminho para Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB): a busca radical do voto útil. Ciro manteve os mesmos 13% da pesquisa divulgada na segunda-feira, mas vê seu campo de crescimento pela esquerda se reduzir, uma vez que Haddad avança rapidamente sobre o eleitorado lulista. O caminho que sobra, portanto, é o de se apresentar como o único de seu campo capaz garantir a derrota de Bolsonaro no segundo turno.

Demétrio Magnoli: Tempo circular

- Folha de S. Paulo

O lulismo tardio é um caudilhismo singular, com traços milenaristas

“Hoje estou transmitindo a você a enorme responsabilidade de retomar o processo de transformação do Brasil, em benefício do povo”. A carta de Lula foi publicada no site do PT sob uma foto na qual ele aparece junto com Haddad.

À primeira vista, texto e imagem dizem a mesma coisa: a prosa inconfundível do caudilho que sagra um sucessor. Uma segunda leitura evidencia que, no fundo, escorrem em rumos opostos. A foto organiza-se no registro da seta do tempo: o tempo linear, que se desenrola no sentido do futuro. O texto, pelo contrário, organiza-se no registro do tempo cíclico: o tempo circular, de eterno retorno. A divergência entre uma e outro reflete as dificuldades da invenção do que se pode chamar lulismo tardio.

Na foto, Lula aponta o indicador esquerdo em direção a um ponto no infinito, para o qual Haddad olha fixamente. Seta do tempo: o mestre indica o lugar exato do futuro a seu discípulo, herdeiro e sucessor. A ideia da transmissão está condensada aí. É como se um dom pessoal se estendesse de um corpo a outro, como nas sucessões dinásticas do passado, de tal modo que o receptor se converte no corpo substituto do doador.

Nisso, não há genuína novidade. A carta, porém, não ordena que Haddad conduza o povo ao futuro, mas ao passado. “Você vai me representar nessa caminhada de volta à Presidência da República, para realizar novamente o governo do povo e da esperança”. Ciclo do tempo: o mestre faz do discípulo um instrumento de restauração de um passado glorioso, uma era perdida de ouro, leite e mel. Haddad não é, neste registro, nem mesmo um sucessor. É, única e exclusivamente, a máscara do próprio Lula.

Hélio Schwartsman: A fé de Bolsonaro

- Folha de S. Paulo

Um candidato deve ser avaliado por suas declarações ou por ações pregressas?

Uma pessoa deve ser julgada por sua fé ou por suas obras? A pergunta, que tem origem teológica, aplica-se a políticos. Um candidato deve ser avaliado por suas declarações ou por ações pregressas?

Longe de mim sugerir que promessas, propostas e programas de governo, que, grosso modo, compõem o campo da fé, não signifiquem nada. Com maior ou menor acuidade, eles sinalizam o caminho que o candidato pretende seguir e constituem uma espécie de compromisso firmado com o eleitor.

Políticos sempre irão exagerar um pouco nas juras feitas durante a campanha, mas seria um erro achar que o voto equivale a um cheque em branco. Dilma Rousseff descobriu do pior modo possível que há limites para o chamado estelionato eleitoral.

No mais, se discurso fosse tudo, bastaria aos candidatos dizer que irão implantar a sociedade ideal que conquistariam 100% dos votos. Mas até o mais simplório dos eleitores sabe que não deve acreditar em tudo que políticos prometem. Assim, ao menos para a parcela do eleitorado que pretende fazer uma escolha mais racional do que emocional, só o que resta é confrontar a profissão de fé do candidato com suas obras.
Nesse quesito, por tudo o que li e vi até agora, a candidatura que se revela mais incoerente é a de Jair Bolsonaro, que apresenta um programa ultraliberal na economia, mas ostenta, como deputado, um longo histórico de posições ultraestatistas.

Assinale-se que outros candidatos competitivos também passaram por mudanças. Marina Silva foi do campo da esquerda para um ideário econômico mais liberal e Ciro Gomes caminhou do PDS, sucedâneo da Arena, para a centro-esquerda. Suas transições, contudo, foram paulatinas e temos registro de posições intermediárias. Já com Bolsonaro, a guinada foi muito mais rápida e se deu no contexto de uma disputa eleitoral. Fica difícil pelo menos não suspeitar de que sua conversão tenha mais a ver com oportunismo do que com convicção.

Ricardo Noblat: Haddad ou Ciro, eis a questão!

- Blog do Noblat | Veja

Cada um sabe de si

A eleição continua aberta, observam aplicados estudiosos da história das eleições e leitores atentos de pesquisas de intenção de voto – e não sem motivos.

Mas esta eleição começa a ficar cada vez menos aberta. No momento, estreita-se em torno de três nomes: Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT).

Que país! O segundo turno da eleição presidencial poderá ser disputado por um candidato preso a um leito de hospital entre a vida e a morte, e um laranja de um preso condenado por corrupção.

Bolsonaro melhorou seu desempenho nas simulações de segundo turno. Mas perde para Marina Silva (REDE), que está em queda; perde feio para Ciro; perde até para Alckmin e empata com Haddad.

Funciona a transfusão de votos de Lula para Haddad. Porém, junto com os votos, vai a rejeição a Lula e ao PT. Haddad subiu quatro pontos. Sua rejeição, quatro pontos, segundo o Datafolha.

A seguir assim, o voto de parte da esquerda que acompanha tudo a prudente distância poderá garantir Ciro no segundo turno, com medo de que Bolsonaro derrote Haddad. Ou não.

Eis a questão: Haddad presidente, mesmo que ele não queira, serão mais quatro anos de país dividido e à espera de um Bolsonaro mais forte ou de coisa pior.

Bolsonaro presidente… Será um general de vice que admite o autogolpe e uma nova Constituição feita por encomenda. De volta ao passado, sem a presença ostensiva de brucutus.

Bolsonaro venceu
Até aqui, a eleição deste ano já tem um claro vencedor e um claro perdedor. O deputado Jair Bolsonaro (PSL) sairá dela como o vencedor, ganhe ou perca no final, não importa. O PSDB, como derrotado.

Só não será assim se Bolsonaro, por questão de saúde, não disputar o segundo turno da eleição onde tem lugar garantido. Ou o PSDB operar o milagre de por Geraldo Alckmin no segundo turno. Difícil.

Bolsonaro vai a 26%; Haddad empata com Ciro e Alckmin

Datafolha mostra melhora do deputado no 2º turno, ascensão do petista e aumento de sua rejeição

Bolsonaro vai a 26%; Haddad e Ciro têm 13%, diz Datafolha

Disputa pelo segundo lugar traz petista, pedetista e Geraldo Alckmin empatados tecnicamente

Igor Gielow | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Fisicamente fora da campanha eleitoral desde que foi esfaqueado no dia 6, Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida à Presidência com 26%, segundo nova pesquisa do Datafolha.

Na semana em que foi oficializado candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad viu sua intenção de voto subir dos 9% registrados na segunda (10) para 13%. Está empatado numericamente com Ciro Gomes (PDT), que manteve sua pontuação, e na margem de erro também com Geraldo Alckmin (PSDB), que oscilou de 10% para 9%.

Em curva francamente descendente está Marina Silva (Rede), que caiu de 11% para 8% e hoje tem metade das intenções de voto que tinha quando sua candidatura foi registrada em agosto.

O levantamento foi feito entre quinta (13) e sexta (14), ouvindo 2.820 eleitores em 197 cidades, com uma margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa foi contratada pela Folha e pela Rede Globo.

A pesquisa anterior havia sido realizada na segunda (10). Bolsonaro oscilou positivamente dois pontos desde então, numa semana em que teve de submeter-se a uma cirurgia de emergência para desobstruir o intestino. O deputado segue incomunicável na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A curva é favorável a ele, mesmo tendo crescido dentro da margem de erro. Antes do atentado, ele registrava 22% de intenções de voto na primeira pesquisa sem a presença de Lula no cartão apresentado aos entrevistados. Seu eleitor se diz o mais convicto: 75% afirmam que não mudarão de voto.

Bolsonaro também oscilou positivamente para 22% nas citações espontâneas ao nome do candidato preferido, liderando com folga nesse quesito.

O levantamento ocorreu um dia antes do registro de Haddad, então vice de Luiz Inácio Lula da Silva, como presidenciável. Preso por corrupção, o ex-presidente é inelegível por ter condenação em segunda instância.

O ex-prefeito dobrou sua pontuação na pesquisa espontânea, de 4% para 8%, empatando com Ciro, que subiu de 5% para 7%. À sua frente há a rejeição do eleitorado a um candidato indicado por Lula: 49% dizem que não votam, contra 32% que o fariam. Mas o processo de identificação entre os dois segue em curso: na pesquisa de 21 de agosto, 17% achavam que Lula apoiaria Haddad. Agora, já são 52%.

Mídia espontânea ajuda a embalar as candidaturas de Bolsonaro e Haddad

Novo Datafolha mostra reflexos em torno da nova cirurgia no capitão reformado e na oficialização do petista

Mauro Paulino e Alessandro Janoni | Folha de S. Paulo

A pesquisa desta sexta-feira (14) do Datafolha traz não só os reflexos da oficialização da candidatura de Fernando Haddad pelo PT como também movimentos do eleitorado em função da nova intervenção cirúrgica em Jair Bolsonaro (PSL) e dos levantamentos eleitorais divulgados ao longo da semana.

Nos últimos dias, o recuo no tom belicoso dos adversários em campanha, além da extensa cobertura jornalística tanto da substituição de Lula por Haddad quanto da intercorrência grave no quadro de saúde do candidato do PSL, direcionaram holofotes neutros aos dois nomes que agora apresentam variações positivas.

Segundo perguntas feitas pelo Datafolha aos entrevistados sobre o ataque sofrido pelo capitão reformado, quase a totalidade da população tomou conhecimento do episódio e a maioria revela algum grau de comoção com o fato, mas apenas 2% dizem ter mudado o voto em função disso.

O atentado não provocou disseminação das intenções de voto em segmentos que possuem rejeição mais forte a Bolsonaro. Entre as mulheres, por exemplo, que, proporcionalmente, se dizem tão sensibilizadas quanto os homens sobre o ocorrido, metade reprova totalmente sua candidatura.

O infortúnio de Bolsonaro, associado às estratégias de comunicação dos outros candidatos, produziu, no entanto, uma mudança de perfil na natureza de sua base eleitoral, antes marcada essencialmente pelo peso de variáveis demográficas —sexo masculino e faixa etária jovem.

Ao se aplicar um modelo estatístico de decisão, percebe-se que, a exemplo da eleição de 2014, a clivagem econômica passa a ser determinante e substitui a idade baixa (tão relevante no início da campanha de Bolsonaro pelo acesso às redes sociais) como vetor de correlação na composição de seu apoio.

Para se ter uma ideia da força dessas variáveis, se o eleitorado brasileiro fosse composto apenas por homens com renda familiar superior a 5 salários, Bolsonaro poderia ser eleito já no primeiro turno com mais de 50% do total de votos. São as mulheres mais pobres que impedem uma melhor performance do deputado (quase 90% delas não o escolhem).

Disputa entre Haddad e Ciro se acirra no Nordeste

Disputa Ciro-Haddad nas eleições 2018 se acirra na Região Nordeste

Estados nordestinos, que concentram 26% do eleitorado do País, são o palco principal do embate entre petista e pedetista; briga é pelo chamado voto ‘lulista’

Daniel Bramatti, Pedro Venceslau, Gilberto Amendola, Marianna Holanda, Yuri Silva e Kleber Nunes | O Estado de S. Paulo

A Região Nordeste, onde vive um em cada quatro eleitores brasileiros, é, neste momento, o principal palco da disputa entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) pelo espólio lulista e por uma vaga no segundo turno da disputa presidencial nas eleições 2018. A batalha entre o petista e o pedetista se acirrou nas mais recentes pesquisas, lideradas por Jair Bolsonaro (PSL).

Nos Estados nordestinos, o confronto Ciro-Haddad alcança seu nível mais elevado na comparação com outras regiões. Enquanto o candidato do PT conta com a transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso e condenado na Lava Jato –, a campanha de Ciro acredita que poderá frear essa transmissão.

O principal trunfo de Ciro é o forte apoio de que desfruta no Ceará, Estado que já governou e cuja máquina é controlada por seu irmão, Cid Gomes, candidato ao Senado pelo PDT. Apesar de ser petista, o atual governador, Camilo Santana, é afilhado político dos irmãos Gomes e apoia Ciro.

O crescimento de Ciro vinha sendo impulsionado principalmente pelo desempenho no Nordeste. Mas, desde que foi oficializado como candidato do PT à Presidência, no início desta semana, Haddad alcançou índices que o deixam em empate técnico no segundo lugar com adversários.

Conforme o Ibope mais recente, divulgado nesta terça-feira, 11, 38% dos nordestinos afirmaram que votariam “com certeza” em Haddad ao ser informados de que ele tem o apoio do ex-presidente. Naquele momento, o petista tinha 13% das preferências no Nordeste, ante 18% de Ciro.

Já a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, mostrou que Haddad cresceu de 11% para 20% no Nordeste e Ciro oscilou para baixo, de 20% para 18%.

Bolsonaro lidera com 26%; Ciro e Haddad têm 13%

Pedetista e petista estão empatados, no limite da margem de erro, com Alckmin, que está com 9%; Marina cai para 8%

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) continua liderando a corrida eleitoral, com 26% das intenções de voto, segundo pesquisa do Datafolha divulgada ontem. Sem fazer campanha desde que levou uma facada, há mais de uma semana, ele tem dois pontos percentuais a mais que no levantamento anterior, publicado dia 10. Lançado oficialmente no dia 11, Fernando Haddad, do PT, subiu quatro pontos e chegou a 13%, o mesmo índice de Ciro Gomes, do PDT. Geraldo Alckmin, do PSDB, perdeu um ponto e tem 9%. Marina Silva, da Rede, caiu três pontos, de 11% para 8%. Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) têm 3% cada. Entre os cinco principais, a maior rejeição é a de Bolsonaro (44%), e a menor, a de Ciro (21%).

Bolsonaro segue líder, e Haddad sobe

Petista cresce quatro pontos e alcança Ciro; em queda, Marina se descola

Miguel Caballero e Marco Grillo | O Globo

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, permanece na frente da corrida pelo Palácio do Planalto, agora com 26% das intenções de voto, segundo a pesquisa Datafolha divulgada ontem. O presidenciável, que segue internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e está há mais de uma semana sem fazer campanha, oscilou dois pontos para cima, dentro da margem de erro, na comparação com o levantamento divulgado no início da semana. Em segundo lugar, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) estão empatados, ambos com 13% —o pedetista se manteve estável, enquanto o petista subiu quatro pontos percentuais, o único candidato a crescer além da margem de erro. A dupla está tecnicamente empatada, no limite da margem, com Geraldo Alckmin, que oscilou um ponto para baixo e aparece com 9%. Marina Silva (Rede) caiu três pontos e tem 8%, em empate técnico com o tucano.

A leitura das três pesquisas Datafolha divulgadas após o início da campanha eleitoral projeta perspectivas distintas para os candidatos do bloco da frente. Bolsonaro vem consolidando sua posição de liderança: na primeira pesquisa da série, divulgada no fim de agosto, a distância dele para a segunda colocada, então Marina, era de seis pontos percentuais (22% a 16%) — agora é de treze pontos para os dois adversários que vêm em seguida, Ciro e Haddad (26% a 13%). O petista, por sua vez, está em trajetória acelerada de ascensão e triplicou o desempenho em três semanas: tinha 4% em 22 de agosto, passou para 9% em 10 de setembro e agora tem 13%. Com a subida, alcançou Ciro, que iniciou a série com 10% e chegou a 13% no início da semana, mesmo patamar da sondagem veiculada ontem.

Já o desempenho de Marina caiu pela metade no período: começou com 16%, foi a 11% e chegou a 8%, saindo, pelo menos momentaneamente, da briga pela vaga em aberto no segundo turno. Alckmin não conseguiu avançar: passou de 9% para 10% e voltou a 9%.

BOLSONARO: ALTA REJEIÇÃO
O cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG, vê favoritismo de Haddad contra Ciro para ser o representante da esquerda no segundo turno. E chama atenção para a dificuldade de Alckmin se apresentar como opção de voto útil antipetista se não começar a crescer: —O Haddad está crescendo dentro do eleitorado lulista e ainda há espaço para avançar nesse segmento. O Alckmin precisa crescer em São Paulo, seu estado e onde Bolsonaro está na frente. Se ele não crescer, seu próprio discurso pelo voto útil perde credibilidade, pois quem está caindo não recebe voto útil —analisa Ranulfo.

Em queda nas pesquisas, Marina Silva patina em estratégia de rua

Com limitações financeiras e de tempo, candidata tem feito agendas curtas e poucas viagens

Angela Boldrini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em queda nas pesquisas, a candidata da Rede ao Planalto, Marina Silva, tem patinado em sua nova estratégia de ir mais para a rua.

Com uma mudança nas últimas semanas, a candidata tem tentado sair em agendas corpo a corpo e fugir do eixo Rio, São Paulo e Brasília para atingir principalmente o Nordeste do país.

No entanto, com limitações financeiras e de tempo, a candidata tem feito agendas curtas e poucas viagens.

Nesta semana, por exemplo, Marina foi a Salvador na segunda (10) e passou por Belo Horizonte na quarta (12). Durante três dias, porém, ficou entre Rio, Brasília e São Paulo.

Na capital federal, fez duas agendas de rua. Na quinta (13), conversou pouco com possíveis eleitores e mais com a própria militância da Rede.

Ela foi recebida por dezenas de voluntários e apoiadores com bandeiras e uniformes da campanha em frente ao centro comercial onde fica a sede do partido.

Apesar de estar próxima à Rodoviária do Plano Piloto, um dos principais polos de concentração de pessoas no final da tarde na cidade, a candidata apenas passeou rapidamente pelo calçadão, numa agenda que durou cerca de 40 minutos.

Na sexta (14), foi a Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal, onde caminhou em lojas e tirou fotos com eleitores —a agenda, porém, durou menos de meia hora.

A pesquisa Datafolha divulgada na segunda (10) mostrou queda da presidenciável, de 16% para 11% de intenção de votos. Nesta sexta (14), a ex-senadora recuou para 8%, sendo ultrapassada por Ciro Gomes e Fernando Haddad.

Com base em Datafolha, Alckmin reforça discurso anti-PT

Daniel Carvalho | Folha de S. Paulo

Candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin utilizou resultado da pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14) para reforçar o discurso antipetista, estratégia que tem usado para tentar chegar no segundo turno.

Apesar de estar estacionado no primeiro turno, o tucano vence o petista Fernando Haddad na segunda etapa da disputa.

No segundo turno, Alckmin aparece com 40% das intenções de voto e Haddad tem 32%.

"Conclusão Datafolha: eu sou o único que impede o PT e seus adoradores de voltarem ao poder. Venço Haddad por 8 pontos no cenário de segundo turno. E também o Bolsonaro, por 4 pontos. Esse é o caminho certo para evitar o retrocesso", disse Alckmin em uma rede social.

Temer é do PT', diz Alckmin em Natal
O candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, associou o presidente Michel Temer ao PT durante agenda de campanha nesta sexta-feira (14) a Natal.

"O Temer, eu não votei nele. O Temer é do PT. Ele era vice do PT. Quem escolheu o Temer foi o PT, não fomos nós. Eles quem escolheram o Temer como vice", disse o tucano, defendendo a legalidade do processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

"É óbvio que se tinham crimes cometidos. Não foi a primeira vez que se teve impeachment. No sistema presidencialista, quando se tem problemas, troca. Qual é a maneira de trocar? É o Congresso Nacional com o acompanhamento do Supremo Tribunal Federal. O que nós precisamos é não errar mais."

Alckmin faz campanha de rua em Natal (RN)

Ricardo Araújo | Folha de S, Paulo

Alckmin visitou o Centro Avançado de Oncologia da Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer, na zona oeste de Natal, acompanhado da mulher, Lu Alckmin, e de lideranças do PSDB no Rio Grande do Norte.

No maior hospital de tratamento contra o câncer do estado, referência na região Nordeste, o tucano caminhou entre os setores, ouviu relatos de pacientes e participou de uma mini-palestra com os diretores da instituição, alunos do curso de medicina e servidores do complexo hospitalar.

Do hospital, seguiu para a fábrica da Guararapes, pertencente ao empresário Flávio Rocha, no município de Extremoz, região metropolitana de Natal. Do Rio Grande do Norte, Alckmin seguirá para o Amapá.

Para Alckmin, nova Constituição não tem sentido e é perda de tempo
Candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin disse nesta sexta-feira (14) não ver sentido para que se faça uma nova Constituição, como sugere o candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB).

"Isso não tem sentido do ponto de vista jurídico e, de outro lado, é perda de tempo, vamos perder um, dois anos", afirmou Alckmin ao cumprir agenda de campanha no Rio Grande do Norte.

O tucano disse que são poucas as mudanças constitucionais necessárias e que elas precisam ser feitas já no início do próximo ano.

Mourão não propôs apenas que o Brasil faça uma nova Constituição. A proposta dele é que isso aconteça sem ser necessariamente por meio de uma Assembleia Constituinte.

Para ele, o processo ideal envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um plebiscito, para aprovação popular -algo que, atualmente, não se enquadra nas hipóteses previstas em lei.

Hoje, a única forma de se alterar a Constituição é por meio de uma emenda constitucional, que precisa ser aprovada por três quintos do Congresso.

Haddad atribui ao PSDB recessão do fim do governo Dilma Rousseff

Por Fabio Murakawa | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em uma tensa entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, atribuiu ao PSDB a crise econômica vivenciada pelo Brasil no fim do governo Dilma Rousseff, cassada em 2016 em um processo de impeachment. Haddad embasou sua argumentação nas recentes declarações à imprensa dadas pelo senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), ex-presidente da legenda, que afirmou que seu partido errou ao contestar o resultado da eleição presidencial de 2014 e aprovar pautas bombas no Congresso Nacional ao fim do mandato da petista.

Questionado sobre se a recessão que o país atravessou em 2015 e 2016 não se repetiria em um novo governo petista, ele afirmou que não por ter "certeza de que o PSDB não vai sabotar o governo eleito como sabotou em 2014".

Funil eleitoral: Editorial | Folha de S. Paulo

Oficializado, Haddad sobe no Datafolha, enquanto Bolsonaro mostra força na liderança

Realizada na quinta e nesta sexta-feira (13 e 14), a mais recente pesquisa Datafolha de intenções de voto para o Planalto captou os primeiros efeitos de um movimento decisivo para os rumos da disputa —a oficialização da candidatura de Fernando Haddad, em substituição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Depois da passagem do bastão, ocorrida na terça (11), o ex-prefeito de São Paulo, que chegava a 9% no levantamento realizado e divulgado no dia anterior, aparece agora com 13% das intenções, mesmo percentual de Ciro Gomes (PDT).

A diferença é que Ciro se manteve onde estava, enquanto o petista mostra trajetória ascendente. Os dados sugerem uma competição acirrada nos campos da esquerda e da centro-esquerda.

Já Marina Silva (Rede), em tese uma potencial herdeira dos votos de Lula, surge, pela segunda vez consecutiva, em movimento de baixa, passando de 11% para 8%.

O Datafolha aponta novamente Jair Bolsonaro na liderança, desta vez com 26%, oscilação positiva de 2 pontos percentuais em relação à cifra do início da semana. Note-se que na segunda quinzena de agosto, antes do início oficial da campanha, o postulante do PSL contava com 22% das intenções.

A grandeza do Supremo: Editorial | O Estado de S. Paulo

É auspicioso que o ministro Dias Toffoli, no seu discurso de posse como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tenha insistido na necessidade de harmonia entre os Três Poderes, com menção à responsabilidade dos membros do Judiciário pelo respeito institucional mútuo.

“A harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes da República são mandamentos constitucionais. Não somos mais nem menos que os outros Poderes. Com eles e ao lado deles, harmoniosamente, servimos à Nação brasileira”, afirmou o novo presidente do STF, para concluir: “Por isso, nós, juízes, precisamos ter prudência”.

Trata-se de um importante alerta. Nos últimos anos, o País viu-se refém de graves desequilíbrios institucionais provocados, em boa medida, pelo Poder Judiciário, com destaque para a atuação do próprio STF. Não foram poucas as vezes que o plenário do Supremo, uma de suas turmas ou até mesmo um único ministro, monocraticamente, entenderam estar acima do Executivo e do Legislativo, com decisões que invadiram searas alheias. A despeito das competências constitucionais previstas para cada Poder, o Supremo parecia pretender ser sempre e em todos os âmbitos a última palavra.

“A Constituição da República será meu guia”, assegurou o ministro Dias Toffoli na quinta-feira passada. Trata-se de um excelente compromisso para o mandato que se inicia na presidência do Supremo, já que compete precipuamente ao STF “a guarda da Constituição” (art. 102). Em tempos de grandes transformações, é preciso resgatar um profundo respeito – uma profunda reverência – pelo conteúdo da Carta Magna.

Toffoli acerta ao propor conciliação na posse no STF: Editorial | O Globo

Aceno reforça o colegiado da Corte e deveria ser atendido pelas diversas forças políticas

O Supremo Tribunal Federal se viu lançado no meio dos embates político-ideológicos pelo julgamento do mensalão — o primeiro escândalo de corrupção da era do lulopetismo no Planalto, denunciado por um dos mensaleiros, Roberto Jefferson (PTB), em 2005, base do processo que começou a ser julgado em 2012.

Mesmo coma maioria dos ministros indicada por governos petistas (Lula e Dilma), dois anos depois a Corte condenaria 24 dos 40 denunciados, vários à prisão, em regime fechado e semiaberto, entre eles nomes fortes do PT: José Dirceu, Pedro Paulo Cunha, José Genoíno, Delúbio Soares e Henrique Pizzolato, o sindicalista fugitivo.

A imagem do STF e do Poder Judiciário como um todo se fortaleceu na sociedade, fator a dar estabilidade ao regime democrático, por meio da segurança jurídica, que tem ajudado o país, desde então, a superar ondas de instabilidade política. Ao tomar posse quinta-feira na presidência do Supremo, em substituição a Cármen Lúcia, o ministro Dias Toffoli, indicado pelo governo Lula em 2009 para a Corte, assumiu com o oportuno discurso da pacificação de conflitos dentro e fora do Supremo.

Fernando Pessoa: Navegar é preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.