quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Luiz Werneck Vianna* || A procura de um ator

Cumpridos sete meses de disputas encarniçadas ainda não se divisa qual partido tem levado vantagem na guerra de posições em que estão envolvidos o governo com as forças políticas que o apoiam no sentido de desviar o curso do nosso processo de modernização, vigente em linhas gerais desde os anos 1930, e as que se opõem, embora erraticamente, a tal movimento. De qualquer modo, pode-se constatar que se houve veleidades de uma ação do tipo blitzkrieg, rápida e fulminante, a fim de levar de roldão o sistema da ordem da Carta de 88, ela saiu do plano das cogitações oficiais, admitindo os estrategistas dessa operação que ela exige um tempo longo de maturação, para o que já se cogita mais um período presidencial.

Longe de serem uma linha maginot facilmente devassável, as instituições postas pela Carta de 88 tem-se mostrado robustas e resilientes, contrariando os incréus, ao assédio que lhes são feitas. Daí serem elas o objetivo estratégico do governo e seus aliados, principalmente o grande empresariado das finanças e do agronegócio, que identificam nelas obstáculos à expansão dos seus negócios, tal como na afirmação do princípio da solidariedade social, obstáculo ao modelo de capitalização desejado pelo super ministro da economia em favor das finanças, e da defesa do meio ambiente e das terras indígenas cobiçadas pelo agronegócio e pelo setor da mineração.

É próprio das guerras de posição de que as partes em conflito não só se mantenham firmes na defesa do terreno ocupado como procurem se assegurar das suas bases de abastecimento, de apoio político e social. Na atual circunstância em que ora se vive aqui é preciso destacar as vantagens com que contam o governo e seus aliados sobre seus oponentes, a começar pelo fato elementar de deterem a iniciativa das ações, com o que selecionam a seu favor o tipo dos embates com que fustigam seus adversários. Outra vantagem não negligenciável deriva da inexistência no campo das oposições de lideranças que organizem sua heterogênea composição, quer as de origem política quer as intelectuais, viciadas em seu gosto idiossincrático pelo protagonismo, dificultando, quando não impedindo, ações concertadas.

Contudo, pode-se considerar como passageiras algumas dessas desvantagens por que de fácil remédio. O estoque de reservas mobilizáveis pela oposição é muitas vezes superior ao que se apresenta como disponível pelo governo e aliados, e que tende a crescer em razão do estilo truculento e errático que tem caracterizado suas ações, prisioneiro até então da biografia e da personalidade agressiva do seu maior condutor, o presidente da República. O sindicalismo, os intelectuais, os estudantes, o amplo mundo das classes subalternas, a massa considerável da população se encontra à margem da agenda governamental que não dispõe de políticas de legitimação para elas. No caso, vale lembrar que o regime militar – pretenso espelho do governo atual – adotou em busca de legitimação, com êxito durante certo tempo, a via da expansão econômica, objetivo inteiramente ignorado pelos agentes atuais da política econômica.

Malu Delgado || Vidas, 'transtornos' e canos fumegantes

- Valor Econômico

Banalização da vida é legitimada como nova política pública

O papel de um governante é evitar "transtornos para a sociedade", segundo ensinamento do governador do Rio, Wilson Witzel, postado no Twitter minutos depois de ele descer efusivo de um helicóptero, na ponte Rio-Niterói, com o punho erguido em sinal de vitória. Tudo registrado em tempo real por um assessor que seguia os pulinhos frenéticos do chefe, filmando o momento épico com um celular. O transtorno, que impediu o trânsito nas duas vias da ponte, por quase quatro horas, era um jovem de 20 anos que sequestrou um ônibus com 37 passageiros. Um bandido, no vocábulo usual da família Bolsonaro, ou um "homem mau", de acordo com a definição bíblica do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que citou provérbios sobre os "gritos de alegria" da cidade quando os ímpios perecem, ou, como no caso em questão, morrem.

Os cidadãos (os brasileiros de bem, os cidadãos ordeiros, ainda parafraseando os filhos do presidente) que tiveram o curso normal da vida interrompido por algumas horas, impedidos de ir e vir (esse transtorno!), aplaudiram e reagiram com entusiasmo semelhante ao do governador Witzel quando ouviram os tiros disparados por um sniper, derrubando o sequestrador no momento em que ele havia descido do ônibus. Antes, num tenso processo de negociação conduzido pela polícia, seis reféns tinham sido libertados.

Soube-se logo depois da morte celebrada pelos políticos - in loco ou em exultantes comentários nas redes sociais - que o sequestrador portava uma pistola de brinquedo e gasolina numa garrafa pet, além de estar em aparente surto psicótico. "O ideal era que todos saíssem vivos, mas preferimos salvar os reféns", explicou o governador nas redes sociais. As preferências do governador são suficientemente conhecidas, mas ontem ele voltou a registrar sua contrariedade com os "entendimentos de que não podem ser abatidos os criminosos que ostentam armamentos". O tenente-coronel Maurílio Nunes, coordenador do Bope, afirmou, ao lado do governador, que 80% dos casos são resolvidos com negociação e há um claro protocolo internacional, técnico, a ser seguido para respaldar ações policiais em casos trágicos como o que se viu ontem.

Zuenir Ventura || Uma lição para Witzel

- O Globo

‘Essa é a polícia que queremos”, disse o coronel Mauro Fliess, porta-voz da PM, resumindo o desfecho das três horas e meia do sequestro de um ônibus com 37 passageiros ontem de manhã na Ponte Rio-Niterói. A única vítima foi o sequestrador, morto por um atirador de elite. A operação foi considerada tecnicamente perfeita.

O governador Wilson Witzel chegou no final e comemorou o feito com pulos e abraços nos soldados. Tomara que o episódio lhe sirva de lição, pois é o oposto de sua política de segurança, sobre a qual eu acabara de escrever o seguinte:

“Apesar dos resultados desastrosos — o mais recente foi a morte de seis jovens inocentes —, o governador insiste no confronto. Para ele não alegar que a crítica é de quem não entende do assunto, cito a opinião de dois importantes generais: Santos Cruz e Richard Nunes. Durante a intervenção federal no Rio, eles defenderam o fim dos enfrentamentos e propuseram ações sociais dos militares nas comunidades.

A posição coincidia também com a de José Mariano Beltrame, que foi secretário de Segurança do Rio por dez anos. Ele advertia que a reconquista do território aos bandidos era indispensável como primeiro passo, não como solução.

Bernardo Mello Franco || A euforia do governador

- O Globo

O sequestro na Ponte Rio-Niterói terminou com a libertação de todos os reféns. Ponto para a polícia, não para o político que buscou faturar com o episódio

Wilson Witzel vibrou, ergueu os punhos, deu pulinhos diante das câmeras. O governador era só euforia ao descer do helicóptero na Ponte Rio-Niterói.
Ele parecia comemorar um gol no Maracanã, mas estava chegando ao local demais uma tragédia carioca.

Não há o que festejar num sequestro que termina em morte, mesmo que seja ado sequestrador. OB ope agiu dentro da lei, tentou negociar uma rendição e atirou para preservar as vidas dos reféns. Ponto para a polícia, não para o político que buscou faturar com o episódio.

Witzel não se contentou em explorar o crime vivo na TV. À tarde, ele recebeu a imprensa no palácio comum a boina da tropa de elite sobre a mesa. À noite, trocou o figurino de “caveira” pelo de pastor.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o governador reapareceu dentro do ônibus, orientando os reféns a “colocar Jesus no coração”. Depois de três horas e meia de sequestro, as vítimas foram usadas como figurantes numa pregação eleitoreira.

Vera Magalhães || Tá tudo dominado

- O Estado de S.Paulo

Busca de blindagem a filho do presidente explica ataque coordenado a instituições

Muitas foram as tentativas de se frear o ímpeto punitivo iniciado com a Lava Jato até 2018, mas todas elas resultaram em nada. Funcionou como barreira de contenção às investidas, perpetradas sobretudo pelos políticos, mas com ecos também no STF, o apoio de que a operação gozava na opinião pública.

De tal forma anabolizada, a Lava Jato deixou de ser vista como uma força-tarefa temporária para virar uma espécie de instituição autônoma e teve papel importante na eleição de Jair Bolsonaro e outros expoentes da autodenominada “nova política”. Esse fenômeno viu seu ápice na nomeação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça.

Passados os primeiros meses de governo, no entanto, a maré virou. O caso Vaza Jato mostrou abusos cometidos por procuradores da Lava Jato e abalou o monolito de credibilidade da operação. Paralelamente, as revelações de irregularidades cometidas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio tiraram do clã presidencial o discurso fácil do moralismo.

Foi essa conjunção astral que foi percebida pelos setores da política e do Judiciário incomodados com o protagonismo da Lava Jato e que sempre apontaram abusos por parte do Ministério Público e outros órgãos de controle, como a Receita e o Coaf, para finalmente ter êxito em iniciativas para lhes cortar as asas.

Merval Pereira || Mudança de rumo

- O Globo

Parte dos eleitores de Bolsonaro vai ficar revoltada quando entender que ele está boicotando a Lava-Jato

A interferência do presidente Jair Bolsonaro em corporações como a Polícia Federal, a Receita, o Coaf, as Polícias Militares, fundamentais no combate à corrupção, na direção oposta àquela que balizou sua campanha presidencial, é um dos mais intrigantes movimentos políticos dos anos recentes.

Bolsonaro foi eleito principalmente pelo sentimento antipetista que continua latente. Mas ampliou seu eleitorado cativo, de militares e assemelhados, com a adesão da classe média urbana, que exigia o combate à corrupção como maneira de conseguir bons serviços públicos e um padrão ético civilizado.

A Operação Lava-Jato fez com que os brasileiros juntassem causa e efeito, compreendendo que a corrupção constrangia o investimento governamental em áreas carentes de equipamento urbano de transportes, de saúde, de educação, saneamento básico.

Na campanha presidencial, Bolsonaro anunciou logo que o superministro da Economia seria Paulo Guedes, seu “posto Ipiranga”. O que lhe valeu o apoio de um eleitorado liberal que buscava ao centro a solução para livrar-se do PT. Bolsonaro tornou-se a solução à mão.

Eleito, deu um golpe de mestre convidando o juiz Sergio Moro, símbolo do combate à corrupção, para ministro da Justiça e Segurança Pública, juntando em uma figura icônica dois setores vitais para a melhoria do cotidiano do brasileiro.

Carlos Melo* || Doria age para confinar Bolsonaro no gueto extremista

- O Estado de S.Paulo

Menos afoito do que quando debutou na política, como prefeito, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), constrói agora com método e vagar sua candidatura à Presidência da República. No desgaste do governo federal, ocupa espaços e atrai aliados; conscientemente, o discurso enérgico e o antagonismo com o PT o colocam na disputa por um campo político hoje tomado por Jair Bolsonaro. O embate entre ambos está contratado.

Contudo, há dois poréns: após apelos e juras feitos a Bolsonaro no segundo turno da eleição estadual, Doria será bem recebido pelo eleitorado que, na disputa em 2018, se alinhou com o atual presidente? E, ao final, “rachar” a direita não compreenderia somar zero com Bolsonaro e viabilizar o centro e a esquerda?

O primeiro ponto, o tempo dirá: dependerá da habilidade de Doria, do desempenho do governo e do desgaste de Bolsonaro, em particular.

Já aproximação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e seu partido, o DEM, visa equacionar a segunda questão: uma aliança com esse desenho lhe daria amplitude da direita para o centro, bem além do jardim bolsonarista. Nesta hipótese, Doria confinaria o presidente no gueto do extremismo, solapando o solo sob seus pés no terreno do antipetismo e da direita moderada. Com a esquerda órfã, desorganizada e dividida, com efeito, suas chances aumentariam. O cálculo é racional; faz sentido.

‘Luciano Huck e a Casa das Garças não conhecem Paulo Hartung’, diz Luiz Paulo

- Século Diário (ES)

Ajuste fiscal foi feito à custa de investimentos públicos essenciais e com pactuação política medíocre

Diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e ex-prefeito de Vitória por dois mandatos, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PPS) avalia que a movimentação política de Paulo Hartung (sem partido) no cenário nacional – lançada explicitamente no Espírito Santo na última quarta-feira (14) em evento organizado pela herdeira da Universidade de Vila Velha (UVV) e pré-candidata à prefeitura do município, Tayana Dantas (Cidadania), e pelo apresentador de TV Luciano Huck – está sendo sustentada por uma versão “denorex” do seu trabalho no Estado.

A narrativa que está sendo construída sobre a trajetória do ex-governador – provável candidato a vice de Huck na disputa presidencial de 2022 – “é verossímil, não é verdade. É uma ilusão cognitiva”, classifica Luiz Paulo. “É 'denorex', parece, mas não é”, brinca o ex-prefeito.

Por dois motivos, destaca: a forma como foi feito o ajuste fiscal; e a excessiva transferência a Paulo Hartung dos créditos sobre o sucesso da renovação política e fiscal do Espírito Santo, nos últimos 20 anos.

“E o Luciano Huck e a Casa das Garças não sabem de nada disso”, afirma, referindo-se ao “templo” dos economistas liberais do Brasil, como Pedro Malan, Armínio Fraga, Samuel Pessoa e Marcos Lisboa, com quem Paulo Hartung tem dialogado desde que se viu impossibilitado de disputar o Palácio Anchieta em 2018, diante dos erros cometidos na sua terceira gestão. Diálogos que têm sido potencializados por eventos políticos com o de Vitória e pela mídia hegemônica local, nacional e internacional, a exemplo da matéria publicada no início de agosto no britânico The Economist, e que foi alvo de crítica publicada neste Século Diário.

Para começar, enfatiza Luiz Paulo, “o equilíbrio fiscal é um meio, não é o fim em si mesmo”. Não gastar mais do que se arrecada é um meio de ser governar bem. Mas, “em seu terceiro mandato, ele cuidou apenas disso”, critica.

Luiz Carlos Azedo || Moedas de troca

- Nas entrelinhas / Correio Braziliense

“Quem tem três propostas de reforma tributária, a rigor, não tem nenhuma. É preciso unificar os projetos e construir massa crítica para sua aprovação, o que não será fácil”

A aprovação da reforma da Previdência pelo Senado é uma negociação muito mais complexa do que o ministro da Economia, Paulo Guedes, imaginava. Sua conversa com os senadores ontem, no gabinete do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), mostrou que a reforma passa por um entendimento com os governadores, entre os quais os do Nordeste, que estão em rota de colisão com o presidente Bolsonaro por razões políticas e eleitorais, e também do Norte do país, que se queixam da posição do governo em relação ao Fundo da Amazônia.

Ao contrário do que acontece na Câmara, onde a representação dos estados leva em conta o tamanho dos respectivos colégios eleitorais, no Senado, todos os estados têm três senadores, não importa o número de eleitores. Além disso, é uma Casa de voto majoritário, que passou por grande renovação, mas que ainda tem um conjunto de lideranças com larga experiência política e administrativa, por serem ex-governadores e ex-ministros. O relator da reforma da Previdência, por exemplo, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), é um dos veteranos da Casa.

Ontem, para abrir caminho à aprovação da reforma da Previdência, Guedes estimou em R$ 500 bilhões a transferência de recursos federais para os estados e municípios, em 15 anos, em decorrência de um pacote de projetos do que o governo chama de novo pacto federativo. O governo promete distribuição dos recursos do leilão do excedente da chamada cessão onerosa do pré-sal, Fundo Social, desvinculação do Orçamento, mudanças no Fundeb (Fundo de Educação Básica) e Fundos Constitucionais, além do plano de socorro a estados (Plano de Equilíbrio Fiscal — PEF), que já foi anunciado pela equipe econômica.

Segundo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro pretende descentralizar as receitas, elevando os repasses da União a estados e municípios. Na conversa com os senadores, o ministro da Economia vinculou as transferências a estados e municípios aos respectivos ajustes fiscais, mas não explicitou os critérios a serem adotados. Quatro ou cinco PECS (Projetos de Emenda à Constituição) serão apresentados pelo governo.

Hélio Schwartsman: Sim, nós temos bananas

- Folha de S. Paulo

Bolsonaro não poupou medidas e declarações controversas em oito meses de governo

"Ou vou ser um presidente banana?", perguntou-se Jair Bolsonaro no curso de uma das muitas polêmicas em que se meteu recentemente. O dilema presidencial é pertinente e merece investigação.

Em seus oito meses de governo, Bolsonaro não poupou o país de medidas nem de declarações controversas. Em várias delas mostrou-se realmente um valentão. Foi o caso dos decretos sobre armas, sobre radares de velocidade, do esvaziamento de conselhos e agências e dos bate-bocas com adversários.

Os traços comuns a essas situações são que elas geram protestos que ficam restritos à mídia e rendem ao mandatário o aplauso entusiasmado de seus partidários. Os prejuízos causados são algo abstratos ou, pelo menos, não imediatamente mensuráveis.

Em outras ocasiões, porém, Bolsonaro revelou-se mais banana. Parou de falar em transferir a embaixada brasileira para Jerusalém e esqueceu o discurso duro que fazia contra a China. Não voltou a insistir na pauta do Escola sem Partido nem na ideia de reduzir a maioridade penal.

Bruno Boghossian || O preço do embaixador Eduardo

- Folha de S. Paulo

Presidente oferece cargos e põe em risco outras pautas para ajudar Eduardo

Jair Bolsonaro sempre soube que o currículo do filho não era suficiente para o posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior. Tentou fazer piada, chamou Eduardo de "fritador de hambúrguer" e, principalmente, limpou uma planilha de cargos vultosos no governo para entregar aos parlamentares dispostos a apoiá-lo.

O nome do terceiro filho do presidente começou a circular há quase 40 dias como futuro embaixador do Brasil em Washington. Recebeu o aval do governo americano, mas ainda não foi enviado ao Senado para aprovação. O longo processo e as críticas públicas revelam o custo político alto da escolha —um custo que Bolsonaro está disposto a pagar.

O presidente queima a influência política do governo para emplacar Eduardo. Quando fala em desistir, ignora o óbvio entrave moral de enfiar um filho numa função pública de peso e parece só estar preocupado com o bem-estar da prole.

"Tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Tudo pode acontecer", afirmou.

O governo trabalha como se o fator família não fosse problema. "Se não for meu filho, vai ser o filho de alguém, porra", disse o presidente, desiludindo quem torcia para que o embaixador fosse um ser nascido a partir de geração espontânea.

Ruy Castro* || Idiota, tá OK; de Ipanema, jamais

- Folha de S. Paulo

Televisão alemã comete erro grave ao classificar Bolsonaro

Na semana passada, a ARD, principal canal estatal de televisão da Alemanha, dedicou todo um programa humorístico, "Extra 3", a criticar o presidente Bolsonaro por sua defesa da motosserra na proteção da Amazônia, por sua intervenção em órgãos oficiais que insistem em lhe dizer a verdade sobre o desmatamento e pelo seu sonho de transformar a agricultura brasileira num grande pasto. Até aí, é normal —graças a Bolsonaro, o Brasil tem fornecido abundante material de humor na TV mundial. Mas, em certo momento, o apresentador Christian Ehring mostrou Bolsonaro usando uma mistura de monoquíni e tanga, com o morro Dois Irmãos ao fundo e o título: "Bolsonaro, der Depp von Ipanema". Ou: "Bolsonaro, o idiota de Ipanema".

Epa! Aí, não. É inadmissível. É pegar pesado demais. Idiota, tudo bem. Mas, de Ipanema, não.

Bolsonaro não tem nada a ver com Ipanema. Nunca teve, nunca terá. Não há hipótese de ser confundido com o bairro que, nos últimos cem anos, foi o palco das revoluções brasileiras em comportamento, moda, artes plásticas, cinema, teatro, música popular, imprensa, colunismo social, cartum, fotografia, televisão, esporte, design, boemia, Carnaval, praia e até psicanálise. O bairro da bossa nova, do cinema novo, da Banda de Ipanema, das Dunas do Barato, da esquerda festiva, dos botequins lendários, das moças grávidas na areia, das grã-finas que se misturavam com os mortais.

Elio Gaspari* || José Pastore mostrou a bomba

- Folha de S. Paulo / O Globo

Faz tempo que o Brasil vive no desvão que separa o conservadorismo do atraso

Poucas vezes se ouviu uma advertência tão grave como a que o professor José Pastore fez em sua entrevista à repórter Érica Fraga. O Brasil tem 50 milhões de pessoas no desemprego e na informalidade, sem qualquer tipo de proteção social: “Nada, zero. Nem proteção trabalhista, nem CLT, nem Previdência, nem seguro saúde, nada. Elas dependem de assistência. Felizmente, temos dois ou três planos de assistência social que quebram o galho.”

Quem acha que esse tipo de capitalismo selvagem tem futuro, talvez faça melhor cuidando da papelada para conseguir um visto português. Até porque falta à selvageria nacional o ingrediente capitalista, coisa em relação à qual o andar de cima tem secular repulsa. A advertência de Pastore ganha atualidade quando se sabe que mais da metade do valor das deduções do Imposto de Renda com despesas de saúde vão para pessoas com renda superior a dez salários mínimos. Com elas, em 2018 a Viúva deixou de arrecadar R$ 44,4 bilhões. Quem não tem o plano de saúde que permite o rebate, dispõe do malfalado SUS. Desde 2009 ele perdeu 43 mil leitos de internação, equivalentes a 12,7% da rede.

Pastore exemplificou a selvageria que se está estabelecendo no mercado de trabalho com uma cena hospitalar: “No novo mundo do trabalho, você tem três enfermeiras num mesmo hospital. Uma é fixa, outra é terceirizada e a outra, freelancer. Fazem a mesma coisa, mas têm remuneração e benefícios diferentes. Isso é um escândalo para o direito do trabalho convencional.”

Míriam Leitão || O panorama visto do mercado

- O Globo

Risco externo e dificuldades internas entram na conta do mercado e visão para o PIB está mais negativa do que no início deste ano

A análise que os economistas de bancos fazem hoje é muito menos positiva do que faziam no início do ano. Antes, as perspectivas eram de retomada, de aprovação de reformas e de recuperação via ajuste fiscal. Um exemplo desse novo tom ocorreu na entrevista de ontem do departamento de pesquisa econômica do Itaú Unibanco. O economista-chefe, Mário Mesquita, não vê dados consistentes de recuperação acurto prazo, prevê a desaceleração da economia global, não tem no cenário a aprovação da reforma tributária e teme os reflexos da política ambiental do governo.

Pelas contas do banco, não haverá recessão técnica, porque o número do segundo trimestre será positivo em 0,5%. Recessão é quando há dois trimestres seguidos de queda.

Houve queda no primeiro. Alguém pode considerar esse número de 0,5% até alto porque os dados setoriais foram todos negativos no trimestre. Eles explicam que a produção industrial foi puxada par abaixo pela indústria extrativa mineral, como reflexo ainda da tragédia de Brumadinho. Mas a indústria de transformação e os serviços vão levar o número do trimestre a um dado positivo.

Há outros bancos e consultorias com projeções mais baixas para o segundo trimestre. O índice do IBGE sai dia 29. De todo modo, no terceiro trimestre, há novo risco de um número negativo. Se isso acontecer, serão dois trimestres, não consecutivos, de encolhimento no ano.

— A economia brasileira continua girando na casa de 1% anualizado. Mesmo que suba 0,5% no segundo trimestre, virá logo em seguida um PIB fraco no terceiro trimestre. Há uma volatilidade grande da recuperação, ela não é firme.

Cristiano Romero || O acordo entre Brasília e São Paulo

- Valor Econômico

Condições financeiras refletem 'pacto' do pós-Dilma

O Brasil está longe de resolver problemas estruturais de sua economia, o principal deles, como financiar o Estado de maneira não inflacionária. Esta é a equação jamais resolvida, a que determina todo o resto. Apesar disso, depois de o país sofrer entre 2014 e 2016 uma das mais longas recessões de sua história, Brasília e São Paulo fecharam acordo tácito: o centro do poder trabalha rápida e incessantemente para aprovar reformas institucionais e a matriz empresarial e financeira da nação assegura condições financeiras razoáveis que permitam à economia respirar durante a "transição".

As reformas, como a da Previdência, se destinam a garantir que, no futuro próximo, o setor público seja financiado pelos tributos que União, Estados e municípios arrecadam, tornando desnecessário ao Tesouro Nacional endividar-se para pagar as despesas. Em maio de 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, firmou-se um consenso entre Brasília e São Paulo: o grave desequilíbrio das finanças públicas é a principal causa da ruína do país e, se nada for feito, a própria democracia, reconquistada há pouco mais de 30 anos, estará em risco.

Vice de Dilma, Michel Temer assumiu o poder sem ter recebido um só voto das urnas. Não há nada de errado nisso, é assim em várias democracias, mas, então, seria o caso de se indagar: com que capital político ele convencerá o Congresso Nacional a aprovar mudanças institucionais de que o Brasil tanto necessita para evitar o caos? Ademais, seu mandato era tampão. Considerando que o afastamento definitivo de Dilma só se deu em agosto de 2016, Temer teve dois anos e cinco meses para governar.

Na política nacional, as coisas funcionam mais ou menos assim: para chegar à Presidência, o sujeito precisa, grosso modo, de algo perto de 60 milhões de votos; eleito e a bordo do apoio da maioria dos que votaram no pleito, ele possui capital político suficiente para levar sua agenda ao Congresso e aprová-la; na hipótese de chegar lá porque o titular caiu (caso de Dilma), mesmo desconhecido da maioria dos viventes (Temer), seu capital político será proporcional à extensão da "terra arrasada".

Vinicius Torres Freire: O Brasil na vida após a morte econômica

- Folha de S. Paulo

Com anos de ruína, reforma e paralisia, pouco se sabe das perspectivas do país

As pessoas perguntam do impacto de uma recessão mundial sobre o Brasil. A gente responde de modo bobinho que o efeito já está sendo ruim pelo menos desde o ano passado, quando a Argentina foi de novo à breca. Francamente, como dizer algo que preste quando a gente sabe quase nada sobre o que se tornou o Brasil depois de cinco anos de depressão?

Meia década de erros vexaminosos e exorbitantes de previsões econômicas é um sintoma da ignorância, mas nem o mais importante, embora alguns equívocos tenham custado caro (como as estimativas de inflação erradas desde 2017).

Para ser menos abstrato, diga-se que o Brasil agora tem taxa básica de juro real a 1,6% ao ano, tendendo a 1% (com inflação baixa e sem manipulações), gasto federal estagnado faz pelo menos três anos e não muito diferente do que era faz cinco anos e investimento público no menor nível em décadas (a depender do método de estimativa do freguês).

Diga-se de passagem que o investimento federal caiu quase 18% neste primeiro semestre (em relação ao semestre inicial do ano passado).

O que foi feito das empresas? Sabemos por meios indiretos que houve uma enorme desnacionalização, que as estatais estão sendo enxutas e/ou estão quebradas, grandes empreiteiras foram à breca e a indústria encolheu ainda mais.

Cinco anos de depressão fizeram as empresas subsistir em experiência de quase morte ou a aprender a viver com um mínimo de pessoal (por feia necessidade e até inovação). O desemprego deve ficar alto por muito tempo; muita gente sem trabalho não terá capacidade de preencher vagas de emprego melhores que talvez apareçam.

Fábio Alves || Esaú e Jacó

- O Estado de S.Paulo

O comportamento de Bolsonaro segue sendo uma fonte de instabilidade política

Desde a aprovação da reforma da Previdência, a economia deixou de ser a principal fonte de incerteza de médio prazo no Brasil. Já as crises causadas pelo presidente Jair Bolsonaro e o seu entorno – familiares e assessores – alçaram a política como o maior fator de instabilidade.

Com a Previdência aprovada na Câmara, o sentimento de analistas é que a ameaça de um colapso fiscal está afastada, injetando maior confiança e previsibilidade macroeconômica, essenciais para o investimento e o consumo.

A agenda de reformas, aliás, está avançando com surpreendente rapidez, mas isso graças ao Congresso. Os parlamentares chamaram para si a responsabilidade de promover mudanças urgentes nos benefícios previdenciários e no sistema de tributos e impostos.

O presidente Bolsonaro mais atrapalhou do que ajudou durante a tramitação da reforma na Câmara. A bola agora está com o Senado.

Quanto à reforma tributária, enquanto uma proposta já tramita na Câmara e outra no Senado, o governo ainda não apresentou o seu projeto.

É verdade que, até o momento, o desempenho da atividade tem ficado muito aquém do esperado em 2019. Depois de uma queda de 0,2% no primeiro trimestre, há o risco de o PIB do segundo trimestre ficar estável ou negativo, o que, nesse caso, colocaria a economia brasileira em recessão técnica.

Monica de Bolle* || Fumaça ou Fogo?

- O Estado de S.Paulo

Contrariando as leis da física, na economia às vezes a fumaça aparece antes do fogo

Vi na internet as impressionantes imagens da espessa fumaça que encobriu São Paulo na última segunda-feira, fruto de queimadas e prova de que o dito popular “onde há fumaça, há fogo” geralmente se concretiza. O que dizer, portanto, dos ruídos e da fumaça que andaram causando intensas turbulências nos mercados internacionais nas últimas semanas? Há fogo? Se há, de onde se origina?

Muitos se preocupam que a origem seja a economia norte-americana, que andou dando alguns sinais recentes de fadiga. O temor de uma recessão nos EUA em meio aos graves problemas que afligem o mundo – do Brexit à crise com o Irã à desaceleração da economia chinesa aos protestos em Hong Kong, e por aí vai – tem sido fonte de incerteza, muita especulação, e de dúvidas ponderáveis sobre os rumos da política econômica mundo afora. Por certo, o risco de uma recessão nos EUA existe. A recuperação em curso é a mais prolongada tomando-se várias décadas, o que por si sugere que uma virada cíclica estaria no horizonte.

Pesquisa do Wall Street Journal sobre as previsões econômicas para os EUA mostrou recentemente que alguns entrevistados acham que a probabilidade de que o país seja atingido por uma recessão até o fim do ano que vem é de mais de 70%. Trump tem demonstrado intensa ansiedade em relação ao estado da economia ao responsabilizar o banco central norte-americano – o Fed – por um eventual enfraquecimento que venha a prejudicar sua reeleição. Contudo, nada disso atesta que há uma recessão iminente por vir.

Apesar de alguns sinais negativos, a economia continua a crescer em bom ritmo, ainda que os efeitos dos estímulos fiscais de 2017 tenham se dissipado. O investimento está crescendo de forma robusta e o consumo, auxiliado pela baixíssima taxa de desemprego, está forte. Em julho, o Fed reduziu os juros pela primeira vez desde 2008 de forma preventiva e há indícios de que fará o mesmo movimento em setembro. O que explica tanta angústia?

Ricardo Noblat || A celebração da morte

- Blog do Noblat / Veja

Crueldade nas veias
A levar em conta a estridência que marca suas falas e a falta de piedade que o caracteriza, até que o presidente Jair Bolsonaro não foi tão mal assim ao comentar o desfecho do sequestro do ônibus no Rio que resultou na morte do sequestrador. Ele disse: “Não é para ter pena”. Em seguida, elogiou a Polícia Militar.

No caso, o mal, a irresponsabilidade e o oportunismo político foram encarnados pelo ex-juiz Wilson Witzel, o governador do Rio, candidato desde já a presidente da República em 2022 como ele mesmo admite e já avisou a Bolsonaro, ou à reeleição na pior das hipóteses. Seu comportamento foi cruel para dizer o mínimo.

Era de se esperar que Witzel fosse ao local cumprimentar a tropa da Polícia Militar que procedeu como mandam os protocolos internacionais. Foi uma operação tecnicamente perfeita. Salvou a vida dos passageiros feitos reféns. E deu todas as chances para que o sequestrador se entregasse. Infelizmente, ele preferiu ser morto.

Inesperado e chocante foi o desempenho do governador à saída do helicóptero que o transportou. Acompanhado de um assessor que filmava tudo para que fosse postado nas redes sociais, Witzel deu pulinhos no asfalto, socou o ar várias vezes, sorriu e acenou como se fosse um torcedor a celebrar um gol do seu time.

Não ficou só nisso. Abraçou demoradamente o chefe da operação de resgate, concedeu entrevistas e entrou no ônibus para rezar com os passageiros que o aguardavam. A reza coletiva foi motivo de outra postagem nas redes. Mais tarde, em novo encontro com repórteres, exibiu-se tendo à sua frente uma boina da PM.

O que a televisão mostrou ao vivo durante horas para todo o país nada teve a ver com a polícia orientada por Witzel a atirar na cabecinha de bandidos que portem fuzis, e nada a ver com a polícia autorizada por ele a disparar de cima de helicópteros na população dos morros cariocas. Foi outra polícia. Quanto a ele, foi o mesmo.

Há poucos dias, seis jovens inocentes foram mortos pela polícia de Witzel. De janeiro último para cá, balas perdidas em trocas de tiros entre policiais e bandidos mataram 33 pessoas no Rio. “Quem mata é o crime”, gosta de repetir o governador. Não é verdade. A polícia também mata, e cresce o número de abatidos por ela.

Não será à bala que diminuirá a violência no Rio. A política de enfrentamento do crime organizado só terá êxito se combinada com a política de ações sociais e de maior oferta de serviços públicos. É o que prova farta literatura universal, e também experiências que se frustraram no próprio Rio.

Cerca de 2,5 milhões de moradores do Rio vivem em áreas dominadas pelo tráfico de drogas e pelas milícias, segundo levantamento do Ministério da Defesa à época do governo Temer. Não há notícias de territórios subtraídos ao crime organizado desde que Witzel começou a governar. Tudo está por se fazer.

O que ameaça Bolsonaro

O que pensa a mídia || Editoriais

Sequestro no Rio || Editorial / Folha de S. Paulo

Bolsonaro e Witzel usam ação bem-sucedida da PM para reforçar discurso perigoso

Até onde se pode verificar, foi correta a ação da Polícia Militar fluminense que encerrou o sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói, nesta terça-feira (20).

Atiradores de elite mataram o sequestrador, que manteve reféns o motorista e 38 passageiros por cerca de três horas e meia, no início da manhã. Tentativas de negociação haviam resultado na libertação de quatro mulheres e dois homens, mas permaneciam os riscos para as demais vítimas.

Relatou-se que Willian Augusto da Silva, 20, brandia uma pistola —que, segundo se soube depois, era de brinquedo— e demonstrava que poderia incendiar o veículo. Portava ainda uma faca, uma arma que dá choques elétricos e recipientes com gasolina.

Fazia menções, de acordo com passageiros, ao trágico episódio conhecido como o do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janeiro em junho de 2000, quando uma ação desastrada da PM resultou na morte de uma refém pelo sequestrador —que, por sua vez, morreu asfixiado numa viatura, tendo os policiais presentes sido inocentados.

Desta vez, o desfecho traz sem dúvida alívio pela ausência de mortos e feridos entre os cidadãos que dependeram da perícia e da prudência das forças de segurança. Justifica-se, ao menos com o que se conhece das circunstâncias, o apoio das autoridades a profissionais que agiram sob enorme tensão numa situação complexa.

As ditas autoridades, entretanto, desperdiçaram a chance de fazê-lo com equilíbrio e responsabilidade, para surpresa de ninguém.

Antes mesmo do desenlace do caso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já defendia de público o uso de atiradores de elite: ”Não tem que ter pena”. Lamentava ainda as acusações aos policiais envolvidos na morte do sequestrador do ônibus 174, “esse vagabundo”.

Já o governador Wilson Witzel (PSC) chegou à ponte de helicóptero, do qual desceu com gestos futebolísticos de comemoração. Ao falar, tratou de defender sua tese bárbara segundo a qual portadores de fuzis devem ser abatidos sem maior questionamento.

Poesia || Waly Salomão - Hoje...

O que menos quero pro meu dia
polidez,boas maneiras.
Por certo,
um Professor de Etiquetas
não presenciou o ato em que fui concebido.
Quando nasci, nasci nu,
ignaro da colocação correta dos dois pontos,
do ponto e vírgula,
e, principalmente, das reticências.
(Como toda gente, aliás...)

Hoje só quero ritmo.
Ritmo no falado e no escrito.
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.

Não está prevista a emissão
de nenhuma “Ordem do dia”.
Está prescrito o protocolo da diplomacia.
AGITPROP – Agitação e propaganda:
Ritmo é o que mais quero pro meu dia-a-dia.
Ápice do ápice.

Alguém acha que ritmo jorra fácil,
pronto rebento do espontaneísmo?
Meu ritmo só é ritmo
quando temperado com ironia.
Respingos de modernidade tardia?
E os pingos d’água
dão saltos bruscos do cano da torneira
e
passam de um ritmo regular
para uma turbulência
aleatória.