quinta-feira, 20 de maio de 2021

Merval Pereira - Não há chance de dar certo

- O Globo

Além das mentiras já comprovadas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que o noticiário em tempo real já explora desde ontem, e os jornais de hoje estão certamente aprofundando, os depoimentos à CPI da Covid até agora estão desvelando a maneira primitiva com que as decisões não são tomadas no governo Bolsonaro.

Juntando com a operação da Polícia Federal realizada ontem sobre a venda ilegal de madeira para os Estados Unidos, denunciada pelo próprio governo americano, temos a prova cabal de que não é apenas a questão ideológica que interfere na formação de um governo totalmente disfuncional.

O (ainda?) ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e diversos escalões do Ibama, inclusive seu presidente, foram apanhados por uma investigação sigilosa que incomodou Bolsonaro, que fez trocas no Ministério da Justiça e na Polícia Federal na tentativa de controlar as instituições do Estado brasileiro e viu-se surpreendido com a independência da PF.

Um exemplo típico, e fundamental, dessa disfuncionalidade é a crença de que as palavras de Bolsonaro nas redes sociais e nas lives fazem parte apenas do seu “etos político”, e não representam orientações do governo. Ao explicar a famosa frase “um manda, outro obedece”, Pazuello disse que era “uma frase de internet”, isto é, uma resposta para ajudar o político Bolsonaro, que estava sendo criticado por seus seguidores nas redes sociais porque o Ministério da Saúde havia anunciado a compra da CoronaVac, a “vacina chinesa” do Doria.

Malu Gaspar - Coisa de internet

- O Globo

Depois de muito tentar se esquivar da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus para ficar em silêncio e evitar se incriminar. Mas a ordem do ministro Ricardo Lewandowski foi expressa: Pazuello podia, sim, ficar quieto sobre as coisas em que se envolveu, mas não podia mentir quanto aos atos de outras pessoas.

Criou-se então um dilema para o general. Ficando em silêncio, ele estaria dando à CPI o roteiro de seus crimes. E, não podendo mentir para proteger terceiros, seria obrigado a apontar as responsabilidades de Jair Bolsonaro no fracasso do combate à pandemia. Pazuello tinha ainda a opção de ficar quieto o tempo todo. Não teria sido o primeiro a fazê-lo numa CPI. Mas investiu-se de brios de militar e decidiu que não passaria para a história como um covarde. E, assim, produziu uma inovação simbólica dos tempos que vivemos: a “coisa de internet”.

Cada vez que alguém o questionava a respeito de uma ordem de Bolsonaro contra a vacina ou pela adoção da cloroquina como instrumento de política pública, lá vinha Pazuello dizendo que aquilo era “coisa de internet”, “postura de internet” ou algo do gênero.

Cora Rónai - Somos todos idiotas

- O Globo

Nós idiotas que ficamos em casa fazemos o possível para evitar que o vírus circule. É pouco, de fato, mas é o que podemos fazer

Sendo uma das idiotas que não saem de casa, na gentil descrição do senhor Presidente da República, tenho tido muito tempo para pensar na vida; o que me leva, invariavelmente, a concluir que, num mundo de idiotas, o melhor a fazer é não pensar.

Todos nós, idiotas, estamos cansados. Do isolamento e das restrições da pandemia, da solidão e da monotonia, mas, sobretudo, das notícias que nos chegam a respeito dos outros idiotas, aqueles que se rebelam contra as máscaras, não respeitam distanciamento social e acham que vírus se combate no grito.

Eles não aprenderam que, além dos cientistas que desenvolvem vacinas, ninguém pode fazer nada de concreto contra uma pandemia.

Nós idiotas que ficamos em casa fazemos o possível para evitar que o vírus circule. É pouco, de fato, mas é o que podemos fazer. Ficar em casa quando se pode ficar em casa não é desdouro nem falta de coragem, é consciência social: quanto menos gente houver nas ruas menos o vírus estará em circulação e menos pessoas serão contaminadas.

Ricardo Noblat - Pazuello chegou mentindo na CPI da Covid-19 e saiu mentindo

- Blog do Noblat / Metrópoles

General, ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello mentiu para se defender, mentiu para defender Bolsonaro, e hoje continuará mentindo

Missão dada ao general da ativa Eduardo Pazuello, missão cumprida. Quando nada porque, segundo ele, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Obrigado a depor na CPI da Covid-19, ele cumpriu a missão que lhe deram de blindar o presidente Jair Bolsonaro – afinal, quem manda em todos que o servem é o presidente, e Pazuello, ajuizado, sempre respondeu “sim, senhor”.

Pazuello entrou no Congresso para mentir a seu favor e a favor do presidente, e saiu de lá mentindo ao negar que tivesse passado mal, tamanho foi o esforço de disfarçar o nervosismo por mais de cinco horas. Foi como se tivesse esquecido de desativar o modo mentira. “Não passei mal. Não aconteceu nada. Amanhã o depoimento continua”, disse aos jornalistas ao despedir-se.

O general é um homem frágil. Não aguenta pressão. E a mentira cobrou seu preço. Alertado por um assessor da CPI, o médico e senador Otto Alencar (PDS-BA) encontrou Pazuello sentado em um sofá, com os pés no chão e muito pálido. Deitou-o e, em seguida, o pôs na Posição de Trendelenburg, onde a parte superior do dorso é abaixada e os membros inferiores elevados.

Maria Cristina Fernandes - A CPI e o levante do Estado contra o Estado

- Valor Econômico

PF, Abin e órgãos de controle ameaçam jogo do presidente na CPI

O depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi precedido de um levante do Estado contra o Estado. Dias antes, o presidente da República falhara nas duas tentativas de mobilização a seu favor num momento em que se vê acuado pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid. Teve uma fria recepção do Alto Comando do Exército na discreta visita que lhe fez na semana passada e assistiu a pífia manifestação no sábado, em Brasília, em que apareceram mais caminhões e cavalos que apoiadores. Na véspera do depoimento mais aguardado da CPI, veio o levante, em três frentes.

O “Antagonista” revelou o edital que permitiria a compra pelo Ministério da Justiça, em pregão eletrônico, de um sistema de processamento de dados que permite cruzar informações de redes sociais de mais de 15 mil alvos. Entre os usuários beneficiários estariam as secretarias de segurança pública de 13 unidades da federação. Horas depois, o “UOL” revelaria que, por obra e graça do vereador Carlos Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia sido excluída do rol de instâncias que teriam acesso ao novo sistema.

Também na noite que antecedeu o depoimento, o “Jornal Nacional” revelaria indícios de fraudes em contratos do Ministério da Saúde no Rio durante licitações conduzidas durante a gestão Pazuello. A superintendência do ministério no Rio, conduzida por um coronel, contratou, sem licitação, empresários que já foram condenados pela Justiça Militar em fornecimento à Aeronáutica.

E, finalmente, na manhã em que Pazuello era aguardado na CPI, Brasília foi sacudida pela operação da Polícia Federal que resultou em busca e apreensão na casa e no gabinete do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no afastamento do presidente e da diretoria do Ibama e na quebra de sigilos bancário e fiscal de todos. A investigação apontou desvio de conduta dos alvos na validação de madeira ilegal exportada.

Fabio Graner - Economia acelera, mas renda do trabalho patina

- Valor Econômico

Secretaria de Política Econômica projeta para este ano queda de 0,45% na população ocupada com carteira assinada e de 2,4% na renda real dos trabalhadores

Apesar da projeção mais alta de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB), a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia projeta números piores para o mercado de trabalho neste ano. O cenário é de uma queda na população ocupada com carteira assinada de 0,45% e, na renda real dos trabalhadores, recuo de 2,4%.

Os números, baseados na Pnad Contínua do IBGE, compõem a grade de parâmetros econômicos que o governo utiliza para a cada bimestre projetar receitas e despesas. E, nesse caso, são piores do que a SPE trabalhava em março - quando previa alta de 2% na população ocupada e queda de 1,7% na renda real.

O subsecretário de Política Macroeconômica da pasta, Fausto Vieira, explicou ao Valor que os números mais baixos refletem os dados realizados até o momento, mas não significam que não há recuperação do mercado de trabalho. “Os dados são uma média do ano, que tem números [realizados] mais baixos, mas existe uma tendência de recuperação e isso é muito claro na grade de parâmetros”, disse.

Pedro Cavalcanti Ferreira* / Renato Fragelli** - Governo fraco, soluções ruins

- Valor Econômico

Paralisia é resultado de um governo sem maioria parlamentar, chefiado por um político tosco sem convicções claras

Uma leitura atenta do noticiário nacional, ao longo das últimas semanas, identifica sintomas eloquentes de uma sociedade que, envolta em conflitos internos, mergulhou voluntariamente na estagnação há quatro décadas. Somente as eleições de 2022 oferecem alguma esperança de correção de rumo, mas o quadro atual não permite alimentar grandes esperanças.

A reforma tributária, o mais importante item da pauta econômica em debate no momento, encontra-se num atoleiro. O relatório da Comissão Mista da Reforma Tributária divulgado pelo relator, deputado Agnaldo Ribeiro, mostra que o Congresso vem amadurecendo a compreensão do complexo tema. Até questões que costumam suscitar resistências de pessoas tão bem intencionadas quanto mal informadas, como a necessidade de haver uma alíquota única do IVA para todos os bens e serviços comercializados num mesmo município, parecem ter sido compreendidas por muitos legisladores.

Mas a aprovação de uma reforma tecnicamente consistente, sem graves concessões que comprometam sua eficácia, exigiria uma liderança e habilidade políticas inexistentes num governo capitaneado por Bolsonaro. Como pior do que manter temporariamente a desordem tributária atual seria aprovar definitivamente uma reforma ruim, tudo indica que o tema ficará para um futuro governo.

Maria Hermínia Tavares* – Incentivo à degradação

- Folha de S. Paulo

A destruição do licenciamento ambiental atesta o quanto o Brasil bolsonaresco descarta o futuro

Patrocinado pelo centrão, saiu da Câmara rumo ao Senado o projeto que, a pretexto de modernizar o arcabouço de regras que norteiam o licenciamento ambiental no Brasil, praticamente destrói o pilar da Política Nacional de Meio Ambiente.

Se virar lei na versão atual, o projeto 37/2004 abrirá alas para a insegurança jurídica, ao transferir a estados e municípios o poder de definir o processo de concessão de licenças.

Ao introduzir exceções à obrigatoriedade do licenciamento ou facilitar a sua obtenção, multiplicará as chances de danos ambientais graves --do desmatamento à poluição do ar e dos rios por atividades industriais mal concebidas e a catástrofes semelhantes às que destruíram Mariana e Brumadinho, poucos anos atrás. Finalmente, elevará à enésima potência os riscos a que já estão submetidos os povos indígenas e quilombolas à medida que isentar de licenciamento os territórios ainda em processo de demarcação.

Bruno Boghossian - Mentiras de Pazuello na CPI são quase uma admissão de culpa

- Folha de S. Paulo

General tenta reescrever história porque sabe que realidade incrimina o governo

Eduardo Pazuello prestou um serviço à CPI da Covid. No primeiro dia de depoimento do general, os senadores queriam saber detalhes sobre a sabotagem do governo à negociação de vacinas e sobre a tentativa de empurrar cloroquina para a população. O ex-ministro mentiu tanto sobre esses assuntos que praticamente entregou aos investigadores uma admissão de culpa.

O general sabe o que fez à frente do Ministério da Saúde. Na CPI, ele tenta reescrever essa história porque sabe que a realidade é uma coletânea de atos que contribuíram para o agravamento da pandemia. Pazuello tentou se proteger e blindar o chefe Jair Bolsonaro, mas acabou mostrando que o governo tem medo de seus próprios delitos.

Vinicius Torres Freire - Governo Bolsonaro passa a ter mais problemas com a polícia

- Folha de S. Paulo

Apesar da letargia ou colaboração das instituições, aparecem os rolos bolsonarianos

O governo de Jair Bolsonaro deve ter problemas com a polícia por causa da CPI da Covid, a não ser que os senadores encomendem uma pizza bem podre ou que procuradores não despertem inquietos do seu sono profundo dos anos bolsonaristas. Pode ter mais coisa no mafuá, mas ainda há grande conivência das instituições, que estão disfuncionando.

Polícia Federal bateu na porta de Ricardo Salles, vulgo Boiada, e turma Investiga corrupção na facilitação de contrabando de madeira ilegal. Um dos coronéis de Eduardo Pazuello engavetou a investigação de dispensas de licitação esquisitíssimas em obras do Ministério da Saúde, esclarecimento solicitado pela Advocacia-Geral da União, caso revelado pelo Jornal Nacional da Globo.

O TCU está com uma auditoria quase pronta sobre as omissões do Ministério da Saúde no combate à epidemia. O caso, porém, é meio ignorado pela “opinião pública” e ainda não apareceu no palco da CPI.

William Waack - Ordens e internet

- O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro conduz um governo confuso e desarticulado

É notório que Jair Bolsonaro governa para e pela internet. Com resultado que está ficando muito nítido pelos trabalhos da CPI da Covid: a existência de uma espécie de dualidade de mando com prejuízos diretos no combate às diversas crises. O pecado original foi o papel importantíssimo das redes sociais na vitória dele em 2018. São ferramentas indispensáveis para ganhar eleições, mas instrumentos precários para governar – e é pensando nelas que Bolsonaro baseia suas ações.

“Postagens na internet não são ordens”, disse seu ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao depor na CPI da Covid num esforço bem orientado por advogados para desmentir o óbvio. Sim, no caso do governo Bolsonaro, são ordens (mas em juridiquês não são). O próprio Pazuello postou um célebre vídeo – na internet – ao lado de Bolsonaro, dando conta de que um manda (o presidente) e o outro (o general intendente) obedece.

“Mas era coisa de internet”, desculpou-se Pazuello. O efeito é o mesmo: Bolsonaro consagrou essa dualidade de mando dentro do próprio governo. Dedicado como sempre à atividade de animador de redes digitais, suas “ordens” que não são “ordens” servem no mínimo (com muita boa vontade) para criar confusão interna. No caso da pandemia, a CPI foi razoavelmente bem-sucedida também em demonstrar a existência de uma estrutura paralela de assessoramento governamental que, no fundo, é a avaliação de quais conteúdos obtêm melhor resposta nas redes digitais que Bolsonaro pretende atingir.

Eugênio Bucci* - O cerco à universidade

- O Estado de S. Paulo

Quando é bombardeada pelo poder como se fosse inimiga da Pátria, Aras piora o ambiente

No início do mês a Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) recebeu uma representação em nome do procurador-geral da República, Augusto Aras. No documento, os advogados de Aras reclamam de textos publicados na imprensa e nas redes sociais por um professor de Direito da USP, Conrado Hübner Mendes, que, na visão deles, ofenderiam o atual chefe do Ministério Público Federal. A peça jurídica dedica quatro de suas 11 páginas a discorrer sobre o curriculum vitae da autoridade que se declara ofendida; em seguida, enumera o que afirma serem acusações inverídicas; e, ao final, requer que o caso seja levado à Comissão de Ética da USP para as providências que julga devidas.

Com efeito, o professor Conrado Hübner Mendes, doutor em Direito e Ciência Política, embaixador científico da Fundação Alexander von Humboldt, pesquisador reconhecido pelos pares em temas como Direito Constitucional, Poder Judiciário e autonomia acadêmica, tem feito críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público. Suas colunas semanais no jornal Folha de S.Paulo e seus posts no Twitter alcançam leitores em audiências diversas. A democracia garante-lhe a liberdade de expressão. De outra parte, por óbvio, quem se sinta injustamente atacado tem o direito, também democrático, de buscar formas de reparação. Até aí, nada de novo sob o sol – ou nada de novo sob a treva que nos tem sido mais frequente.

O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais

 

EDITORIAIS

Depoimento para blindar Bolsonaro não convence

O Globo

Um desavisado que ouvisse o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuellofalando de sua gestão ontem na CPI da Covid poderia imaginar que estava noutro país, tão róseas as tintas usadas por ele para pintar o quadro do combate à pandemia. A realidade, sabemos, exibe tons mais soturnos.

Ficou claro que o objetivo de Pazuello era um só: blindar o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo que, para isso, precisasse se expor. Chegou ao absurdo de dizer nunca ter recebido orientação de Bolsonaro na pandemia. Ora, o presidente que recorre ao STF contra medidas de restrição, brada contra o isolamento social, incentiva a cloroquina e chama de “canalha” quem desdenha o “tratamento precoce” nunca orientou o ministro? Acredite quem quiser.

Os senadores não engoliram. Lembraram que Bolsonaro desautorizou Pazuello publicamente no episódio da CoronaVac. “Um manda, o outro obedece”, disse o então ministro. Ontem afirmou que o chefe falava para as redes sociais, não dava ordem. Se não mentiu ontem, então quem mentiu na ocasião foi Bolsonaro, quando disse ter mandado cancelar a compra da vacina.

Pazuello não conseguiu evitar contradições. Afirmou que as negociações para comprar vacinas da Pfizer nunca foram interrompidas, ao contrário do que disseram o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e o ex-CEO da empresa Carlos Murillo. Argumentou que o obstáculo eram as cláusulas “assustadoras” impostas pela farmacêutica e citou pareceres da AGU e da CGU. O senador Eduardo Braga o confrontou com os pareceres, sem obstáculo nenhum à compra da vacina.

Ao falar sobre Manaus, Pazuello disse que só tomou conhecimento da falta de oxigênio em 10 de janeiro. O presidente da CPI, Omar Aziz, afirmou ter recebido informações do governo do Amazonas de que ele fora informado no dia 7. Pazuello continuou negando. Alegou desconhecer negociações para usar avião dos Estados Unidos no transporte de oxigênio. A senadora Eliziane Gama mostrou documentos atestando que o ministério sabia do fato.