O Globo
Aumentar a influência do Poder Legislativo
sobre o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por meio de uma emenda
constitucional, representa grave conflito de interesses, marcado pela tentativa
de neutralização da autonomia do Ministério Público, uma de suas mais básicas e
fundamentais características. Mesmo atendendo a uma necessidade pessoal de
muitos parlamentares, ou à simples vingança, a PEC está tendo tramitação
difícil, porque a reação da minoria que ainda resiste ao desmonte dos
mecanismos de combate à corrupção está forte.
A obstrução é o mecanismo parlamentar para impedir que escândalos como esse
tenham sucesso no Congresso, impostos por uma maioria formada pela união
espúria de interessados em se blindar de seus crimes. Ou, caso a proposta seja
aprovada, para que pelo menos fique gravada na testa de seus apoiadores a marca
da vergonha.
Esse desfiguramento do CNMP é mais uma obra do presidente da Câmara, Arthur
Lira, que controla o Centrão, em parceria com o PT e todos os partidos ou
parlamentares investigados e punidos pelo MP, o que o torna um escândalo. Todas
as medidas aprovadas ultimamente por inspiração do Centrão para desmontar a
máquina de combate à corrupção tiveram apoio do PT.