terça-feira, 29 de julho de 2025

Opinião do dia - Nicolau Maquiavel* (ricos e pobres)

“Tratemos agora do outro aspecto da questão, isto é, vejamos o que ocorre quando um cidadão torna-se príncipe de sua pátria, não por meio de crime ou de outra intolerável violência, mas com a ajuda dos seus compatriotas. O principado assim constituído podemo-lo chamar civil, e para alguém chegar a governá-lo não precisa de ter ou exclusivamente virtude [virtù] ou exclusivamente fortuna, mas, antes, uma astúcia afortunada. Pois bem, a ajuda nesse caso é prestada pelo povo ou pelos próceres locais. É que em qualquer cidade se encontram estas duas forças contrárias, uma das quais provém de não desejar o povo ser dominado nem oprimido pelos grandes, e a outra de quererem os grandes dominar e oprimir o povo. Destas tendências opostas surge nas cidades, ou o principado ou a liberdade ou a anarquia.

O principado origina-se da vontade do povo ou da dos grandes, conforme a oportunidade se apresente a uma ou a outra dessas duas categorias de indivíduos: os grandes, certos de não poderem resistir ao povo, começam a dar força a um de seus pares, fazem-no príncipe, para à sombra dele terem ensejo de dar largas aos seus apetites; o povo, por sua vez, vendo que não pode fazer frente aos grandes, procede pela mesma forma em relação a um deles para que esse o proteja com a sua autoridade”

*Nicolau Maquiavel (1469-1527) filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico de origem florentina do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política. O Principe (1515), Capitulo lX, p. 45. Editora Martins Afonso, 2014.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

O GLOBO nos próximos 100 anos

O Globo

Muito mudou em um século. Mas a paixão pelo Brasil e pelo jornalismo que nos guia continua a mesma

Quando saiu a primeira edição do GLOBO, há exatos 100 anos, o Brasil era outro país. Com 33 milhões de habitantes, a população era quase um sétimo da atual. Mais de 80% ainda viviam no campo, e algo como 70% eram analfabetos. A expectativa de vida mal chegava a 35 anos. De mil crianças que nasciam, mais de 160 morriam ainda bebês, antes de completar 1 ano. A escravidão, encerrada havia menos de quatro décadas, estava fresca na memória de muitos. A indústria engatinhava, e, numa economia essencialmente agrícola, o PIB per capita — US$ 2.400 em valores de hoje— não alcançava um sétimo do americano. O sistema político era oligárquico, as mulheres não votavam, fraudes e voto de cabresto eram endêmicos. Foi no Rio de Janeiro, então capital federal com perto de 1,2 milhão de habitantes, que Irineu Marinho decidiu lançar seu novo vespertino, dedicado “à defesa das causas populares” e a contribuir “para o futuro esplêndido a que nossa pátria tem direito”.

A cabeça de Trump - Merval Pereira

O Globo

O presidente americano se considera com poderes de transferir seus problemas e ideias pessoais para negociações internacionais

O governo dos Estados Unidos está fechando acordos tarifários com diversos países e impondo condições draconianas à maioria deles. Foi assim com a União Europeia, o Japão, as Filipinas, a Indonésia. Anunciou que todos os países que não fecharem acordo até 1º de agosto serão tarifados entre 15% e 20%. Mas e o Brasil? Nenhum aceno moderador recebeu resposta, muito menos os ataques. O presidente Lula vive um período complicado, se equilibra entre o palácio e o palanque, como definiu com precisão o comentarista do Estúdio i da GloboNews Octavio Guedes.

Um dia é o populista que recupera prestígio junto a seu público atacando os Estados Unidos; no outro, é o estadista que chama Trump para uma negociação de alto nível. O desacordo com os Estados Unidos demonstra não a importância do Brasil para a economia americana, mas sim nossa desimportância. Claro que alguns setores da economia, como o agropecuário e o da indústria americana, sofrerão e devem estar fazendo pressão interna a nosso favor.

No mundo dos acordos tristes - Míriam Leitão

O Globo

Acordos com ares de rendição, como os que têm sido firmados por Trump não

A Europa não gostou. Mas sinceramente ninguém sai feliz de uma conversa com Donald Trump. Que tempo é esse em que o presidente americano ataca países aliados, o sistema de comércio e, no nosso caso, a própria democracia e sai contando vantagem? Houve, ontem, uma série de declarações de chefes de Estado da Europa criticando o acordo fechado entre Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A Europa tem um superávit de mais de US$ 200 bilhões por ano com os Estados Unidos e ela admitiu que é preciso cortar. Mas a que custo?

A fome em Gaza - Pedro Doria

O Globo

Ele está conduzindo uma guerra bárbara que o Exército e a sociedade israelense rejeitam

Quando enfim a guerra terminar, e ela terminará um dia, as fronteiras de Gaza se reabrirão. Uma onda de jornalistas e ativistas entrará na Faixa. No mesmo dia, o número de imagens à nossa disposição será imenso. Que imagens veremos? Incontáveis prédios destruídos, isso é certo. Prédios reconstroem-se. Mas e as pessoas, como estarão? O relatório da Organização Mundial da Saúde divulgado no domingo aponta que 74 pessoas morreram por desnutrição aguda neste ano. Delas, mais de 63 se foram agora em julho. Um trabalho mais profundo, do IPC, prevê que até setembro haverá 470 mil pessoas com fome em nível 5. O estudo é de abril. O IPC, um painel formado por especialistas e financiado por inúmeros países, tem uma escala para medir fome. Esse nível, o 5, é o pior deles. Chamam de “catástrofe”. Mas é uma previsão, não sabemos ainda se será concretizada. Fome assim dá em corpos esqueléticos, longilíneos, as costelas saltando contra a pele, a cavidade torácica afundada, bochechas ausentes, olhos opacos flutuando sobre círculos negros no meio do rosto. Se o IPC estiver correto, essas serão as imagens de que nos lembraremos da guerra em Gaza.

Contagem regressiva para o tarifaço estressa o mercado - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Nada complica mais as negociações sobre as tarifas de 50% do que fator político-ideológico dessa crise: o apoio declarado de Trump a Bolsonaro

A contagem regressiva para o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos mergulhou empresários, diplomatas e investidores em clima de incerteza e estresse sobre o futuro das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países. A poucos dias da entrada em vigor da medida, marcada para 1º de agosto, as pontes de diálogo permanecem frágeis e periféricas.

O Itamaraty mantém o chanceler Mauro Vieira em Nova York, pronto para seguir a Washington caso haja abertura de negociações, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin prepara-se para viajar para buscar uma interlocução de alto nível com a Casa Branca. Nada indica, até o momento, que Trump esteja disposto a recuar.

Casa Branca não reage a tentativa de contato Lula-Trump - Assis Moreira

Valor Econômico

Trabalho de bastidor continua para retomar diálogo com a Casa Branca antes de sanção de 50%

Enquanto Donald Trump não der sinal claro aos negociadores sobre o que fazer com o Brasil, o governo brasileiro continuará trabalhando nos bastidores para retomar diálogo sobre as tarifas.

Essa é a mensagem que o Itamaraty vem dando, com o ministro Mauro Vieira em Nova York pronto para ir a Washington para tentar atenuar os estragos da imposição da chamada 'Tarifa Bolsonaro''.

O governo brasileiro aciona vários canais, oficiais, com interlocutores com acesso à Casa Branca, empresariado, etc. Tudo nos bastidores, sem revelar nomes e pistas que a esta altura só atrapalhariam, notam observadores.

Tem havido muita conversa sobre um possível telefonema entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas primeiro falta uma reação da Casa Branca se efetivamente quer retomar a negociação, na visão brasileira. O trabalho de bastidor é para ter essa reação, que continua sem vir.

Tarifa é arma política do poder sem freio de Trump, diz Levitsky

Por Luiza Palermo / Valor Econômico

Coautor de ‘Como as Democracias Morrem’ vê risco em 2º mandato de republicano

 — De São Paulo - O segundo mandato de Donald Trump ameaça reduzir o nível da democracias no mundo, diferentemente do primeiro período do republicano na Casa Branca, segundo Steven Levitsky, professor de Ciência Política da Universidade Harvard e coautor - com Daniel Ziblatt - do best-seller “Como as Democracias Morrem” (Editora Zahar, 2018). Na década passada, apesar do colapso de instituições em países como Venezuela, Hungria, Turquia e Índia, por exemplo, o número de democracias no mundo se manteve relativamente estável.

Mas com o enfraquecimento institucional de Washington - derivado de um governo que, segundo ele, tem menos freios e se comporta de forma abertamente autoritária -, os EUA ameaçam irradiar instabilidade e influenciar negativamente outros países.

Levitsky exemplifica suas afirmações com o uso das tarifas por Trump - à frente de um governo movido por interesses pessoais - como arma política. Em vez de seguir uma lógica econômica consistente, a política comercial se tornou instrumento de intimidação e de pressão geopolítica, diz Levitsky, que cita o caso do Brasil como exemplo dessas ações.

Segundo Levitsky, a interferência de Trump no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro - réu em processo no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ser o líder de uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023 - sinaliza a intenção do americano de influenciar as eleições brasileiras de 2026.

A seguir, os principais trechos da entrevista, por telefone, que Levistsky concedeu ao Valor.

Trump precisa refletir sobre importância do Brasil, afirma Lula

Agência O Globo / Valor Econômico

Presidente diz que espera que Brasil e EUA se sentem à mesa para uma negociação

 — De São João da Barra / RJ - A poucos dias do início da taxação de 50% dos produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que espera que o americano Donald Trump reflita sobre a importância do país e que ambos os países se sentem à mesa para uma negociação.

“Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita a importância do Brasil. E eu vou fazer aquilo que, no mundo civilizado, a gente faz. Tem divergência? Tem. Senta numa mesa, coloca a divergência de lado e vamos tentar resolver. E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de taxar em 50%. Isso é o filho do coiso [em referência a Eduardo Bolsonaro] e o coiso [em alusão a Jair Bolsonaro] que estão pedindo para fazer.”

Às vésperas do tarifaço e sem negociação a vista, Lula recebe plano de contingência

Por Renan Truffi e Sofia Aguiar / Valor Econômico

Medidas já estão com presidente, diz Haddad, mas orientação ainda é buscar saída negociada

 — De Brasília - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou nessa segunda-feira (28) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano de contingência para socorrer as empresas que vierem a ser afetadas pelo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar disso, segundo o ministro, a ordem no governo continua sendo a mesma: tentar costurar um acordo com as autoridades americanas para evitar que os produtos brasileiros sejam taxados em 50% a partir de 1º de agosto, sexta-feira.

Haddad falou à imprensa após se reunir com Lula e outros ministros no Palácio do Planalto. “Os cenários possíveis já são de conhecimento do presidente Lula, nos debruçamos sobre isso agora. O importante é que o presidente tem na mão os cenários todos que foram definidos pelos quatro ministérios”, disse, ao se referir aos ministérios da Fazenda, Mdic, Casa Civil e Itamaraty, diretamente envolvidos na formulação das medidas.

Senadores concluem que Trump só se satisfaz se humilhar Lula - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Como Lula não aceitará humilhação, é preferível acreditar que o Brasil viverá a guerra do fim do mundo

O primeiro dia de sua viagem aos Estados Unidos levou a comitiva de senadores a uma conclusão desoladora. Donald Trump precisará humilhar o presidente brasileiro para se sentir vitorioso, como fez com Volodymyr Zelensky. Foi isso que ouviram.

Não apenas. O Brasil caminha para ficar fora da vala comum dos 15% a 20% anunciados por Donald Trump e cair mesmo nos 50% de tarifa a partir de 1º de agosto. A questão Jair Bolsonaro é incontornável e Trump tem certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não interfere no processo judicial porque não quer. O processo é definido como um “ponto irritante” da relação porque Trump se identifica com o que vê como uma “perseguição” a Bolsonaro.

A perda de brilho da estrela do progressismo ocidental - Edward Luce

Financial Times / Valor Econômico

Intolerância e falta de convicção são defeitos de caráter que trazem maus presságios para partidos de centro e centro-esquerda

As leis da hidráulica foram quebradas. O índice de aprovação de Donald Trump caiu para o menor patamar de seu segundo mandato, mas o do Partido Democrata caiu ainda mais. Os democratas deveriam estar em alta. Apenas um terço dos americanos os aprova. Praticamente o mesmo pode ser dito dos partidos de centro e centro-esquerda pelo Ocidente. A exceção é o Canadá. Isso porque o Partido Liberal, de Mark Carney, é o mais firme defensor da soberania canadense — a oposição estava apegada demais a Trump. O Canadá, entretanto, é uma exceção à regra. O progressismo ocidental ainda está em debandada.

Comércio mundial e o atalho perigoso - Jorge J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

O fortalecimento da OMC reduziria, no futuro, o risco de surgimento de novos Trumps no comércio internacional

Bem, 1.º de agosto está aí. Falastrão, o presidente norteamericano, Donald Trump, em vários episódios, não conseguiu levar adiante suas ameaças grosseiras e destemperadas – precisou recuar. Mas há temor de que, no caso da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, ele queira transformar o Brasil em caso exemplar de sua política externa e comercial. Embora um grupo de fanáticos de direita tente disseminar a falsa ideia de que Trump está salvando o Brasil, é difícil imaginar que brasileiros se beneficiem de uma decisão externa que, pelo método e pela truculência, para além de seu impacto econômico, desrespeita a soberania do País. Pesquisa recente mostrou que mais de sete entre dez pessoas acham que o melhor seria governo e oposição se unirem na defesa dos interesses nacionais. É igualmente difícil imaginar que isso possa ocorrer.

Dia D - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

No palanque, desarmado, Lula desdenha, ironiza e vê a derrota arrasadora chegando

Ao dizer, quatro dias antes do “dia D”, que vai esperar a sexta-feira para decidir sobre medidas de socorro aos setores e empresas mais duramente atingidos pelo tarifaço de Donald Trump, o presidente Lula deixou uma pergunta que não quer calar: o que ele está esperando? O resultado de alguma negociação sigilosa? Um recuo nos 50% que Trump nega? Ou simplesmente o tsunami chegar?

Ninguém tira o pé - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

A semana começa como começara a anterior, submetido o Brasil a um grau de imprevisibilidade alto até para os nossos padrões de instabilidade. Nosso padrão de instabilidade: o de um País cuja suprema corte – um juiz sozinho – declara a constitucionalidade do uso de imposto regulatório para fins de arrecadação. Nunca é fácil se planejar aqui. Nunca foi tão difícil. Ninguém tira o pé.

A semana começa acossada pela perspectiva de os EUA aplicarem a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e bancada. Sanção que equivale a um banimento. Donald Trump não tira o pé. Ninguém tira. Os Bolsonaro não tiram, exclusivamente interessados em salvar o mito da cadeia – a agenda que sequestrou a direita. Ninguém tira o pé.

Contagem regressiva - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Um líder responsável faria a ligação negligenciada ao presidente americano para reverter ou adiar as tarifas

Brics, big techs, terras raras, satélite chinês. A cada dois ou três dias alguém chega com uma nova teoria sobre qual seria o "real interesse" americano no tarifaço contra o Brasil. Eu prefiro ficar com a resposta de Trump, a única que explica sua carta-ameaça original, suas falas posteriores e as sanções anunciadas por Marco Rubio: seu real desejo é mesmo salvar Bolsonaro. Como sair dessa?

Outros países já conseguiram acordos. A situação deles —que não sofreram chantagem político-jurídica— é mais fácil que a nossa. Ainda assim, pode guardar algumas lições.

Muito tem se falado que o acordo entre União Europeia e EUA é ruim para os europeus. Tanto pela tarifa padrão, que ficou em 15% (antes, girava em torno de 1,5%), quanto pelas exigências trilionárias de compra de energia e investimentos.

A trágica saga dos Bolsonaros - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Ao colocar a lealdade familiar acima de suas obrigações como deputado federal, Eduardo trai o mandato, que deveria ser cassado

Obrigações familiares ou deveres republicanos? Eduardo Bolsonaro fez sua opção. Quando instigou Donald Trump a tomar medidas contra a economia brasileira para tentar livrar Jair Bolsonaro da cadeia, o filho trinigênito e deputado federal por São Paulo preferiu agradar papai a honrar seu compromisso de representar os paulistas na Câmara dos Deputados.

Dilemas envolvendo lealdades conflitantes não são novidade na história e na literatura humanas. Os gregos os transformaram em matéria-prima para suas tragédias. O caso mais emblemático, como já descrevi aqui, talvez seja o de "Antígona", de Sófocles. A heroína, filha de Édipo e Jocasta, é condenada a ser enterrada viva porque, contrariando proibição imposta pelo rei Creonte, seu tio, deu sepultura ao cadáver do irmão Polinices. Antígona se justifica diante de Creonte dizendo que desafiara o edito real, o "nómos" ou lei positiva humana, para obedecer ao que chama de "justiça divina" ("daímônôn díkê"), que seria uma obrigação moral de ordem superior.

Sob necessária vigilância – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Igualdade perante a lei requer que Bolsonaro tenha tratamento similar a outros réus submetidos a cautelares

As medidas cautelares aplicadas a Jair Bolsonaro (PL) talvez não suscitassem tantos questionamentos políticos e jurídicos se fossem fruto de decisão de juiz que não Alexandre de Moraes.

Verdade que os meios e modos do ministro dão margem a tais reações, mas isso não altera o fato de que ele foi benevolente ao optar por advertência em vez de recorrer ao instrumento perfeitamente legal da prisão preventiva.

Motocicletas mortais - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

A bandalha é geral: placas falsas, ausência de habilitação, recordes de mortes e acidentes

É um problema (mais um) que desafia o país. Visível, barulhento, inescapável, muitas vezes mortal. São as motos. Um dia vistas como símbolo de liberdade e contestação —como no filme "O Selvagem", de 1953, estrelando Marlon Brando com jaqueta de couro e pose de jovem rebelde—, hoje elas são a face cruel da exploração do trabalho nas grandes cidades.

A bagunça é geral. Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito, 50,4% dos donos de motocicletas não têm habilitação. Outro dado alarmante: a cada oito minutos, a Prefeitura de São Paulo registra uma moto com placa falsa.

Sobre a Opinião Consultiva sobre as Obrigações dos Estados em relação às Mudanças Climáticas - Ricardo Marinho

Na tarde da última quarta-feira, 23 de julho, a Corte Internacional de Justiça ou Tribunal Internacional de Justiça emitiu uma decisão histórica. A opinião consultiva sobre as obrigações dos Estados com relação às mudanças climáticas. O Artigo 96 da Carta das Nações Unidas prevê que a sua Assembleia Geral solicite à Corte parecer consultivo sobre qualquer questão jurídica.

Em 29 de março de 2023, a Assembleia Geral das Nações Unidas fez duas questões ao Tribunal Internacional de Justiça: (1) quais são as obrigações dos Estados de garantir a proteção do sistema climático contra as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa? e (2) quais são as consequências legais para os Estados que violam tais obrigações?