quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Genial/Quaest: governo Lula se recupera em 6 meses e distância entre aprovação e desaprovação cai de 17 para 1 ponto. Por Bruno Alfano

O Globo

Desempenho foi puxado pelo eleitorado formado por mulheres e adultos entre 35 e 59 anos

Nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, aponta que a popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a tendência de recuperação. Os dados mostram que as taxas de aprovação e reprovação à gestão do petista estão tecnicamente empatadas e a distância entre os dois grupos, que chegou a 17 pontos percentuais em maio e era de cinco pontos no levantamento anterior, agora soma apenas um ponto — 48% dos brasileiros aprovam a governo, enquanto 49% o desaprovam.

Frente ao levantamento anterior, de setembro, o apoio ao governo avançou dois pontos percentuais (era de 46%), dentro da margem de erro, que é de dois pontos, e a rejeição recuou na mesma proporção (somava 51%). Apesar da oscilação na margem, o movimento acompanha um cenário de avanço no índice de aprovação do governo registrado desde maio, quando a Genial/Quaest apontou aprovação de 40% e desaprovação de 57%. Também representa uma retomada do patamar registrado em janeiro, quando a crise do Pix deu início a uma queda brusca de popularidade.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Economia formal é onde mais cresce o crime organizado

Por O Globo

Adulteração de combustíveis e bebidas está entre negócios mais rentáveis de facções como PCC

Ao menos 251 postos de combustível em quatro estados foram vinculados aos investigados na Operação Carbono Oculto, a maior já deflagrada mirando o braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), revelou levantamento do portal g1. A infiltração preocupante do crime organizado em atividades formais também está presente no mercado ilegal de bebidas adulteradas e de cigarros. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as organizações criminosas lucram mais com a venda ilegal de combustíveis, bebidas, cigarro e ouro (cerca de R$ 146 bilhões por ano) que com o tráfico de drogas (RS 15 bilhões).

Clima melhora, mas incerteza fiscal persiste. Por Vera Magalhães

O Globo

Correria com MP editada para tapar buraco do decreto do IOF mostra que ênfase na arrecadação ainda é a única toada do governo na busca por cumprir meta

A maré de sorte de Lula é inegável, e a recente videoconferência amistosa com Donald Trump é mais um indicador disso. Mas um problema estrutural do governo, que atingiu seu ápice no meio do ano, persiste e voltou a ditar a correria do Executivo e do Legislativo neste início de semana: a fragilidade da situação fiscal, principal ponto fraco a minar a confiança dos setores produtivo e financeiro no presidente.

Mais uma vez foi deixada para a última hora a negociação da Medida Provisória 1303 — já editada, aliás, como tapa-buraco diante do impasse com o decreto que elevava o Imposto sobre Operações Financeiras para várias transações e aplicações. A MP visa a gerar receitas para compensar parte das perdas com o aumento do IOF derrubado pelo Congresso.

Tarcísio imita o pior de Bolsonaro. Por Bernardo Mello Franco

O Globo

Ao fazer piada com falsificação de Coca-Cola, governador lembra o padrinho e expõe descaso com vítimas do metanol

São Paulo concentra mais de 80% dos casos de intoxicação por metanol, incluindo as três mortes já confirmadas no país. Na segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas chamou a imprensa para comentar o assunto. Em tom de piada, afirmou: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, vou me preocupar”.

Tarcísio quer ser presidente e busca ser identificado como o herdeiro de Jair Bolsonaro. Para isso, parece disposto a copiar os piores traços do padrinho.

...e Trump ligou para Lula. Por Elio Gaspari

O Globo

O deputado Eduardo Bolsonaro cantou a pedra no início de julho passado, quando registrou que o post de Donald Trump defendendo seu pai poderia vir a ser “a última ajuda vinda dos EUA”. Dias depois, escrevia ao ex-presidente:

— Tire do cálculo o apoio dos EUA.

Estimulado pela carta ameaçadora de Trump a Lula, o deputado havia chegado a jactar-se:

— Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty.

Exagero, coisa de quem chegou aos subúrbios do poder e acha que conquistou Washington.

O telefonema de Trump a Lula, na segunda-feira, mostrou que as relações dos Estados Unidos abrigam interesses bem mais complexos que a aventurosa expedição de Eduardo Bolsonaro a Washington. Era de jerico a ideia de que uma pressão de Trump levaria Lula a encerrar “IMEDIATAMENTE” (ênfase dele) o processo em que Bolsonaro era réu no Supremo Tribunal Federal. Ele tomou uma sentença de 27 anos e está em prisão domiciliar.

Lula deve ficar atento ao ‘melindre’ de Trump. Por Fernando Exman

Valor Econômico

Planalto deve manter o discurso de que o tarifaço não pode ser considerado um “presente”

O alerta, considerado depois pela Polícia Federal um ato de coação contra autoridades brasileiras com o objetivo de evitar a conclusão do julgamento da trama golpista, chegou ao telefone celular do ex-presidente Jair Bolsonaro em 10 de julho. Um dia depois de o presidente Donald Trump divulgar uma carta pública pelas redes sociais anunciando que o tarifaço dos Estados Unidos aos produtos brasileiros totalizaria 50%.

O remetente era o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que pressionava o pai a agradecer a injustificável sanção que o governo americano acabara de impor ao Brasil. Para ele, era preciso publicar nas redes sociais com urgência uma mensagem “vaselina”. Afinal, a qualquer momento havia o risco de a Casa Branca mudar de foco e deixá-los de lado.

Limites políticos para o ajuste fiscal. Por Lu Aiko Otta

Valor Econômico

Interesses estabelecidos no Congresso Nacional são empecilhos poderosos

Mais uma vez, o Congresso Nacional mostra que há limites políticos para o ajuste fiscal. Embora o corte de gastos tributários seja tema da moda, o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) para a Medida Provisória (MP) 1.303/2025 preservou uma renúncia fiscal de R$ 40 bilhões existente nos títulos privados isentos do Imposto de Renda, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e as Letras de Crédito Imobiliárias (LCIs).

A MP propunha uma taxação de 5%, inferior aos 17,5% que serão cobrados nas demais aplicações financeiras. Zarattini manteve a isenção. Além disso, o relator recuou na proposta de aumento da taxação das bets.

Memória da ditadura dificulta redução das penas de Bolsonaro e generais. Por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

A comparação insistente com a Lei de Anistia de 1979, contudo, tem sido um tiro no pé. O país presencia solenidades em que o Estado reconhece assassinatos políticos

O ato em defesa da anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e demais condenados por tentativa de golpe de Estado, realizado, nesta terça-feira, na Esplanada dos Ministérios, demonstra a fragilidade política da proposta. Batizada de “caminhada pela anistia”, a manifestação buscava pressionar a Câmara dos Deputados, onde a chamada “PEC da dosimetria” está paralisada no gabinete do relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

Durante o ato, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tentou animar seus apoiadores: “Não tem sido fácil. Assim como ele (Bolsonaro) não baixou a cabeça, nós não vamos baixar a nossa. Estamos a um passo de conseguir aprovar essa anistia”. Já a deputada Bia Kicis (PL-DF) criticou o abrandamento das penas e rejeitou negociações com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF): “Não queremos qualquer coisa. Não queremos dosimetria. Nós queremos Bolsonaro”.

Paz que seja paz. Por Rodrigo Craveiro

Correio Braziliense

Seria mais do que justo conceder o Nobel da Paz à ativista sueca Greta Thunberg ou aos jornalistas palestinos, incansáveis heróis na documentação da guerra genocida encampada por Israel na Faixa de Gaza

Quase sempre acho o Nobel da Paz fascinante e justo. É um prêmio dado a quem realiza contribuições reais e críticas para a paz no mundo. À exceção de uns poucos laureados, vejo que a escolha do Comitê Nobel Norueguês costuma ser pautada pela coerência. Em 27 anos de jornalismo, tive a honra de entrevistar dez dos 111 indivíduos premiados com o Nobel da Paz. Vi, em todos eles, humildade e senso de entrega pela causa. A queniana Wangari Maathai recebeu a honraria em 2004. Era meu último ano no jornal O Popular, de Goiânia, antes de ser contratado pelo Correio. Na manhã do anúncio do prêmio, Wangari atendeu ao telefonema com uma risada e confessou-me estar honrada pelo reconhecimento. Ela criou um movimento entre as mulheres do Quênia que plantou 51 milhões de árvores. Anos depois, em nova entrevista, mostrou simpatia e reagiu ao meu telefonema com uma pergunta: "Como eu poderia me esquecer de sua voz?". Vítima de um câncer, ela deixou-nos em 2011. 

Guinada à direita na América Latina. Por Andrés Oppenheimer

O Estado de S. Paulo

Há cada vez mais governos responsáveis de centro-direita e de centro-esquerda na região

O pêndulo político da América Latina está indo para a direita: as eleições presidenciais mais recentes e as que se aproximam mostram que, com algumas exceções, a região está se afastando dos populismos de esquerda que governaram no início deste século.

As eleições presidenciais do dia 19, na Bolívia, são um bom exemplo. Após quase duas décadas de governos de esquerda, o partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) sofreu uma derrota esmagadora no primeiro turno, em agosto. Agora, dois candidatos de direita ou centro-direita – o senador Rodrigo Paz e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga – disputarão o segundo turno. O que é igualmente importante, o vencedor, provavelmente, terá uma confortável maioria no Congresso.

O terrorismo de um projeto de lei. Por Marcelo Godoy

O Estado de S. Paulo

Parte-se do crime organizado, um problema real, para criar uma lei ao gosto dos liberticidas

Tramita na Câmara mais uma ideia errada para enfrentar um problema real: ampliar o crime de terrorismo fingindo combater o crime organizado. O projeto altera o artigo 2.º da lei 13.260, a Lei Antiterror. Juristas veem ali ameaça às liberdades. Ele pode custar caro até aos seus autores.

Michael Walzer explica que a violência do terror é aleatória. É por ser dirigida a qualquer um que aterroriza: põe-se a bomba na igreja ou no trem sem saber quem ali estará quando ela explodir. O projeto passa por cima disso. Diz que toda ação violenta com fins políticos e ideológicos é terror. É a velha vontade de tratar o MST como bandidão. Se estivesse vigente, os presos do 8 de janeiro de 2023 seriam terroristas, e a moça do batom, em vez de 14 anos, pegaria 30 de cadeia. A proposta atingiria até Eduardo Bolsonaro. Ela diz ser terrorismo: “Desestabilizar instituições governamentais, incluindo forças de segurança e sistemas de justiça, para o fim de assegurar a impunidade e de impedir seu funcionamento regular”. Ou seja, o filho do Jair seria enquadrado por tentar desestabilizar o STF para salvar o pai.

O nome da Faria Lima. Por Fábio Alves

O Estado de S. Paulo

Ainda é grande a incerteza sobre o candidato da centro-direita para disputar com Lula

A quase um ano da eleição presidencial de 2026, enquanto o presidente Lula já é o nome da esquerda para o pleito, ainda é grande a incerteza entre as várias correntes políticas sobre a escolha do candidato que representará a centro-direita, em razão da complexa negociação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Mas para o mercado financeiro, personificado nos investidores, gestores e estrategistas da Avenida Faria Lima, o cenário-base não mudou: a disputa será entre Lula e o governador paulista, Tarcísio de Freitas.

Da atrocidade do 7 de Outubro à abominação em Gaza. Por Rui Tavares

Folha de S. Paulo

Falhamos o teste moral do nosso tempo; não soubemos conter perpetradores, defender vítimas e apontar o futuro

A coerência não é difícil, ela implica saber que uma violação de direitos é uma violação de direitos humanos, ponto

Mas porque é que eles não se entendem? Essa é a pergunta que por vezes se faz a partir do conforto e da distância. Nós, que dormimos descansados nas nossas camas. Nós, que temos casas que não foram destruídas pelas bombas. Nós, que não temos reféns na família. Perguntamo-nos, candidamente, porque não podem eles entender-se.

E nós? Será que nós entendemos? Basta ler as redes e os comentários, que têm sido um espetáculo de desumanização e polarização nos últimos anos. À distância segura de milhares de quilômetros insultamos, agredimos, ofendemos —e depois acreditamos ser moralmente superiores àqueles que, lá longe, não se entendem.

Governo ameaça pegar o ônibus errado na economia, a um ano da eleição. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Haddad volta a falar do tarifa zero e mercado tem reação estereotipada a risco fiscal

Lula 3 se anima com recuperação do tumulto político e pode tomar medidas contraproducentes

Nos mercados financeiros americanos, esta terça não foi mais um dia de exuberância, como tem sido o caso desde fins de 2023, ainda mais desde junho de 2025. Há conversa sobre bolha das empresas da inteligência artificial, IA, conversa fiada ou não, mas cada vez mais frequente.

Um dia vermelhinho nos indicadores financeiros dessa animação monstruosa contribuiu para azedar os mercados do Brasil. Umas gotas extras de vinagre vieram do tempero doméstico, porém.

O governo corre o grande risco de causar conturbação contraproducente (tiro no pé ou na testa) se confirmar ainda que apenas em parte suspeitas de que prepara "medidas" para estimular a economia. A recuperação da crise que estava feia até junho parece ter animado o pessoal do Planalto.

Não está na hora de criticar o pensamento crítico? Por Wilson Gomes

Folga de S. Paulo

A leitura militante da 11ª tese de Marx mais atrapalha que ajuda

Há militância de sobra; falta quem entenda e explique o mundo com honestidade

Comecemos com um jogo bem conhecido. Você parte do mês de nascimento, do dia em que nasceu e da inicial do nome; o algoritmo entrega o "título crítico" do seu projeto de pesquisa ou artigo. Exemplo: "Epistemologias interseccionais na resistência ao racismo estrutural." Outro: "Corpos-territórios queer na resistência à necropolítica." Ou então: "Performatividades decoloniais na resistência à ciência eurocêntrica".

Nesse jogo de combinações dá para produzir, em série, 1.728 títulos indistinguíveis no que importa: objeto, método, evidência e novidade. São todos perfeitos para sinalizar pertencimento à tribo certa —no caso, a esquerda progressista. E ainda é fácil variar os termos, a depender do público.

O tempo passa. Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Nova 'química' entre Trump e Lula é resultado de lobby de empresas e boa diplomacia

Razão de fundo, porém, é enfraquecimento do poder de Bolsonaro, que fica cada vez menos influente

O mundo é um remake de "Casablanca", o filme estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. "Sempre teremos Paris", uma das frases icônicas da fita, foi utilizada ironicamente por ministros do STF depois que vários deles tiveram seus vistos para os EUA cancelados pela Casa Branca, em represália a medidas judiciais tomadas contra Jair Bolsonaro.

Mas o mundo, a exemplo do enredo de "Casablanca", dá voltas. "Acho que este é o começo de uma bela amizade", outra frase marcante da obra, se presta bem a descrever a "química" que rolou entre Donald Trump e Lula, que agora estão se falando e se entendendo.

Ilegal, com aparato oficial. Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Lula junta o candidato ao presidente em flagrante uso da máquina pública e abuso de poder político

A oposição, cujos governadores também atuam no modo eleitoral, prefere fingir que não vê

PT não poderá reclamar quando a oposição iniciar a campanha eleitoral fora do prazo legal, a começar em meados de 2026; tampouco terá moral para denunciar governadores que usem a máquina pública para incensar a si ou a seus candidatos.

Seguros disso, os adversários do presidente Lula (PT) aderem ao imenso faz de conta que toma conta do país. Todo mundo fingindo que não vê as reiteradas infrações cometidas pelo incumbente em busca da reeleição.