domingo, 6 de julho de 2008

DEU EM O GLOBO

FICHAS SUJAS EM 37% DAS CÂMARAS FLUMINENSES
Fábio Vasconcellos


Vereadores são investigados por crimes como estupro, tentativa de homicídio e formação de quadrilha no estado

Responsáveis pelo julgamento dos registros de candidaturas, os 92 juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio têm até o dia 16 de agosto para decidir o futuro dos pretendentes a prefeito e vereador. E a tarefa não será fácil.

Levantamento feito a partir do cadastro do Instituto Félix Pacheco (IFP) mostra que pelo menos 37% das 92 câmaras de vereadores do Estado do Rio têm um ou mais membros com passagens pela polícia.

São diversos tipos de crimes, como tentativa de estupro, tentativa de homicídio, apropriação indébita, estelionato, formação de quadrilha e desrespeito à lei eleitoral. Há ainda casos como o dos 15 vereadores do Rio investigados pelo Ministério Público estadual por suspeita de enriquecimento ilícito. Depois da Câmara do Rio, a de Campos tem o maior número de vereadores com passagem pela polícia (cinco).

Eleito em 2004 com 488 votos para uma vaga na Câmara de Vassouras, o vereador Elias Gonzaga dos Santos Filho foi condenado a cinco meses de detenção por tentativa de estupro. Em Tanguá, o vereador Valter Tostes Padilha tem passagem por receptação, furto e tentativa de homicídio, este último ocorrido ano passado. No Sul do estado, o vereador Antônio Porto Filho foi eleito em 2004 para uma vaga na Câmara Municipal de Paraty. Ele foi investigado por formação de quadrilha e homicídio.

Em Valença, vereador é investigado até por furto

Em Valença, no Vale do Paraíba, o vereador Celso Gomes Graciosa tem passagem por violação de domicílio e furto. Pelas regras, candidatos a prefeito e vereador são obrigados a apresentar ao TRE suas fichas da Justiça estadual e federal. De posse dos documentos, os juízes vão analisar se as candidaturas atendem aos preceitos do TRE, que este ano decidiu ser mais rigoroso com registros de pessoas com passagens pela polícia.

- Faremos valer a Constituição, mas com a preocupação muito grande de não comentar injustiças. Mas também não queremos punir a população com apresentação de candidatos que ostentem uma ficha penal absolutamente incompatível com o exercício do mandato eletivo - afirma o juiz coordenador do registro de candidaturas, Sérgio Ricardo de Arruda.

O magistrado explica que os registros serão analisados individualmente levando em consideração o tipo de crime, sua repercussão na sociedade e o número de indícios contra os candidatos.

- Os candidatos serão chamados a se explicar, caso o juiz encontre algum indício - diz Fernandes.

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