quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Em casa onde falta pão...


Lucia Hippolito
DEU NO BLOG DE LUCIA HIPPOLITO

...todos gritam e ninguém tem razão


Acusado de fazer uma campanha ruim no rádio e na TV, prejudicando as chances de Geraldo Ackmin chegar ao segundo nas eleições em São Paulo, o marqueteiro da campanha demitiu-se e saiu atirando, em entrevista concedida à repórter Renata Lo Prete e publicada hoje na Folha de S. Paulo.

Entre outras acusações, o marqueteiro afirma que os kassabistas compraram o apoio de vereadores tucanos e que o PSDB kassabista trabalhou o tempo todo contra a candidatura de Geraldo Alckmin.

É uma acusação grave, que deve ser apurada. Mas será que ela engloba todo o problema?

É evidente que o responsável não é nem a campanha no rádio e na TV e muito menos o desempenho do marqueteiro.

O fato é que, mais uma vez, os tucanos não conseguiram se entender antes da largada para as eleições. Da mesma forma como em 2006, quando atropelou José Serra, Alckmin impôs sua candidatura dentro do PSDB, com uma tenacidade que não se confirmou na campanha. (Conseguiu ter menos votos no segundo turno das eleições presidenciais do que no primeiro, feito inédito.)

Alckmin quis porque quis ser candidato. Parecia menino mimado que não quer abrir mão do trem elétrico. E entre os tucanos, mesmo os de alta plumagem, não houve quem o demovesse da teimosia.

Par délicatesse, j'ai perdu ma vie, diz um dos mais lindos poemas de Rimbaud, verdadeiro retrato da alma humana. Pois cai como uma luva entre os tucanos paulistas.

Por delicadeza, falta de empenho, desejo de frear as ambições de José Serra, ou pura preguiça mesmo, os tucanos paulistas mais uma vez se enredaram numa teia que, pelo andar da carruagem, não só vai lhes tirar das mãos a prefeitura da maior cidade do país, como pode ter conseqüências seriíssimas na campanha de 2010, tanto para o governo do estado como para a presidência da República.

Será mesmo que valeu a pena arriscar tudo isso apenas para não desagradar Geraldo Alckmin?

Sobrou para o marqueteiro. OK, só não vale acreditar nisso.

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