sábado, 20 de setembro de 2008

Líder em Porto Alegre, Fogaça prescinde do apoio de Lula

Sinara Sandri - REUTERS

PORTO ALEGRE - Enquanto aliados disputam o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até oposicionistas tentam mostrar proximidade, o candidato à prefeitura de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), não tira proveito de ser de um partido da base do governo e faz campanha alheio à popularidade de Lula.

Líder nas pesquisas de intenção de voto desde o início da campanha, Fogaça aposta mais nas lideranças locais e nas alianças que montou para reforçar sua candidatura.

"Estamos disputando a eleição da capital dos gaúchos. A estratégia é fincar pé nas questões locais e não vincular com o (quadro) nacional", disse Clóvis Magalhães, coordenador da campanha de Fogaça, à Reuters.

Segundo Magalhães, a opção está associada a uma "coerência com o município", e a ênfase se baseia na formação da aliança que sustenta Fogaça e que inclui o PDT e PTB, partidos de grande expressão estadual e que já tiveram experiências na administração da capital.

Além disso, boa parte das lideranças peemedebistas gaúchas tem tradição na defesa de estratégias de construção partidária e de não alinhamento aos governos federais. Em 2006, protagonizaram um movimento em defesa da candidatura própria nas eleições presidenciais e lançaram o então governador Germano Rigotto como pré-candidato, em uma disputa interna que acabou sendo vencida pelo ex-governador do Rio, Antony Garotinho.

"O presidente Lula é fundamental como parceiro para o desenvolvimento de Porto Alegre e o PMDB é o maior parceiro do governo Lula, nem por isso o reivindicamos como cabo eleitoral", disse Magalhães.

ADVERSÁRIO COMUM
Fogaça concorre à reeleição e lidera a disputa, com 33 por cento das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha feita nos dias 17 e 18 de setembro. Por enquanto, assiste de camarote a uma disputa acirrada entre as deputadas federais Manuela D'Ávila (PCdoB) e Maria do Rosário (PT) pela outra vaga no segundo turno. As duas estão rigorosamente empatadas, com 18 por cento da intenções de voto, e brigam pela exclusividade do vínculo com o presidente Lula.

Manuela e Maria do Rosário aparecem emboladas desde as primeiras pesquisas. Na reta final da campanha, as equipes fazem avaliações positivas, acirram às críticas aos adversários, mas já indicam oposição a um possível governo Fogaça como o caminho para superar hostilidades e formar uma aliança no segundo turno.

"Estamos dentro dos limites do debate político e (os ataques feitos na campanha) são perfeitamente superáveis. Com certeza, teremos uma aliança das forças que estão na oposição a Fogaça", disse Adalberto Frasson, coordenador de campanha de Manuela, à Reuters. A avaliação é compartilhada pelo lado do PT, que, apesar das restrições aos PPS -- que integra a chapa de Manuela e é considerado "privatista" e herdeiro da tradição política do ex-governador Antônio Brito -, aposta em um realinhamento com o PCdoB.

"Nosso adversário é o Fogaça. Também acreditamos que seja o adversário dos comunistas", disse Rodrigo Oliveira, coordenador da campanha de Maria do Rosário, à Reuters.



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