terça-feira, 25 de novembro de 2008

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

EDITORIAL
O POVO (CE)
25/11/2008

A data de hoje permite novamente que a questão da mulher ocupe o primeiro plano dos olhares de quem está atento às agressões sofridas por esse segmento

Mais de 150 países, em todo mundo, celebram, hoje, o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher. Essa é um dos problemas mais constrangedores da sociedade contemporânea e independe de classe social, de cultura e de nacionalidade.

A violência doméstica sempre foi um fator presente na história humana, sobretudo, a partir da sociedade patriarcal. Ela tem como base a discriminação decorrente da diferença sexual, que termina por impor restrição ao pleno direito de participação social das mulheres. Nos países ocidentais, a partir, da industrialização e, sobretudo, da revolução dos costumes, dos anos 60 do século passado, houve um maior desafogo nessa situação pelo fato de a mulher ter acesso ao mercado de trabalho e ganhar mais autonomia. No entanto, a repartição das responsabilidades domésticas continuou a incidir de maneira desigual sobre as mulheres. A dupla jornada de trabalho transformou-se em uma realidade muito presente, traduzida no serviço doméstico que ela tem de realizar - quase sempre unilateralmente - após voltar do expediente profissional fora de casa.

A discriminação contra a mulher traduz-se, fora do lar, na própria remuneração diferenciada - para menos - em relação ao homem (em termos médios), mesmo ao realizar a mesma tarefa. Além do mais, ela está mais sujeita ao assédio sexual, no ambiente de trabalho, o que tem levado sociedades mais desenvolvidas a desenvolver legislações muito rigorosas a esse respeito.

Aliás, a exploração sexual das mulheres continua sendo um problema dos mais graves da sociedade contemporânea em face da indústria sexual que envolve a pornografia - um de seus ramos mais lucrativos - assim como as práticas tradicionais da escravidão, inclusive o tráfico de escravas brancas.

Na sociedade brasileira, a agressão física e o assassinato de mulheres continua a apresentar índices alarmantes. A aprovação da Lei Maria da Penha foi uma das grandes conquistas ocorridas, nos últimos tempos, trazendo meios mais rigorosos de contenção e punição dos agressores, e vem sendo saudada como um marco nesse campo.

O Ceará, por seu lado, prossegue registrando um número preocupante de homicídios referentes a mulheres. Chama a atenção a incidência desse tipo de crime em regiões interioranas, como o Cariri. A cada data referencial da mulher as cobranças sobre a impunidade voltam à ordem do dia. Como acontece em qualquer crime, a impunidade termina servindo de incentivo a outras agressões do mesmo naipe. E se já há uma cultura de desvalorização da mulher como agente atuante da sociedade, a impunidade termina se constituindo em um padrão de normalidade de efeito funesto sobre a vida desse segmento social ainda tão desprotegido. Uma data como a de hoje é ocasião para um olhar mais cuidadoso sobre essa questão.

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