sábado, 27 de setembro de 2008

Paes lidera com 29%; Gabeira sobe e embola disputa pelo 2º turno


DA SUCURSAL DO RIO
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Candidato do PV foi de 11% para 15%; Crivella (PRB) se mantém com 18% e Jandira (PC do B) permanece com 13%


Cesar Maia, que encerra dois mandatos na Prefeitura do Rio, é reprovado por 36% dos entrevistados; governo tem a aprovação de 22%

A nove dias da eleição, pesquisa Datafolha mostra que Eduardo Paes (PMDB) ampliou a liderança pela Prefeitura do Rio, com 11 pontos à frente, e retrata um acirramento na disputa pelo segundo lugar, com Fernando Gabeira (PV) tendo crescido quatro pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.

Paes foi de 26% para 29%, Marcelo Crivella (PRB) manteve 18%, Gabeira subiu de 11% para 15%, e Jandira Feghali (PC do B) permaneceu com 13%. A margem de erro é de três pontos, para mais ou para menos.

"A distância entre Crivella e Jandira está no limite do empate técnico. Podemos dizer que ele está na frente dela. Mas entre Crivella e Gabeira há, de fato, empate. A clara ascensão de Gabeira é o destaque desta pesquisa", disse Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

O peemedebista oscilou três pontos positivamente, tendo os maiores índices de apoio entre os que têm mais de 60 anos (36%), entre os que têm até ensino fundamental (33%) e entre os que ganham até dois salários mínimos (33%).O candidato do PRB tem penetração nas mesmas fatias de eleitorado de Paes, atingindo 27% dos votos entre os eleitores com ensino fundamental e 25% dos eleitores que ganham até dois salários mínimos.

Gabeira é mais forte entre os jovens, faixa em que obtém 20%, entre os que têm ensino superior (26%) e entre os que recebem mais de dez salários mínimos (32%).

Jandira mantém percentuais entre 11% e 14% nas diversas faixas de renda e escolaridade.

O crescimento de Gabeira se deve principalmente à sua performance entre os mais ricos e escolarizados. Gabeira saltou 12 pontos (de 20% para 32%) entre os que ganham mais de R$ 4.150, faixa em que Paes perdeu nove pontos (foi de 30% para 21%). Crivella oscilou positivamente de 7% para 9%.

Entre os eleitores com nível universitário, o candidato do PV tinha 18% e pulou para 26%. O peemedebista tinha 25% e foi para 22%. O postulante do PRB permaneceu com 7%.

Os demais candidatos continuam distantes. Alessandro Molon (PT) foi de 4% para 5%. Solange Amaral (DEM), apoiada pelo prefeito Cesar Maia, está numa linha descendente: no início do mês tinha 7%, passou para 5% em meados de setembro e hoje tem 4%. Chico Alencar (PSOL) permanece com 3%. Os outros não superam 1%.

Cesar Maia, que encerra dois mandatos à frente da prefeitura, é aprovado por 22% dos eleitores e reprovado por 36% deles. Mesmo entre os que avaliam sua administração como ótima ou boa, Paes lidera com 36%, Crivella tem 16%, Gabeira, 12%, e Solange, 11%.

O Datafolha não fez simulações de segundo turno envolvendo Gabeira. Paes bateria Crivella por 57% a 30%, e Jandira, por 48% a 41%. A candidata comunista venceria o rival do PRB por 52% a 34%, no caso de confronto direto entre eles.Cresceu de 30% para 35% o número de entrevistados que dizem que Paes está se saindo melhor no horário gratuito.

A avaliação de Gabeira também subiu, passando de 7% para 13% os que dizem que ele tem o melhor programa. Já a de Crivella caiu quatro pontos, passando de 16% para 12%.

O Datafolha ouviu 1.184 pessoas ontem e anteontem. Recebeu o registro RPE 35/2008.

Gabeira fica feliz com pesquisa

DEU NO JORNAL DO BRASIL

Segundo o Ibope, candidato do PV já teria ultrapassado Jandira Feghali

A passagem de Fernando Gabeira (PV) para o terceiro lugar na pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope, e ainda não divulgada, embolou ainda mais a disputa de quem vai para o segundo turno. Conforme adiantou o repórter Leandro Mazini, da coluna Informe JB, Gabeira está com 11%, um ponto percentual à frente da candidata do PCdoB, Jandira Feghali, o que caracterizaria empate técnico. O prefeitável do Partido Verde recebeu a notícia com entusiasmo, e considera que sua campanha está em uma reta ascendente com os eleitores.

– Acho que essa subida na pesquisa indica uma tendência, que deve seguir até o dia da eleição – acredita Gabeira.

O efeito decisivo e o efeito marginal


Jairo Nicolau
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


O apoio de Lula será um fator decisivo nas eleições municipais deste ano?


A CAMPANHA eleitoral deste ano tem reforçado duas tendências já vistas em eleições anteriores. Na falta de nome melhor, vou chamar a primeira de rotinização das campanhas.Desde a redemocratização, esta é a sétima eleição para prefeitos e vereadores. As eleições já não são mais a novidade que eram na década de 80.

Aos poucos elas foram assumindo um caráter menos excepcional e mais rotineiro. As campanhas ficaram mais curtas, mais concentradas na TV, viram a maioria dos militantes voluntários desaparecerem, poluem menos as cidades e despertam menos interesse dos eleitores e da imprensa.

Vejo a cobertura rarefeita que a campanha tem recebido dos jornais neste ano e lembro dos cadernos especiais de outras disputas. Observo os carros sem adesivos e lembro de eleições passadas, quando avaliava a força do candidato contando os adesivos.

A segunda tendência é a concentração da discussão da campanha nos temas locais. Aos poucos, eleitores vão aprendendo quais são as reais atribuições do prefeito. Aprendem que ele tem responsabilidade pelo trânsito da cidade, mas pouco pode fazer para gerar emprego em larga escala. Aprendem que as prefeituras podem cuidar bem da educação infantil, mas não da superior. Aprendem que, por mais que se diga o contrário, a responsabilidade maior pela segurança pública é do governador, e não do prefeito.

Cada cidade tem sua agenda particular. Em algumas, a disputa assume um caráter plebiscitário, sobretudo quando o prefeito atual concorre à reeleição. Em outras, a disputa se dá em torno de umas poucas famílias/ grupos dominantes. Em alguns lugares, os partidos influenciam mais a disputa. Em outros, vale o peso de lideranças carismáticas. Mas, em quase todas elas, candidatos e eleitores estão pensando nos problemas e soluções de sua cidade, de costas para o que acontece em outros lugares.

Não conheço candidato a prefeito que tenha sido vitorioso falando de temas nacionais ou concentrando seu programa em grandes questões doutrinárias. A última vez que a política nacional influenciou para valer uma disputa para prefeito foi em 1988, quando o Exército invadiu a CSN, matou e feriu trabalhadores. O evento, ocorrido poucos dias antes do pleito, comoveu o país e produziu uma maré de votos para os partidos de esquerda nas maiores cidades. Alguns analistas e parte da imprensa parecem não gostar da tendência ao municipalismo das eleições e buscam desesperadamente sinais de nacionalização. A premissa é que uma eleição municipal determinará a disputa de dois anos depois. 2008 teria que explicar 2010. Por isso, tanto espaço para os bastidores da escolha em Belo Horizonte. Por isso, a importância da disputa na cidade de São Paulo.

Por isso, o presidente deve influenciar decisivamente o pleito deste ano.Porém, as evidências dessa associação são tênues. Para ficar em um exemplo: em um estudo, comparei os votos obtidos por Lula em 2008 com os dos PT em 2006 e descobri que a associação estatística entre eles é praticamente inexistente.

Pelo que vi em outras campanhas e pelo que tenho acompanhado nesta, continuo convencido de que as eleições municipais são movidas basicamente pelos temas locais. Os atores externos à vida municipal têm quase sempre efeito marginal sobre o resultado final da disputa.

Quando sugiro que as coisas se passam assim ouço a pergunta inevitável: não será diferente com Lula? Não adianta lembrar que já houve uma eleição em 2004, no meio do primeiro mandato de Lula, e que os efeitos de seu apoio não foram tão expressivos.

A confusão talvez ocorra por conta do que cada um de nós chama de influência. Ou, como está na pergunta de hoje, o que cada um entende como "fator decisivo". Não duvido de que o apoio do presidente possa ajudar alguns candidatos a subir um pouco.

Em uma disputa muito acirrada,esses pontinhos podem até fazer a diferença. Mas isso não é o mesmo que dizer que o apoio do presidente é decisivo.

Dito de outra maneira: sem boas propostas para a cidade, sem ser reconhecido pelos moradores como uma liderança importante, sem conseguir criar uma conexão com eleitores, não há quem se eleja prefeito. Isso determina seu sucesso ou seu fracasso. O resto é, no máximo, efeito marginal.


JAIRO NICOLAU, 44, doutor em ciência política, é diretor de Ensino do Iuperj. Durante as eleições deste ano assina uma coluna na veja.com .

Em busca de um eixo


Marco Aurélio Nogueira
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Foi preciso que Soninha Francine, candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, associasse a Câmara Municipal paulistana a um “balcão de negócios” para que os eleitores se lembrassem de que existem vereadores na capital do Estado. Segundo a candidata, ali é bastante usual a prática de aprovar projetos em troca de cargos, favores e propina. Não foi propriamente uma declaração inédita ou contrária à voz do povo. Mas caiu como uma bomba no plenário do órgão.

A poucos dias do primeiro turno das eleições, os vereadores paulistanos assistem a um prolongamento constrangedor da situação de intransparência em que se encontram, como se entre o Palácio Anchieta e a cidade existisse uma névoa espessa a bloquear a visão dos cidadãos. A opinião pública é indiferente aos vereadores, que são por ela vistos como representantes de si próprios, incapazes de exercer papel positivo na vida urbana, no controle dos atos do prefeito ou no processamento das demandas da população. Poucos eleitores sabem em quem votaram nas últimas eleições, quem foi eleito e em quem votarão no próximo dia 5.

Entre os 55 vereadores paulistanos há, evidentemente, pessoas de mérito, combativas e verdadeiramente preocupadas com a cidade, a começar da própria Soninha, mas não somente dela. Mas estes políticos não parecem ter força e articulação suficientes para dar à Câmara maior peso e relevância, nem para desfazer a imagem negativa e a indiferença popular que a cerca. Se levarmos em conta a complexidade dos problemas urbanos de São Paulo, a dimensão da cidade e as tensões que atravessam o cotidiano de seus moradores, é fácil perceber o prejuízo que se tem com esta situação, que despoja a população de uma instância confiável de representação política.

Devemos, com certeza, relativizar o argumento, pois o problema não se esgota na referência a uma suposta má qualidade dos representantes. Tem que ver com o conjunto do sistema político e não pode ser compreendido fora dele. Expressa a resistência notável de uma cultura política de tipo clientelista e fisiológico que remonta ao Brasil colonial e se reproduz como praga pelas frestas da condição ultramoderna em que passamos a viver, ajudando a dramatizá-la e sendo ao mesmo tempo turbinada por ela. Reflete a perda de eixo das instituições políticas em geral, que ficaram vazias de poder, pobres de imaginação e impotentes diante da força do mercado e da fragmentação social, que não se deixa articular nem dirigir.

Olhando as coisas mais em detalhe, a situação é produto de um sistema eleitoral que personaliza as disputas e incentiva os candidatos a constituírem - para si, e não para seus partidos - nichos de legitimação e conquista de votos que, com o passar do tempo, acabam por corporativizar os parlamentares e atrelá-los a uma lógica particularista cega para o coletivo. Vítimas não inocentes deste sistema, os partidos são por ele arrastados e condicionados. Não participam das eleições como forças ideológicas ou programáticas coesas, não se comportam como expressão de um movimento orgânico dotado de opinião, mas somente como instrumentos de luta pelo poder. Enredados pelos fios perversos do sistema e perdendo inserção na sociedade, deixam de selecionar seus candidatos ou de submetê-los a alguma coerência. Basta dar uma espiada nos personagens que passam pela propaganda gratuita para que se visualize a gravidade da situação. O cenário é marcado pelo mais puro bestialógico.

Os programas eleitorais também dão sua contribuição. São mais midiáticos do que políticos ou educativos. Têm maior qualidade na parte dedicada aos candidatos a prefeito, mas são simplesmente patéticos quando se trata dos candidatos à Câmara. Tratam-nos como secundários, aprisionando-os em camisas-de-força que facilitam as coisas para os mais inexpressivos e tolhem os talentosos. Não abrem espaços para debates que valorizem o trabalho legislativo e expliquem à população a sua importância. Não fomentam a discussão substantiva nem dizem ao eleitor qual a relevância e a posição que tal ou qual candidato tem no partido a que está vinculado.

O círculo se fecha depois das urnas. O sistema não cuida da qualificação dos eleitos. Não agrega nada à bagagem técnica e política com que chegam à Câmara. As sessões plenárias são o que são, não há o que esperar delas. Mas algo poderia acontecer fora delas. No entanto, são raras as tentativas de reproduzir no Palácio Anchieta as iniciativas tomadas, por exemplo, pela Assembléia Legislativa de São Paulo e pelo Congresso Nacional para melhorar a formação e a atualização dos quadros parlamentares, tanto dos políticos quanto dos assessores. Cursos, seminários, debates, conferências, muita coisa poderia ser feita para dar maior consistência às bancadas e aos vereadores.

Haverá, certamente, quem questione este diagnóstico, considere-o exagerado e injusto para com as coisas boas que existem na Câmara. É inegável que lá dentro há vida inteligente e que ao longo do tempo os vereadores têm ajudado a escrever a história política e administrativa da cidade. A Câmara Municipal é um espaço estratégico mal aproveitado, um recurso carregado de potência represada e subutilizada. Tão logo encontre um eixo político que a organize e a politize de forma substantiva, produzirá resultados. Para que isso aconteça precisa entrar na agenda democrática, ser discutida, analisada, criticada.

No mínimo por ter destacado a questão, o alerta de Soninha veio em boa hora. Pode ter sido genérico e impreciso, mas criou um fato e deu aos eleitores uma oportunidade a mais para que reflitam sobre o voto que depositarão nas urnas em 5 de outubro. No curto prazo, não é de prever que a qualidade se altere a ponto de modificar o rumo das coisas. Mas oportunidades existem para serem aproveitadas, e é da concatenação delas no tempo que nascem as grandes transformações.

Marco Aurélio Nogueira, professor de Teoria Política da Unesp, é autor dos livros Em Defesa da Política (Senac, 2001) e Um Estado para a Sociedade Civil (Cortez, 2004)

Aécio prega novas alianças para o 'pós-lulismo'

Letícia Lins
DEU EM O GLOBO

Em Pernambuco, governador de Minas fala como candidato e diz que PSDB, PDT e PSB poderiam se unir em 2010

RECIFE. Em Pernambuco para dar apoio aos tucanos que disputam as eleições municipais, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), comportou-se sem disfarce ontem como candidato à Presidência, já de olho em 2010. Deu até o tom da campanha: o pós-lulismo. Ele argumentou que, fechadas as urnas de 2008, o PSDB vai buscar novos aliados - inclusive PSB e PDT - para que, juntos, construam um projeto para o país. Aécio disse não acreditar que nas eleições presidenciais ocorra a reedição da aliança que hoje sustenta o governo Lula:

- Até porque não cabe todo mundo lá dentro - ironizou. - Após as eleições municipais, o PSDB tem que construir um projeto para o Brasil. E aí poderemos ter novos aliados, que hoje estão no guarda-chuva de Lula, na sua base, mas que eventualmente não estarão apoiando uma candidatura do PT. O PSB e o PDT são alternativas. Acredito que, se apresentarmos um projeto ousado e otimista para o país, teremos, sim, condições de construir uma aliança para o pós-lulismo.

Aécio falou, inclusive, da possibilidade de se aproximar do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), um aliado fiel de Lula:

- Tenho grande identidade com Eduardo. Se isso vai nos possibilitar, no futuro, construir um projeto comum, o tempo é que vai dizer. Pessoalmente, gostaria muito - disse, quatro dias após reunir-se com o socialista em Belo Horizonte.

Para tucano, governo Lula deve gastar menos

Aécio condenou os políticos que fazem oposição gratuita:

- O que temos que fazer é qualificar a oposição. Não tem sentido para o PSDB, simplesmente porque perdeu as eleições, desdizer-se, ser contra questões que apoiava, como as reformas política e tributária.

Para o tucano, a oposição não deve se fincar no antilulismo.

- O presidente Lula cumpriu o seu papel. Uns acham que fez muito. Eu acho que fez um governo razoável. Mas a alternância do poder é salutar. O PSDB tem que apresentar e construir uma proposta pós Lula, que passe por reformas e introduza a questão da gestão pública qualificada na agenda do Brasil. Isso, infelizmente, ainda está a léguas de distância do governo que hoje está no Planalto Central. É preciso que o governo compreenda que a gestão de qualidade é necessária, que se gaste menos e melhor, e que se ouse nas reformas.

Auto-elogio e críticas ao governo federal

Para exemplificar o modelo de gestão que propõe, Aécio recorreu ao próprio governo e voltou a criticar o presidente:

- O PSDB tema visão da gestão moderna, gastando menos com a estrutura do Estado e mais com as pessoas. Lula se equivoca e traz um prejuízo ao Brasil no momento em que fragiliza as agências reguladoras, porque está inibindo investimentos importantes.

E recorreu ao auto-elogio:

- Modéstia à parte, digo que em Minas temos avançado muito mais do que avança o Brasil. No segundo trimestre deste ano, de acordo com o IBGE, enquanto o Brasil cresceu 6%, Minas cresceu 9,5%. Igual à China. Minas tinha déficit de R$2,5 bilhões. E hoje investe R$9 bilhões. O emprego formal no Brasil cresceu até julho desse ano 2,2%, comparado com o mesmo período do ano passado. Em Minas, esse crescimento foi de 6,1%. Tenho 15 secretarias. Eram 22. Não há desperdício.

Ele atacou

- Lá (em Minas) não há essa política que o governo federal ainda pratica, de criar cargos e ministérios, órgãos para acomodar companheiros. Em Minas, temos profissionalismo na gestão pública.

À beira do precipício


Merval Pereira
DEU EM O GLOBO


NOVA YORK. O momento político em Washington é tão confuso que a administração Bush, em fim de mandato, conta com o apoio da maioria democrata no Congresso, mas é bombardeada pela minoria republicana, especialmente na Câmara. Os relatos sobre a reunião da Casa Branca da quinta-feira revelam um presidente atordoado diante da agressividade de seus próprios congressistas, e da óbvia relutância do candidato de seu partido, senador John McCain, em aderir à proposta oficial. Ao contrário, o candidato oposicionista Barack Obama estava muito mais propenso a aceitar o pacote oficial como o início para uma ampla negociação bipartidária.

Uma negociação que jamais teve na Casa Branca um obstáculo, pois nunca houve um "pato manco" mais característico do que o seu atual ocupante. "Pato manco" (lame duck) é como os americanos chamam um político em fim de mandato que não tem condições de fazer seu sucessor. No Brasil diz-se que a esse político não se serve nem café frio no Palácio do Planalto.

Essa "síndrome do pato manco" é exatamente o que faz com que o candidato do partido que está no poder, John McCain, tenha como única chance de vencer a eleição se livrar dos laços partidários que o unem a George Bush, e o pacote de resgate do sistema financeiro é uma questão decisiva nessa percepção.

Como a crise é tão grave que não permite aos republicanos adotar o que defendem em teoria, isto é, a não-intervenção governamental e o estado mínimo, temas que rechearam os discursos na convenção que indicou McCain oficialmente em St. Paul, o que ele procura é uma saída que o separe do pacote oficial e o ligue a um novo pacote, que seria voltado para o cidadão comum, e não para os banqueiros.

Tanto o secretário do Tesouro, Henry Paulson, quanto o presidente do Banco Central, Bem Bernanke, viram logo no primeiro confronto com os parlamentares que não tinham força política para enfrentar a resistência inicial ao pacote que pretendiam fazê-los engolir em questão de horas.

Muitos viram na estratégia do medo que o governo Bush utilizou desde o primeiro momento uma repetição da postura que teve com relação à invasão do Iraque.

Desenhar um futuro cheio de perigos e ameaças para tirar do Congresso a aprovação ao pacote original, que dava superpoderes ao governo na definição da estratégia de compra dos créditos podres, e nenhum compromisso com o contribuinte que, em última instância, é quem pagará a dívida através do aumento do déficit público, era um objetivo politicamente inviável para um governo impopular em fim de mandato.

Mas, enquanto os democratas se dispunham partir da proposta governamental para melhorá-la, os republicanos, ao contrário, pretenderam transformar o pacote original enviado pelo Secretário de Tesouro, Henry Paulson, ao Congresso numa proposta do governo Bush e dos democratas.

A estratégia adotada pelos correligionários de McCain foi rejeitar a proposta da Casa Branca, e eles viram nessa "esperteza" uma possibilidade de virar o jogo a seu favor, mesmo que para isso tivessem que jogar ao mar o presidente Bush e toda sua assessoria econômica.

Eles não trabalham com a possibilidade de não fazer acordo nenhum, porque sabem que alguma coisa terá que ser feita para que a próxima semana não seja a semana do fim do mundo nos mercados financeiros internacionais, não apenas em Wall Street. Mas tentam fazer com que o pacote que afinal irá à votação provavelmente na próxima semana seja visto pela população como uma defesa dos interesses do cidadão comum, e não a proteção dos banqueiros.

Por isso insistem em que, em vez de usar os US$700 bilhões a fundo perdido para pagar pelos créditos podres, o governo apenas faça um seguro desses créditos. Mas, assim como não há certeza entre os economistas de que o plano original de Paulson daria certo, não há também a garantia de que o simples seguro dê ao mercado liquidez suficiente.

Para evitar uma intervenção governamental que pode levar a um prejuízo do contribuinte, o mais provável é que o governo se torne sócio das instituições financeiras que socorrer, o que permitiria uma perspectiva de recuperar o investimento a longo prazo, quando essas instituições tiverem se recuperado da crise.

Os democratas estão claramente à frente das negociações no Congresso, até mesmo porque têm a maioria nas duas Casas, e presidem as principais comissões. Mas, com a saída de Washington de John McCain, houve uma retomada do clima de negociações.

A presença dele impedia nitidamente que as conversas prosseguissem, pois todos os movimentos dos republicanos tinham a intenção de fortalecer sua candidatura, e, como não há uma liderança evidente neste momento entre os republicanos, cada um assume sua posição em público sem consultar os demais companheiros, todos querendo se mostrar mais defensor do que outros dos interesses da "main street" (no sentido de o homem comum da rua), e contra os gananciosos de Wall Street.

Esse será o mote da campanha republicana pós-crise, se for verdade mesmo que a crise aguda será superada com esse pacote. Uma estratégia que pode dar a McCain um fôlego a mais, mas mais provavelmente o colocará na beira do precipício.

O peso do contrapeso


Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Sem a mais remota intenção de pregar o arremedo, os acontecimentos em curso nos Estados Unidos nesse período de campanha presidencial servem como aprendizado quando expostos ao cotejo com os usos e costumes políticos brasileiros.

Já tratamos aqui do processo de escolha de candidatos dentro dos partidos - uma eleição direta prévia, se comparada às nossas decisões restritas às conveniências das cúpulas partidárias - e ontem mesmo falamos sobre a consistência dos temas abordados lá, em contraposição às futilidades ditas cá por todos os candidatos sob o beneplácito de um eleitorado culturalmente refratário a cobranças insistentes.

O leitor José Augusto Neves percebe e sugere a abordagem de outro ponto de comparação: os termos da negociação do pacote de US$ 700 bilhões com o qual o governo George Bush pretende socorrer a quebradeira das instituições financeiras.

A despeito da urgência da situação, da proximidade das eleições e da condição sem nenhum conforto do candidato oficial, John McCain, as dificuldades para um acordo que permita a liberação do dinheiro vêm justamente do Partido Republicano.

Não porque os parlamentares pretendam criar dificuldades para individualmente “vender” facilidades à Casa Branca. Simplesmente está no DNA republicano a rejeição à interferência do Estado ao custo de dinheiro público.

Negar a autorização ao presidente está fora do cenário, mas o aval requer o estabelecimento de regras e garantias prévias, cuja negociação se dá à luz do dia. Existem, claro, detalhes atinentes à política interna e ao próprio momento eleitoral que nos escapam à compreensão.

Mas, grosso modo, o que se vê é um Poder Legislativo exercendo seu papel de contrapeso ao peso de eventuais arbítrios do Executivo. Os parlamentares, feios ou bonitos, “cuidam” do uso do dinheiro público antes de cuidar de seus próprios interesses.

Por critérios brasileiros, o primeiro deles seria a submissão inquestionável ao presidente, talvez não para preservar com ele as melhores relações, visto que Bush termina seus dois mandatos com altíssima rejeição popular. Mas, por isso mesmo, para “arrancar” benefícios individuais no momento difícil.

O segundo critério a ser levado em conta por aqui seria o fruto eleitoral: ninguém ia querer se arriscar a pagar a fatura da derrocada por causa de uma discussão árida sobre destinação de recursos públicos sem pagar um charmoso tributo a velharias ideológicas.

Terceiro ponto que não se vê lá é a criminalização do pensamento. Por aqui, nessas alturas, resistências e ponderações já estariam sendo qualificadas como crimes de lesa-pátria. No caso dos EUA, lesa-humanidade.

Isso sem contar que, se debate houvesse, seria sobre a medida provisória já devidamente editada ao arrepio da ilegalidade da concessão de créditos suplementares via MP. A Constituição proíbe, o Supremo recentemente convalidou a regra. Mas, o “vamos que vamos” local não leva em conta esses detalhes.

Balão

Gestos e palavras em defesa da liberdade de expressão têm sempre uma serventia. Mais não seja, a de reafirmar a eventuais incautos a consolidação desse valor na democracia brasileira.

Ainda assim, não se justifica o receio dos promotores de atos públicos e autores de artigos contrários à proposta do governo de quebrar o direito constitucional ao sigilo das fontes de informações, como forma de conter a onda de escutas telefônicas ilegais.
O governo não pretende de verdade investir na “mordaça”. Quando o ministro da Defesa, Nelson Jobim, falou disso na CPI dos Grampos, estava pressionado a provar que a Abin poderia ter grampeado o telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal, e queria apenas mudar de assunto.

Tal proposta não passa no Congresso nem ao governo interessa esse inútil desgaste nas esferas mais informadas da sociedade, agora que a popularidade do presidente Lula entra de sola no patamar acima da classe média.

Causa própria

Não há nada de estranho no fato de o governador José Serra atuar nas campanhas de aliados do PSDB País afora, enquanto se mantém na encolha no primeiro turno em São Paulo.

As escaramuças paulistanas só lhe rendem confusão, mas quando aparece no programa de Fernando Gabeira, por exemplo, marca presença no Rio desde já pensando na eleição de 2010.

É claro que Serra não pretende orientar o voto do carioca, assim como Aécio Neves não acredita exercer influência sobre o eleitor quando anda pelas ruas de São Paulo na companhia de Geraldo Alckmin.

Não são os únicos a aproveitar a eleição municipal para aumentar seus respectivos índices de conhecimento no Brasil inteiro. Dilma Rousseff faz o mesmo em seu périplo de “ajuda” aos candidatos do PT.

De forma mais contida, copiam o modelo de Lula que há seis anos alimenta a própria fama.

O imperceptível rombo de bilhões


Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL

OS SUCESSIVOS SALTOS recordistas da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva furaram o teto baixo da sua modéstia e soterrou a vaidade da origem da criança nordestina que acompanhou a Dona Lindu, mãe de extraordinária fibra de lutadora e os irmãos na mudança de Garanhuns (PB) para São Paulo, onde iniciaria a escalada como líder sindical, fundador do Partido dos Trabalhadores, três vezes derrotado como candidato a presidente da República para emplacar na quarta tentativa, com o bis da reeleição.

De então para cá são reincidentes os escorregões na soberba. A gabolice não é virtude que enfeite biografia. E com freqüência arma arapucas e laços que surpreendem os incautos. Nesta crise financeira que dá volta no mundo, empurra ladeira abaixo os restos de popularidade do presidente Bush e ameaça uma "longa e dolorosa recessão" se o pacote de US$ 700 bilhões não chegar a tempo, o desempenho açodado e espalhafatoso de Lula é responsável por várias situações de constrangimento.

A mais penosa, à beira do ridículo, começou a ser montada com a precipitação com que tentou tamponar o estouro do pânico no país com a sua repercussão no equilíbrio financeiro, penosamente conquistado com aumentos da taxa de juros e o recorde de US$ 200 bilhões em caixa. O otimismo profissional dos autores da proeza, do ministro da Fazenda, Guido Mantega ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles contaminou o presidente Lula, que espalhou a boa nova com a ênfase de campanha eleitoral.

O recado foi repetido para vários auditórios, chegou ao respeitável público na sentença decorada e categórica: "a crise será quase imperceptível no Brasil". No embalo, o desfiar das múltiplas e sábias medidas adotadas pelo governo para consolidar a barreira de proteção contra a implosão das grandes empresas americanas com a quebradeira das firmas de investimento. Uma semana depois de o Banco Central voltar a vender dólares, liberou R$ 13,2 bilhões de compulsórios para melhorar a liquidez do sistema financeiro nacional. Medidas de prudência são as clássicas e só surpreenderam os que caíram no conto da farolice lulista.

Mas é na arena política que o presidente deslumbrado com a popularidade ultrapassa os limites da sua liderança para se intrometer na raquítica faixa da oposição. O episódio no jogo político estadual é preocupante ao sinalizar o estilo de campanha nacional que se vislumbra. Lula manda no PT e escolheu a ministra-candidata Dilma Rousseff sem dar confiança às bases petistas. Até aí, nada a estranhar. Mas na ida à Natal com a sua candidata para apoiar a candidatura de Fátima Bezerra à prefeita da capital do Rio Grande do Norte, repetiu a ameaça de voltar quantas vezes for necessário para garantir a derrota do senador oposicionista José Agripino Maia, líder da bancada do DEM, candidato à reeleição e seu desafeto pessoal, sem poupá-lo e aos seus ministros.

Ora, vamos tentar colocar a coisas nos seus lugares. É exato que o senador José Agripino destaca-se na mediocridade das duas Casas do Congresso pela insistência da sua oposição e a rispidez da oratória que, às vezes, escorrega além dos limites. E daí? Lula conta com ampla maioria na Câmara e apertada maioria no Senado. Não é um presidente largado às traças. E as acusações ao presidente da tribuna parlamentar devem ser respondidas na hora, pelo líder ou por qualquer membro da bancada situacionista. José Agripino Maia não é um parlamentar sem biografia, que caiu no plenário como suplente sem voto, na garupa do dono do mandato. A família Maia, de origem paraibana, há décadas vem firmando a tradição de militância da política potiguar. Tarcísio Maia, pai de José Agripino, foi governador do Estado, tal como seu tio, Lavoisier Maia. E o senador José Agripino escalou todos os degraus da longa militância, iniciada na sua juventude. Foi prefeito de Natal e duas vezes governador do Rio Grande do Norte. Seu tio, João Agripino Maia foi o governador da Paraíba que liderou a aprovação da emenda constitucional que estabelece gabaritos para as construções em toda a orla marítima do Estado ­ o que salvou João Pessoa da praga dos espigões.

O presidente Lula deve ter coisas mais importantes com que se ocupar do que os exageros oratórios do líder dos democráticos. Pois, se a moda pega, daqui a pouco estará batendo boca com vereadores. Em calão.

Otimismo preocupado


Cristovam Buarque
DEU EM O GLOBO

Esta é, certamente, a primeira vez que o Brasil atravessa uma crise mundial com certo grau de tranqüilidade na economia. Mas essa tranqüilidade nos faz esquecer as bases sobre as quais está assentada, e os riscos que ela ainda vai enfrentar.

Para muitos, parece que a tranqüilidade veio de repente. Na verdade, ela foi construída ao longo de diferentes governos. Não fosse o presidente Itamar ter feito o Plano Real, seu ministro da Fazenda Fernando Henrique ter-lhe dado a óbvia continuidade quando presidente e o presidente Lula ter mantido, responsável e competentemente, as mesmas bases, não haveria tranqüilidade. Três governos se sucederam como se houvesse um pacto implícito pela estabilidade financeira e monetária. Embora, no Brasil, o costume seja cada governo desfazer o que fez o anterior, há uma década e meia vêem-se os presidentes e ministros cumprirem as regras para uma economia sólida, assumindo inclusive gestos impopulares, como o superávit fiscal e o Proer. Mas também indo adiante, aumentando as reservas cambiais, sem o que estaríamos totalmente vulneráveis às flutuações lá fora.

Mas essa estabilidade não pode nos tranqüilizar totalmente. Precisamos manter um otimismo preocupado, diante da possibilidade de riscos à frente.

O maior deles são os gastos públicos. Graças a uma elevada arrecadação, tem sido possível manter o superávit primário. Não fosse o excesso de arrecadação, já teríamos déficit primário e a conseqüência imediata seria a desconfiança, que elevaria a taxa de risco, mandaria a taxa de juros aos patamares de antes, reduziria o fluxo de capitais vindos do exterior, derrubaria o nível de investimentos. Os gastos públicos são um problema porque crescem automaticamente, sem a possibilidade de que aumente ainda mais a carga fiscal. O sistema legal e a força das corporações impedem o controle fácil dos gastos públicos que crescem sem limites, ao passo que a arrecadação já está no seu limite máximo.

Outro risco está no sistemático déficit externo na conta das transações correntes. É impossível segurar reservas sólidas se esse déficit continuar. Ele deve ser coberto, seja pelo uso das reservas ou pelo aumento na taxa de juros, atraindo capitais voláteis que podem, a qualquer momento, migrar para outros mercados. A combinação de déficit nas contas externas com a volatilidade das divisas é um risco de altíssima periculosidade e gravidade. Mantém um equilíbrio frágil e dá proporções catastróficas ao desequilíbrio, se ele não for corrigido. Isso pode ser agravado pela falta de uma pauta de exportações de alta tecnologia - o que não temos base para fazer - ou pela necessidade de redução de salários, no estilo chinês - o que não devemos fazer. A opção pela desvalorização cambial teria efeitos negativos imediatos sobre a taxa de inflação.

Mas riscos os mais prováveis estão no médio e longo prazo; são estruturais. A baixa capacidade de poupança interna é um deles. A ganância fiscal reduz a capacidade da poupança privada. A preferência doentia do brasileiro pelo consumo, como uma quase aversão à poupança, impede a formação da poupança necessária. Some-se a isso o fato de que o governo é obrigado a consumir praticamente toda a sua renda, deixando quase nada para investimento público.

Outro risco é o grau de endividamento. Não somente o endividamento público, elevado na proporção do PIB; mais também o endividamento das pessoas, sob a forma de empréstimos diretos ou uso de cartão de crédito para financiar consumo. Apesar de já termos feito competentemente nosso Proer, e da perspectiva de que os bancos brasileiros tenham escapado da orgia suicida cometida pelos norte-americanos, é preciso acender a luz amarela para o risco que corremos, se esses endividados perderem a capacidade de pagamento, ameaçando a solidez de seus financiadores.

O Brasil vive uma tranqüilidade arriscada e não só por causa da crise externa, mas porque ainda precisa de bases mais sólidas.

CRISTOVAM BUARQUE é senador (PDT-DF).

Aécio fala em proposta 'pós-Lula' para 2010

Angela Lacerda
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), falou como candidato a presidente, em entrevista ontem no Recife. Ele disse que a campanha não deverá se centrar no antilulismo e sua grande tarefa será a de construir uma proposta pós-Lula, um projeto de Brasil que possa atrair aliados que hoje estão sob o “guarda-chuva” do presidente, como PSB e PDT, além do DEM, tradicionalmente parceiro tucano.

Em sua avaliação, o PSDB pode oferecer a esses partidos uma postura ética e eficiência na gestão pública - o que não seria oferecido pelo governo Lula. “Não temos a visão de que se governa apenas criando cargo para acomodar os companheiros”, criticou. “O PSDB tem a visão da gestão moderna, gastando menos com a estrutura do Estado e mais com as pessoas. Nossa visão de mundo é mais moderna.”

“Se o PSDB conseguir apresentar um projeto novo, otimista, moderno, ousado para o Brasil, temos condições de construir uma nova aliança para o pós-lulismo que seja boa para o Brasil, sem o radicalismo de hoje”, pregou, ao frisar que Lula se equivoca e traz prejuízo ao Brasil ao “fragilizar agências reguladoras”. “Isso está inibindo investimentos importantes em diversos setores.”

Aécio aposta em ética e gestão eficiente

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, fez questão de buscar se diferenciar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Aécio, o que o PSDB tem para oferecer à população em uma hipotética comparação com o PT é um legado de ética e eficiência administrativa.

“Não devemos centrar nossa campanha no anti-lulismo. Até acho que o presidente fez um governo razoável, mas não um governo ousado. Nós temos que ousar mais e introduzir no debate a questão da gestão pública qualificada, coisa que está muito longe do Planaldo Central”, alfinetou.

Segundo o governador, dizer que Lula vai discriminar municípios administrados por prefeitos tucanos é “terrorismo”. O conselho dado a Ricardo Teobaldo por Aécio, ainda no Clube Colombo – a de qualificar seus projetos de modo a “amarrar” o apoio do governo federal –, serviu para que Aécio fizesse uma provocação: “Conseguimos reduzir o número de crimes violentos em Belo Horizonte em 25%. Isso porque fizemos parceria com a prefeitura do PT. Não discriminei nenhum município do PT. Não aceito discriminação de qualquer tipo”.