sábado, 24 de janeiro de 2009

Aécio mantém estratégia

Isabella Souto
DEU NO ESTADO DE MINAS

Governador afirma que o roteiro de viagens pelo país está confirmado e espera que o PSDB escolha "no tempo certo e de forma serena" o melhor nome para disputar a vaga de Lula

O governador Aécio Neves (PSDB) avisou ontem que vai manter a sua campanha para ser o candidato a presidente da República nas eleições de 2010 e estará pronto para enfrentar José Serra (PSDB) nas prévias que vão escolher o nome para a disputa. “Não mudarei o rumo traçado até aqui. O PSDB terá o seu momento de tomar a sua decisão e será feita de forma serena. Se depender do meu esforço, ouvidas as bases do meu partido e não apenas uma ou outra liderança”, afirmou. Em março, o mineiro inicia uma série de viagens pelo país, em que fará contatos e pedirá votos.

As declarações de Aécio Neves foram uma resposta a matéria veiculada na edição de anteontem na Folha de S. Paulo segundo a qual o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), teria dito ao governador mineiro que a cúpula da legenda prefere a candidatura de José Serra e é contra as prévias, pois elas criariam sequelas na campanha eleitoral. De fato o senador esteve em Belo Horizonte na quarta-feira, mas saiu do encontro no Palácio das Mangabeiras dizendo à imprensa que não há tensão no partido e que não há preferência por nenhum dos dois candidatos.

De acordo com o governador Aécio Neves, Sérgio Guerra fez questão de desmentir a reportagem ontem de manhã, em conversa por telefone. “As afirmações são irresponsáveis e levianas e não correspondem à conversa que eu tive com o presidente. O presidente do meu partido veio a Minas Gerais dizer que apoia as prévias”, argumentou. A ideia é que o encontro aconteça até o final do ano e caberá à direção nacional do PSDB definir qual será o colégio eleitoral.

Presente no encontro realizado na capital mineira durante a semana, o secretário-geral do partido, Rodrigo de Castro, também negou que tenha ocorrido qualquer declaração contrária à realização das prévias. E foi além: disse que não há por que mineiros arquitetarem uma reação pró-Aécio. “Ele tem o apoio do presidente nacional do partido e do secretário-geral. Já é um grande indício para a realização das prévias.”

Questionado sobre a possibilidade de filiar-se ao PMDB para assegurar a sua candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador afirmou que sempre conversa com filiados à legenda, mas não para fazer parte do grupo. “Eu me sinto confortável no PSDB. E é uma afirmação isolada de uma ou outra figura que se sente realmente preocupada, talvez com a nossa presença não só em Minas, mas também em outras regiões”, completou.

HOMENAGEM A tensão no PSDB cresceu nesta semana, com o anúncio da nomeação do ex-governador Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento do governo de São Paulo. A aliança entre os dois tucanos é interpretada como uma estratégia de José Serra para enfraquecer Aécio Neves e se fortalecer em seu partido – haja vista que Alckmin até então era um dos principais aliados do mineiro dentro do PSDB paulista. Durante a semana, Serra negou qualquer conotação eleitoral em seu ato. Aécio Neves afirmou que se sentia “homenageado” com o convite feito a um grande “amigo”.

Ao longo desta semana, além da visita de Guerra, Aécio Neves recebeu em seu gabinete os deputados federais paulistas Paulo Renato e Carlos Sampaio. O primeiro disse que veio tratar com o governador a sua candidatura a líder do partido na Câmara dos Deputados e ponderou que para a realização das prévias é preciso que todas as normas estejam bem claras. O segundo assegurou que esteve em Belo Horizonte para discutir a sucessão da Mesa Diretora e assuntos nacionais. Sobres as prévias, mostrou-se totalmente favorável.

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