terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Em um único dia, 76 mil demissões anunciadas

DEU EM O GLOBO

Dez empresas cortam vagas como resultado da crise. Caterpillar prevê pior ano desde a Segunda Guerra Mundial

NOVA YORK, DALLAS, LONDRES, AMSTERDÃ e TÓQUIO. Dez grandes empresas anunciaram ontem mais de 76 mil demissões. O maior corte foi da Caterpillar, maior fabricante mundial de máquinas pesadas, que vai mandar embora 20 mil funcionários devido à desaceleração da demanda resultante da crise global. É a maior onda de cortes na empresa desde o início dos anos 1980. Para o site CNNMoney, foi uma segunda-feira sangrenta.

Dos 20 mil demitidos, oito mil são terceirizados. Os 12 mil restantes equivalem a cerca de 11% da força de trabalho total da Caterpillar. A empresa também reduziu suas projeções de lucro para este ano, que estima será o pior para os negócios desde a Segunda Guerra Mundial. "Enquanto doloroso para nossos empregados e fornecedores, é absolutamente necessário, dadas as circunstâncias econômicas", afirmou em comunicado o diretor-executivo da Caterpillar, Jim Owens.

Grupo de economistas espera mais cortes em 2009

No setor farmacêutico, a compra da Wyeth pela Pfizer, por US$68 bilhões, levará ao corte de 19 mil postos de trabalho, ou 15% da força de trabalho total da empresa resultante da fusão, informaram ontem as duas companhias.

A Sprint Nextel, a terceira maior operadora de celular dos EUA, vai eliminar oito mil vagas, ou 14% de seu pessoal, como parte de um plano para reduzir seus custos em US$1,2 bilhão ao ano. Já a Texas Instruments vai cortar 3.400 vagas, ou 12% de sua força de trabalho. A fabricante de chips para celulares e outros aparelhos prevê, com isso, reduzir seus custos anuais em US$700 milhões.

A rede Home Depot, de produtos para residências, vai demitir sete mil, ou 2% de seus 300 mil funcionários, e fechar as lojas de sua subsidiária Expo, de peças de decoração. O fechamento dessas lojas responderá por cinco mil das demissões.

Na Holanda, duas grandes empresas também anunciaram cortes. A Philips Electronics, ao divulgar prejuízo de 1,47 bilhão (US$1,9 bilhão) no quarto trimestre, anunciou que vai demitir seis mil funcionários este ano por causa da queda na demanda. O grupo financeiro ING, de bancos e seguros, por sua vez, vai demitir sete mil para reduzir seus custos em 1 bilhão em 2009. O ING tem cerca de 130 mil funcionário no mundo.

A seguradora SulAmérica disse que os cortes da ING, que detém 49% de suas ações, não têm qualquer relação com as operações no Brasil.

A siderúrgica Corus, controlada pelo grupo indiano Tata, vai fechar 3.500 postos de trabalho, sendo 2.500 só no Reino Unido. E o irlandês Ulster Bank vai demitir 750 funcionários.

Já a montadora General Motors vai demitir dois mil nas fábricas de Michigan e Ohio, além de suspender a produção por algumas semanas em nove unidades nos EUA nos próximos seis meses, devido à queda nas vendas. A empresa vai eliminar o segundo turno de Michigan em 30 de março, e o de Ohio, em 6 de abril.

No Vale do Silício, meca da computação nos EUA, foram fechadas 11.700 vagas em 2008, segundo o Centro de Estudos sobre a Economia da Califórnia. E a Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês), espera mais demissões nos EUA este ano. Segundo a agência de notícias Jiji Press, as 12 maiores montadoras do Japão devem eliminar 25 mil vagas até o fim do ano fiscal, em 31 de março.

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