quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A linha de frente de Dilma Rousseff

Karla Correia
DEU NO JORNAL DO BRASIL

Lula seleciona figuras de peso do PT para abrir portas da candidatura de ministra nos estados

O Palácio do Planalto começa hoje a montar a articulação ­ nos estados ­ da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à presidência da República. Primeiros convocados para a missão, os ex-prefeitos de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, do Recife, João Paulo, e de São Paulo, Marta Suplicy, reúnem-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para iniciar o desenho da estratégia palaciana. A ideia é que cada um ajude, em seu estado, a contornar possíveis obstáculos e costurar alianças em torno da candidatura de Dilma. Para a missão, Lula pinçou dentro do PT nomes que considera ter maior peso eleitoral e trânsito entre aliados. O ex-prefeito do Recife João Paulo é um exemplo.

O petista se credenciou ao eleger João da Costa para a prefeitura da capital pernambucana praticamente sem ajuda de partidos coligados no nível nacional. Tido como um dos atores políticos mais importantes da legenda no cenário político de 2010, João Paulo deve preparar o terreno para a ministra no estado, sobretudo junto ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos, que pretende tentar a reeleição. A movimentação do ex-prefeito, durante a campanha do ano passado, acendeu o sinal amarelo no partido aliado, que vê em João Paulo um possível adversário na briga pelo governo estadual em 2010. Para evitar o conflito, o PT aponta como alternativa a candidatura do ex-prefeito a uma cadeira no Senado. Hoje, João Paulo pleiteia um cargo no Planalto, como assessor especial do presidente Lula.

Recompor alianças

O mineiro Fernando Pimentel conseguiu, a duras penas e com a ajuda do governador do estado, Aécio Neves (PSDB), eleger como sucessor Márcio Lacerda (PSB). Mas, para tanto, teve que passar por cima da aliança com o PMDB, que tinha no páreo pela prefeitura da capital mineira o deputado Leonardo Quintão, e da decisão da executiva nacional de seu próprio partido, o PT, que se irritou com a parceria firmada com o tucano Aécio Neves. Postulante à cadeira de ministro do Turismo, Pimentel terá a missão de recompor as relações entre aliados em Minas para pavimentar o caminho da candidatura de Dilma Rousseff no segundo maior colégio eleitoral do país.
Longe de desagradar Lula, a aliança firmada com Aécio na campanha municipal foi vista no Planalto como capacidade de articulação do petista, amigo pessoal da chefe da Casa Civil desde os tempos em que os dois ingressaram no Comando de Libertação Nacional (Colina) ­ organização de esquerda que combateu o regime militar. Derrotada na campanha pela prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy será a "escudeira" de Dilma com a missão mais árdua. Reconhecida como forte liderança no PT de São Paulo, terá, contudo, de contornar o fato do maior aliado do PT, o PMDB, ter se aproximado de forma perigosa do governador do estado, o tucano José Serra. A poderosa legenda aliada se transformou na "noiva" mais desejada para a formação de alianças em nível nacional em 2010 ao eleger 1.203 prefeitos nas eleições municipais do ano passado.

Cortejado por governo e oposição, o PMDB têm colocado preço elevado em sua fidelidade ao Palácio do Planalto. A disputa pelo comando da Câmara e do Senado, por exemplo, está no miolo das articulações para manter a legenda ao lado do candidato de Lula na sucessão presidencial.
Em São Paulo, a estratégia de José Serra em se fortalecer dentro do seu próprio partido e seu desempenho nas pesquisas tem seduzido o PMDB. Marta terá, entre outras, a missão de reverter o quadro a favor de Dilma.

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