sábado, 17 de janeiro de 2009

Não é bem assim

DEU EM O GLOBO

Ao afirmar que há um desequilíbrio nas análises sobre reeleições consecutivas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do colega da Colômbia, Álvaro Uribe, o presidente Lula ignorou que essa possibilidade está fora de pauta em Bogotá pelo menos até 2014. A Câmara dos Deputados colombiana rejeitou, em dezembro do ano passado, a segunda reeleição de Uribe em 2010. Diferentemente da Venezuela, o projeto de lei aprovado autoriza um referendo sobre reeleições seguidas, mas apenas a partir de 2014. Portanto, a questão está abandonada, por ora, no Congresso. O Senado ainda vai examinar a questão.

Quando volta a defender reeleições infinitas para o colega venezuelano, o presidente Lula também se equivoca ao citar casos de primeiros-ministros europeus que ficaram muitos anos no poder. No parlamentarismo, os primeiros-ministros não têm mandatos fixos. São escolhidos por maioria parlamentar e, geralmente, indicados pelo presidente da República do país. O primeiro-ministro pode perder o cargo a qualquer momento, desde que não tenha mais o apoio da maioria dos integrantes do Parlamento.

O presidente Lula, que agora defende a reeleição, foi contra a aprovação da emenda constitucional que instituiu o mecanismo em 1997 e permitiu o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula, à época, cogitava até não disputar a eleição pela terceira vez, mas pretendia ter o caminho livre para emplacar outro nome petista na eleição de 1998. A mesma posição era defendida pela cúpula petista, que também esperava ter menos dificuldade para disputar a presidência com Fernando Henrique fora do páreo eleitoral. O tucano ganhou no primeiro turno.


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