sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Embraer demite 4.200 funcionários

Mariana Barbosa
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Fábrica de aviões corta 20% da folha de salários por causa da crise

Com a queda na demanda mundial por jatos comerciais e executivos, a Embraer anunciou ontem cerca de 4.200 demissões, o equivalente a 20% de seu quadro de 21.362 funcionários. Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou indignação ao ser informado sobre os cortes.

As demissões interrompem um ciclo de expansão de mais de uma década da companhia, que disputa com a mineradora Vale o posto de maior exportadora do Brasil. Só em 2007, com a demanda em alta, a fabricante contratou nada menos do que 3 mil pessoas. Em um esforço para atender à demanda, a empresa bateu recorde de produção no ano passado, quando entregou 204 aeronaves, ante uma previsão de 194. Mas a sorte começou a virar no terceiro trimestre do ano passado, quando a Embraer anunciou seu primeiro prejuízo trimestral (R$ 48 milhões) em 11 anos.

Nos últimos dois meses e meio, clientes da Embraer pediram para adiar a entrega de quase 30 aviões, reduzindo a previsão de entregas totais no ano para 242 unidades. No início do ano passado, quando ainda havia filas de três ou quatro anos para conseguir adquirir um jato executivo da Embraer, a fabricante chegou a prever de 315 a 350 entregas para 2009. Com o adiamento das entregas, a previsão de faturamento foi reduzida em 13%, de US$ 6,3 bilhões para US$ 5,5 bilhões.

Em uma carta aos funcionários, o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, afirma que tanto o segmento de aviação comercial quanto de aviação executiva têm sido impactados com um grande volume de adiamentos, "muitos deles por mais de dois anos". Curado admite estar "sem uma clara visibilidade de quando (a empresa) poderá voltar a crescer".

O executivo afirma que o corte na atividade industrial é de mais de 30%, "o que torna inevitável o ajuste na base de custos".

Colaborou Simone Menocchi

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