terça-feira, 10 de março de 2009

FHC critica antecipação das prévias no PSDB

DEU NO VALOR ECONÔMICO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem a antecipação das prévias para escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Em entrevista concedida em Brasília, antes de palestra no Instituto Brasiliense de Direito Público (uma escola de pós-graduação na área de direito), o ex-presidente afirmou ainda que os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, os dois tucanos que disputam a indicação para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não podem viajar agora em campanha pelas prévias porque têm que trabalhar. Essa é a tese que vem sendo defendida por Aécio. O mineiro chegou a convidar Serra para viajarem juntos.

"Agora é ilegal (realizar prévias). Tem que sair a regulamentação. A convenção é só a partir de junho do ano que vem. É tudo precipitado. O PSDB quer saber realmente o que pode e não pode fazer, para não incorrer na ilegalidade. Por enquanto, prévia é só uma ideia. E quem pode ser contra uma ideia de uma escolha democrática? É óbvio que ninguém, havendo mais de um competidor. Quanto mais aberta for a escolha, melhor será. Não faço das prévias um fantasma, um cavalo de quatro cabeças. É uma coisa que se vier a ocorrer, tem que ocorrer. Quando, o tribunal é que tem que dizer. Eles são governadores, têm que trabalhar e não podem sair pelo Brasil a fazer prévias e não trabalhar", disse.

FHC afirmou que a convenção partidária para escolha de candidato é "democrático", citando que todos os partidos do mundo realizam convenções. Ele admitiu, no entanto, que a convenção adia a decisão, porque a lei prevê sua realização somente em junho do ano eleitoral. "Tem lei no Brasil e hoje a lei é convenção e só no ano que vem. Tem que seguir a lei. O resto é só conversa para passar o tempo", disse.

O ex-presidente deu uma estocada em Dilma e afirmou "não ser razoável" a precipitação do processo sucessório pelo governo, citando as viagens da ministra pelo país. "Muitas vezes as coisas não são ilegais, mas não são apropriadas. Não acho que tenha sido razoável a precipitação do processo sucessório. Não sei se a motivação da ministra Dilma é eleitoral ou não, mas sei que isto atrapalha porque, boa parte do tempo, alguém que é coordenadora do governo está se transformando muito mais em comunicadora do governo."

Apesar da crítica, FHC disse que não sabia se o comportamento de Dilma caracteriza campanha, alertando para o fato de que, se tratar-se de campanha, é ilegal. Segundo ele, os tribunais têm que atuar para coibir. "É melhor coibir o abuso do que julgar durante o exercício do mandato. Os tribunais têm que estar alerta com todo mundo, não só com a ministra Dilma. Com quem esteja sendo cogitado (candidato), tem que dar a regra, a norma. Já que o comportamento é um pouco desabusado, é melhor que se precise qual é o limite", disse.

Para FHC, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) transformou-se em "plano de aceleração da comunicação". Isso, porque são 2 mil projetos, o que caracteriza falta de prioridade. "Com 2 mil projetos, é tudo propaganda", disse. Para o ex-presidente, o tribunal é quem irá decidir se a ação da ministra no PAC é campanha ou não. "Se o tribunal disser que vale tudo, pode (antecipar a campanha por meio de prévias). Se definir que não, temos que nos cingir a isto e tem que coibir também a precipitação de candidaturas que o presidente da República está lançando."

Com relação à investigação do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que teria envolvido pessoas do governo e da oposição, FHC defendeu ação do governo para impedir. "Ou há um plano político, o que é gravíssimo, ou , se não há, é desordem, o que também é grave. O problema é a falta de punição e nisto o governo tem que atuar mesmo, independentemente de quem seja o objeto da vigilância", disse. (RU)

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