sábado, 7 de março de 2009

Industria tem maior queda em 19 anos

SAMANTHA LIMADA
SUCURSAL DO RIO
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


Produção recuou 17,2% em janeiro, pior taxa desde o plano Collor; analistas projetam baixa de 1,5 pontos nos juros

A produção industrial brasileira despencou em janeiro 17,2% em relação a igual mês do ano passado. È o pior resultado desde 1990, quando o pais vivia os efeitos recessivos do Plano Collor. No trimestre de novembro a janeiro o desempenho médio da industria mostrou queda de 6,2%, pior patamar dos últimos quatro anos. Em relação a dezembro, o setor cresceu 2,3%, após três meses de queda. A alta foi puxado pelo setor automotivo, graças á redução do IPI. O fraco resultado de janeiro surpreendeu muitos analistas, Eles acreditavam que o ajuste mais forte da produção já tivesse ocorrido no ano passado. Diante dos números divulgados pelo IBGE, o mercado agora aposta em corte de até 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros do Banco Central na próxima quarta-feira. Hoje a taxa é de 12,75% ao ano. As consultas ao BNDS sobre novos empréstimos, que indicam a disposição do empresariado para investir , caíram 42% em janeiro em relação a 2008. (Págs.1 e B1 e B3)

Indústria tem pior resultado desde Collor


Produção recua 17% em janeiro na comparação com mesmo mês de 2008, e o IBGE não prevê melhora na situação

Redução de IPI para veículos traz alívio temporário, mas queda na produção se dissemina por quase todos os setores da indústria

A produção da indústria brasileira recuou 17,2% em janeiro na comparação com igual mês de 2008, o pior resultado em 19 anos nessa base de comparação, segundo o IBGE.Já na comparação de janeiro com dezembro, a produção cresceu 2,3%, interrompendo três meses de queda, puxada pela recuperação das montadoras graças à redução do IPI. Mas ficou abaixo das expectativas dos analistas.

"A indústria não ia tão mal desde 1990, quando o país vivia os efeitos do confisco da poupança decretada pelo presidente Fernando Collor", diz Sílvio Sales, coordenador da pesquisa do IBGE. "Mesmo que o resultado mensal seja positivo, os indicadores de longo prazo, que mostram a tendência do setor, vão mal."

O desempenho médio da indústria entre os meses de novembro e janeiro também confirma a percepção do IBGE. O indicador mostrou queda de 6,2%, atingindo o pior patamar dos últimos quatro anos. "Ainda que seja melhor do que os -6,9% de dezembro, não posso afirmar que a produção da indústria parou de cair porque o resultado ainda está muito ruim", diz Sales.Na comparação com dezembro, a alta de 2,3% foi puxada, principalmente, pela indústria automotiva. Depois da fase de redução dos estoques -que incharam após o encarecimento do crédito-, as montadoras viram a demanda reaquecer graças à redução de IPI, no início do ano.Assim, a produção de veículos cresceu 40,8% em janeiro ante o mês anterior, depois de cair 40,8% em dezembro.

Como antecipou a Folha na edição de quarta-feira, o governo anunciará no fim do mês a prorrogação da redução de IPI para o setor automotivo.

Apesar do desempenho pontual de alguns segmentos em janeiro, a queda na produção segue se ampliando. De 755 itens pesquisados pelo IBGE, só 25% avançaram em janeiro. Entre janeiro e setembro, 60% da lista de produtos vinha em produção crescente.

Na comparação anual, o setor de bens de consumo duráveis -automóveis e eletrodomésticos- encolheu 31%. O setor de bens intermediários caiu 20,4%. "O segmento, que inclui insumos, já vinha sofrendo antes da crise porque perdeu a competitividade com a queda do dólar. Agora, o dólar subiu, mas a demanda externa caiu", diz o economista Rogério César Souza, do Iedi.A indústria de máquinas e equipamentos, cujo crescimento indica tendência de expansão da capacidade produtiva do país, encolheu 13%.

O segmento de bens de consumo semi e não-duráveis, que engloba as indústrias de alimento e vestuário, entre outras, apresentou a menor queda -8,3%.

"São setores dependentes da variação da renda do trabalhador, que, embora tenha caído, ainda não se movimentou de forma dramática. Nos próximos meses, ainda serão ancorados pelo aumento do salário mínimo e pelos programas de transferência de renda", afirma Sales.

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