terça-feira, 10 de março de 2009

PIB do fim de 2008 pode recuar mais de 3%

Luciana Rodrigues
DEU EM O GLOBO

BC deve reduzir juros em até 1,5 ponto percentual esta semana

A queda no faturamento da indústria em janeiro e o fraco resultado da produção de automóveis em fevereiro reforçou, entre analistas, a expectativa de que o Banco Central vá reduzir em até 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros Selic na próxima reunião do seu Comitê de Política Monetária (Copom), que termina amanhã. A aposta num corte de juros mais ousado pelo BC pode ganhar força se o crescimento da economia brasileira em 2008, que o IBGE divulga hoje, vier abaixo do esperado. A previsão dos economistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país ao longo de um ano), tenha avançado entre 4,9% e 5,2% no ano passado.

Depois de crescer a um ritmo de 6% ao ano nos três primeiros trimestres de 2008, os últimos três meses do ano devem mostrar números negativos. O recuo do PIB entre outubro e dezembro, frente ao trimestre anterior, pode chegar a 3,4%, prevê Roberto Padovani, economista do WestLB.

- Meu cenário é pessimista porque a indústria no último trimestre do ano passado veio muito ruim - explica Padovani que, no entanto, prevê um corte de só um ponto percentual na Selic, porque acredita que haverá recuperação da economia brasileira no segundo semestre deste ano.

Zeina Latif, do ING Bank, é mais otimista. Ela estima que o PIB tenha recuado 2,2% no último trimestre, na comparação com o terceiro trimestre. Para Zeina, a principal contribuição para a queda no PIB virá dos investimentos que, nas suas contas, podem ter recuado até 8%:

- A economia estava crescendo de forma até exagerada antes da crise e, de repente, houve uma parada brusca, o que suspendeu investimentos. Mas o consumo das famílias ainda deve mostrar números positivos, porque a massa salarial (soma dos rendimentos de todos os trabalhadores) cresceu.

O Unibanco estima um recuo de 2,8% no PIB e um corte de juros de um ponto percentual pelo BC. Já a LCA Consultores prevê um corte de juros de 1,5 ponto percentual diante dos fracos números da indústria que, em janeiro, registrou o mais baixo nível de utilização da capacidade instalada desde novembro de 2003, conforme divulgou ontem a CNI.

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