quinta-feira, 9 de abril de 2009

Presidente promete ''carinho'', depois critica 'jogo político'

Tânia Monteiro e Leonencio Nossa, Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Em questão de horas, ele muda discurso sobre prefeitos

Em poucas horas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom em relação ao tratamento dado aos prefeitos que se queixam da redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Pela manhã, Lula disse, em entrevista, que estava cuidando do assunto "com carinho" e o governo tinha "compreensão" dos problemas enfrentados pelas prefeituras. No início da tarde, em conversa com sindicalistas, reclamou que os prefeitos estavam fazendo o jogo da oposição e tirando proveito político da crise.

"Vamos encontrar uma solução. Para o governo federal, é importante que as prefeituras encontrem uma solução, porque se permitirmos que elas fiquem quebradas, quem vai pagar o preço é o povo", declarou o presidente, no fim da manhã.

Mais tarde, depois de se reunir com sindicalistas, Lula deixou de lado a cordialidade com os prefeitos e se queixou de que alguns estariam usando politicamente o problema da queda de receita dos municípios. Segundo relato de sindicalistas que estiveram reunidos com o presidente no Centro Cultural Banco do Brasil, ele disse que o caso está virando um jogo político e a oposição está torcendo contra.

Para o presidente, de acordo com os sindicalistas, não interessa ao governo que prefeituras atrasem pagamentos e demitam porque isso só traz mais problemas para o Planalto. Ele chegou a usar uma metáfora para reclamar do "jogo" dos prefeitos. Segundo os sindicalistas, Lula disse que alguns prefeitos "estão mais preocupados em quanto de cachaça podem tomar do que com os tombos".

Na contramão dos ataques e desafios ao governo federal lançados pelos prefeitos, descontentes com as perdas de receitas, o prefeito de Cruzeiro do Oeste (PR), Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro José Dirceu, afirmou ao Estado que "a situação dos municípios não está tão ruim assim e já foi muito pior". Em seguida, contou que o volume de recursos do FPM que recebe caiu apenas 6% este ano, em relação ao ano passado. "Se comparar com 2007, a queda é ainda menor", ressaltou. "De 2006 para 2007, o FPM cresceu 13%, de 2007 para 2008, cresceu 20% e, agora, caiu em torno de 6, 7 ou 8%." Para Zeca Dirceu, o governo "está fazendo sua parte". "Estão pintando o diabo pior do que ele é", comentou.

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