quarta-feira, 13 de maio de 2009

Emprego na indústria cai pela 6ª vez consecutiva

Jacqueline Farid, Rio
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Número de ocupados está 5% abaixo de março de 2008, o pior resultado apurado pelo IBGE em oito anos


Os efeitos negativos da derrocada da produção industrial sobre o mercado de trabalho foram acentuados em março. Houve queda de 5% no número de ocupados ante igual mês do ano passado, o pior resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde o início da série histórica da pesquisa, há mais de oito anos.

Em apenas seis meses, o emprego do setor teve queda acumulada de 5,8%. A folha de pagamento também caiu em todas as comparações em março. Ante fevereiro, o recuo foi de 0,6% - sexta queda consecutiva ante mês anterior. O resultado acumulado de janeiro a março também apurou recorde negativo, com recuo de 4%, o pior primeiro trimestre desde o início da série. "Há uma transmissão bastante rápida para o mercado de trabalho porque a desaceleração na atividade foi rápida e intensa", observou o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

Segundo ele, a desaceleração abrupta da produção da indústria a partir de outubro do ano passado rebateu imediatamente no emprego e os efeitos se agravaram nos últimos meses. Em março, o mercado de trabalho industrial mostrou um "predomínio de taxas negativas, que atingem a maior parte dos locais e setores pesquisados".

Todas as 14 regiões investigadas pelo IBGE reduziram o número de ocupados na indústria em março ante igual mês do ano passado, com destaque para São Paulo (-4,0%), regiões Norte e Centro-Oeste (ambas com -8,6%) e Minas Gerais (-6,2%). Entre 18 segmentos, 14 registraram queda na ocupação, sendo as maiores perdas em vestuário (-8,6%), máquinas e equipamentos (-8,2%), calçados e artigos de couro (-10,3%) e meios de transporte (-7%).

A analista da Tendências Consultoria Ariadne Vitoriano espera melhora a partir do segundo trimestre. "Para os próximos meses, esperamos que a indústria cresça a taxas maiores do que as que têm sido registradas no primeiro trimestre, o que pode resultar numa interrupção da queda do emprego no setor."

Os economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) também acreditam em recuperação, mas lenta. Eles destacaram, em nota, que o quadro ruim para o emprego industrial "reflete o que vem acontecendo com os níveis de produção na indústria".

A expectativa é que "no horizonte de pelo menos mais três meses, os ajustes no mercado de trabalho da indústria podem continuar adversos". Mas a expectativa é que ajustes sejam menos intensos.

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