domingo, 17 de maio de 2009

Fechou o tempo

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Saio de férias com a sensação de que tudo mudou nos ares da política. Aquele marasmo todo de Serra versus Dilma, aliança PSDB-DEM, PMDB comportado nos braços do governo, Lula paz e amor, tudo isso está sendo chacoalhado pelas ventanias, inclusive as ventanias do destino.

A notícia do linfoma de Dilma não só abriu incertezas como fez emergir insatisfações dissimuladas e ambições ocultas e coincidiu com o furacão causado no Congresso pela eleição de Sarney. Lula deve estar profundamente arrependido de ter precipitado o processo eleitoral. Com a doença de Dilma, ficou evidente o vácuo de nomes nacionais no PT e na base governista, como ficou explícita a guerra entre PT e PMDB.

Na Bahia, Geddel vive às turras com o PT de Jaques Wagner. No Pará, Jader pula do barco da petista Ana Júlia. No RS, a debacle tucana reacende a cobiça do PT de Tarso Genro, contra o favoritismo do PMDB de Fogaça. No Rio, o caos de sempre. E o clima de guerra se expande para o resto do país.

Qualquer coisa vira tempestade, como a demissão de irmãos e ex-mulheres na Infraero. Sarney, Renan, Temer, Geddel, Jucá, Henrique Alves abandonam o bom-mocismo da época do marasmo (e da candidatura Dilma virtualmente consagrada) e mostram a cara.

O pipocar da CPI da Petrobras, portanto, combina perfeitamente com o clima. A misteriosa alteração contábil e a política de ocupação de espaços do PT nas estatais apenas vieram bem a calhar, deram o pretexto que faltava. A única surpresa é que esse clima e esse pretexto são tudo que qualquer oposição pediu aos céus, mas justamente agora o DEM, que sempre primou por uma ação muito mais viril contra o governo, está miando. Aí, tem!

Até a volta!

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