terça-feira, 5 de maio de 2009

Poupança fica mais atrativa que fundos

Marcelo Rehder
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Com queda da Selic, parte dos fundos de renda fixa passa a render menos

A redução da taxa básica de juros (Selic), de 11,25% para 10,25% ao ano, tornou a caderneta de poupança mais rentável que fundos de renda fixa com taxa de administração superior a 1,40%. Isso considerando que o investidor vá deixar seu dinheiro aplicado dois anos no fundo, aproveitando o Imposto de Renda (IR) menor, de 15%.

"A poupança ficou mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa, cujas taxas de administração podem chegar a 4,5% ao ano", diz o professor William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que analisou o efeito da redução da Selic no rendimento das duas aplicações.

Segundo ele, o rendimento da poupança deve ficar em torno de 7,5% ao ano. Nos fundos de renda fixa, que compram títulos públicos atrelados à Selic, a taxa de administração varia de 0,40% a 4,5% ao ano, conforme a instituição e o valor da aplicação. Considerando ainda a cobrança do IR (de 15% a 22,5%, de acordo com o período de aplicação), para a maioria dos pequenos aplicadores (mínimo de R$ 100,00 a R$ 200,00) o rendimento líquido agora deverá ficar abaixo da poupança, que paga 6% ao ano mais Taxa de Referência (TR), e é isenta de IR.

Para ganhar da poupança, agora será preciso investir em fundos com taxa de administração igual ou menor que 1,4%, e por dois anos. No entanto, esses títulos estão disponíveis para investidores com mais recursos.

Para o professor Eid Jr., o governo tem motivos para mudar a forma de remuneração da poupança. Se houver uma migração de recursos dos fundos para a poupança, o governo não teria onde se financiar, pois os grandes compradores de títulos da dívida são os fundos, que detém cerca de R$ 950 bilhões nesses papéis. Por outro lado, frisa o professor, os bancos deixariam de ganhar muito dinheiro. Hoje, a receita global de taxa de administração de fundos chega a R$ 15 bilhões, algo como um terço do lucro dos bancos.

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