segunda-feira, 11 de maio de 2009

PT e PMDB começam a discutir quadro eleitoral nos estados

Diana Fernandes e Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO

De olho na candidatura de Dilma em 2010, petistas tentam evitar candidaturas próprias que enfraqueçam aliança

BRASÍLIA. Dirigentes nacionais do PT e PMDB começam a discutir esta semana o quadro eleitoral nos estados, na tentativa de fazer cumprir a decisão do diretório nacional do PT de brecar candidaturas do partido que possam dificultar a aliança nacional com os peemedebistas em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência.

O PMDB elogiou a decisão do PT de sexta-feira — devidamente orientada pelo presidente Lula —, mas ainda desconfia que, na prática, a determinação da cúpula não será cumprida. Em pelo menos oito estados importantes, não há acordo entre PT e o PMDB para as eleições locais, o que enfraquece o palanque de Dilma.

Por isso, Lula tomou a iniciativa de cuidar pessoalmente de situações mais delicadas. Como, por exemplo, a que envolve o governador petista Jaques Wagner e o ministro peemedebista Geddel Vieira Lima, na Bahia. Os dois pretendem disputar o governo local em 2010, com ameaça de o PMDB se aliar ao DEM e até ao PSDB, o que daria um forte palanque no estado para o provável presidenciável tucano, o governador José Serra (SP).

— Não se chegou ainda a uma conversa sobre a eleição na Bahia, é muito cedo. No cenário nacional, a decisão do PT ajuda, sem dúvida. Para o PMDB, sem candidato a presidente, prevalecem as eleições nos estados — disse Geddel.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que é da executiva nacional , diz que pediu aos diretórios radiografia da situação nos estados para sentar à mesa com os dirigentes do PT. Para ele, a decisão do PT ajuda, mas ressalva: — Não sei se vai funcionar na prática, porque alguns (petistas) podem querer fazer (candidaturas) informalmente. O certo é que, para ter a aliança com o PMDB, o PT terá que fazer concessões nos estados.

O líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), da cúpula do partido, diz que o PMDB não deve ter receio de rebeliões de diretórios petistas, pois a tradição do partido é de forte comando central. Ele cita episódios em que o diretório nacional enquadrou o regional. Em 1998, determinou o apoio a Anthony Garotinho ao governo do Rio.

— Não entendo essa preocupação do PMDB. O nosso objetivo está claro: é definir primeiro a aliança nacional para depois discutir os palanques regionais.

Não precisa de dúvida do PMDB — disse Vaccarezza.

Em Pernambuco, a aliança está descartada, pois o líder local do PMDB, senador Jarbas Vasconcelos, faz oposição ao governo Lula e é cotado para ser vice de Serra. Em São Paulo, a situação é difícil, uma vez que o maior cacique do PMDB paulista, Orestes Quércia, fechou acordo com Serra. O PT tenta atrair parte do PMDB no estado acenando com a possibilidade de o presidente da Câmara, Michel Temer, ser o vice de Dilma.

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