sábado, 13 de junho de 2009

Anistia pede postura de Lula pelos direitos humanos

Jamil Chade
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Posição do Brasil é "lamentável", diz representante da entidade na ONU

A Anistia Internacional apela para uma mudança na posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. Em carta aberta divulgada ontem, a entidade pede que o Brasil passe a adotar uma "postura de princípios" em relação aos temas de direitos humanos. Lula falará no conselho na segunda-feira, em Genebra.

Nos últimos meses, o Brasil vem adotando posições no Conselho de Direitos Humanos da ONU que deixaram as ONGs ocidentais preocupadas. O Itamaraty evitou dar seu apoio a uma investigação internacional em relação às supostas violações de direitos humanos no Sri Lanka e ainda poupou a Coreia do Norte em uma resolução que a condenava.

EXPLICAÇÕES

"Não queremos abrir uma guerra contra o Brasil. Mas o País tem explicações a dar sobre seu comportamento. Esperamos sinceramente que o Brasil, uma democracia, olhe para frente e mude de posicionamento", disse Peter Splinter, representante da Anistia na ONU, considerando "lamentável" a posição do País.

"A Anistia Internacional encoraja o presidente Lula a comprometer o Brasil a uma proteção mais vigorosa dos direitos humanos, tanto nacionalmente como internacionalmente, quando ele discursa no Conselho de Direitos Humanos", afirma o texto da carta. "O Brasil deve mostrar mais compromisso com a proteção de direitos humanos na ONU."

PERPLEXIDADE

A Anistia reconhece os avanços na área dos direitos humanos no Brasil desde o fim da ditadura militar. A entidade também elogia iniciativas internas brasileiras para reduzir a pobreza e combater o trabalho escravo, mas se diz ?perplexa? com a decisão do País de apoiar uma resolução a favor do Sri Lanka diante do cenário de avanços do País com relação aos direitos humanos.

A Anistia lembra, ainda, que a proteção de direitos humanos é uma preocupação legítima da comunidade internacional. Para a entidade, o Brasil não traduz seus discursos de princípio em posições nos votos relacionados com a Coreia do Norte e Sri Lanka e entende que o País queira ser uma ponte para tentar superar problemas entre países e regiões.

Outra entidade que questiona posição do Brasil é a Human Rights Watch. "O Brasil precisa estar ao lado das vítimas", alertou Julie de Rivero, diretora da Human Rights Watch em Genebra.

O Itamaraty, por intermédio de sua assessoria, observou que a Anistia Internacional é uma ONG e informou que a diplomacia brasileira se manifesta nos fóruns adequados.

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