segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cabral luta para ser candidato único de partidos que apoiam o governo federal

Ana Paula Grabois, do Rio
DEU NO VALOR ECONÔMICO


O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), luta para ser candidato único de uma grande coligação envolvendo os partidos da base aliada do governo federal em 2010. Com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cabral quer fechar com o PT no primeiro turno e garantir sua reeleição. Conseguiu vencer os ânimos do prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias (PT), que precisou ser chamado pela direção nacional do PT para o acordo com Cabral. Formalmente, o PT do Rio vai decidir a questão, mas o próprio Lula já teria se empenhado contra a candidatura petista em prol da reeleição de Cabral e da candidatura da ministra-chefe da casa Civil, Dilma Rousseff, para presidente.

Lindberg deve disputar o Senado na chapa PMDB-PT em companhia do deputado Jorge Picciani (PMDB), político que ganhou poder nos governos do casal Garotinho (1999-2006) com forte influência sobre a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, da qual é presidente. Na costura, sairia da disputa ao Senado a atual secretária estadual de Direitos Humanos e ex-governadora Benedita da Silva (PT).

"Se Gabeira, Lindberg e Garotinho se candidatarem, existe o risco de Cabral perder", diz um político que participou das conversas. Gabeira teria votos da capital e da classe média de alguns municípios; Lindberg, da Baixada Fluminense e bairros periféricos da cidade, enquanto Garotinho ainda teria eleitorado no interior. "Sobrariam menos votos para Cabral", diz.

Além de bancar a maioria dos investimentos públicos em andamento no Estado, desde obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a convênios em saúde, Lula vem bastante ao Rio. Tenta estender sua alta popularidade ao governador, cuja taxa de intenção de voto vem caindo, ainda que na liderança.

Com pouco espaço no PMDB, o ex-governador Anthony Garotinho promete sair hoje do partido para o PR, legenda criada com o fim do PL, após o escândalo do mensalão. Garotinho quer o governo novamente e chegou a procurar o presidente regional do PSDB, o prefeito de Duque de Caxias, Luiz Camilo Zito, mas a conversa não evoluiu.

Desgastado por denúncias de irregularidades de gestão e de compra de voto, o ex-governador ainda tem força no interior e na Baixada Fluminense. No ano passado, sua mulher, a ex-governadora Rosinha Matheus, elegeu-se prefeita de Campos (RJ). A filha Clarissa Garotinho foi a quinta vereadora mais votada da capital. Em busca de apoio, mudou o tom em relação a Lula, de quem era crítico contumaz. "Foi Lula quem brigou comigo, não briguei com ele. Apoiei Lula nas campanhas de 98 e de 2002", disse. Sobre Dilma, afirma ter "ótima relação" desde os tempos em que atuavam no PDT. "Cabral não mostrou resultados. Se comparar, fiz muito mais do que ele", disse ontem, no programa Jogo do Poder, da rede de televisão CNT.

No PSDB, o palanque no Rio mais provável ao pré-candidato a presidente, o governador de São Paulo, José Serra, é Fernando Gabeira. Azarão na eleição passada a prefeito do Rio, o deputado do PV perdeu por pouco para Eduardo Paes (PMDB). "Tivemos algumas conversas preparatórias com o PSDB, mas não decidimos", disse Gabeira, que poderia ter mais chance de vencer uma disputa ao Senado. Outro nome possível nas eleições do Rio é o do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que já declarou querer o Senado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário