sexta-feira, 12 de junho de 2009

Governadores do PT querem garantir candidatura própria em seus estados

Efrém Ribeiro
DEU EM O GLOBO

Exigência pode causar racha com PMDB e enfraquecer palanques de Dilma

TERESINA. Reunidos em Teresina, os governadores do PT discutiram e manifestaram suas posições a favor da coligação nacional com o PMDB para reforçar apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, mas exigem que, nos estados administrados por petistas, o partido tenha direito à reeleição ou à candidatura própria.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que o projeto político do PT é ampliar o leque de alianças, porém afirmou que em cada estado vai haver uma discussão diferenciada com o PMDB, com quem defende uma coligação nacional com o PT. Os dois partidos, no entanto, enfrentam dificuldade de aliança em oito estados e podem enfraquecer o palanque eleitoral para Dilma em 2010.

A situação na Bahia é delicada e envolve a disputa entre o governador petista e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), na Bahia. Os dois pretendem disputar o governo local em 2010, com ameaça de o PMDB se aliar ao DEM e até ao PSDB, o que daria um forte palanque no estado para o provável presidenciável tucano, o governador José Serra (SP).

- No Rio, por exemplo, o PMDB tem o governo do estado e, portanto, tem legitimidade para querer a candidatura à reeleição. Na Bahia, o PT tem o governador e defende a legitimidade para disputar a reeleição. Eu defendo que nós fortaleçamos essa unidade do PMDB com o PT, reconheço que o PMDB tem características estadualizadas, e cada vez acredito mais na possibilidade objetiva de uma aliança formal nacional entre o PT e o PMDB - falou Jaques Wagner.

Dificuldades no Pará e no RS

O encontro dos governadores e ex-governadores do PT, que continua hoje em Teresina, reuniu Jaques Wagner (BA), Wellington Dias (Piauí), Ana Júlia Carepa (Pará) e Binho Marques (Acre), os ex-governadores petistas Cristovam Buarque (Distrito Federal, hoje senador pelo PDT), Jorge Viana (Acre) e Olívio Dutra (Rio Grande do Sul) e os vice-governadores Luciano Cartaxo (Paraíba) e Professor Pinheiro (Ceará), e o ministro da Previdência, José Pimentel.

Essa posição de ter candidaturas à reeleição pode criar também dificuldades para Dilma no Pará. Ana Júlia está enfrentando problemas com o deputado federal Jader Barbalho (PMDB). Ele está rompendo com seu governo e pode apoiar o tucano Simão Jatene.

A governadora Ana Júlia diz acreditar no apoio do PMDB à sua candidatura, mas admite dificuldades.

- Relações difíceis nós temos não só com os aliados, mas dentro do próprio PT. Isso depende muito das realidades regionais - declarou Carepa.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, (PT) diz que o PMDB no seu estado está propondo a candidatura do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Presidência da República e não quer dar apoio à Dilma Rousseff:

- O PMDB está apostando em candidatura própria à Presidência e só vai sair do governo da Yeda Crusius quando o caixão sair do cemitério. O PMDB tem personalidades políticas que se posicionam aqui e ali, segundo interesses muito específicos, alguns regionais e outros pessoais. O PMDB do Rio Grande é neoliberal, da privatização do Estado, do desmonte da máquina pública, da renúncia fiscal para grupos poderosos.

O governador Wellington Dias afirmou que o PT tem uma pré-candidata, Dilma Rousseff, que depende da formatação de um bloco de alianças mais amplo:

- Mesmo dependendo dos problemas com o PMDB, há um entendimento a partir das lideranças nacionais, como o deputado Michel Temer e o senador José Sarney, de que precisamos sair em um bloco organizado, mas temos que tratar isso em 2010.

O secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República, Alexandre Padilha, por sua vez, diz que o PT e os partidos da coalizão de apoio ao presidente Lula compreenderam a necessidade de construir um governo amplo, com vários partidos e alianças fortes e de não perder a oportunidade de manter o modelo atual com o apoio à Dilma.

- Estamos bastante otimistas com isso, vários partidos deram sinais de que querem a candidatura da ministra Dilma e vamos ter que promover conversas nos estados. O PT está muito maduro em relação a isso -- Padilha, reafirmando que a direção nacional do partido decidiu que nenhum estado pode fechar sua candidatura ao governo antes de fevereiro de 2010.

- A direção nacional do PT foi clara e decidiu que não se faz prévias ou se decide sobre candidatura até o ano que vem - acrescentou Padilha.

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