sábado, 6 de junho de 2009

Lula elogia referendo, mas nega 3º mandato

Tiago Décimo e Clarissa Oliveira
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Presidente diz achar engraçado nervosismo da oposição

Em visita a Caravelas, no extremo sul baiano, onde comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a descartar a possibilidade de disputar um terceiro mandato em 2010 e disse que vai se reunir com a base aliada para que a discussão seja tirada do debate político. "Não vejo sentido em que as pessoas fiquem discutindo o terceiro mandato. Eu já cumpri meu papel", disse. "Acho que o Brasil é um País que tem pouco tempo de democracia. A alternância de poder é muito importante."

O presidente, entretanto, destacou que as discussões no Congresso não estariam centradas na aprovação de um terceiro mandato para ele, mas na proposição da "realização de um referendo popular" sobre a possibilidade de extensão de um governo para mais de dois mandatos.

"Acho engraçado o nervosismo da oposição com a hipótese", comentou. "As pessoas podem derrubar o referendo na hora que quiserem, mas não é uma discussão que me diga respeito." Apesar de se dizer longe da disputa pelo terceiro mandato, o presidente pediu, em seu discurso - iniciado com um minuto de silêncio em homenagem aos mortos no voo AF-447 da Air France - que "tomem cuidado" com a proximidade do ano eleitoral. "Agora, vocês vão ver as pessoas começarem a aparecer na TV como salvadores da pátria", disse. "Vocês viram o que fizeram comigo em 2005 (uma alusão ao escândalo do mensalão), mas nós demos a resposta em 2006. O que incomoda meus adversários é eles saberem que, embora eu governe para todo o povo brasileiro, eu tenho lado, é o lado do povo trabalhador, do povo mais pobre do Brasil e isso incomoda profundamente eles."

Lula aproveitou a oportunidade para listar as realizações de seu governo, sobretudo na educação, e disse que ainda há muito a ser feito até 2010. "Vamos levar uma geração e meia, de 20 a 25 anos, para consertar os estragos feitos em cinco séculos neste país."

NEGATIVAS


Os petistas correram ontem para negar a intenção do partido de endossar a emenda que viabiliza um terceiro mandato de Lula. Reunidos em São Paulo, membros do grupo de apoio ao presidente no PT voltaram a investir na tese de que o Planalto e a legenda já deixaram clara sua posição. "Está descartado. Vamos repetir mais uma vez. Não é a vontade do presidente Lula ou do grupo majoritário do partido", afirmou o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho. "Para nós está bem claro. O terceiro mandato chama-se Dilma Rousseff."

Dizendo não ser favorável sequer a um terceiro mandato na presidência nacional do PT, o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que o PT prefere investir na consolidação do projeto de governo do presidente Lula, em vez de incentivar sua permanência no poder. "Isso só serve para fazer espuma", afirmou. "O PT não defende essa proposta e acha que é muito mais politizador defender a continuidade do projeto e não do líder político."

Líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP) afirmou que pretende reunir a bancada para que vote contra o projeto. "O PT não tem intenção nenhuma de mudar as regras do jogo com o jogo em andamento."

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