sexta-feira, 19 de junho de 2009

Lula trata Sarney como tratou os aloprados, diz Freire

Foto Tuca Pinheiro
Por: Valéria de Oliveira e Luís Zanini
DEU NO PORTAL DO PPS

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse que "só uma pessoa deslumbrada e sem compostura como presidente da República pode achar que existe alguém que deve ter um tratamento excepcional, diferente dos homens comuns, como somos todos nós". Freire afirmou que para o homem público, como o presidente do Senado, José Sarney, deve valer o rigor maior da lei, porque "ele é um homem comum com uma responsabilidade maior".

O ex-senador se referia à defesa que o presidente Lula fez de Sarney. "Ele (Lula) confundiu tudo, ao pensar que Sarney – a quem ele já chamou de ladrão – ou quem quer que seja, não tenha de ser tratado como um homem comum". Segundo Freire, Lula entende que pode tratar Sarney como um "aloprado qualquer, como fez com os mensaleiros, dando apoio e passando a mão na cabeça" .

Atos secretos

Entretanto, ele é presidente do Senado, salienta Freire, e está sendo colocado em julgamento perante a opinião pública por causa da emissão de atos secretos, "uma excrescência, uma prática ignominiosa, que só existiu na ditadura militar, durante o governo Médice". Para o presidente do PPS, não interessa a discussão sobre a época em que esses atos foram elaborados, mas a o comprometimento da instituição Senado.

"Todos esses atos têm de ser tornados públicos e revogados imediatamente e a Sarney caberia única e exclusivamente essa medida, e não fazer discurso, pedir desculpas ou se eximir da responsabilidade", salientou. Sobre o fato de o presidente Lula ter dito que não sabia ao certo do que se tratava, o ex-senador recomendou: "Pois então devia ter ficado calado; o presidente da Repúlica, se não sabe bem o que é, que fique calado para não dizer besteira, como ele mesmo fez no caso das eleições o Irã".

O presidente Lula comparou os protestos dos iranianos contra a possível fraude para a vitória do candidato oficial Mahamoud Ahmadinejad a um jogo de futebol. "Era melhor ter ficado calado; essa mania de falar demais – e ele vive falando demais – acaba dando em besteira". O assunto, salienta Freire, é sério, está deixando toda a humanidade preocupada, mas Lula faz uma analogia descabida.

Para Freire, o problema do presidente Lula é não ter prumo. As declarações sobre Sarney, analisa, não tem relação com o apoio do PMDB ao governo. "Ele fez o mesmo com os aloprados do PT; ele não tem prumo, não tem discernimento". A avaliação sobre o Irã mostra isso, diz ele.

Jardim condena "salvo conduto" de Lula para Sarney

O vice-líder do PPS na Câmara, deputado Arnaldo Jardim (SP), ctambém riticou, nesta quinta-feira, o presidente Lula por ele ter considerado que o senador José Sarney (PMDB-AP) "não pode ser tratado como uma pessoa comum", mesmo diante do escândalo de irregularidades no Senado, como os mais de 500 atos secretos para nomeação de parentes e aumentos salariais.

"O presidente Lula deu um salvo conduto generalizado ao senador Sarney que não se justifica", protestou Jardim, ao cobrar cautela do presidente sobre as denúncias contra seu aliado.

O deputado diz que não se pode prejulgar o presidente do Senado, embora Lula deveria ter uma postura mais republicana em relação as acusações que pesam contra Sarney.

Para Jardim, Lula deveria ser mais prudente nas declarações e agir de forma a não obstruir as investigações, ou mesmo isentar antecipadamente de acusações os aliados que estão sob suspeição.

Irã

"Soa muito estranho o fato de o presidente Lula ter avalizado o processo eleitoral no Irã diante de tantas dúvidas. Foi uma precipitação e o que causa espécie na sua declaração é a intenção de legitimar um procedimento que pode estar comprometido", diz Jardim, ao criticar a declaração do presidente Lula de que a manifestação por eleições limpas no Irã é "choro de perdedores".

O deputado disse que o processo eleitoral que reelegeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é no "mínimo duvidoso" porque o "conservadorismo religioso transborda para a questão política". "A baixa participação das mulheres na política, a restrição do debate e a apuração dos votos deixa dúvida sobre a lisura das eleições", disse Jardim, ao observar que o próprio Conselho Supremo do Irã determinou investigações sobre o processo com o apoio declarado de organismos internacionais de defesa da democracia e dos direitos humanos.

Para Jardim, o episódio revela o comportamento recorrente de Lula em "apoiar atitudes não muito democráticas", como aconteceu na tentativa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de calar a oposição do país. "Será que isso é uma tentação totalitária que ele [Lula] não tem coragem de praticar no Brasil?", questionou.

Na avaliação do deputado, o aval do presidente à vitória de Ahmadinejad é questionável porque encobre as suas reais intenções no cenário internacional.

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