quinta-feira, 18 de junho de 2009

O PENSAMENTO DO DIA

O vazio político que se veio a criar era grande e muito perigoso. Abriu-se a fase da longa transição italiana que não sei se já está concluída: o longo esforço voltado para colocar sobre novas bases o desenvolvimento de um país que se europeizava. Desde então passaram-se vinte e cinco anos. Terminou o século XX. A URSS não existe mais. A história do comunismo italiano é, de fato, história encerrada. Por que, então, ainda falamos de Enrico Berlinguer? Substancialmente, acredito, porque na sua obra ainda existe algo politicamente operante. Este “algo” — para dizer com poucas palavras e usar o seu léxico — creio que seja a necessidade objetiva de um pensamento mais longo que não se entregue a uma nova filosofia da história, mas seja capaz de ler a nova estrutura do mundo, que resta em grande parte desconhecida nos mapas de que dispomos. Nisso reside o sentido da minha lembrança: na necessidade de um pensamento que produza sentido e que nos diga para onde nos encaminhamos.”

[Alfredo Reichlin, recordando Enrico Berlinguer e o tempo da política de “compromisso histórico” adotada pelo Partido Comunista Italiano em meados dos anos 1970]. Fonte:http://www.gramsci.org/.

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