sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ataque a senadores desagradou ao Planalto

Maria Lima, Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO

O CONGRESSO MOSTRA SUAS ENTRANHAS: Oposição se refere a Lula com adjetivos mais pejorativos, diz Almeida Lima

BRASÍLIA. O plenário do Senado foi palco de reação irada contra as declarações do presidente Lula, que, na véspera, chamara alguns senadores de "bons pizzaiolos". Onze senadores de vários partidos, inclusive da base, subscreveram requerimento de Cristovam Buarque (PDT-DF) pedindo um voto de censura.

No governo, a avaliação feita é que o presidente cometeu um erro político com seu "deslize verbal", no dizer de um ministro. As declarações, feitas ao comentar a CPI da Petrobras, reacenderam a crise no Senado, e isso é tudo o que o governo quer evitar agora. O próprio presidente Lula teria mostrado arrependimento, por não ter avaliado a repercussão da frase.

Já o presidente José Sarney (PMDB-AP) manteve-se indiferente ao debate em plenário e às novas denúncias conta ele. Passou o dia trancado em seu gabinete se preparando para o recesso que começa hoje.

O líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), protocolou nova denúncia contra Sarney no Conselho de Ética, para investigar informação de que gravação da Polícia Federal mostra o envolvimento de Sarney na nomeação do namorado de sua neta Maria Beatriz em cargo do Senado,por meio de ato secreto. Sarney não comentou essa nova denúncia.

Tucano teme ação de Paulo Duque durante o recesso

Para Virgilio, essa era a prova que faltava para ligar Sarney aos atos secretos nomeando parentes. Ele teme que o presidente do Conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ), engavete as denúncias contra Sarney no recesso:

- Deixamos cinco requerimentos para levar qualquer decisão do senador Paulo Duque ao plenário do Conselho, apesar de ele ter dito que só tratará do assunto em agosto. No plenário do Conselho o voto é aberto.

O voto de censura, previsto no regimento da Casa, tem que passar pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário para ser aprovado, antes de ser endereçado ao presidente.

Demóstenes Torres (DEM-GO) apresentou voto idêntico. Tramitam na Casa outros quatro pedidos de votos de censura: um contra o "top top" do assessor Especial da Presidência Marco Aurélio Garcia e outros três contra discursos de Lula - Ninguém está aqui querendo dar um golpe. Mas se Lula fosse primeiro-ministro, cairia. O que vai acontecer é uma consequência histórica e moral. Vai ficar registrado para a História. Daqui a 100 anos vão saber que protestamos contra um gesto de desprezo do presidente pelo Senado - disse Cristovam.

- Se Lula tivesse dito que existem alguns pizzaiolos eu avalizaria, porque são os impostos pelo governo nas CPIs que enterram as investigações. São os pizzaiolos governistas, os fieis escudeiros que se comportam como cães de guarda - apoiou Álvaro Dias (PSDB-PR).

Da tropa de choque do PMDB, Almeida Lima (SE) atacou:

- E eu achei até pouco, porque os senadores da oposição se referem a Lula com adjetivos muito mais pejorativos.

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