terça-feira, 28 de julho de 2009

É ou não é?

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - Lula até tem razão quando pede cuidado com a biografia de investigados e relativiza os crimes: "Uma coisa é você matar, outra coisa é roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra coisa é relação de influências, outra coisa é o lobby", disse.

Ok. Realmente, Sarney empregar o namorado da neta no Senado não é igual a roubar e matar.

Mas...

É justo uma família tão rica fazer favores com dinheiro público? E os outros quase 40 familiares e apadrinhados (ao que se saiba) que os Sarney empregaram por aí?

É admissível uma associação dita beneficente e com o sugestivo nome de Amigos do Bom Menino das Mercês repassar recursos de patrocínio cultural para a Fundação José Sarney?

Especialmente sendo ambas ligadas à família?

É razoável que o primogênito, Fernando Sarney, seja simultaneamente secretário de Energia do Maranhão e dono de uma empresa fornecedora de postes de concreto para a mesma secretaria?

É verdade que Sarney é sócio da neta numa empresa (que tem sede na casa dele em Brasília) para comprar terras onde há indícios de gás e petróleo? O que há de causa e efeito entre a empresa, as terras e as nomeações de Sarney para o Minas e Energia e a Eletrobras?

É a serviço da oposição ou da mídia que a PF e a Receita estão fazendo essas devassas?

E o que dizer do estado de calamidade pública do Maranhão depois de meio século de domínio dos Sarney e de seus paus-mandados?

O promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum, de Sorocaba (SP), envia e-mail querendo entender a preocupação de Lula com umas biografias e não com outras: "Se o acusado é adversário do PT, podemos acusá-lo à vontade, como foi feito com Collor (1992), Ibsen Pinheiro, Eduardo Jorge, Yeda Crusius etc. Se ele for aliado do PT, como Collor (2009), Renan, Sarney e outros, não devemos tratá-los como pessoas comuns. É isso mesmo, senhor presidente?".

Taí. Boa pergunta.

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