terça-feira, 18 de agosto de 2009

Assessora da ministra esteve na Fazenda

Geralda Doca e Luiza Damé
DEU EM O GLOBO

Novo levantamento poderá indicar com quem Erenice Guerra conversou e se foi à Receita

BRASÍLIA. O Ministério da Fazenda confirmou ontem que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, esteve várias vezes no prédio em novembro e dezembro do ano passado.

A ex-secretária da Receita Lina Vieira afirma que Erenice foi ao seu encontro, no fim do ano passado, para acertar uma reunião com a ministra Dilma Rousseff. Na suposta reunião, segundo Lina, Dilma teria pedido para agilizar investigação da Receita sobre empresas da família Sarney.

Segundo a assessoria da Fazenda, Erenice teria ido ao ministério para participar de discussões sobre a elaboração do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

A assessoria da pasta informou ainda que está sendo feito um levantamento preciso sobre quantas vezes Erenice entrou no prédio e com quem foi falar. Esse trabalho está sendo baseado na agenda dos secretários; portanto, um encontro informal, se houve, pode não constar nos registros. O gabinete da Secretaria da Receita Federal funciona no prédio do Ministério da Fazenda na Esplanada.

Na semana passada, Erenice divulgou nota atestando que a única vez em que esteve na Receita foi no dia 19 de maio deste ano. Na ocasião, segundo Erenice, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e outros assessores também estavam na sala de reunião da Secretaria da Receita Federal.

Visitas costumam ser registradas em livro pela segurança As visitas de Erenice ao prédio podem ter sido registradas pelas câmeras do ministério. No edifício, há equipamentos na entrada e no hall da portaria privativa para autoridades.

Além disso, as guardas de serviço na portaria principal do prédio costumam registrar no livro a entrada de visitas, embora não seja necessária a assinatura dessas pessoas.

A Receita Federal fica no 7oandar do Ministério, mas, desde que Lina assumiu, o local está em reforma. O o gabinete da Receita passou a funcionar no 6oandar, onde, segundo a assessoria de imprensa da Receita, não há câmeras de vídeo.

Já no Palácio do Planalto, onde Lina disse ter ido para reunião com Dilma, todos os veículos que entram na garagem devem ser registrados.

Só não há registros para carros oficiais com placa de bronze, usados por ministros de Estado. Os seguranças anotariam a placa do veículo, o nome da autoridade e qual órgão autorizou a entrada pela garagem. Esse seria o caminho da ex-secretária da Receita ao comparecer ao encontro com a ministra da Casa Civil.

Quem entra pelas demais portarias do Planalto também tem de se identificar e informar onde irá.

O governo também começou a instalar no Planalto um sistema de monitoramento por câmeras, mas até o início da reforma do Palácio nem tudo estava pronto. Toda a segurança do Palácio é da responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não respondeu ontem às indagações do GLOBO sobre esses registros. Assessores da Presidência dizem duvidar que exista algum registro da entrada de Lina no Planalto.

No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona temporariamente a Presidência, as autoridades que têm audiência com Lula entram por um acesso exclusivo e passam por um detector de metais. Na entrada há uma lista com as audiências de Lula. Na entrada geral, no bloco três do CCBB, os seguranças anotam nome e número de identificação de quem entra, além da sala para a qual a pessoa se dirigirá.

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