quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Garcia faz papel de porta-voz de Chávez

Denise Chrispim Marin, Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Em reunião com general, assessor relata versão de venezuelano sobre armas

Embora responda como assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia reservou parte do seu encontro com o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, para desempenhar o papel de porta-voz do governo de Hugo Chávez, da Venezuela.

Garcia apresentou a Jones os argumentos que ouviu de Chávez, anteontem, sobre o episódio do desvio de armas do Exército venezuelano para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Bogotá disse ter encontrado armas suecas vendidas à Venezuela com as Farc e, em resposta, Caracas congelou as relações diplomáticas com a Colômbia.

Segundo o assessor, Chávez deve convocar hoje uma entrevista para defender que as armas seriam foguetes antitanques e, portanto, não adequadas às ações da guerrilha. O líder venezuelano deverá sustentar que a cooperação de seu governo com o da Colômbia é constante, citando nomes de rebeldes colombianos presos pela Venezuela. Essas informações foram adiantadas por Garcia ao general americano.

"A nosso juízo, está na hora de uma ação mais diplomática e menos midiática", afirmou o assessor, que advertiu Jones sobre o fato de que a conexão entre os EUA e alguns países da América Latina ainda é "muito tênue" e precisa ganhar maior intensidade.

Ao relatar sua visita a Caracas, Garcia valeu-se de um tortuoso argumento para defender que não há restrições à liberdade de imprensa na Venezuela. "Se acabou (a liberdade de imprensa) deve ter sido depois que eu saí. Porque o que eu ouvi ser dito em programas de televisão do presidente da Venezuela não está no gibi, como se dizia antigamente", afirmou, ao ser questionado sobre o ataque de aliados de Chávez ao canal opositor Globovisión. Mas ele foi mais cauteloso sobre o projeto de lei que previa prisão para quem cometesse "delitos midiáticos": "Desconheço os aspectos jurídicos. Seria precipitado dizer algo sem saber como funciona a lei."

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