quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Guerra de versões opõe Dilma e Lina

Paulo Francisco*
DEU EM O GLOBO

A ex-secretária da Receita Lina Vieira reafirmou ontem que teve encontro sigiloso com Dilma Rousseff, a pedido da ministra, sobre investigações do Fisco em empresas da família do senador Sarney.

Dilma voltou a negar o encontro e disse que Lina teria de provar.

Dilma e Lina: versões diferentes sobre encontro

Ministra nega e ex-secretária da Receita reafirma que houve reunião sigilosa sobre fiscalização em empresas de Sarney


NATAL. A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, voltou a negar ontem, em visita a Mossoró, ter tido qualquer encontro reservado com a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira para tratar das investigações do Fisco sobre empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Para Dilma, Lina terá de provar o que disse: que as duas tiveram um encontro sigiloso, a pedido da ministra, e que esta teria pedido para agilizar as investigações, fazendo a então secretária da Receita entender que ela queria encerrar logo o caso.

— Há coisas que a gente não afirma, a gente prova — disse Dilma. — Eu não tive essa discussão com a secretária da Receita, Lina Vieira.

Em Natal, onde mora, a ex-secretária da Receita ontem reafirmou o encontro e disse não entender a posição da ministra de negar uma conversa que, segundo ela, aconteceu de fato: — Não vejo nada de mais uma ministra querer saber o andamento de uma investigação.

E contou que Erenice Guerra, a secretária executiva de Dilma, foi quem a chamou para conversar reservadamente com a ministra: — Ela (Erenice) não me antecipou o assunto. Estive com Dilma no seu gabinete e ela me pediu que agilizasse as investigações, mas não pediu nada além disso — disse Lina ontem.

A ex-secretária da Receita, que disse não se lembrar a data do encontro, afirmou que, depois do episódio, não voltou mais a conversar com Dilma sobre as investigações, que seguiram normalmente. Para Lina Vieira, o assunto com a ministra está encerrado e não tem mais nada a acrescentar.

A ex-secretária, demitida mês passado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, por fiscalização na Petrobras, disse que a sua política incomodou muita gente, mas que tem certeza que cumpriu sua missão na Receita, deixando-a com outra cara.

— Não preciso aparecer, não sou candidata a nada — afirmou Lina Viera.

Perguntada se a entrevista de Lina teria uma conotação política, Dilma respondeu: — Não vou fazer avaliação subjetiva quanto a interesses de ninguém.

Dilma sobe em trator para tirar fotos com políticas Dilma cumpriu ontem em Mossoró, a 270 km de Natal, o seu segundo dia de visitas ao estado para prestar conta dos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Em ritmo de campanha, até subiu em trator de esteira para tirar fotos com a prefeita da cidade e a governadora. Como já tinha acontecido em Natal, na segundafeira, a agenda da ministra na prestação de contas do PAC em Mossoró contou com a presença de cerca de 20 prefeitos da região Oeste do estado.

No local da solenidade, até um cenário com trator foi montado à margem da BR-304, no bairro de Abolição II, para Dilma fazer fotos ao lado da governadora Wilma de Faria (PSB) e da prefeita Fafá (Maria de Fátima Rosado), do DEM.

Para mostrar que a obra teria início imediato, a ministra, usando um capacete de obras, subiu no trator. Como estava muito quente, cerca de 36o, Dilma não agüentou ficar muito tempo na cabine e desceu depois para saudar o público.

A ministra teve dificuldades para descer do trator e foi amparada pelo subchefe da secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Depois, ela foi levada pelos assessores para o ônibus, que seguiu com a comitiva para o aeroporto de Mossoró. A bordo de um jatinho do governo, Dilma deixou Mossoró por volta das 14h30m para retornar a Brasília.

Na prestação de contas do PAC, a ministra falou de Bolsa de Família, elogiou o presidente Lula por investir em saneamento básico e lembrou que foi no governo Lula que o Brasil se viu livre do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nenhum comentário:

Postar um comentário