terça-feira, 11 de agosto de 2009

Planalto já calcula prejuízos para Dilma com Marina na disputa eleitoral

Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO


Especialistas em pesquisa divergem sobre potencial da ex-ministra

BRASÍLIA. O Planalto já considera irreversível a filiação da senadora Marina Silva (PT-AC) ao PV e avalia que sua provável candidatura à Presidência em 2010 deve causar prejuízos à campanha da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A certeza de que Marina já está fora do PT foi confirmada ontem nos bastidores, quando ela indicou a petistas que a mudança deve acontecer rapidamente. Um grupo ainda fará um último gesto hoje, em encontro com Marina.

Seu potencial eleitoral assusta o governo, mas ainda é uma incógnita para especialistas em pesquisas, que se dividem na avaliação do quadro de 2010. O PV convidou Marina para se filiar depois de pesquisa telefônica feita pelo Ipesp, instituto de pesquisa do cientista político Antonio Lavareda, em que ela chegou a ultrapassar Dilma em alguns cenários, com 10% e até 20% das intenções de voto.

— Ela já saiu do governo há algum tempo e tem uma atuação discreta no Senado. Ela teria que ter visibilidade de mídia televisiva muito forte para sua candidatura fazer sentido nas pesquisas — disse João Francisco Meira, do Instituto Vox Populi.

— Hoje, não há espaço para terceira via. Além disso, Marina Silva não é uma política muito conhecida — afirmou Ricardo Guedes, do Instituto Sensus.

Já para o cientista político David Fleischer, da UnB, Marina tem potencial para começar acima dos 10%. Mas considera que ela só crescerá se não restringir o discurso à pauta ambiental: — Sua candidatura tem forte apelo no eleitorado preocupado com o meio ambiente. Ela partiria de um patamar de 10% a 15% dos votos. Marina saiu do governo muito descontente. Esse sentimento aumentou por causa da posição do partido em relação a Sarney. É uma política radical.

Ontem, Marina aproveitou a ida a Salvador, onde recebeu o título de doutora honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para conversar com o governador petista Jaques Wagner, quando indicou a disposição de sair do PT.

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, ontem, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse que uma candidatura de Marina “implode a candidatura de Dilma”.

Marina evitou comentar: — A candidatura não está posta. Mas claro que acredito na força do conteúdo programático dessa discussão do desenvolvimento sustentável. Aos 51 anos, não me mobilizo por projeto de poder. O que me mobiliza é a discussão programática.

Agora, não se trata de satanizar o partido que não fez esse debate, mas de valorizar o partido que coloca esse tema em pauta. Até os 30 anos, somos influenciados pelas nossas utopias.

Depois dos 50, temos que colocá-las em prática.

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