terça-feira, 18 de agosto de 2009

PMDB blinda Dilma, e PT absolve Sarney

Denise Rothenburg
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Peemedebistas estão dispostos a cerrar fileira em defesa da ministra da Casa Civil. Querem retribuição no Conselho de Ética

Uma mão lava a outra. O ditado popular é a base do acordo que o PMDB oferece ao PT para manter a blindagem em favor de Dilma Rousseff hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, durante o depoimento de Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal. Lina promete detalhar aos senadores como foi o encontro em que a ministra da Casa Civil teria lhe pedido para que terminasse logo as investigações sobre os negócios de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Dilma nega que tenha recebido a secretária para tratar desse assunto. O PMDB estará a postos hoje para ajudar a fortalecer a posição da ministra. Isso, é claro, se sentir que o PT lhe dará lastro no Conselho de Ética da Casa, na reunião prevista para amanhã. Os petistas farão uma reunião hoje às 13h para discutir o comportamento no conselho. O líder Aloizio Mercadante (PT-SP) manteve ontem a posição inicial da bancada em favor do afastamento temporário do presidente do Senado e defesa das apurações, só que, no Conselho de Ética, ele tem dito que cada integrante do partido votará de acordo com a “consciência”.

Basta um voto do PT em favor de Sarney no colegiado para que toda a crise relacionada ao presidente da Casa vá para o arquivo. A expectativa dos peemedebistas é de que a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), vote a favor de Sarney amanhã para evitar que Mercadante tenha de indicar integrantes de outros partidos ao Conselho de Ética, que entrariam com a missão de salvar o presidente do Senado. Ontem, Mercadante mergulhou.

Ele está sob pressão para nomear Romero Jucá (PMDB-RR) e Roberto Cavalcanti (PRB-PB), aliados do presidente.

Defesa

Da parte de Sarney, ele tem feito o dever de casa para dar discurso aos aliados no conselho. Ontem, foi à tribuna indignado responder a uma nova reportagem sobre um apartamento da família em São Paulo que, segundo ele, foi comprado pelo deputado Sarney Filho (PV-MA) e ainda não foi quitado, por isso está em nome de uma construtora. Logo depois, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que gostaria de ver Sarney afastado e defendendo as investigações com a mesma indignação com que respondeu à reportagem.

Hoje, o peemedebista recebe o relatório final da Fundação Getulio Vargas sobre a reestruturação do Senado. Assim, quem quiser dizer no conselho que Sarney está reformando a Casa e acabando com as mordomias e atos secretos poderá citar o documento.

O texto trará apenas a primeira parte das reformas. A segunda será um novo plano de cargos e salários.

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