Marcílio Domingues
Pronunciamento no XVI Congresso Nacional do PPS
Ontem, quando nos reunimos para a foto da delegação presente a este XVI Congresso Nacional do PPS, ocorreu-me que o fazíamos pela última vez tendo o nosso companheiro Roberto Freire como Delegado por Pernambuco. Isto depois de posarmos para fotos ao seu lado, muitos de nós, a tantos Congressos do Partidão e a 16 (dezesseis) do PPS. Roberto parte em nova missão. Tarefa do Partido em São Paulo. É demais para Pernambuco. Que compreende, mas se emociona. Não pode deixar passar em branco. Precisa fazer o registro. E pede licença, para fazê-lo. Por oportuno, recordo que a Universidade de Brasília lançou uma coletânea, denominada Contemporâneos do Futuro, para divulgar o pensamento político brasileiro. O nosso Presidente Nacional, Roberto Freire, inaugurou a serie, e a introdução do primeiro livro editado diz que “o vigor do pensamento do Senador Roberto Freire, sua capacidade de desmontar mitos, de vislumbrar novas possibilidades de análise e de apontar soluções pode, eventualmente, assustar espíritos conservadores, mas, sem dúvida, serve de alento para as mentes dinâmicas comprometidas com os destinos do Brasil num mundo que se transforma a passos largos.
Pronunciamento no XVI Congresso Nacional do PPS
Ontem, quando nos reunimos para a foto da delegação presente a este XVI Congresso Nacional do PPS, ocorreu-me que o fazíamos pela última vez tendo o nosso companheiro Roberto Freire como Delegado por Pernambuco. Isto depois de posarmos para fotos ao seu lado, muitos de nós, a tantos Congressos do Partidão e a 16 (dezesseis) do PPS. Roberto parte em nova missão. Tarefa do Partido em São Paulo. É demais para Pernambuco. Que compreende, mas se emociona. Não pode deixar passar em branco. Precisa fazer o registro. E pede licença, para fazê-lo. Por oportuno, recordo que a Universidade de Brasília lançou uma coletânea, denominada Contemporâneos do Futuro, para divulgar o pensamento político brasileiro. O nosso Presidente Nacional, Roberto Freire, inaugurou a serie, e a introdução do primeiro livro editado diz que “o vigor do pensamento do Senador Roberto Freire, sua capacidade de desmontar mitos, de vislumbrar novas possibilidades de análise e de apontar soluções pode, eventualmente, assustar espíritos conservadores, mas, sem dúvida, serve de alento para as mentes dinâmicas comprometidas com os destinos do Brasil num mundo que se transforma a passos largos.
Tentamos , neste volume, divulgar, de maneira sistemática, elementos do pensamento representativo de uma vertente da esquerda, da qual o Senador Roberto Freire é a voz pública mais significativa do Brasil”. (Editora da UNB 1997)
Trajetória
Roberto Freire nasceu no Recife, em 20 de abril de 1942. Em 1966, gradou-se pela Faculdade de Direito do Recife. Despertou para a política ainda estudante.
Aproximou-se dos Comunistas, a exemplo de Jarbas de Holanda e Byron Sarinho. Líderes, naquela Faculdade, de uma esquerda atuante, que, entre outras iniciativas, editava um Jornal chamado O Paredão, impresso no parque gráfico da Folha do Povo, do Partidão, sob nossa responsabilidade e do companheiro José Marques de Melo, depois Professor da Universidade de São Paulo.
Pernambuco vivia um momento de grande efervescência política, no final da década de 50. Em 1958, com apoio dos comunistas, o empresário CID SAMPAIO (UDN) se elege Governador, e, ato contínuo, lança a campanha CID no Governo / ARRAES na Prefeitura. Eleito Prefeito do Recife, Arraes logo rompe com CID e apoia o Marechal Teixeira Lot para Presidente contra Janio Quadros (UDN). Pelópidas Silveira sucede Arraes na Prefeitura do Recife. Era a chamada Frente do Recife, articulada pelos Comunistas, entre eles Paulo Cavalcanti, Davi Capistrano, Gregório Bezerra, Hiram Pereira e outros. Com o apoio dessa frente, Arraes chega ao Governo do Estado em 1962 e promove uma verdadeira revolução no campo.
O Golpe Militar (1º Abril 64)
Cai Jango. Cai Arraes. Pelópidas cassado. A Gráfica da Folha do Povo é empastelada O Jornal Última Hora, em Recife, é invadido pelos militares.
Estavam lá os Jornalistas Milton Coelho da Graça, Múcio Borges da Fonseca, Ronildo Maia Leite, Eurico Andrade e tantos outros. Os Comunistas são presos. Perseguidos Idem as lideranças estudantis da esquerda.
O movimento estudantil se recicla, substitui lideranças. Roberto Freire participa da reorganização ao lado de Byron Sarinho, Marcílio Domingues, Aécio Matos, Fred Katz, Rui Frazão, Odijas Carvalho, Cândido Pinto e tantos outros. Foram tempos difíceis. Muitos dos nossos companheiros perseguidos, presos, assassinados, desaparecidos.
A luta pela redemocratização
Inicía-se a luta pela redemocratização do país. À frente, em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, Fernando Lyra, Marcos Freire, Byron Sarinho, Armando Monteiro Filho, Fernando Coelho, Egídio Ferreira Lima e o nosso companheiro Roberto Freire, fundadores do MDB.
Em 1970, forma-se um Grupo de assessoramento e apoio à candidatura de Marcos Freire à Câmara Federal. Ele, que teria importante papel na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do País. Participam muitos. Destaque para Roberto Freire, Byron Sarinho e o também Pernambucano Cristovam Buarque. Marcos se elege Deputado Federal. Jarbas e Fernando Lyra também são eleitos Deputados. O MDB se fortalece, com grande presença dos camaradas do Partidão, o qual fizera a correta opção pela via eleitoral, rejeitando a luta armada, para atuar por dentro do MDB.
Em 1972, Roberto disputa a Prefeitura de Olinda, contra 3 (três) candidatos. Sendo o mais votado, perde por 500 votos para a soma das sub-legendas. Marcos, em 1974, chega ao Senado e apoia a eleição de Roberto, a Deputado Estadual. Na Assembleia Legislativa, protagoniza o célebre episódio de contestação à posse de Marco Maciel, como Governador biônico, e defende eleições diretas para Governador. Em 1978, é eleito Deputado Federal. Em 1979, participa da Coordenação do ARRAES TAÍ (eventos que marcaram a volta de Arraes do exílio). Segue a sua trajetória até o Senado da República, passando pela campanha de Marcos Freire a Governador em 1982. Pelo movimento das DIRETAS JÁ, em 1984. Pela candidatura a Prefeito do Recife, em 1985, e a eleição de Tancredo, no mesmo ano. A indicação para a Liderança na Câmara Federal, no Governo do Presidente Itamar Franco. A Constituinte, em 1988, quando reconhecido como um dos parlamentares mais ouvidos e atuantes do Congresso. Até a memorável candidatura à Presidência da República em 1989, pelo Partido Comunista Brasileiro, que consolidou a sua condição de respeitada liderança nacional.
Fazendo História
Essa extraordinária e marcante passagem por tantos e importantes postos e missões, sem qualquer mácula e sem fazer concessões espúrias, conferem ao nosso companheiro Roberto Freire, pela sua competência, seriedade e espírito público, a admiração, o respeito dos pernambucanos e dos brasileiros.
No momento em que se anuncia a transferência do seu domicilio eleitoral, para disputar um novo mandato de Deputado Federal, agora por São Paulo, os companheiros de Pernambuco sentem-se no dever de expressar o seu sentimento de compreensão, mas também de perda, e, por que não dizer, de tristeza, de saudade antecipada.
Daí este registro, esta despretensiosa homenagem que, com a generosa compreensão da mesa, teríamos que, e nos permitimos, prestar a Roberto. Os seus companheiros do Partido, em Pernambuco. Os que estão aqui e os que não puderam vir a este Congresso. Todos recompensados por saber, Roberto, que o Brasil continuará contando com a sua liderança. Com as suas ideias.
Com a sua seriedade. O seu comportamento ético exemplar, tão importantes para o País, nesta hora dramática da nossa vida política, porque qualidades raras e indispensáveis para sairmos do impasse institucional e político em que estamos mergulhados. Falo em nome de todos os pernambucanos, inclusive do nosso Presidente Estadual, Raul Jungmann, que ainda ontem fez registro semelhante. E é preciso, porque segundo Christopher Lee “as pessoas fazem a história, mas, raramente se dão conta do que estão fazendo”. Você, Roberto, fez, e continuará fazendo história. O Brasil e todos nós temos certeza disso.
Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2009
*Marcilio Domingues, Bel. em Direito, é membro do Diretório Nacional do PPS.
Trajetória
Roberto Freire nasceu no Recife, em 20 de abril de 1942. Em 1966, gradou-se pela Faculdade de Direito do Recife. Despertou para a política ainda estudante.
Aproximou-se dos Comunistas, a exemplo de Jarbas de Holanda e Byron Sarinho. Líderes, naquela Faculdade, de uma esquerda atuante, que, entre outras iniciativas, editava um Jornal chamado O Paredão, impresso no parque gráfico da Folha do Povo, do Partidão, sob nossa responsabilidade e do companheiro José Marques de Melo, depois Professor da Universidade de São Paulo.
Pernambuco vivia um momento de grande efervescência política, no final da década de 50. Em 1958, com apoio dos comunistas, o empresário CID SAMPAIO (UDN) se elege Governador, e, ato contínuo, lança a campanha CID no Governo / ARRAES na Prefeitura. Eleito Prefeito do Recife, Arraes logo rompe com CID e apoia o Marechal Teixeira Lot para Presidente contra Janio Quadros (UDN). Pelópidas Silveira sucede Arraes na Prefeitura do Recife. Era a chamada Frente do Recife, articulada pelos Comunistas, entre eles Paulo Cavalcanti, Davi Capistrano, Gregório Bezerra, Hiram Pereira e outros. Com o apoio dessa frente, Arraes chega ao Governo do Estado em 1962 e promove uma verdadeira revolução no campo.
O Golpe Militar (1º Abril 64)
Cai Jango. Cai Arraes. Pelópidas cassado. A Gráfica da Folha do Povo é empastelada O Jornal Última Hora, em Recife, é invadido pelos militares.
Estavam lá os Jornalistas Milton Coelho da Graça, Múcio Borges da Fonseca, Ronildo Maia Leite, Eurico Andrade e tantos outros. Os Comunistas são presos. Perseguidos Idem as lideranças estudantis da esquerda.
O movimento estudantil se recicla, substitui lideranças. Roberto Freire participa da reorganização ao lado de Byron Sarinho, Marcílio Domingues, Aécio Matos, Fred Katz, Rui Frazão, Odijas Carvalho, Cândido Pinto e tantos outros. Foram tempos difíceis. Muitos dos nossos companheiros perseguidos, presos, assassinados, desaparecidos.
A luta pela redemocratização
Inicía-se a luta pela redemocratização do país. À frente, em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, Fernando Lyra, Marcos Freire, Byron Sarinho, Armando Monteiro Filho, Fernando Coelho, Egídio Ferreira Lima e o nosso companheiro Roberto Freire, fundadores do MDB.
Em 1970, forma-se um Grupo de assessoramento e apoio à candidatura de Marcos Freire à Câmara Federal. Ele, que teria importante papel na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do País. Participam muitos. Destaque para Roberto Freire, Byron Sarinho e o também Pernambucano Cristovam Buarque. Marcos se elege Deputado Federal. Jarbas e Fernando Lyra também são eleitos Deputados. O MDB se fortalece, com grande presença dos camaradas do Partidão, o qual fizera a correta opção pela via eleitoral, rejeitando a luta armada, para atuar por dentro do MDB.
Em 1972, Roberto disputa a Prefeitura de Olinda, contra 3 (três) candidatos. Sendo o mais votado, perde por 500 votos para a soma das sub-legendas. Marcos, em 1974, chega ao Senado e apoia a eleição de Roberto, a Deputado Estadual. Na Assembleia Legislativa, protagoniza o célebre episódio de contestação à posse de Marco Maciel, como Governador biônico, e defende eleições diretas para Governador. Em 1978, é eleito Deputado Federal. Em 1979, participa da Coordenação do ARRAES TAÍ (eventos que marcaram a volta de Arraes do exílio). Segue a sua trajetória até o Senado da República, passando pela campanha de Marcos Freire a Governador em 1982. Pelo movimento das DIRETAS JÁ, em 1984. Pela candidatura a Prefeito do Recife, em 1985, e a eleição de Tancredo, no mesmo ano. A indicação para a Liderança na Câmara Federal, no Governo do Presidente Itamar Franco. A Constituinte, em 1988, quando reconhecido como um dos parlamentares mais ouvidos e atuantes do Congresso. Até a memorável candidatura à Presidência da República em 1989, pelo Partido Comunista Brasileiro, que consolidou a sua condição de respeitada liderança nacional.
Fazendo História
Essa extraordinária e marcante passagem por tantos e importantes postos e missões, sem qualquer mácula e sem fazer concessões espúrias, conferem ao nosso companheiro Roberto Freire, pela sua competência, seriedade e espírito público, a admiração, o respeito dos pernambucanos e dos brasileiros.
No momento em que se anuncia a transferência do seu domicilio eleitoral, para disputar um novo mandato de Deputado Federal, agora por São Paulo, os companheiros de Pernambuco sentem-se no dever de expressar o seu sentimento de compreensão, mas também de perda, e, por que não dizer, de tristeza, de saudade antecipada.
Daí este registro, esta despretensiosa homenagem que, com a generosa compreensão da mesa, teríamos que, e nos permitimos, prestar a Roberto. Os seus companheiros do Partido, em Pernambuco. Os que estão aqui e os que não puderam vir a este Congresso. Todos recompensados por saber, Roberto, que o Brasil continuará contando com a sua liderança. Com as suas ideias.
Com a sua seriedade. O seu comportamento ético exemplar, tão importantes para o País, nesta hora dramática da nossa vida política, porque qualidades raras e indispensáveis para sairmos do impasse institucional e político em que estamos mergulhados. Falo em nome de todos os pernambucanos, inclusive do nosso Presidente Estadual, Raul Jungmann, que ainda ontem fez registro semelhante. E é preciso, porque segundo Christopher Lee “as pessoas fazem a história, mas, raramente se dão conta do que estão fazendo”. Você, Roberto, fez, e continuará fazendo história. O Brasil e todos nós temos certeza disso.
Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2009
*Marcilio Domingues, Bel. em Direito, é membro do Diretório Nacional do PPS.
Marcílio
ResponderExcluirSinto-me contemplado com seu pronuciamento sobre Roberto Freire.
Êle fará falta em Pernambuco mas certamente a política nacional terá muito a ganhar com a eleição do Roberto por São Paulo
Saudações Socialistas
Joe